Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2011 (Nº 37) DENGUE - DOENÇA PROVENIENTE DE PROBLEMAS AMBIENTAIS: O CASO DO JARDIM DOS PIONEIROS, NO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS – MT
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DENGUE - DOENÇA PROVENIENTE DE PROBLEMAS AMBIENTAIS: O CASO DO JARDIM DOS PIONEIROS, NO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS – MT

DENGUE - DOENÇA PROVENIENTE DE PROBLEMAS AMBIENTAIS: O CASO DO JARDIM DOS PIONEIROS, NO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS – MT.

 

Maria Helena de Almeida Luciano

Bióloga

E-mail: hidrotec1@terra.com.br

 

Marcio Koetz

Professor Doutor do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental – Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Rondonópolis

E-mail: marciokoetz@yahoo.com.br

 

 

RESUMO

Os problemas ambientais vêm desencadeando uma série de doenças, dentre as quais está a dengue. Diante disso, esta pesquisa tem por objetivo identificar os problemas ambientais que provocam o aparecimento desse tipo de doença, verificando a incidência dessa enfermidade no Jardim dos Pioneiros, no município de Rondonópolis – MT, no período de outubro de 2009 a março de 2010. Para isso, optou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, com aplicação de questionário para moradores do bairro em estudo e também coleta de informações junto à Secretaria Municipal de Saúde. Foi possível verificar que o bairro apresenta alguns problemas ambientais que contribuem para a proliferação do mosquito da dengue e que cerca de 9% dos moradores entrevistados já contraíram a doença, tendo até mesmo casos de Febre Hemorrágica da Dengue. Apesar de a Secretaria de Saúde desenvolver ações de combate à doença, ainda se faz necessário uma mudança de atitude da população no que se refere à eliminação dos problemas ambientais que oportunizam a proliferação do mosquito.

 

Palavras-chave: dengue; problemas ambientais; saúde.

 

 

 

INTRODUÇÃO

Os problemas ambientais têm aumentado frequentemente, causando sérios prejuízos à sociedade, em todos os lugares, quer seja no Brasil, como em outros países também.

Atualmente, vêm se discutindo as conseqüências ocorridas em relação aos problemas ambientais. Temos presenciado, aqui mesmo no Brasil, enchentes deslizamentos, tremores, chuvas cada vez mais frequentes, secas que castigam o Norte e o Nordeste do país, isso nada mais é do que a resposta dada pela Mãe Natureza.

Essas conseqüências trazem consigo várias doenças, e, dentre elas, a temida dengue. Uma das causas do surgimento dessas doenças é o desmatamento, pois o homem invade o habitat natural e, consequentemente, os animais invadem as cidades também, deixando a população cada vez mais apreensiva e preocupada. O mosquito Aedes Aegypt tem encontrado nas cidades um local perfeito para sua proliferação, pois as mudanças no perímetro urbano têm favorecido esse processo.

O aquecimento global, juntamente com o efeito estufa, além, é claro, dos danos causados ao meio ambiente também tem facilitado o surgimento do mosquito da dengue, pois as chuvas e a elevação do clima favorecem cada vez mais o aparecimento desse tipo de doença.

A Dengue é considerada uma doença essencialmente tropical, transmitida através da picada das fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Essa enfermidade pode ser considerada um dos principais problemas de saúde pública no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é possível que entre 50 a 100 milhões de pessoas sejam infectadas anualmente, em mais de 100 países, de todos os continentes, exceto a Europa.                

A proliferação do mosquito transmissor ocorre dentro ou nas proximidades de habitações, em qualquer coleção de água limpa, como caixas d'água, cisternas, latas, pneus, cacos de vidro, vasos de plantas, entre outros. Essa realidade, como já foi dito, é decorrente de problemas ambientais que contribuem de forma significativa para o aparecimento desse tipo de enfermidade.

Como a maioria da população não se preocupa em jogar o lixo em locais adequados, tampar caixas d’água, retirar qualquer objeto que venha reter água limpa, o mosquito se prolifera rapidamente e, após picar uma pessoa contaminada acaba transmitindo a doença a outras pessoas.

Em Rondonópolis os casos de dengue estão aumentando a cada ano e a incidência da dengue hemorrágica tem causado espanto em toda a população. Diante desta realidade, a presente pesquisa tem como objetivo geral identificar os problemas ambientais que provocam o aparecimento desse tipo de doença, verificando a incidência dessa enfermidade no Jardim dos Pioneiros, no município de Rondonópolis – MT, no período de outubro de 2009 a março de 2010.

Os objetivos específicos foram assim definidos: compreender o que é a dengue, formas de transmissão, estágios da doença, tratamento e prevenção;                                                                                                                                                     relacionar os problemas ambientais causadores da contaminação da dengue; detectar os principais fatores que proporcionam o aumento da incidência da dengue no Jardim dos Pioneiros; conscientizar a população do Jardim dos Pioneiros da necessidade de mudar seus hábitos para diminuir a incidência da doença na região.

O trabalho está organizado em capítulos nos quais constam o referencial teórico sobre a dengue, enfocando as causas e conseqüências da doença, as formas de proliferação do mosquito e os problemas ambientais que contribuem para o aparecimento da mesma. Em seguida, estão os métodos e técnicas utilizados para o desenvolvimento do estudo. Também serão apresentados os resultados e discussão dos dados coletados na pesquisa e as considerações finais.

 

 

 

METODOLOGIA

O presente estudo foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica, que pode ser considerada como sendo aquela desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Conforme Lakatos e Marconi (2005, p. 185) a pesquisa bibliográfica:

Abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografia, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.

Em outras palavras, esse tipo de pesquisa pode ser definida como a que explica um problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental.

O método utilizado foi o estatístico, que implica em números, percentuais, análises estatísticas, probabilidades. Quase sempre associado à pesquisa quantitativa. Para Fachin (2001, p. 46),

Este método se fundamenta nos conjuntos de procedimentos apoiados na teoria da amostragem e, como tal, é indispensável no estudo de certos aspectos da realidade social em que se pretenda medir o grau de correlação entre dois ou mais fenômenos.

O procedimento da coleta de dados ocorreu por meio de questionários com perguntas diretas e de observações.

Segundo Lakatos e Marconi (2005, p. 203), “questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito com ou sem a presença do entrevistador”.

Gil conceitua o questionário como sendo:

Técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas (GIL, 1999, p.128).

Nesse sentido, as questões foram formuladas com objetivo de investigar a incidência da dengue no Jardim dos Pioneiros, no período de outubro de 2009 a março de 2010. Também buscou-se através do questionário saber de que forma o poder público tem trabalhado em prol da erradicação da dengue no local, assim como verificar os problemas ambientais que contribuem para a proliferação do mosquito.

Quanto à observação, ela é entendida como uma das técnicas relevantes para obterem-se informações mais precisas, pois permite que o pesquisador conviva com certo tempo com o ambiente em estudo.

Segundo Gil (1999, p. 76) uma observação é considerada científica, quando preenche determinadas condições: “ter um objeto [...] definido, ser planejada e registrada sistematicamente, estas observações devem ser comprovadas quanto a sua validez e confiabilidade”.

Na presente pesquisa, foram aplicados 50 questionários para os moradores do Jardim dos Pioneiros, em Rondonópolis – MT, para verificar a incidência da dengue nessa população no período de outubro de 2009 a março de 2010. Também foi feita uma visita à Secretaria Municipal de Saúde para coletar informações sobre os registros dessa doença no município, assim como as ações que têm sido desenvolvidas em prol da erradicação dessa enfermidade.

O bairro Jardim dos Pioneiros é um dos bairros mais antigos de Rondonópolis e está situado na região central (Figura 1).

 

Mapa 1 – Localização do Jardim Pioneiros.

 

Para realização da pesquisa, foram escolhidas, de forma aleatória, 05 casas em 10 ruas do bairro, conforme mostra o Mapa 2.

 

Mapa 2 – Ruas do Jardim Pioneiros onde foram aplicados os questionários.


Convém comentar que durante a aplicação do questionário buscamos observar as casas e as ruas do bairro, objetivando encontrar possíveis pontos favoráveis de proliferação do mosquito, conforme será descrito nos resultados e discussão.

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Neste capítulo será feita a apresentação dos dados obtidos no estudo através de gráficos e a discussão dos resultados.

Os casos de dengue vêm aumentando consideravelmente no Estado de Mato Grosso e no município de Rondonópolis essa realidade não é diferente. De acordo com registros da Secretaria Municipal de Saúde, nossa cidade vem registrando um aumento cada vez mais significativo nos casos de dengue. Dados apontam que no período de 2005 a 2009, os anos em que mais houve notificações foram 2006 e 2009, sendo que em 2006 foram 1742 notificações, com 389 casos confirmados e em 2009 foram 2645 notificações, com 1502 casos confirmados, conforme aponta o Gráfico 1.

 

Gráfico 1 – Série Histórica da Dengue em Rondonópolis (2005-2009).

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Rondonópolis.

 

 

Convém comentar que em 2005 houve um surto de dengue em Rondonópolis e em 2009 o município voltou a apresentar índices altíssimos da doença, conforme afirma Albuquerque (2009, p. 1):

 

Depois de um surto de dengue no ano de 2005, nesse ano Rondonópolis volta a apresentar altíssimos índices da doença. Desde o início do ano até a sexta-feira passada (16), já foram registradas 837 casos de dengue de todos os tipos, contra 42 casos confirmados durante todo o ano de 2008.  Do início do ano até sexta-feira (16) passada foram registrados 807 casos de dengue clássica; nove de dengue com complicações; e, 21 de dengue hemorrágica. Ocorreram ainda nesse ano, dois óbitos por dengue hemorrágica. Foram descartados 760 casos e 28 ficaram sem conclusão após realização do exame, ou seja, não foi possível identificar se houve realmente ou não dengue.

Já no período em estudo, que vai de outubro de 2009 a março de 2010, a Secretaria Municipal de Saúde informou as seguintes notificações: outubro - 104 casos; novembro – 220 casos; dezembro – 582 casos; janeiro – 1348 casos; fevereiro – 905 casos; março – 375 casos (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Casos de dengue notificados no período de outubro de 2009 a março de 2010.

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Rondonópolis.

 

Observando os dados é possível notar que nos meses de dezembro a março há um acréscimo no número de casos de dengue. Isso ocorre devido a um maior volume de chuva e, consequentemente, de águas empossadas nos quintais, pneus velhos, terrenos baldios, garrafas vazias, caixas d’água destampadas, lixo em geral, conforme foi comentado no referencial teórico da pesquisa.

Na pesquisa realizada no Jardim dos Pioneiros, num primeiro momento, buscamos saber o número de pessoas residentes nas casas para, então, termos uma noção do índice de contaminação no bairro. Em 27 das 50 casas pesquisadas, residem de 1 a 3 pessoas e em 23 casas residem de 4 a 6 pessoas, totalizando aproximadamente 200 pessoas, conforme mostra o Gráfico 3.

Gráfico 3 – Número de pessoas residentes nas casas pesquisadas do Jardim dos Pioneiros.

Fonte: Dados da Pesquisa.

 

Quanto à incidência da dengue no bairro, foi constatado que, no período de outubro de 2009 a março de 2010, 19 pessoas disseram ter sido infectadas pela doença, ou seja, 9% da população entrevistada, conforme mostra o Gráfico 4.

No entanto, através das informações fornecidas pela Secretaria Municipal de Saúde consta apenas um caso de dengue no Jardim dos Pioneiros, o que indica que os índices seriam maiores se a população fosse consciente e comunicasse à Secretaria os casos da doença.

Gráfico 4 – Incidência da dengue no Jardim dos Pioneiros.

Fonte: Dados da pesquisa.

 

É válido comentar que 95 % das pessoas infectadas disseram ter realizado o exame para confirmar a doença.

Desses casos, 12 pessoas foram hospitalizadas, ou seja, 63% das pessoas infectadas, e 05 casos (25 %) foram confirmados com dengue hemorrágica, sendo que nenhuma pessoa foi a óbito em decorrência da doença, conforme aponta os Gráficos 5 e 6.

Gráfico 5 – Casos de dengue que precisaram de internação.

Fonte: Dados da pesquisa.

 

Gráfico 6 – Incidência da Febre Hemorrágica da Dengue no Jardim dos Pioneiros.

Fonte: Dados da pesquisa.

 

Convém comentar que o bairro é todo asfaltado, possui rede de esgoto, poucos terrenos baldios e casas em construção, na verdade, como já foi dito, é um bairro antigo, a coleta de lixo é feita, no mínimo duas vezes por semana, o fornecimento de água é diário, por isso quase não é necessário o armazenamento de água em recipientes, porém, mesmo assim ainda é possível encontrar grande quantidade de garrafas, latas e plásticos nas residências e nas ruas.

No município de Rondonópolis, no período pesquisado houve 175 casos de internação em decorrência da dengue clássica e 31 casos de internação por Febre Hemorrágica da Dengue, como mostra o Gráfico 7.

 

Gráfico 7 – Internações em Rondonópolis em decorrência da dengue.

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Rondonópolis.

 

 

Convém comentar que, no mesmo período, foram registrados 77 casos da Febre Hemorrágica da dengue, sendo que em outubro não houve nenhum caso confirmado; em novembro houve 6; em dezembro 12; em janeiro 34; em fevereiro 20; e em março 5, como pode ser visto no Gráfico 8.

 

 

 

A Dengue Hemorrágica é uma doença grave e se caracteriza por alterações da coagulação sanguínea da pessoa infectada. Inicialmente se assemelha a Dengue Clássica, mas, após o terceiro ou quarto dia de evolução da doença surgem hemorragias em virtude do sangramento de pequenos vasos na pelo e nos órgãos internos. A Dengue Hemorrágica pode provocar hemorragias nasais, gengivais, urinárias, gastrointestinais ou uterinas. Na Dengue Hemorrágica, assim que os sintomas de febre acabam a pressão arterial do doente cai, o que pode gerar tontura, queda e choque. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte (TEIXEIRA et al, 1999, p. 12).

 

Gráfico 8 – Incidência da Febre Hemorrágica da Dengue em Rondonópolis.

Fonte: Dados da pesquisa.

 

Mais uma vez é possível observar que no período de dezembro a fevereiro a incidência da doença é maior, pois com o aumento das chuvas e a falta de cuidados da população o ambiente torna-se propício para a proliferação do mosquito da dengue e a conseqüente contaminação da população.

Essa realidade também pode ser notada a nível de Estado, pois a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso divulgou que somente no ano de 2010, no período de janeiro a maio, foram notificados 36.405 casos da doença. Desse total, 876 foram notificados como casos graves da doença. Sendo que 45 casos foram a óbito, destes, 31 casos foram confirmados e 14 casos estão sob investigação (Assessoria SES/MT, 2010).

Em se tratando dos problemas ambientais que contribuem para a proliferação do mosquito da dengue, a população participante da pesquisa apontou que no Jardim dos Pioneiros os problemas mais evidentes são: lixo nas ruas, água empossada, terrenos baldios sujos, lixo nos quintais, entre outros (falta de cuidado de vizinhos, animais nas ruas, bueiros abertos, lixo no rio, esgoto a céu aberto e queimadas). A incidência destes problemas pode ser observada no Gráfico 9.

 

Gráfico 9 – Problemas ambientais no Jardim dos Pioneiros que contribuem para o aparecimento da dengue. Fonte: Dados da pesquisa.

 

Algumas medidas devem ser adotadas para se evitar que o mosquito da Dengue se prolifere, observe:

 

 

·     Evitar água parada.

·     Sempre que possível, esvaziar e escovar as paredes internas de recipientes que acumulam água.

·     Manter totalmente fechadas cisternas, caixas d'água e reservatórios provisórios tais como tambores e barris.

·     Furar pneus e guardá-los em locais protegidos das chuvas.

·     Guardar latas e garrafas emborcadas para não reter água.

·     Limpar periodicamente, calhas de telhados, marquises e rebaixos de banheiros e cozinhas, não permitindo o acúmulo de água.

·     Jogar quinzenalmente desinfetante nos ralos externos das edificações e nos internos pouco utilizados.

·     Drenar terrenos onde ocorra formação de poças.

·     Não acumular latas, pneus e garrafas.

·     Encher com areia ou pó de pedra poços desativados ou depressões de terreno.

·     Manter fossas sépticas em perfeito estado de conservação e funcionamento.

·     Colocar peixes barrigudinhos em charcos, lagoa ou água que não possa ser drenada.

·     Não despejar lixo em valas, valetas, margens de córregos e riachos, mantendo-os desobstruídos.

·     Manter permanentemente secos, subsolos e garagens.

·     Não cultivar plantas aquáticas (Disponível em: http://www.apromac.org.br/dengue.htm).

 

Os agentes ambientais também detectam esses problemas nas residências quando fazem a visita periódica de conscientização contra a dengue. Eles afirmam que os ambientes em que há maior proliferação do mosquito da dengue são: vasilhames, bebedouros de animais e garrafas pet, conforme informado pela Secretaria Municipal de Saúde.

Também, durante a visita, foi possível observar que 20% das residências tinham caixas d’água destampadas, vasilhas plásticas e vasos com plantas com água acumulada. Apesar de não ser alto esse índice é interessante observar, como mostra o Gráfico 10.

 

Gráfico 10 – Índice de residências com fontes de proliferação para o mosquito da dengue.

Fonte: Dados da pesquisa.

 

Sabemos que qualquer local que possa juntar água limpa e parada é um foco do mosquito Aedes Aegypti, assim o perigo maior está nas casas. “Calcula-se que 90% dos focos do mosquito sejam domésticos” (FREITAS, 2008, p. 1).

Para modificar essa realidade algumas medidas devem ser tomadas pelos moradores, observe:

Coloque areia no prato das plantas ou troque a água uma vez por semana. Mas não basta esvaziar o recipiente. É preciso esfregá-lo, para retirar os ovos do mosquito depositados na superfície da parede interna, pouco acima do nível da água. O mesmo vale para qualquer recipiente com água. Pneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura ou recolhidos pela limpeza pública. Garrafas pet e outros recipientes vazios também devem ser entregues à limpeza pública.Vasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Limpe diariamente as cubas de bebedouros de água mineral e de água comum. Seque as áreas que acumulem águas de chuva. Tampe as caixas d’água (FREITAS, 2008, p. 1).

A Secretaria Municipal de Saúde desenvolve ações todos os anos no combate a dengue, dentre as quais estão: a atualização do Plano Municipal de Contingência da Dengue; Integração com a Vigilância Epidemiológica e Laboratório Central que está repassando cópia das notificações assim que chegam das unidades de saúde; Agilidade na atualização e alimentação do Sinan-NET; Capacitação para médicos e enfermeiros para seguirem as normas técnicas para dengue, enfatizando a prova laço; Acompanhamento e investigação dos casos suspeitos de FHD; Envio de amostras ao MT-Laboratório para isolamento viral; Aumento da equipe de bloqueio químico de 1 (uma) para 5 (cinco); Contratação de ASA para atuarem nas áreas cobertas; Prioridade no bloqueio químico vetorial em localidades que registram as primeiras notificações positivas; Mutirão setorizado com os agentes, em localidades que registraram mais de 5 notificações positivas, nas últimas 3 semanas; Mutirão Municipal em parceria com todas as Secretarias, dando ênfase dengue e leishmaniose (coleta de lixo e limpeza de terreno baldio).

Estas são algumas das ações que a Secretaria Municipal de Saúde vem desenvolvendo para combater a dengue em nosso município, mas é preciso que a população se conscientize e faça a sua parte, só assim será possível erradicar a doença.

 

 

CONCLUSÃO

 

Através da pesquisa desenvolvida foi possível observar que os problemas ambientais contribuem de forma considerável para o aparecimento de doenças, dentre as quais se destaca a dengue.

O melhor método para se combater essa doença é evitando a procriação do mosquito, que ocorre em ambientes úmidos em água parada, seja ela limpa ou suja.

No bairro Jardim dos Pioneiros, onde foi desenvolvida a pesquisa, foi observado que algumas pessoas ainda deixam de cumprir seu papel de cidadãs e acabam contribuindo para a criação de locais propícios para a proliferação do mosquito da dengue.

Apesar do bom nível de informação dos moradores do bairro e da visita de agentes de saúde, falta a conscientização por parte dos mesmos em controlar a infestação do mosquito.

Com base nos dados obtidos e analisados, verificou-se que os problemas ambientais são os maiores causadores para a proliferação do mosquito da dengue.

Dessa forma, ainda se faz necessário o desenvolvimento de campanhas de conscientização, com divulgação dos índices de contaminação e mortes em decorrência da doença para ver se as pessoas mudam de atitude e deixam de lado os hábitos que contribuem para a degradação ambiental e conseqüente aparecimento de doenças, como a dengue. 

Enquanto a população achar que as questões ambientais são de responsabilidade dos outros e não mudar seu comportamento as doenças provenientes de problemas ambientais continuarão a aparecer e, a cada ano, mais pessoas serão infectadas pelo mosquito da dengue, podendo até mesmo perder suas vidas, sendo que pequenos hábitos poderiam reverter essa situação.

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

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TEIXEIRA, M. G.; BARRETO, M. L.; GUERRA, Z. Epidemiologia e Medidas de Prevenção do Dengue. Informe Epidemiológico do SUS, 1999.

 

Ilustrações: Silvana Santos