Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2011 (Nº 37) Estudo de caso: Educação Ambiental voltada a Resíduos Sólidos Urbanos nas escolas municipais Felipe Zeni e Aroldo de Freitas no município de Pinhais – PR
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Educação Ambiental em Ação 37

Estudo de caso: Educação Ambiental voltada a Resíduos Sólidos Urbanos nas escolas municipais Felipe Zeni e Aroldo de Freitas no município de Pinhais – PR

Débora Evelyn R. Fermino - Tecnóloga em Processos Ambientais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail: debora487@hotmail.com 

Talita Yuen - Tecnóloga em Processos Ambientais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail: talita2988@gmail.com

Prof. Carlos Eduardo Fortes Gonzalez – Departamento de Química & Biologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail: cefortes@utfpr.edu.br

Profª Tamara Van Kaick - Departamento de Química & Biologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail: tamara@utfpr.edu.br

Profª. Valma Martins Barbosa – Departamento de Química & Biologia da  Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail: valma@utfpr.edu.br

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Departamento de Química & Biologia. Avenida Sete de Setembro, 3165. Curitiba – PR 80230-901.     

 

RESUMO

 

O aumento crescente da população e, consequentemente, da produção, do consumo e a falta de sistemas adequados para o gerenciamento dos resíduos sólidos acarretam a poluição de rios como o Atuba e o Palmital, situados na Região Metropolitana de Curitiba, no município de Pinhais. O projeto de extensão “Vida à Água” executado pela UTFPR aborda esta problemática e tem como objetivo a gestão de corpos hídricos superficiais e subterrâneos e recuperação de mata ciliar. No alcance destes objetivos, a Educação Ambiental foi inserida nas duas escolas participantes do projeto: Escola Municipal Felipe Zeni e Escola Municipal Aroldo de Freitas, localizadas no município de Pinhais. Este trabalho teve como intento desenvolver o tema sobre Resíduo Sólido Urbano, através de oficinas realizadas com os docentes, e realizar um diagnóstico da situação atual das duas escolas. Dessa forma, foi possível introduzir conceitos, realizar trocas de experiências com as professoras participantes e a construção de materiais de forma a facilitar a inserção da Educação Ambiental em suas respectivas disciplinas. Foram fornecidas sugestões de procedimentos para melhor gerenciamento dos resíduos sólidos, já que se observaram formas inadequadas de segregação dos resíduos e  desperdício de merenda escolar. Também foi sugerido o processo de compostagem como tratamento a ser utilizado para os resíduos orgânicos, em ambas as escolas.

 

Palavras-chave: Educação Ambiental.Resíduos Sólidos. Compostagem.

 

INTRODUÇÃO

 

            As fontes de poluição podem ser pontuais ou não pontuais, sendo que no caso do município de Pinhais os rios se encontram poluídos principalmente por fontes pontuais, como o despejo de esgoto doméstico. Além de esgoto também são lançadas grandes quantidades de resíduos sólidos. Segundo Miller (2010, p.11) uma das soluções para a poluição “[...] é a prevenção da poluição, ou controle de entrada da poluição, que reduz ou elimina a produção de poluentes. Outra solução é a limpeza da poluição ou controle de saída da poluição, que envolve a limpeza ou diluição dos poluentes após eles terem sido gerados”. O presente trabalho tem foco na informação de conceitos básicos, que se referem ao gerenciamento correto dos Resíduos Sólidos Urbanos. A partir da obtenção desse tipo de informação, é possível prevenir a poluição através do correto manejo dos resíduos, de forma a não poluir o meio ambiente e melhorando a qualidade de vida dos moradores localizados próximos aos rios Palmital e Atuba.

            A Educação Ambiental (EA) é um instrumento fundamental e institui um processo participativo, onde as pessoas constroem valores e adquirem conhecimentos e atitudes para a conquista e manutenção do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A partir desta concepção, a EA voltada à campanha dos quatro R’s (recusa, redução, reutilização e reciclagem) é o instrumento que melhor contribui para a conscientização e mobilização da população, quando se fala de Resíduos Sólidos Urbanos (TORRES e RODRIGUES, 2006, p.03).

Este trabalho está vinculado ao projeto “Vida à Água”, projeto de extensão executado pela UTFPR que aborda esta problemática e tem como objetivo a gestão de corpos hídricos superficiais e subterrâneos e recuperação de mata ciliar. É realizado por alunos e professores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Curitiba, do Departamento Acadêmico de Química e Biologia (PLANTANDO..., 2008; PROGRAMA PETROBRÁS AMBIENTAL, 2008).

O desenvolvimento desta proposta está sendo aplicado na Escola Municipal Felipe Zeni e à Escola Municipal Aroldo de Freitas, localizadas no município de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), no Estado do Paraná. As escolas situam-se entre os rios Atuba e Palmital, no bairro Moradia Perdizes e Vila Emiliano Perneta respectivamente, e ambas estão inseridas na Bacia do Alto Iguaçu.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

 

Foram organizadas oficinas concernentes aos Resíduos Sólidos Urbanos, realizadas na escola Municipal Aroldo de Freitas, entre os dias três de maio de dois mil e dez e sete de maio de dois mil e dez, com duração de duas horas pela manhã (10h00min às 12h00min) e duas horas no período da tarde (13h00min às 15h00min), envolvendo as professoras de ambas as escolas que se encontravam disponíveis no horário de permanência em cada dia da semana.

Para a aplicação dessas oficinas, primeiramente se fez necessária a realização de uma pesquisa a respeito do tema com o objetivo de elaborar um material didático para as professoras e uma apresentação em dispositivos (Power point), a ser utilizada nas oficinas. As mesmas possuíam como objetivo levar conhecimento sobre coleta seletiva, princípios dos 4 R’s, reciclagem, conceitos e estudos de como fazer compostagem e exemplos de inserção do tema na sala de aula, de acordo com cada série. Também foram apresentados durante as oficinas os conceitos necessários para a realização de um plano de gerenciamento de resíduos com a finalidade de sugerir melhorias para ambas às escolas.

De acordo com a Lei Estadual de Resíduos Sólidos nº. 12.493 do Paraná, um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos deve fazer um diagnóstico da situação atual do local, identificar a origem, caracterizar e quantificar os resíduos gerados. Descrever os principais procedimentos a serem adotados na segregação, coleta, classificação, acondicionamento, armazenamento, transporte e destino dos resíduos dando-se prioridade à reutilização e/ou reciclagem a despeito de outras formas de tratamento e disposição final. Assim, é possível indicar ações preventivas e corretivas, como também elaborar a descrição de medidas direcionadas à minimização de resíduos e ao controle da poluição ambiental causada pelos mesmos.

Partindo deste conceito, foi realizado um diagnóstico da situação atual das duas escolas, através das observações obtidas entre as oficinas. A quantificação dos resíduos sólidos das duas escolas foi realizada através de uma pesagem que foi obtida com a colaboração das funcionárias da limpeza, que guardavam os sacos de lixo após a varrição e limpeza das escolas. Dessa forma foi possível realizar uma estimativa da quantidade média de produção e também fazer observações sobre separação, armazenamento e destinação dados aos resíduos.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Oficinas

            Participaram das oficinas dezoito professoras, sendo dez da Escola Municipal Aroldo de Freitas e oito da Escola Municipal Felipe Zeni. Nos encontros, foi obtida uma média de duas professoras em cada turno, sendo geralmente uma de cada escola. As oficinas foram realizadas durante a hora de permanência destas professoras.

            As professoras demonstraram interesse a respeito do tema participando efetivamente nas oficinas, através de perguntas, relatando suas experiências e a realidade da rotina das duas escolas. Algumas professoras já tomavam a iniciativa de inserir temas ambientais em suas disciplinas, sendo suas criatividades inúmeras. Alguns exemplos são: reutilização de caixas de ovos e tampinhas de garrafas PET como material para fazer um calendário que, além de dias da semana, também contém aspectos do clima; alfabetizar com auxílio de resíduos recicláveis como potes de iogurte, embalagens plásticas, entre outros; e também um painel contendo o alfabeto no qual as crianças têm que colocar o resíduo em um painel de acordo com a primeira letra do mesmo. Esses são apenas alguns dos exemplos que nos foram mostrados durante as oficinas.

Durante as oficinas também foram sugeridos outros exemplos de como lidar com o tema resíduos sólidos em sala de aula e, além disso, foi disponibilizado para as professoras um material com várias atividades envolvendo o tema de acordo com cada disciplina. Esses exemplos são desde textos relacionados ao meio ambiente com intuito de criar uma discussão sobre o tema com os alunos, até pesquisas elaboradas pelas crianças em suas próprias casas, com relação à quantidade de resíduo produzido, e também a criação de gincanas ou brinquedos envolvendo o conceito de reutilização.

Diagnóstico do Gerenciamento de Resíduos

 

A Escola Municipal Felipe Zeni é composta por quinhentos e sessenta e seis alunos, sendo no total vinte e duas turmas, nove pela manhã e doze pela tarde.

Já a Escola Municipal Aroldo de Freitas possui uma estrutura um pouco menor, sendo composta por quinhentos e quarenta alunos, divididos em nove turmas pela manhã e onze pela tarde.

 

Caracterização dos resíduos

 

§     Secretaria e Direção

Os resíduos gerados são papéis em geral e embalagens plásticas.

§     Sala dos professores

Os resíduos gerados são basicamente papéis, cascas de frutas e guardanapos de papel sujos (resultantes da alimentação das professoras) e embalagens plásticas.

§     Biblioteca

Na biblioteca a geração de resíduos corresponde a papel e papelão.

§     Banheiros

Nos banheiros há apenas a geração de resíduos de papel para higienização e utilização de papel toalha para enxugar as mãos.

§     Cozinha

 Na cozinha ocorre a geração de resíduos orgânicos (restos de alimentos) e resíduos passíveis de reciclagem, como plásticos, metal e papelão (embalagens dos alimentos).

§     Salas de Aula

Na sala de aula os resíduos são provenientes de papel, embalagens plásticas de balas, restos de giz e aparas de lápis. Tem-se também a geração de resíduo orgânico, proveniente da merenda das crianças.

§     Pátio

Os resíduos encontrados no pátio correspondem a embalagens plásticas de balas, folhas, galhos de árvore e outros restos vegetais.

 

Classificação dos resíduos gerados

Os resíduos encontrados nas escolas são similares aos resíduos domésticos, sendo classificados, em sua maioria, de acordo com a norma ABNT NBR 10004:2004 Resíduos Sólidos, como não inertes por serem constituídos de restos alimentares, papeis e restos de jardinagem. Os resíduos classificados como inertes são os vidros e alguns tipos de plásticos e os resíduos classificados como perigosos seriam apenas as lâmpadas fluorescentes.

 

Quantificação dos resíduos gerados

 

            Na Escola Municipal Felipe Zeni, o resíduo de varrição e o orgânico proveniente da cozinha são recolhidos duas vezes ao dia: uma pelo fim da manhã e outra pelo fim da tarde, como não há separação adequada estes são acumulados em lixeiras únicas localizadas em salas de aula, secretaria, cozinha, pátio, biblioteca.

            A Tabela 1 ilustra a quantidade gerada por cada tipo de resíduo, nos diferentes dias da semana da escola Felipe Zeni.   

 

Tabela 1. Quantidade de resíduos sólidos gerados por tipo (Escola Felipe Zeni).

Tipo de resíduo

Segunda-feira

Terça-feira

Quarta-feira

Sexta-feira

Papel misturado com orgânico (proveniente da sala de aula)

 

 

5,270 kg

 

 

 

Papel misturado com vidro

 

 

 

1,530* kg

 

Misturado***

 

22,315* kg

2,280* kg

7,0* kg

Orgânico (proveniente da cozinha)

 

5,090* kg

55,325* kg

8,0** kg

*pesagem realizada no período da manhã

**pesagem realizada no período da tarde

***resíduo composto por papéis, embalagens plásticas e restos orgânicos.

 

De acordo com a Tabela 1, é possível observar que a pesagem do resíduo orgânico na quarta-feira é extremamente alta em relação aos outros dias, que se deve ao fato de que neste dia a merenda era refeição (arroz, farofa, feijão e carne). Na segunda-feira a merenda também era composta por refeição, porém não foi possível realizar a pesagem, pois o resíduo não foi guardado pelas funcionárias da limpeza. Na terça-feira e na sexta-feira a merenda foi lanche (chá, vitamina, bolacha, bolo, entre outros), gerando uma quantidade menor de resíduo. Dessa forma, é possível observar que as crianças possuem uma maior preferência por lanches e que também ocorre uma falta de planejamento na hora do preparo da merenda, o que proporciona um maior desperdício na própria cozinha.

            Já a Escola Municipal Aroldo de Freitas possui lixeiras de separação de resíduos por cores, porém quando ocorre o preenchimento de todas as lixeiras, estes são transferidos pelo pessoal da limpeza até o tambor localizado em frente à escola, para  o recolhimento pelo caminhão da prefeitura.  

A Tabela 2 ilustra a quantidade gerada por cada tipo de resíduo, nos diferentes dias da semana da escola Aroldo de Freitas.

 

 

Tabela 2. Quantidade de resíduos sólidos gerados por tipo (Escola Aroldo de Freitas).

Tipo de resíduo

Segunda-feira

Terça-feira

Quinta-feira

Papel misturado com orgânico (proveniente da sala de aula)

30, 315 kg

3,245 kg

0,745 kg

Metal

2,470 kg

 

 

Papel misturado com plástico

 

 

5,785 kg

Orgânico (proveniente da cozinha)

73, 025 kg

20 kg

50,0 kg

Papel

 

 

0,900 kg

Papel higiênico

 

 

0,975 kg

Plástico

 

1,640 kg

 

 

Na segunda-feira e na quinta-feira a merenda foi refeição (arroz, feijão, macarrão, carne, salada, entre outros), com altos valores na pesagem do resíduo orgânico, um contraste com a terça-feira cuja merenda foi leite com biscoito. A pesagem não foi feita em todos os dias da semana nas duas escolas, pois o objetivo do trabalho foi realizar uma estimativa do quanto é gerado de resíduo nos dias em que ocorre a variação no cardápio de lanche para a refeição.

 

Propostas para o gerenciamento de resíduos

 

            A análise das observações realizadas no decorrer da semana de aplicação das oficinas permitiu sugerir procedimentos com o intuito de segregar e diminuir a quantidade de resíduos sólidos gerados.

            Os resíduos das salas de aulas são restos de refeição, papéis e guardanapos sujos. O resto de refeição já é separado pela escola em pequenos baldes e estimulado a sempre estar vazio, para a criança pegar somente aquilo que irá comer.  Assim, é sugerido colocar nas salas de aula uma caixa azul para recolher os papéis não amassados, e também uma lixeira para guardanapos sujos e outros resíduos gerados nas salas que não serão encaminhados a reciclagem.

            Os papéis limpos originados dos recortes e folhas de papel sem amassar uma vez separados podem ser encaminhados para reciclagem como forma de geração de renda para as escolas, ou – como sugestão de algumas professoras – utilizar o material para a fabricação de pastas de artes para cada aluno.

            Nos dias em que é servida refeição há uma maior quantidade de sobras nas salas e na própria cozinha. A campanha do resíduo zero foi à forma que algumas professoras encontraram para diminuir a quantidade de alimento desperdiçado nas salas de aula, estimulado dessa forma a criança só pegar aquilo que deseja comer. Já quando a merenda é o lanche, não há tantas sobras.

             Em relação aos resíduos da cozinha estes poderiam ser minimizados fazendo-se diariamente o levantamento do número de crianças presentes, tanto no turno da manhã, quanto no turno da tarde para que se possa quantificar a alimentação de forma adequada. Sugere-se também colocar na cozinha, uma apenas para materiais orgânicos que serão utilizados na compostagem, outra lixeira destinada a resto de embalagens proveniente dos alimentos e outra para alimentos cozidos que restaram.

            Na sala dos professores a geração é similar às salas de aula, pois há produção de papéis em geral e também de outros resíduos como cascas de frutas, embalagens plásticas e guardanapos sujos, resultantes da alimentação dos professores. Da mesma forma que nas salas de aula, é possível colocar uma caixa azul para armazenar os papéis, uma lixeira para resíduos orgânicos, uma para os reciláveis e outra para materiais não recicláveis como, por exemplo, resíduos com cola, EVA, entre outros.

            Resíduos gerados nos banheiros e na varrição da escola devem continuar da forma atual, armazenamento em sacolas plásticas e posterior destinação para coleta da prefeitura. Na biblioteca também é necessário continuar com apenas uma lixeira, mas a sugestão é colocar uma caixa azul no lugar da lixeira, pois os únicos resíduos gerados são papéis.

            Com relação à área externa das duas escolas, ocorre a presença de papéis de bala no chão, o que pode ser resolvido através de atividades elaboradas pelos professores como, por exemplo, fazer aventais com a coloração dos principais resíduos encontrados pelo pátio (papel – azul - plástico – vermelho). Deste modo, a professora poderia dar um avental para cada grupo de 15 alunos, mas apenas um aluno usaria o avental. Os alunos de cada grupo sairiam pelo pátio em horário de aula para coletar os respectivos resíduos que correspondem à cor do avental. Desta forma, a professora pode trabalhar com a importância de se jogar os resíduos na lixeira, e enfatizar as problemáticas de se jogar resíduos sólidos no chão.

 

Proposta de Composteira

 

            A compostagem é sugerida por se tratar de uma forma de reciclagem de resíduos simples e barata, que quando bem manipulada não gera odores e nem chorume.

            No período do outono, as duas escolas geram uma grande quantidade de pinhas, que pode ser adicionadas como fonte de carbono na composteira, somando-se aos resíduos.

Durante as oficinas abordou-se como seria a estrutura da composteira. As professoras comentaram que nos finais de semana vândalos invadem as escolas para pichar; crianças e adolescentes entram para usar o parquinho e a quadra de esportes fora do horário de aula; e os cachorros transitam diariamente nas escolas. Dessa forma, a composteira a princípio será feita de tijolos, com tampa e uma proteção em volta da mesma, pois além dos problemas citados, existe também a possibilidade das crianças virem a mexer na composteira sem a assistência das professoras. Portanto, foi sugerido pelas próprias professoras, fazer primeiramente em pequena escala a nível experimental.  

 

Sensibilização dos professores e alunos das duas escolas, com relação ao tema abordado

 

            Durante o mês de junho foi realizada uma atividade lúdica nos ginásios de ambas as escolas. Nessa atividade, foi utilizada uma faixa de tecido TNT de cor azul ilustrando os rios Atuba, Palmital e Iguaçu no qual os dois primeiros deságuam. Sobre as faixas azuis esticadas na quadra foram colocados pedaços de faixas na cor preta e sobre estes depositou-se vários tipos de resíduos ilustrando a poluição.

Em torno desse cenário foram desenvolvidas quatro atividades  ao longo dos rios, envolvendo conteúdos de português, geografia, matemática e ciências, e ao final de cada atividade determinados resíduos iam sendo retirados do rio e posteriormente partes da faixa preta, aparecendo então, aos poucos a faixa azul representando a despoluição do rio. Na sequência, as crianças tinham a oportunidade de escolher entre colocar mudas de árvores para ilustrar a reconstrução da mata ciliar, ou colocar algum representante da fauna local confeccionado de papelão, ilustrando o ressurgimento da vida  com o fim da poluição.

CONCLUSÕES

 

            O presente trabalho contemplou a segunda etapa do projeto “Vida à Água”, na qual foi demonstrada nas oficinas como gerenciar corretamente os Resíduos Sólidos Urbanos, além de promover uma profícua troca de experiências propiciando o desenvolvimento de atividades transversais envolvendo a temática resíduos sólidos.

            Além disso, as professoras relataram a situação criada devido à grande quantidade de chuva na região, no início do ano de 2010, que levou ao transbordamento dos rios Palmital e Atuba - estes se encontravam com grande quantidade de resíduos sólidos. Dessa forma, a maioria dos alunos conhece algumas problemáticas atinentes à disposição de resíduos de forma inadequada.

            Tanto os professores e alunos participantes das oficinas e das atividades lúdicas poderão expandir o que aprenderam além da comunidade escolar. Ademais, as escolas em que o projeto está sendo aplicado poderão segregar corretamente seus resíduos, favorecendo o reaproveitamento e reciclagem, podendo até gerar uma forma de renda. Finalmente, no decorrer do projeto serão trabalhados outros assuntos, de modo que ao final de dois anos espera-se que as duas escolas tornem-se exemplos para comunidade e para o município de Pinhais. 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos Sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

 

MILLER, G. Tyler. Ciência Ambiental. 11 ed. Norte Americana. 123 p. Tradução: All Tasks.  Ed. Cengage learning, 2010.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Reciclagem e Reaproveitamento. Departamento de Ambiente Urbano. Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Disponível em: . Acesso em: 6 Mar 2010.

PARANÁ, Lei Estadual de Resíduos Sólidos nº. 12.493, 22 de Janeiro de 1999.

 

PROGRAMA PETROBRÁS AMBIENTAL, 2008. Disponível em: < http://www2.petrobras.com.br/minisite/programa-ambiental/sobre-o-programa.asp>. Acesso em: 11 out 2009.

 

TORRES, F. C. Luciene; RODRIGUES, G. Manoel. Gerenciamento e destino dos resíduos sólidos numa escola municipal no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006.

 

Ilustrações: Silvana Santos