Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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31/05/2013 (Nº 44) EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA “VIVÊNCIAS ORNITOLÓGICAS”, UM RECURSO EM PROL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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De forma geral as aves são um dos grupos animais que mais desperta a atenção e a admiração da espécie humana

Exposição fotográfica “Vivências Ornitológicas”, um recurso em prol da Educação Ambiental

 

Édison Cardoso Teixeira1

Marion Matsdorf Teixeira2

 

1. Pesquisador em Ecologia e Educação; Professor de Biologia

2. Pesquisadora e professora de História

Contato autores: edisonc.teixeira@gmail.com

 

A formulação de práticas em educação ambiental é uma ferramenta importante para desenvolver na comunidade como um todo, a idéia de cuidado com a natureza e implementar uma relação de respeito com o meio ambiente onde as pessoas se inserem. A abordagem ambiental se faz, a cada dia, mais necessária no interior dos estabelecimentos de ensino. Esta deve envolver os alunos desde o ensino básico até a formação acadêmica. Em um estado atual do mundo, em que existe a necessidade de melhor compreender o meio ambiente para planejar futuras ações de proteção e de desenvolvimento sustentável, práticas de educação ambiental são fundamentais. Estas práticas devem perpassar por todas etapas do ensino, bem como atingir e mesmo envolver a comunidade ao entorno das instituições responsáveis pela formação educacional dos cidadãos.

De forma geral as aves são um dos grupos animais que mais despertam a atenção e a admiração da espécie humana. Não é de hoje que os homens se encantam com a observação do vôo destes organismos e a sensação de liberdade que isto perpassa a nossa espécie. Este grupo animal é associado a palavras como harmonia e paz, bem como lembrado por sua versatilidade no deslocamento. Fora seu voar, as aves encantam com seu mundo a parte de cores, plumas e cantos melódicos. Hoje estes organismos são amplamente utilizados em projetos de educação ambiental e turismo.

As aves possuem uma ampla distribuição em todas partes do mundo, ocupando uma grande variedade de habitats. Outra questão importante é que este grupo animal é de extrema importância em estudos ambientais devido a sua característica comportamental e ecológica como indicadores de qualidade e sustentabilidade do meio onde se encontram. Mudanças na composição de um habitat provocam uma resposta a distribuição, abundância e riqueza destes animais.

Além disto, estes animais possuem uma importância ímpar no equilíbrio sistêmico, devido a características específicas de muitas espécies de aves. Neste grupo animal, encontramos espécies que representam o topo de teias alimentares (isto é, são indivíduos predadores e reguladores de outras populações animais e mesmo vegetais), além de espécies que servem como base na dieta de muitos carnívoros.

A busca por compreender estes animais cabe a ornitologia. Em síntese, ornitologia é o estudo das aves, compreendendo todos os aspectos deste grupo animal: observação, identificação, classificação, comportamento, interação, biologia, ecologia e até mesmo questões relacionadas ao turismo e à educação.

Neste contexto, desenvolveu-se uma pequena exposição denominada “Vivências Ornitológicas” (anexo I). Nesta breve exposição, apresentou-se uma pequena parte fotográfica de um amplo trabalho de pesquisa que visa mapear estratégias de preservação destes animais em vista do crescimento acelerado do meio urbano. Neste projeto busca-se também utilizar-se deste grupo animal, que divide muitas vezes seu dia a dia com os seres humanos, para desenvolver e despertar em nós a idéia de sustentabilidade e conscientização ambiental.

São registros fotográficos de aves em seu habitat natural em diferentes regiões do País, em sua maioria no estado do Rio Grande do Sul. Apresentam-se fotos onde pode-se verificar não somente o registro da avifauna, mas também perceber que cada indivíduo deste grupo apresenta uma preferência distinta em termos de vegetação e morfogeografia. 

 Na correria de nosso dia a dia muitas vezes não percebemos este mundo de beleza que é apresentado por estes organismos. Nosso país apresenta uma das mais ricas avifaunas do globo (1800 espécies registradas), e em nosso estado encontramos cerca de 35% deste montante. Na região da Serra Gaúcha encontramos uma avifauna bem característica e diversa, destacando muitas espécies endêmicas (exclusivas deste tipo de formação vegetal).

A exposição foi realizada com o apoio do Centro de Cultura do Município de Gramado, na Várzea Grande, que cedeu o espaço bem como realizou a divulgação e o agendamento das visitas. Apresentada em forma de painel, a exposição continha uma breve introdução a respeito das aves e da ornitologia, bem como uma séria de fotos com pequenos textos caracterizando cada espécie (vide exemplos no anexo II).

No decorrer da exposição recebemos alunos da rede municipal e estadual do município de Gramado, Rio Grande do Sul, em sua maioria do ensino fundamental (anexo III). A idade dos estudantes variou entre seis a dezoito anos. Para registro, criou-se um caderno de visitas, onde cada aluno deixava seu nome e o de seu estabelecimento de ensino, além da instituição que freqüentava. A comunidade também foi convidada a participar, e com isso buscou-se passar as pessoas da região um pouco de conhecimento sobre a fauna local. O sentimento de cuidado vem do amor, que vem do conhecer. Este foi o ideal desta etapa do projeto.

Trabalhos como este, podem ser desenvolvidos no interior dos estabelecimentos de ensino envolvendo os alunos na montagem da amostra. No desenvolver do mesmo, torna-se importante o envolvimento de diversas áreas do currículo. Desta forma, a nível fundamental e médio, teremos um trabalho interdisciplinar, onde matérias como português, artes, geografia, história, ciências e mesmo matemática poderão trabalhar juntas.

Em síntese, os professores envolvidos podem dividir a turma em grupos e repassar as instruções:

1.    Em um primeiro momento deve-se instruir o aluno a fotografar aves em campo em uma determinada área, sempre anotando todos dados importantes para a montagem póstuma da amostra: local de registro, tipo de vegetação e comportamento do animal. Em caso de não haver a possibilidade de capturar imagens via registro fotográfico, pode-se adaptar esta etapa a buscas na internet (sempre citando a fonte) ou mesmo em recortes;

2.    Elaborar com cada grupo um layout da exposição: distribuição das fotos, textos, etc;

3.    Confeccionar os textos de apresentação da amostra, bem como da cada espécie fotografada. Nesta etapa cabe também a formulação de pesquisas em torno das espécies registradas. Estas pesquisas devem abordar todas as características de cada indivíduo fotografado;

4.    Montagem em si da exposição.

Esta é apenas a base. Cada docente tem neste um exemplo de como dar o primeiro passo para desenvolver esta atividade. Mas cabe a cada um idealizar a melhor maneira de implementar o projeto em seu local de ensino. Ainda é viável a busca de apoio da própria administração pública do município onde se insere determinada instituição para desenvolver a atividade.

Desta forma, desenvolvemos já nas crianças e adolescentes a idéia de conhecer e proteger o meio ambiente, bem como fazer com que percebam que somos apenas parte deste todo que é o ecossistema. Ao final, pode-se planejar a ida dos pais e mesmo a abertura do local para receber a comunidade.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

MARTINS, J. F. C., TEIXEIRA, É-C., SCHERER, A. L., TEIXEIRA, E. C. & SAUL, P. F. A. 2007. Trilha integração: integrando estudantes, visitantes e ambientes no campus da UNISINOS, RS. Biodiversidade Pampeana 5(1): 16-19.

TEIXEIRA, É-C . O uso de trilhas em educação ambiental.. Revista Pátio Pedagógica – 2008

TEIXEIRA, É-C; TEIXEIRA, E.C.; PETERSEN, E.S.; MALINSKY, F.R.; COSTA, E.S. & SAUL, P.F.A., 2004. Caracterização de Trilha Interpretativa Como Ferramenta Para Desenvolvimento de Conceitos e Atividades em Educação Ambiental. Humanidades em Foco: Revista de Ciência, Educação e Cultura (www.humanidadesemfoco.cjb.br),  2(3): junho,julho,agosto – 2004

 

 

ANEXO I – Cartaz desenvolvido para divulgar a exposição

 

 

 

 

ANEXO II – Exemplos de imagens presentes na exposição, com os devidos textos explicativos

 

BACURAUok

Caprimulgus parvulus – Popularmente conhecido como Bacural Chintã é uma espécie que freqüenta beiras de matas apresentando hábitos crepusculares e noturnos. Imagem capturada na zona rural do município de Gravataí, distrito de Morungava - RS.

 

BEIJA VERDEok

Hylocharis chrysura – Denominado popularmente como Beija Flor Dourado, é encontrado em áreas de matas secas, capoeiras e mesmo em zonas urbanas com presença de jardins amplos. Foto feita na área urbana de Gravataí, RS.

 

BF PRETO ok

Melanotrochilus fuscus – Beija Flor Preto e Branco, é uma ave belíssima e de fácil identificação. Vive nas copas das árvores de matas capturando mosquitos e outros artrópodes pequenos, em vôo. Registro feito no campus da USP, em São Paulo.

 

CHIMANGOok

Milvago chimango – Popularmente denominado Chimango, é um falcão campestre. Comum em áreas de praias e zonas rurais, bem como beira de estradas onde busca encontrar animais mortos para sua alimentação. Foto feita nas proximidades da Praia do Cassino, RS.

 

savacu

Nycticorax nycticorax – Conhecido como Savacu, esta ave tem hábitos muito ativos nos finais de tarde e durante a noite. É uma espécie  cosmopolita, que freqüenta áreas ribeirinhas de lagos, rios e mesmo orla marítima. Indivíduos fotografados em Tramandaí, RS.

 

SAÍRAok

Tangara preciosa – Comumente chamada de Saíra de Cara Suja, habita as regiões serranas do País e matas de Araucária. Esta ave também sobre com a fragmentação das matas da região da serra gaúcha e com a captura ilegal de aves por criadores. Foto em Canela, RS.

 

ANEXO III – Registro fotográfico da ida de estudantes a exposição

 

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Ilustrações: Silvana Santos