Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/06/2011 (Nº 36) A PRÁTICA INTERDISCIPLINAR: TRABALHANDO O “MILHO” COMO TEMA GERADOR
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A PRÁTICA INTERDISCIPLINAR: TRABALHANDO O “MILHO” COMO TEMA GERADOR

A PRÁTICA INTERDISCIPLINAR: TRABALHANDO O “MILHO” COMO TEMA GERADOR

Débora do Nascimento Fernandes

Grad. em Geografia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba);

 Esp. em Ed. Ambiental pela FIP (Faculdades Integradas de Patos).

Prof. de Geografia no Ensino Fundamental (Colégio Motiva, Campina Grande, PB)

Coordenadora do Projeto Onda Verde/Educação Ambiental.

e-mail: fernandesnascimentodebora@gmail.com

RESUMO

Este trabalho tem como perspectiva apresentar o projeto educacional “Milho nosso de cada dia” realizado no Colégio Motiva Campina Grande, PB, com os professores do 6º Ano do ensino fundamental. Neste projeto, o milho foi identificado como contexto de ensino para a prática interdisciplinar, utilizando a educação ambiental como tema transversal. Com o objetivo de favorecer o trabalho de cooperação entre os professores, de forma a desenvolver nos alunos a habilidade de relacionar o tema de maneira sistêmica, o projeto foi realizado de forma que cada disciplina trabalhou, em termos de inter-relações, aspectos diferentes do milho, desde seu surgimento até sua produção desenvolvimento, importância econômica e cultural, interagindo com uma pesquisa científica realizada na horta da escola.  O Projeto apresenta uma base Conceitual/Procedimental, constando de: levantamento conceitual acerca do tema “Milho.

 Palavras-Chave: Milho, Prática interdisciplinar, tema gerador, educação ambiental.

 

 

1.        INTRODUÇÃO

A metodologia interdisciplinar amplia as possibilidades de construções e apropriação dos conhecimentos pelos alunos numa perspectiva de totalidade, criando espaços dialógicos de intensa interatividade entre as diversas áreas de conhecimento.

A formulação do projeto educacional “Milho nosso de cada dia”, volta-se para uma prática interdisciplinar, na qual cinco disciplinas interagem, promovendo o intercâmbio e o enriquecimento na abordagem do tema: “Milho”, partindo  da idéia, de construir com os professores do 6º Ano do ensino fundamental, (Colégio Motiva, Campina Grande, PB) um caminho metodológico que permita aos educadores identificar contextos de ensino próximos a suas realidades como a horta da escola, onde os alunos possam desenvolver vínculos emocionais com o mundo natural.

A combinação de geografia, ciências, história, português e matemática têm um sentido pedagógico. O milho é estudado em todas as disciplinas desde seu surgimento, até sua produção, desenvolvimento, importância econômica e cultural. Todos os conteúdos interagem com uma experiência científica realizada na horta da escola, com acompanhamento de um professor agrônomo, onde é testado o desenvolvimento do milho regado com diferentes níveis de salinidade na água.

O objetivo do projeto além de favorecer o trabalho de cooperação entre os professores, visa desenvolver nos alunos a habilidade de relacionar o tema de maneira sistêmica.

O Projeto apresenta uma base Conceitual/Procedimental, constando de: levantamento conceitual acerca do tema “Milho”, onde cada disciplina aborda seus conteúdos de forma expositiva com uso de textos, músicas, gráficos, data show, explicação oral, exercícios e produção de maquetes. Os procedimentos foram realizados com uma série de ações ordenadas por cada disciplina durante aulas de campo na horta da escola, com a execução de uma experiência cientifica referente ao cultivo de milho baseada na observação, no reconhecimento de padrões e experimentos de métodos de plantio, além de análises de dados na produção de relato de experiência, e produção de dados quantitativos através de gráficos e tabelas, levando os alunos a integrarem os ciclos naturais dos alimentos aos nossos ciclos de plantio, cultivo, colheita, compostagem e reciclagem.

Esse trabalho apresenta o Projeto “Milho nosso de cada dia” usando a Educação Ambiental como suporte para uma filosofia educativa com enfoque interdisciplinar, idéia exposta na Declaração da Conferencia Intergovernamental de Tbilisi sobre educação ambiental, de 1977 (DIAS, 1998, p.62).

Ao adotar o enfoque global, sustentado em uma ampla base interdisciplinar, a educação ambiental cria uma perspectiva dentro da qual se reconhece a existência de uma profunda interdependência do mundo             natural com o  meio artificial, demonstrando a continuidade dos vínculos dos atos do presente, bem como a interdependência das comunidades nacionais e solidariedade necessária entre os povos.

Os procedimentos foram realizados com uma série de ações ordenadas por cada disciplina durante aulas de campo na horta da escola, com a execução de uma experiência cientifica referente ao cultivo de milho, baseada na observação, no reconhecimento de padrões e experimentos de métodos de plantio, além de análises de dados e realização de relato de experiência pelos alunos com orientação dos professores. Através da atividade interdisciplinar, utilizando um cultivo agrícola comum no cotidiano nordestino foi possível desenvolver nos alunos vínculos emocionais com o mundo natural.

2. O MILHO NA CULTURA NORDESTINA

Apesar da produção de milho no Nordeste representar apenas 7% da produção nacional, segundo dados do IBGE, 2006, as condições endofoclimáticas dessa região permitem o cultivo do milho em toda a sua extensão, em uma gama considerável de diferentes condições ambientais e diferentes sistemas de produção, segundo CARVALHO, et. all, 1999.

Não se pode negar a importância cultural desse cultivo para a região. Presente diariamente na mesa dos nordestinos, o milho é um dos alimentos mais nutritivos que existem. Puro ou como ingredientes de outros produtos, é uma importante fonte energética para o homem. Ao contrário do trigo e o arroz, que são refinados durante seus processos de industrialização, o milho conserva sua casca, que é rica em fibras, fundamental para a eliminação das toxinas no organismo.

Além das fibras, o grão de milho é constituído de carboidratos, proteínas, vitaminas (A e complexo B), sais minerais (ferro, fósforo, potássio, cálcio), óleo e grandes quantidades de açúcares, gorduras, celulose e calorias.

O milho faz parte da dieta diária dos nordestinos, principalmente no café da manhã quando é servido o cuscuz, porém é no mês de Junho que é a época dos festejos Juninos, e também da colheita do milho, que a utilização do mesmo é mais evidente, pois grande parte dos doces, bolos e salgados, tem relação com este alimento, como se pode verificar através da Pamonha, milho cozido, canjica, cuscuz, pipoca, enfim, um forte cardápio onde as receitas com milho se sobressaem.

3. O MILHO COMO AGENTE INTERDISCIPLINAR PARA O ENSINO

Uma revolução está acontecendo na educação. Esta revolução ocorre quando a educação sai dos limites das quatro paredes da sala de aula e estabelece contato entre os educandos e o lugar em que vivem. As inúmeras mudanças sociais, culturais, tecnológicas e ambientais que vivenciamos reforçam a necessidade de uma reforma, uma nova forma de pensar o processo pedagógico. Faz-se necessário uma postura diferente, onde a dimensão interdisciplinar ganha relevância tornando a unidade do conhecimento como imperativo no processo de educação.

Muito se discute sobre o indissociável elo entre natureza (biológico)/cultura, e através dessa visão pode-se explorar bem a ligação entre ambiente/natureza + meio ambiente/cultura que é igual a meio ambiente escolar, aspectos que desempenham um papel crucial no desenvolvimento sustentável e bem-estar da humanidade.

O Projeto “Milho nosso de cada dia” encontra através da horta da escola, que se transforma numa sala de aula ao ar livre, um contexto para desenvolver a educação interdisciplinar. Além de abordar o tema perpassando por diversas disciplinas, propõe-se um trabalho de cunho científico através de um produto agrícola de extrema importância no cotidiano do nordestino.

Para aprender  conceitos os alunos precisam adquirir informações e vivenciar situações em que esses conceitos estejam em jogo. Por isso, o alvo do projeto é considerar os conteúdos trabalhados numa perspectiva que leve em conta o papel, não somente dos conteúdos de natureza conceitual, mas também os de natureza procedimental e atitudinal, como sugerido nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

A aprendizagem de conceitos muitas vezes pressupõe o trabalho com fatos (nomes, imagens, representações), o que pode ocorrer num primeiro momento, de maneira eminentemente mnemônica. (...)

Tal aprendizado está diretamente relacionado à segunda categoria de conteúdos: a de natureza procedimental. Os procedimentos expressam  um saber fazer, que envolve tomar decisões e realizar uma série de ações , de forma ordenada e não aleatória, para atingir uma meta.(...)

A terceira categoria diz respeito aos conteúdos de natureza atitudinal, que incluem normas, valores e atitudes, que permeiam todo o conhecimento escolar. A escola é um contexto socializador, gerador de atitudes relativas ao conhecimento, ao professor, aos colegas, às disciplinas, às tarefas e à sociedade. (PCN´s, 2001, p. 76,77).

Dentro do tema “Milho” cada disciplina aborda um aspecto, sem perder a relação de dependência uma da outra, tendo como base para isso a teoria dos sistemas conhecida como “pensamento sistêmico” que significa pensar em termos de relações, padrões e contexto. (CAPRA, in TRIGUEIRO, 2005).

Utilizar um cultivo agrícola como recurso para promover a interdisciplinaridade é uma idéia que parte do tema transversal “Meio Ambiente”, sugerido pelos PCN’s, e através do cultivo do milho, trabalha-se nas crianças o respeito a vida, pois a medida que se planta na horta, aprende-se que um solo fértil contém bilhões de organismos vivos que são essenciais para a manutenção da vida na terra. É na horta que podem visualizar os ciclos da natureza, desenvolvendo assim o pensamento sistêmico.

(...)Nos últimos dez anos descobrimos que plantar uma horta e usá-la como recurso para o preparo de refeições na escola é um projeto perfeito para experimentar o pensamento sistêmico e os princípios da ecologia em ação. A horta restabelece a conexão das crianças com os fundamentos da alimentação – na verdade com os próprios fundamentos da vida – ao mesmo tempo que integra e torna mais interessantes praticamente todas as atividades que acontecem na escola. (CAPRA, in TRIGUEIRO, 2005, p. 26).

Através do trabalho na horta é possível disseminar entre os alunos a fundamental importância de preservar a integridade não só do solo, mas também do ciclo da água, das condições climáticas, e assim por diante. Além disso, eles se tornam conscientes de que somos parte do ecossistema, se este entra em desequilíbrio, também sofremos o dano. A partir disso, se trabalha a importância da sustentabilidade e assim se promove educação ambiental.

Aprender na horta escolar, é aprender no mundo real em sua plenitude. Traz benefícios para o desenvolvimento de cada aluno da comunidade escolar e é uma das melhores formas de tornar as crianças ecologicamente alfabetizadas e, desse modo, aptas a contribuir para a construção de um futuro sustentável. (CAPRA, in TRIGUEIRO, 2005, p. 29).

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Durante o período de Abril a Junho, época em que o uso do milho se torna mais presente no cotidiano do nordestino com as proximidades das festas juninas, julgou-se interessante a realização de uma experiência didática, em relação ao tema, através do compartilhamento de saberes,  do planejamento conjunto e da troca de experiências, onde cada disciplina trabalhou um aspecto desta cultura tão importante para a nossa culinária local.

A disciplina de História trabalhou através de grupos de pesquisa, a História dos povos primitivos da América, destacando a importância do milho não apenas para a alimentação, mas também para a cultura e para a religião. Foi utilizado durante as aulas imagens em data show, houve produção de cartazes para a exposição da pesquisa.

Em ciências foi estudado o valor nutricional do grão, as práticas positivas e negativas do solo para o cultivo de milho, além da realização de uma oficina de compostagem na horta e no laboratório onde foi produzido adubo para distribuição em porções na escola na semana do meio ambiente.

Geografia abordou os sistemas de produção agrícola, e o desenvolvimento do cultivo no decorrer das estações do ano, os problemas ambientais gerados pelas queimadas. As aulas foram realizadas na horta da escola, onde os alunos puderam plantar o milho e reproduzir o ciclo da água através da construção de um terrário (numa garrafa Pet), onde foram reproduzidas as camadas do solo e possível a visualização do ciclo da água com a evaporação e condensação da água dentro da garrafa fechada.

Durante as aulas de geografia, um professor agrônomo, responsável pela horta da escola, realizou com os alunos uma experiência científica, onde foram plantadas mudas de milho, e regadas diariamente, cada muda com um nível diferente de salinidade na água. Durante a execução da experiência os alunos puderam observar durante mês a evolução do crescimento de cada muda. Os resultados da pesquisa foram descritos num relato de experiência, orientado pela professora de português. Os dados foram demonstrados em gráficos e expressos em porcentagens durante as aulas de matemática.


Figura 1: Aulas na horta escolar


Figura 2: Aulas na horta escolar

Figura 3: Aula prática

 

Figura 4: Construindo um terrário

 

 

Foi trabalhado durante as aulas de Geografia, História e Português, um texto em comum, escrito especialmente para o projeto, tratando da história, dos derivados do milho e sua importância para a indústria.

Texto trabalhado em sala de aula de autoria do poeta: Evaldo Januário do Nascimento.

“O Milho nosso de cada dia”
 
Dizem que é americana, a origem de fato.
Outros afirmam que não, o fruto é asiático.
Enquanto germina na terra, fecunda a discussão.
Se data de quatro, cinco ou seis mil anos então?
 
E se aduba a questão na busca de uma pista. 
Lá pelas bandas do México dizem arqueologistas,
Já se achou grão de pólen de muito mais anos atrás.
Mostra de grão resistente, resistente até demais.
Ganhou até passaporte pra germinar noutra instância
Que o amem Portugal, Espanha, Itália e França. 
A princípio cultivado como planta ornamental,
Foi enfim reconhecido com valor nutricional
 
Colombo o exportador apreciou mais as pedras, 
Ouro, diamante, esmeralda, tudo debaixo da terra.
Os índios que ali estavam tinham certeza de que
Maior riqueza estava sobre a terra a crescer.
 
O milho, de cinco a seis dias, na terra sendo lançado
Logo fecunda-se o grão se o solo for bem preparado 
Dividido em pericarpo, endosperma e embrião
Três elementos unidos engrandecem uma nação
 
Seja pra onde for ou pra que lado se virar
Este grão polivalente , certamente vai vingar
Deixando a sua marca , remontando a história
Fazendo com que os povos o cultivem na memória
 
Só pra se ter uma idéia de onde o podes achar, 
Vai aqui pequena lista, é melhor se acomodar. 
Enquanto debulha o milho no melhor do prosear, 
No fogo da vaidade melhor grão que este não há. 
 
Se sentimos uma dor , tem dele na medicina,
É de amido de milho o envoltório da aspirina.
Se até mesmo com sede bebemos refrigerante, 
Lá está também o milho em forma de edulcorantes
 
Tem milho impregnado em cosmético, gel, sabonete
Tem a frutose do milho usada em iogurte e sorvete.
E não pára por ai não o milho também tem fama,
Na manteiga , mostarda , ketchup , na pizza que você ama
 
Se transformado em amido ou xarope adoçante ,
No pudim , biscoito ou caramelo será peça integrante .
Também não posso esquecer o tradicional pão de milho ,
É cultura quase que mundial , passa de pai para filho . 
 
Até mesmo em seu uniforme , a colorida intensidade,
Provém da base do milho , tamanha vivacidade.
Em quase tudo que há , o milho está presente. 
Seja adesivos , corantes , tintas ,até solventes.
 
Haja versos pra falar de um produto tão precioso.
Portanto aqui vou parar , não quero ser rigoroso, 
Mas grão , tal qual este não há pelo mundo aí a fora, 
Que me faça escrever uma linha só se quer do que lhes escrevo agora.
 
Tem milho lá no espaço ,de um extremo a outro tem.
Tem dele na sua caneta , no giz da escola também.
Pesquise a força deste fruto que não vê barreira não,
E chega a ser " huMILHOante" a qualquer um outro grão.

 

A culminância do projeto ocorreu numa exposição em um dos eventos culturais da escola, onde foram expostas todas as atividades realizadas, através de maquetes, construção de portfólio, tabelas, gráficos, mural de fotografias e uma apresentação cultural sobre o milho e sua importância.

Figura 5: Maquete sobre o ciclo de Produção do Milho no nordeste brasileiro.

 

Figura 6: Exposição dos portifólios de atividades “Milho nosso de cada dia”

 

Figura 7: Participantes da peça: “A lenda do milho

5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A execução do Projeto “Milho nosso de cada dia” trouxe experiências positivas, não só para os alunos, mas para os professores em sua prática pedagógica transformando o espaço da escola em um espaço vivo de interações.

Cada ação realizada entre as disciplinas tornou possível a abordagem interdisciplinar, onde cada participante transformou um produto tão comum entre nós – o milho – em recurso educativo capaz de ensinar não somente as informações técnicas das disciplinas, mas também sobre cuidado, beleza, concentração, discernimento, ou seja, tudo o que o ser humano tem de melhor. Através da observação, da admiração e dos experimentos, foi possível sensibilizar e ajudar as crianças a se apaixonarem pelo seu planeta e sua diversidade, assim como perceberem a extensão de seus atos e se assumirem como responsáveis pelo mundo em que vivem.

A utilização do tema gerador na integração das disciplinas tornou mais significativa a aprendizagem dos alunos, pautada nas realizações sociais e nas experiências por eles vivenciadas.

As aulas na horta escolar, além de proporcionar um contato direto com os sistemas naturais, criou um espaço de  discussão onde os alunos interagiram experiências, construindo e/ou reconstruindo conhecimentos a partir da realidade vivenciada, como sujeito de seus próprios saberes. Através da experiência no plantio do milho, verificou-se que quanto maior o nível de sal na água, menor é o desenvolvimento da espiga, o que gerou debates sobre o cuidado com a água, o aprendizado referentes a catalogação de dados e a vivencia na prática de uma experiencia científica.

6. CONCLUSÃO

A concretização desse projeto passa pela compreensão de que as práticas pedagógicas devem ser direcionadas para uma educação onde educadores e educandos possam estabelecer uma relação de ensinar e aprender, dentro dos princípios da democracia. A eleição dos conteúdos a serem estudados deve conter questões que possibilitem a crítica da realidade, e usarem esse conhecimento adquirido nas aulas como instrumento de mudança para o mundo em que vivem e assim, se reconhecerem como cidadãos.

A utilização dos temas geradores na prática interdisciplinar se mostra como uma alternativa viável para integrar e interagir os conhecimentos disciplinares.

A interação entre os conhecimentos das disciplinas e as atividades do cotidiano fora da escola cria um ambiente onde a aprendizagem torna-se mais significativa.

Através da prática interdisciplinar é possível ultrapassar as fronteiras disciplinares, ligando os conhecimentos econômicos, sociais, culturais e ambientais de forma solidária e interdependente.

O projeto “Milho nosso de cada dia” dá sua contribuição, sendo um projeto de educação que possibilita o desenvolvimento de capacidades que permitam intervir na realidade para transformá-la, atendendo a orientação dos PCN’s para a formulação de projetos de educação.

À medida que nosso novo século se desdobra, a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica: nossa capacidade de compreender os princípios básicos da ecologia e viver de acordo com eles. Este é um empreendimento que transcende todas as diferenças de raças, cultura ou classe social. A terra é nosso lar comum, e criar um mundo sustentável para nossas crianças e para as futuras gerações é uma tarefa para todos nós.  (CAPRA, in TRIGUEIRO, 2005, p. 33).

Os resultados alcançados nesse projeto permitem recomendar o uso desta metodologia como alternativa pedagógica no processo de ensino e aprendizagem e mostra que os professores parceiros estão abertos e receptivos à adoção desta metodologia como prática pedagógica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPRA, Fritjof, et all. Alfabetização ecológica: A Educação das Crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix, 2006.

CAPRA, Fritjof, et all. Alfabetização ecológica: O desafio para a educação do Século 21. In: TRIGUEIRO, André (coord.). Meio Ambiente no Século 21. 4. Ed. Campinas: Autores Associados, 2005. P. 19-33.

CARVALHO, Hélio Wilson L., et. All. Adaptabilidade e Estabilidade de Cultivares de Milho no Nordeste Brasileiro. Disponível em: http://www.repdigital.cnptia.embrapa.br/bitstream/AI-SEDE/17508/1/pab98_251.pdf. Acesso em: Maio de 2009.

DIAS. G. F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. .5ª ed. São Paulo: Gaia, 1998.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais/Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 2001, 174p.

STONE, Michael K. e BARLOW, Zenobia. Orgs. Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix, 2006.

TRAVASSOS, Edson Gomes. A Prática da Educação Ambiental nas Escolas. Porto Alegre: Mediação, 2004. 88p.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Milho. Acesso em: abril/2009

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos