Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 43) SENSIBILIZAÇÃO SOBRE A COLETA SELETIVA ENTRE ALUNOS DE UMA ESCOLA PRIVADA DE ENSINO FUNDAMENTAL DE BELÉM (PA)
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educação ambiental em ação

SENSIBILIZAÇÃO SOBRE A COLETA SELETIVA ENTRE ALUNOS DE UMA ESCOLA PRIVADA DE ENSINO FUNDAMENTAL DE BELÉM (PA)

 

 

 

Autores:

 

1. Fabrício Lemos de Siqueira Mendes

 

2. Liandra Matos

 

3. Mytia Cerveira

 

4. Natália Marques

 

5. Raquel Lima

 

 

RESUMO

O lixo urbano nos últimos anos vem crescendo assustadoramente, tendo como um dos principais fatores o crescimento populacional. Neste sentido, o destino do lixo em todo e qualquer ambiente é uma das preocupações dos ambientalistas. Na escola, grande parte do lixo produzido é papel, que dependendo do manuseio, pode ser reciclado. Com o intuito de verificar como a sensibilização sobre a coleta seletiva está inserida entre alunos de uma escola privada de Belém, realizou-se este trabalho por meio de questionários aplicados a alunos do 3º ano do Ensino Fundamental. Este questionário abordou as atitudes e a formação de novos hábitos com relação à coleta seletiva, e a reflexão sobre a responsabilidade do ser humano com o ambiente. Os resultados obtidos neste estudo demonstram que há uma grande preocupação por parte dos alunos com relação ao lixo produzido em seu ambiente, neste caso a escola.

Palavras chaves: Coleta seletiva; Lixo, Ensino Fundamental; Alunos.

 

1 INTRODUÇÃO

Para Hogan e Vieira (1995) os problemas ambientais nas últimas décadas têm tomado um grande impulso nos meios de comunicação, estando cada vez mais próximo de discussões entre a sociedade. Tais discussões sejam entre estudiosos ou leigos, buscam caminhos que minimizem ou até mesmo podem erradicar estes problemas. Não é fácil o ser humano adotar uma nova postura em seu comportamento, uma vez que mudanças requerem longos prazos. Com novos conhecimentos, a partir da educação formal, o ser humano passa a ter uma consciência crítica de tudo o que o cerca, inclusive do ambiente em que vive.

Neste contexto, a educação é reconhecida como um dos processos capazes de promover as mudanças necessárias no modo de agir dos seres humanos, de forma que estes possam, a partir de uma consciência crítica sobre a realidade, posicionar-se como autores de um processo onde os hábitos, valores e atitudes deverão ser adotados por uma nova postura ética. O ambiente como instrumento pedagógico não é um fato novo no processo educativo, pois Patrick Gedds[1] sugeria a importância da aprendizagem em contato com a natureza, pois para uma criança que está intimamente em contato com seu ambiente, não só assimilaria melhor os processos em desenvolvimento, mas também colocaria em prática atitudes criativas em relação ao mundo em sua volta, afirma Dias (1993).

A escola, como promotora de educação formal, foi instituída a fim de atender à demanda da sociedade. O seu caráter social lhe permite o desenvolvimento de características próprias, peculiares, onde a tônica é a pluralidade. Mesmo regida por leis e normas, as escolas diferenciam-se entre si. Esta diferenciação aparece devido à sua sociabilidade. Analisando a estrutura da escola, Candido (1973, p. 170) realça que:

 

[...] a estrutura administrativa da escola exprime a sua organização no plano consciente, e corresponde a uma ordenação nacional, deliberada pelo Poder Público. A estrutura total de uma escola é, todavia algo mais amplo, compreendendo não apenas as relações ordenadas conscientemente, mas, ainda, todas derivam da sua experiência enquanto grupo social. Isto vale dizer que, ao longo das relações oficialmente previstas (que o Legislador toma em consideração para estabelecer as normas administrativas), há outras que escapam à sua previsão, pois nascem da própria dinâmica do grupo social.

 

Portanto, o fato da escola abrigar um grupo estável, com características individuais distintas, objetivos comuns a serem seguido, é um excelente ambiente para as práticas que envolvem o meio ambiente. Enquanto seguimento organizado a escola tem plenas condições de envolver educando e educadores neste processo de mudança. Para Gadotti (1979) e Guimarães (1995), no âmbito escolar há um caminho a ser trilhado: a partir de discussões acerca das questões ambientais atuais, suas causas e consequências, sempre buscando nas raízes sociais dos problemas a orientação para o desenvolvimento das práticas e discussões teóricas da escola. Nesta linha de pensamento, ela atua como agente do processo educativo, podendo capacitar e potencializar os educandos para uma reflexão crítica da sociedade, abrindo, portanto, o caminho de mudanças.

Algumas situações vivenciadas pela sociedade impõem à escola o desempenho de vários outros papéis além da mera transmissão do conhecimento como, a apreensão de valores, hábitos e símbolos da sociedade que possibilita a reflexão e a crítica de suas origens. Questiona-se a desigualdade com que os diferentes estilos de sociedade responsabilizam-se pelas rupturas dos processos ecológicos. Aponta-se para a necessidade de novos modelos econômicos que contabilizem não apenas os custos sociais, mas, sobretudo o custo ambiental, avaliando inclusive a demanda/escassez dos recursos naturais. Em suma, de acordo com Lima (1997) é de questionar-se o caráter complexo e contraditório instalado historicamente nas relações homem-natureza.

Para Lima (1997) a consciência dos problemas ambientais tem exigido da sociedade a tomada de posição e o desenvolvimento de ações que venham contribuir para minimizá-los, o que certamente irá proporcionar melhor qualidade de vida a esta e às futuras gerações, além de assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais, responsáveis pela perpetuação das relações homem-natureza. É neste aspecto que a educação pode contribuir, conscientizando as diferentes gerações sobre a realidade e possibilitando a oportunidade de mudança de atitudes, hábitos e valores.

Um dos mais graves problemas ambientais da atualidade, para os ambientalistas, é a produção do lixo, que vem crescendo a cada ano de maneira exorbitante. Ainda sim, para muitos o problema limita-se na assiduidade do recolhimento semanal feita nas residências. E, uma das maneiras de reduzir a produção do lixo, tanto em residências como nas escolas, é a chamada Política ou Pedagogia dos 3R. O 3R, segundo Layrarques (2005), recebeu essa nomenclatura devido à junção das iniciais das palavras Reduzir, Reutilizar e Reciclar, formando um slogan de grande eficácia pedagógica.

Nesta linha de pensamento, a ação pedagógica visa às transformações das relações do homem com a natureza e dos homens entre si. Esta ação necessariamente deve ser positiva à natureza. Admitindo-se a escola como sendo uma instituição onde existe a pluralidade de culturas, de ideologias, de percepções, seus atores certamente constituem potencialidades no sentido da promoção de mudanças sociais, afirma Costa (1999).

A proposta pedagógica, sobre reeducação da coleta seletiva, iniciou se nas instituições de ensino e em projetos voltados para a conscientização da importância da coleta seletiva. Para Layrarques (2005) é necessário propostas pedagógicas para que a população tome consciência das necessidades atuais para qualidade de vida e preservação do meio ambiente. Deste modo, a população não ira sofrer com as mudanças que podem ocorrer no planeta. Pelo contrário, atitudes ecologicamente correta, como a separação de resíduos sólidos para reciclagem, estão cada vez mais amenizando problemas ambientais em todo mundo.

 

2 OBJETIVO

 

Este trabalho teve como objetivo analisar a sensibilização, no que diz respeito à coleta seletiva, entre alunos de uma escola privada de ensino fundamental da cidade de Belém (PA).

 

 

3 METODOLOGIA

 

O trabalho foi realizado em uma escola privada de Ensino Fundamental da cidade de Belém (PA). Os dados foram obtidos por meio da aplicação de questionário, sobre a concepção acerca de coleta seletiva do lixo a 30 alunos do 5º ano do Ensino Fundamental. O questionário continha questões objetivas e diretas, acerca da sensibilização da coleta seletiva, tratamento do lixo e reciclagem. Após aplicação do questionário os dados coletados foram tabulados e analisados.

 

4 RESULTADOS

No que se refere a diferença entre lixo orgânico e inorgânico, 43,33% dos alunos responderam que sabem diferenciar e 56,66% afirmaram que não sabem a diferença entre lixo orgânico e inorgânico. Quando questinados sobre se na escola, em que estudam há o hábito de separar lixo orgânico do inorgãnico, a maioria (76,66) respondeu que não e a minoria (23,33%) afirmam que a escola separa o lixo. Isso pode ser resultado da questão anterior, onde grande parte deles não sabe diferenciar o lixo orgânico do inorgânico.

Ao serem questinados sobre se conhecem quais objetos podem ser reciclados, 73,33% responderam que sim, 26,66% responderam que não sabem e 6,66% optaram por não responder a essa pergunta. Na mesmo seguimento da pergunta anteiror foi solicitado para os alunos citarem quais objetos poderiam ser reciclados. Dos materiais, o papel foi citado por 18 alunos, 15 citaram plástico, 13 alunos citaram metal e vidro, respectivamente, nove acham que as garrafas de um modo geral podem ser reciclaadas e apenas um aluno citou papelão como objeto que pode sofrer reciclagem. A quarta pergunta do questionário trata dos símbolos utilizados que dão referência a coleta seletiva de lixo, ou seja, os símboos utlizados nos containers para armazenar o lixo para posterior reciclagem. A maioria, ou seja 53,33% dos alunos, desconhecem a simbologia, contra 40% dos que conhecem. E, 6,66% não souberam responder.

A pergunta seguinte foi com relação se eles já presenciaram alguma pessoa descartano lixo em terrenos abertos, canais ou na própria rua. De todas as respostas do questioário, essa foi a que maior se estabeeceu uma diferença entre as respostas “sim” e “não”. Dos 30 alunos questionados 80% afirmam que já presenciaram pessoas descantando lixo em locais inadequados (terrenos bertos, canais ou ruas), e apenas 20% não presenciaram.

Ao serem questionados se conhecem os benefícios da reciclagem 50% responderam que “sim”, 46,66% responderam que “não” e apenas 3,33% não souberam responder os benefícios que podem ser trazidos pela reciclagem do lixo. Com relação a coleta seltiva na cidade onde vivem, foi perguntado se há este tipo de serviço. Dos 30 alunos, 63,33% responderam que não existe e 36,66% afirmaram que existe coleta seletiva.

Quanto ao destino do lixo produzido na escola, foi perguntado se os alunos sabiam para onde é levado o mesmo. A maioria (63,33%) informaram não saber para onde o lixo é levado, contra 36,66% afirmaram saber o destino do lixo. Com relação se os professores da escola trabalham assuntos voltados a coleta seletiva 73,33% informaram que não é trabalhado e apenas 26% dizem que os professores trabalham a coleta seletiva em suas aulas.

 

5. CONCLUSÃO

 

Com o estudo realizado conclui-se que a maioria dos alunos não sabem diferenciar lixo orgânico de inorgânico. Caso esse conhecimento fosse bem distindo poderiam ter ideia dos benefícios que o lixo orgânico trás a população, como na utlização de jardins, servindo de nutrientes (adubo) para plantas, utilizados em hortas e pomares. Isso se deve, em parte, pela escola em que estudam, uma vez que a mesma não possui o hábito de separar o lixo orgânico do inorgânico. Porém, há interesse dos alunos quando o assunto é sobre a dúvida de quais materiais podem ser reciclados, já que exemplificaram os mesmo. Deste modo, os alunos demonstram possuírem conhecimento do que seria a reciclagem. Mas, como não possuem o hábito de reciclar na escola, a maioria desconhece os símbolos utilizados nos containers para coleta seletiva para a realização da reciclagem.

Mas o problema ambiental referente ao lixo, não é só um problema interno na escola, uma vez que os alunos presenciaram outras pessoas, fora da escola, jogando lixo em ambientes não apropriados, no caso ruas, terrenos vazios e canais. Isso é bem evidente ao se deslocar em Belém (PA), pois o descaso das pessoas e a falta de educação fazem com isso seja uma realidade em nossa cidade. Porém, há um certo equlíbrio entre os alunos com relação aos benefícios que a reciclagem pode trazer, não só para população da cidade, mas também para a escola.

 De um modo geral, a escola, segundo depoimento dos alunos, precisa ser mais ativa nas questões de reciclagem internamente, pois os alunos, através do questionário, demostraram interesse no assunto. Porém, a falta de informação é um obstáculo para esta atividade. E, neste caso, a escola seria o lugar ideal a desenvolver conhecimentos teóricos sobre a coleta seletiva e reciclagem do lixo, uma vez que a partir disso, as práticas se tornariam mais fáceis de aplicadas, não só na escola, mas também no dia a dia dos alunos.

 

REFERÊNCIAS

 

CANDIDO, A. A estrutura da escola. In: PEREIRA, L., FORACCHI, M. M. (org.) Educação e Sociedade. 6ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1973.

 

COSTA, A. M. F. C. Educação ambiental: da reflexão à construção de um caminho metodológico para o ensino formal. Dissertação de mestrado. João Pessoa, 1999.

 

DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1993.

 

GADOTTI, M. Educação de Adultos: Teoria, prática e proposta. Cortez, São Paulo, 1799.

 

GUIMNARÃES, M. Educação ambiental: no consenso em embate? Campinas, SP: Papirus, 2000.

 

HOGAN, D. J.; VIERIA, P. F. Dilemas sócios ambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas, São Paulo: Editora da UNICAMP, 1995.

 

LAYRARGUES, P. O cinismo da reciclagem: o significado ideológico da reciclagem da lata de alumínio e suas implicações para a educação ambiental. In LOUREIRO,

 

LAYRARGUES, C.; CASTRO, P. R. Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. São Paulo: Cortez, 2005, 179-215.

 

LIMA, M. J. A. A leitura dos saberes do semiárido: um estudo de caso. Tese de Doutorado em Geografia Humana. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1997.


 
Ilustrações: Silvana Santos