Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 42) DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS EXISTENTES EM UMA PEQUENA PROPRIEDADE DE AGRICULTURA FAMILIAR, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE ITUMBIARA-GO
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DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS EXISTENTES EM UMA PEQUENA PROPRIEDADE DE AGRICULTURA FAMILIAR, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE ITUMBIARA-GO.

 

 

 

 

Thiago Alves Lopes Silva1,3

Josefa Lopes de Moraes2

Haienny Araújo da Silva3

 

 

 

1- Graduado em Licenciatura em Ciências com habilitação em Biologia pelo Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara (ILES/ULBRA), Pós-graduando em Gerenciamento Ambiental no Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara (ILES/ULBRA), Professor P-III de Biologia da Secretária de Educação do Estado de Goiás.

 

Av. Beira Rio, nº 1001, Bairro Nova Aurora, Itumbiara-GO. CEP: 75522-330.Fone: (64) 3433-6500 Fax: (64) 3433-6515.

 

(thiago_1209@hotmail.com)

 

2- Graduada em Licenciatura em Ciências com habilitação em Biologia pelo Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara (ILES/ULBRA), Pós-Graduada em Educação Ambiental e Sustentabilidade pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e docente do Programa de pós-graduação Latu Senso em Gerenciamento ambiental no Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara (ILES/ULBRA).

 

Av. Beira Rio, nº 1001, Bairro Nova Aurora, Itumbiara-GO. CEP: 75522-330. Fone: (64) 3433-6500 Fax: (64) 3433-6515.

 

(zefinhamorais@yahoo.com.br)

 

 

3- Discente do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Campus Itumbiara.

 

Av. de Furnas, nº 55, Village Imperial. CEP: 75524-010. Itumbiara – GO. Fone: (64) 3432-5600.

 

(haiennyads@hotmail.com)

 

 

 

 

 

 

RESUMO

 

O presente trabalho objetivou identificar possíveis impactos ambientais existentes em uma pequena propriedade rural de agricultura familiar, localizada no município de Itumbiara- GO e propor ações que possam garantir a melhoria da qualidade ambiental da área em estudo. A coleta dos dados foi realizada durante uma visita técnica por meio de uma entrevista não estruturada, registros fotográficos e observações críticas. Notou-se a existência de impactos ambientais ocasionados pelo uso incorreto dos recursos naturais, dos quais pode-se destacar: antropização da área que circunda uma nascente, descarte de materiais plásticos no solo, desperdício de água, uso incorreto de fertilizantes e agrotóxicos. Nesse contexto, são propostas algumas ações que permitem a minimização dos impactos evidenciados, como a realização do cercamento e reflorestamento no entorno da nascente com espécies nativas do cerrado, criação de um plano de ação para encaminhar a reciclagem as embalagens plásticas (sacolas e garrafas-pet) e  de destinação correta das embalagens de agrotóxicos, e o investimento em assistência técnica e em capacitações dos funcionários. Diante dos resultados obtidos nota-se a necessidade da aplicação de práticas para produção dos cultivares, pautadas na sustentabilidade e nos princípios da Educação Ambiental, com intuito de garantir a preservação dos recursos naturais e logo a produtividade da terra por um maior intervalo de tempo.

 

Palavras- chave: Educação Ambiental.  Hortaliça. Impactos ambientais. Sustentabilidade.

 

1.    INTRODUÇÃO

 

As questões ambientais que permeiam a sociedade contemporânea têm ocasionado diversas discussões, as quais focam-se na correlação entre as ações antrópicas e o aparecimento de impactos ambientais provindos da degradação dos recursos naturais (RAMOS; ROSÁRIO; MARCHESAN, 2004).

O modelo de desenvolvimento atual, desigual, excludente e esgotante dos recursos naturais, tem levado à produção de níveis alarmantes de poluição do solo, ar e água, destruição da biodiversidade animal e vegetal e ao rápido esgotamento das reservas minerais e demais recursos não renováveis em praticamente todas as regiões do globo. Esses processos de degradação têm sua origem em um modelo complexo e predatório de exploração e uso dos recursos disponíveis, onde conceitos como preservação, desenvolvimento sustentável, igualdade de acesso aos recursos naturais e manutenção da diversidade das espécies vegetais e animais estão longe de serem realmente assumidos como princípios básicos e norteadores das atividades humanas.

Atualmente nota-se a crescente preocupação com questões relacionadas à utilização de práticas sustentáveis no processo produtivo, uma vez que os recursos naturais não são infinitos e sua utilização indiscriminada pode ocasionar impactos ambientais irreversíveis. Nesse contexto observa-se a mudança de foco da sociedade contemporânea, uma vez que a visão da mera produção de riquezas está sendo substituída pela distribuição e melhor utilização destas. (GOMES, 2006).

Nessa perspectiva, surge o conceito de desenvolvimento sustentável, o qual está pautado na busca de equilíbrio entre o desenvolvimento socioeconômico e a preservação ambiental, mostrando assim que as questões ambientais então intimamente interligadas com o processo de desenvolvimento econômico (MOUSINHO, 2003).

No entanto, a aplicabilidade de práticas sustentáveis em pequenas propriedades de agricultura familiar nem sempre é possível, devido à necessidade de investimento em recursos materiais e técnicos em contraponto as questões financeiras.

Dessa forma, faz-se necessário a realização de análises de impactos ambientais nessas áreas, uma vez que os recursos naturais podem estar sendo utilizados de forma inadequada, ocasionando assim o aparecimento de impactos ambientais irreversíveis nos ecossistemas e futuramente a redução da produtividade da terra.

            Diante dos dados elucidados, o presente trabalho objetivou realizar um diagnóstico dos impactos ambientais presentes em uma pequena propriedade de agricultura familiar, localizada no município de Itumbiara-GO e propor ações que possam garantir a melhoria da qualidade ambiental da área em estudo.

 

2.    METODOLOGIA

           

            O presente trabalho foi desenvolvido em uma pequena propriedade rural na área direcionada ao plantio de uma hortaliça, localizada no município de Itumbiara-GO (Fig. 1).

 


Figura 1– Localização da área de estudo. Fonte: Google Earth, 2003.

2.1.       Características físico-econômicas da área em estudo

 

A propriedade rural em estudo apresenta fitofisionomias do bioma cerrado, possuindo 5 alqueires, dos quais 4 hectares são utilizados para o plantio da hortaliça. No entanto são realizadas outras atividades econômicas como, a pecuária leiteira e a criação de suínos para subsistência. A pecuária leiteira é responsável pela produção de 50 L/dia de leite, os quais são direcionados a fabricação de requeijão caseiro que é comercializado no município local.

            O funcionamento da hortaliça em análise é regido por cinco funcionários, os quais são responsáveis pela adubação, plantio e colheita das seguintes culturas: alface (Lactuca sp.), couve (Brassica sp.), cebolinha(Allium sp.), rúcula (Eruca sp.), coentro (Coriandrum sp.) e quiabo (Abelmoschus sp.), sendo estas direcionadas ao abastecimento de instituições públicas, particulares e da comunidade municipal.

 

 

2.2. Coleta de dados

            A coleta qualitativa dos dados ocorreu durante uma visita técnica na área de estudo promovida pela disciplina de Tópicos de Educação Ambiental do programa de pós-graduação latu senso em Gerenciamento Ambiental (ILES/ULBRA), em março de 2012, com utilização de uma entrevista não estruturada com o locatário da propriedade, de registros fotográficos e de observações sistematizadas.

 

 

3.    RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

                                                             

3.1. Aspectos organizacionais

 

            Diante das observações notou-se na sede da hortaliça e na área que circunda a nascente, diversas embalagens plásticas dispostas indiscriminadamente no solo, fato que demonstra a necessidade de se trabalhar os princípios básicos que regem a Educação Ambiental com os funcionários de pequenas propriedades de agricultura familiar, uma vez que a disposição deste material no solo pode comprometer a qualidade ambiental do local refletindo até mesmo em áreas adjacentes.

A qualidade do meio ambiente tem sido comprometida por interferências antrópicas, as quais geram impactos ambientais que repercutem nos meios físico-biológicos e socioeconômicos, comprometendo os recursos naturais e a saúde humana, podendo assim causar desequilíbrios ambientais. Neste sentido, Marcatto (2002), explica que a Educação Ambiental é uma das ferramentas existentes para a sensibilização e capacitação da população em geral sobre os problemas ambientais, pois esta busca desenvolver técnicas e métodos que facilitem o processo de tomada de consciência sobre a gravidade destes e a necessidade urgente na forma de gerir e consumir os recursos naturais.

 

 

3.2. Adubação

 

            No processo de adubação, o solo é preparado inicialmente com calcário e matéria orgânica (cama de frango), além da aplicação de 200 g/m2 de adubo NPK 4-14-8. Após a primeira colheita realiza-se a aplicação de uma solução de ureia (NH2)2CO, 4,16 x 10-4 mol.L-1,  preparada com adição de 15 Kg de ureia a cada 600 L de água.

            Percebeu-se que o processo de adubação não é realizado mediante técnicas pré-estabelecidas, fato que possivelmente proporciona o desperdício do fertilizante e consequentemente à geração de um impacto ambiental, no que se refere ao acúmulo exacerbado de alguns compostos químicos no solo, que podem comprometer o índice de produtividade do mesmo.

            Segundo Marcatto (2002) os fertilizantes utilizados nas áreas agrícolas podem potencialmente provocar processos de eutrofização (elevação da quantidade de nutrientes presentes na água) dos mananciais e a contaminação do meio ambiente, como um todo, por metais pesados.

            Nesse contexto, vale ressaltar que o uso indiscriminado de fertilizantes de origem mineral ou orgânica, sem o conhecimento técnico das propriedades físico-químicas do solo, da necessidade nutricional da cultura e das características químicas do produto utilizado, pode acarretar a redução da produtividade, desequilíbrio das propriedades do solo e contaminação da água e do ar (CORRÊA; BENITES; REBELLATTO, 2011).

 

 

3.3. Controle de pragas

 

            Para o controle de pragas utiliza-se um inseticida de contato do grupo químico dos piretróides denominado DECIS 25%, o qual tem como ingrediente ativo (I.A) a deltametrina. De acordo com sua toxidade é classificado como de classe III (medianamente tóxico) e diante do potencial de periculosidade ambiental como de classe I (altamente perigoso ao meio ambiente) (BAYER, 2010).

            Outro produto utilizado na hortaliça é o fungicida sistémico AMISTARD, o qual pertence ao grupo químico das estrobilurinas e que apresenta como I.A o azoxystrobin. Este de acordo com sua toxidade é classificado com de classe IV (pouco tóxico) e mediante ao potencial de toxidade ambiental como de classe II (muito perigoso ao meio ambiente) e altamente tóxico para organismos aquáticos. (SYNGENTA, 2012).

            A pulverização do inseticida e do fungicida é realizada mecanicamente com a utilização de tratores e ocorre no período noturno. Pode-se justificar a aplicação de defensivos agrícolas no período noturno, pois durante a noite o “tempo de vida” das gotas é maior, uma vez que estas não sofrem significamente os efeitos da vaporização e das correntes de vento, possibilitando assim maiores chances de atingir o agente biológico. Outro fator que merece destaque concerne nas características biológicas da praga, uma vez que a grande maioria destas que é eliminada por inseticidas de contato possuem hábitos noturnos e durante o dia permanecem na parte inferior das folhas ou até mesmo alocadas no solo, dificultando assim o controle efetivo. Pode-se ainda explicar a pulverização noturna de fungicidas sistêmicos devido à maior eficiência de absorção pela planta, sendo esta proveniente da abertura total dos estômatos ocorrida pela interferência de fatores abióticos como: temperaturas amenas e aumento da umidade do ar pelo orvalho (JUNIOR, [ca. 2008] ).

            O prazo de carência respeitado pelo agricultor é de 3 dias para o inseticida e de 10 a 15 dias para o fungicida, sendo este compatível com as indicações da ficha técnica dos produtos, as quais ressaltam que em cultivares de couve o intervalo de confiança do DECIS 25% corresponde a 2 dias e em alface o tempo de carência do fungicida equivale a 7 dias (BAYER, 2010; SYNGENTA, 2012).

         Durante a entrevista foi constatado que os funcionários não possuem hábitos de utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) durante a aplicação dos defensivos, fato que chama atenção, uma vez que estes se tornam vulneráveis a possíveis intoxicações. Cabe aqui ressaltar, que nas fichas técnicas dos produtos utilizados na área em estudo, exige-se a utilização de EPIs durante o manuseio.

No meio rural, o uso indiscriminado de defensivos agrícolas, coloca em risco a vida de agricultores, seus familiares, consumidores dos produtos agrícolas, solo, água e toda a cadeia de organismos vivos que habitam esses meios (MARCATTO, 2002).

Por isso, o uso de defensivos agrícolas deve ser controlado e realizado sob a orientação de um técnico responsável, uma vez que deve-se utilizar métodos seguros para aplicação desses produtos, além da construção de locais apropriados para o descarte das embalagens, as quais jamais poderão ser jogadas em rios e córregos ou junto ao lixo comum da propriedade rural, visando evitar impactos ambientais.

 

 

3.4. Sistema de irrigação

 

            A água utilizada para regar os cultivares é proveniente de uma mina d’água existente na propriedade, localizada aproximadamente a 15 metros do primeiro canteiro. A técnica de irrigação é feita pelo sistema de aspersão e não existe um horário estabelecido para realização desta prática (Fig. 2).

 

 

                     Figura 2- Sistema de irrigação por aspersão.

 

 

            Segundo Biscaro, (2009) as principais desvantagens do sistema de irrigação por aspersão são:

O elevado custo inicial, a susceptibilidade a interferência de aplicação devido ao vento, as elevadas perdas por evaporação da água diretamente do jato fracionado e a exigência de um sistema de motobomba com elevada potência, dependendo da área a ser irrigada. Também ocorre que, como os sistemas de aspersão molham uma considerável área do terreno, há o favorecimento da proliferação de ervas daninhas e, devido à força do impacto da gota sobre a superfície do solo, o mesmo pode apresentar selamento superficial (BISCARO, 2009).

                       

            A inexistência da sistematização do processo de irrigação pode acarretar diversas adversidades na produção dos cultivares em relação ao desenvolvimento de doenças ocasionadas por fungos e bactérias, além de provocar problemas ambientais nos ecossistemas provindos do acúmulo de nutrientes no solo e nas águas subterrâneas e superficiais (MAROUELLI; FREITAS; JUNIOR, 2010).

                        Além da identificação dos desperdícios de água pelo sistema de irrigação, notou-se a intensificação deste impacto devido à existência de muitos vazamentos nas tubulações que conduzem a água e a distribuem na hortaliça, conforme evidenciado na (Fig. 3).

 

                        Figura 3- Vazamento nas tubulações de captação e distribuição de água.

           

            Tal evidência confirma as ideias de Filho (2007), o qual afirma que agricultura irrigada tem sido apontada como uma das grandes vilãs do desperdício de água no Brasil, visto que a inexistência ou o manejo inadequado dos sistemas de irrigação por parte de agricultores tem levado ao consumo exagerado desse recurso natural. Com isso alguns estados brasileiros têm elaborado legislações que determinam a cobrança pela utilização da água na irrigação e nas demais atividades produtivas, com intuito de combater os abusos e logo conscientizar os agricultores.

            A mina d’água que abastece a propriedade rural em estudo encontra-se totalmente antropizada, visto que foi realizado o seu alargamento, aprofundamento e retirada de grande parte da vegetação nativa que circundava a mesma (Fig. 4).  Diante de uma análise visual, percebeu-se que a água apresentava-se com coloração turva e com presença de embalagens plásticas (Fig. 5).

 

                   Figura 4- Nascente após as ações antrópicas de alargamento e aprofundamento.

 

 

                   Figura 5- Embalagens plásticas no interior e na borda da nascente.

 

Além de compreender a importância vital das nascentes, é fundamental reconhecer a sua fragilidade diante das agressões às quais estão sujeitas, principalmente em decorrência das atividades humanas. As queimadas, o desmatamento, a erosão do solo e o pisoteio de animais são alguns exemplos dessas agressões. Neste sentido, as nascentes precisam ser protegidas e, se for o caso, recuperadas, porém não basta somente a proteção das chamadas matas ciliares para garantir a qualidade e a quantidade de água em uma nascente. A água é captada em todo o terreno ao redor e, portanto é necessário um trabalho de conservação do solo que evite ou minimize os efeitos da erosão e que impeça o assoreamento e o carregamento de agrotóxicos ou outros dejetos para o manancial e logo para os rios e riachos. (EMATER-MG, 2012).

            Frente a essa problemática, a Constituição Federal de 1988 descreve que todos corpos d’água são de domínio público, ou seja, nenhum proprietário de terra rural ou urbana, é dono da água que brota em seu terreno, pois a mesma é um bem coletivo, portanto de toda a sociedade. Nessa perspectiva, vale ressaltar que segundo a Resolução 303/2002 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) em torno de nascentes ou olhos d’água deve-se preservar um raio mínimo de 50 metros de forma a proteger a bacia hidrográfica contribuinte, porém foi observado que tal limite não é respeitado na propriedade em questão.

 

 

3.5. Propostas de recuperação

 

            Para recuperação e amenização dos impactos identificados na área em análise ou em outras propriedades de agricultura familiar que enfrentam situações semelhantes às citadas anteriormente, acredita-se que os agricultores incialmente devem investir em assistência técnica e em capacitações para os funcionários envolvidos no processo produtivo, o qual se estende desde o plantio até a colheita.

            No que se refere à disposição de embalagens plásticas (garrafas pet e sacolas plásticas) e de embalagem de agrotóxicos deve-se elaborar um plano de ações que seja fundamentado em princípios da Educação Ambiental que preconizam a reciclagem e a destinação dos recipientes dos agrotóxicos para postos de coleta que realizam a descontaminação e reaproveitamento destes.

            Na área de preservação permanente (APP) onde está localizada a mina d’água deve-se realizar o cercamento e o plantio de espécies nativas da região no entorno da mesma, pois segundo Calheiros et al., (2004) esta barreira de vegetação minimiza as contaminações química e biológicas da água e contribui para o controle de erosão do solo.

            Outra medida de extrema importância seria a caracterização físico-química do solo utilizado para o plantio, uma vez que por meio desta seria possível realizar a dosagem adequada de fertilizantes e logo evitar impactos na área agricultável, ocasionados pelo excesso destes.

            Por fim, cabe destacar que o investimento na compra e conscientização do uso de EPIs é uma ação favorável as práticas de uma agricultura sustentável e pautada nos princípios das boas práticas de fabricação.

 

4.    CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            Diante dos resultados obtidos, pode-se dizer que a região em estudo apresenta impactos ambientais ocasionados pelo uso incorreto dos recursos naturais e pela falta de capacitação técnica dos indivíduos envolvidos no processo de produção.

            Dessa forma, a adoção de medidas de uma agricultura baseada na sustentabilidade e nos princípios da Educação ambiental poderá minimizar os impactos identificados, melhorar a qualidade ambiental, além de garantir um aumento na produção e nas condições favoráveis ao plantio por um maior intervalo de tempo.

5.    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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BISCARO, Guilherme Augusto. Sistemas de irrigação por aspersão. Dourados: Editora da

UFGD, 2009. 134p.

 

CALHEIROS, R. de O.; TABAI, F.C.V; BOSQUILIA, S.V. & CALAMARI, M. 2004. Preservação e Recuperação de Nascentes. Piracicaba: Comitê das Bacias Hidrográfica dos rios PCJ – CTRN. 53p.

 

CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (CONAMA).  Resolução CONAMA n° 303 de 20 de março de 2002. Disponível em: . Acesso em: 01 mai. 2012. 

 

CORRÊA, Julino Corulli; BENITES, Vinícius de Melo; REBELLATTO, Agostinho. O uso dos resíduos animais como fertilizantes. In: II Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais, Paraná, 2011. Anais do II Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais. Paraná: Sbera, 2011, p. 91-94.

 

EMATER-MG. Proteção de nascentes. Série Meio Ambiente, 2012. Disponível em:. Acesso em: 10 mai. 2012.

 

FILHO, Manuel Alves. Tese foca uso racional da água na agricultura. O Jornal da Unicamp. Campinas, 17 a 31 mar. 2007. p.4.

 

GOMES, Daniela Vasconcellos. Educação para o consumo ético e sustentável. Revista Eletrônica de Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v. 16, p. 18-31, jan.-dez. 2006.

 

JÚNIOR, Manoel Ibrain Lobo. Aplicação noturna de agroquímicos, [ca. 2008]. Disponível em: . Acesso em 04 mai. 2012.

 

MAROUELLI, Waldir Aparecido; FREITAS, Vinícius Mello Teixeira; JUNIOR, Antônio Dantas Costa. Guia prático para o uso de irrigas na produção de hortaliças. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2010. 36 p. Disponível em: <http://www.cnph.embrapa.br/paginas/serie_documentos/guia_irrigas.pdf >. Acesso em: 12 maio de 2012.

 

MARCATTO, Celso. Educação ambiental: conceitos e princípios. Belo Horizonte: FEAM, 2002. 64 p.

 

MOUSINHO, Patrícia. Glossário. In: TRIGUEDO, André (Coord.). Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

 

RAMOS, Letícia Ayres; ROSÁRIO, Denise Almeida Pires do; MARCHESAN, Ana Maria Moreira. A proteção à fauna e à Biodiversidade. Revista Mirante, 2004. Disponível em: . Acesso em: 10 mai. 2012.

 

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Ilustrações: Silvana Santos