Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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31/05/2013 (Nº 44) AÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: OS HÁBITOS ACERCA DA RECICLAGEM DA POPULAÇÃO DE ARARAS – SÃO PAULO
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AÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: OS HÁBITOS ACERCA DA RECICLAGEM DA POPULAÇÃO DE ARARAS – SÃO PAULO

 

Priscila Orlandini¹, Amanda Bonato², Rodolfo Antônio de Figueiredo³

 

1 – Licencianda em Ciências Biológicas do CCA/UFSCar, priscilaorlandini@gmail.com

2 – Licencianda em Ciências Biológicas do CCA/UFSCar, amandabonato@gmail.com

3 – Professor Adjunto do Departamento de Agroecologia do CCA/UFSCar, raf@cca.ufscar.br

 

 

RESUMO

Tendo em vista a importância cada vez mais crescente que a Educação Ambiental tem adquirido nos dias atuais, e a sua importante preconização como tema transversal ao currículo, este trabalho utilizou-se da metodologia baseada em entrevistas para inquirir acerca de determinados hábitos relacionados com a reciclagem de resíduos sólidos e a reutilização e descarte do óleo de cozinha usado da população de Araras/SP, embasado em uma amostra populacional presente no Lago Municipal Fábio da Silva Prado, tendo em vista ser este um local bastante arborizado e com grande circulação de pessoas. Após as entrevistas, os participantes receberam informações sobre locais de coleta dos diferentes resíduos e receberam uma receita para fabricação de sabão caseiro.

Palavras-chave: educação ambiental, reciclagem, resíduos sólidos, óleo usado.

INTRODUÇÃO

Para iniciarmos o presente trabalho, propõe-se a conceituação do que vem ser considerado como uma ação de Educação Ambiental, identificando esta como uma área ampla para atuação concatenada com outras áreas, portanto, não isolada, tendo como propósito primordial formar pessoas capazes de compreender a união dos vários elementos que compõem as relações de sustentação da vida, incluindo-se as relações humanas como fontes de causa-efeito, além de promover o engajamento na prevenção e solução de problemas socioambientais, com tendência a originar uma sociedade cada vez mais justa e equitativa.

De acordo com a Resolução nº 2, de 15 de junho de 2012 (BRASIL, 2012):

A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade com a finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental.

A educação ambiental está conseguindo se estabelecer nas entidades sem fins lucrativos, nos órgãos do governo, nas escolas e nos colégios, entretanto, a expressão “educação ambiental”, ainda sugere aulas exclusivamente voltadas para o meio ambiente, que pouco fazem para gerar uma transformação mais profunda no conteúdo, no processo e no alcance da educação em todos os níveis (CAPRA, 2005).

Neste contexto, a presente ação de Educação Ambiental atuou dentro de um âmbito específico, que é o da geração de resíduos domésticos e como a população age frente a esses resíduos, seja em seu processo de descarte, seja com relação ao seu conhecimento quanto aos locais de descarte do mesmo, bem como as consequências deste desconhecimento.

Os resíduos gerados no ambiente urbano podem ser sólidos (correspondentes aos resíduos domiciliares e de limpeza urbana, tais como varrição dos logradouros e vias públicas, bem como outros serviços de limpeza ou mesmo líquidos, tais como resíduos industriais localizados em centros urbanos ou ainda gerados dentro da própria residência, tal como é o caso do óleo comestível usado.

Para Garcia (2012):

Investir em boas práticas no setor de resíduos sólidos traz benefícios sociais e econômicos, como o remanejamento para as cooperativas de reciclagem da mão-de-obra que hoje está submetida a sub-empregos nos grandes lixões, os ganhos para a saúde pública devido à redução da incidência de doenças causadas pelos vetores presentes nos lixões e menor consumo de recursos naturais necessários na produção, possibilitando o desenvolvimento de novas tecnologias e o aumento do número de indústrias recicladoras em todo o país.

A coleta seletiva foi um dos aspectos avaliados neste trabalho, sendo esta entendida como a “coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme a sua constituição ou composição” (BRASIL, 2010) e sendo a destinação dos resíduos ambientalmente adequada entendida como:

Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (ibdem).

 Quanto aos resíduos líquidos, neste trabalho será enfocada a poluição gerada a partir do descarte inadequado de óleo usado. Apenas um litro deste resíduo pode contaminar até vinte e cinco mil litros de água, e a estimativa é de que apenas 5% deste material esteja sendo reciclado no Brasil. Resta então um importante trabalho de valoração do óleo usado, mostrando as suas utilidades paralelas, tais como na massa para vidraçarias, para a fabricação de biodiesel e sabão caseiro (PLANETA SUSTENTÁVEL, 2013, http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/poluicao-cano-abaixo-511102.shtml).

O supracitado trabalho atuou durante o dia 11/01/2013 no Lago Municipal de Araras, conhecido como Lago Fábio da Silva Prado, em que foram realizadas entrevistas com visitantes do local e pessoas que caminhavam e se dispuseram, espontaneamente, a participar deste trabalho, que utilizou-se de sete questões em uma breve conversa com os participantes para realizar um diagnóstico prévio dos hábitos relacionados à reciclagem presentes naquela amostra populacional.

OBJETIVOS GERAIS

 Promover uma ação de Educação Ambiental que tem como objetivo principal a sensibilização da população de Araras e região, frequentadores do local de estudo, acerca da importância do gerenciamento de resíduos e do papel de toda a população neste processo, por meio da reutilização do óleo de cozinha para a produção de sabão.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

*                 Divulgar os principais métodos de fabricação de sabão caseiro através do óleo usado

*                 Diferenciar as formas de produção de sabão caseiro;

*                 Sensibilizar a população para a importância da reutilização de resíduos domésticos;

*                 Divulgar as ações de Educação Ambiental do CCA/UFSCar;

*                 Mostrar os efeitos catastróficos da poluição dos cursos d’água causados pelo óleo descartado na pia;

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A escolha da cidade de Araras (SP) para a realização da presente atividade de Educação Ambiental deu-se por conta de uma ampla gama de fatores, tais como o fato de que todas as pessoas que compõem o presente grupo de trabalho conhecem esta cidade, seus pontos principais e características peculiares, além do fato de ser a cidade sede da universidade à qual pertencem os mesmos (Universidade Federal de São Carlos, campus do Centro de Ciências Agrárias – UFSCar/CCA).

Araras está localizada no interior do Estado de São Paulo, e possui 118.843 habitantes, numa área de 645 Km², possuindo como formações fitogeográficas características o bioma Cerrado e Mata Atlântica (IBGE, 2012).

No final do século XVIII, iniciou-se uma divisão de terras na região onde hoje se localiza Araras, dando origem a um núcleo de habitações (1862). Em 1865, o território até então pertencente ao município de Limeira, foi doado pelo Barão de Araras Bento Lacerda Guimarães, onde foi construída a Igreja Nossa Senhora do Patrocínio das Araras, homenagem devido à padroeira e Araras pela proximidade do ribeirão de mesmo nome. Em volta da capela erguida foi construído um pátio (hoje a Praça Barão de Araras), ao seu redor a vila (1871) e logo depois o município (Lei provincial nº 27 de 02 de abril de 1879). Logo chegaram os imigrantes europeus e se difundiram em meio aos colonos das fazendas de café (MARQUES et al., 2012).

A cidade de Araras conta ainda com permanentes ações de educação ambiental, promovidas pela Associação de Proteção e Preservação Ambiental de Araras (APPA), que em parceria com a prefeitura municipal de Araras, através da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento e da Secretaria de Educação, promovem várias ações de conscientização da preservação ambiental. Além da APPA, o Serviço Social da Indústria (SESI), de Araras oferece cursos, e visitações para trabalhar a reciclagem, o plantio e identificação de árvores, além da preservação de jardins e do meio ambiente.

Além destas instituições, as ações do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Mogi-Guaçu, da Associação Educacional do Homem de Amanhã (AEHDA), ofertam cursos profissionalizantes voltados para a área ambiental, tais como o curso de Gestão Ambiental, fornecido pela ETEC Prefeito Alberto Feres, Centro Paula Souza, dentre várias outras ações promovidas pela Secretaria Municipal de Educação, como por exemplo, a real preconização da Educação Ambiental como tema transversal dentro do currículo de todas as escolas da rede e em todos os níveis de ensino e a atuação do Projeto Margem Verde, em parceria com a UFSCar, fazem de Araras uma cidade com grande tendência de aceitação de ações de Educação Ambiental, além de valorização por parte de seus moradores.

Nesse contexto, o presente grupo teve como objetivo atuar no município de Araras, no Parque Municipal “Fábio da Silva Prado”, denominado popularmente de Lago Municipal, devido a este local possuir uma extensa área verde, sendo assim uma área de grande relevância para a realização de atividades ambientais, por ser também um local com elevada circulação de pessoas, público alvo do presente trabalho de pesquisa, além de ser arborizado, com um clima agradável, propiciando assim conforto térmico aos seus frequentadores e também devido ao local apresentar uma grande diversidade biológica, principalmente de animais e plantas, muitas destas ornamentais, com grande valor paisagístico.

MATERIAIS UTILIZADOS

Os materiais utilizados no experimento são:

*                 Óleo de cozinha usado;

*                 Soda cáustica;

*                  Água;

*                  Balde;

*                  Forma;

*                  Coador.

 

METODOLOGIA PARA A FABRICAÇÃO DE SABÃO

O método proposto foi adaptado de Andrade e Leal (2012), no qual é proposta a “receita” de preparo de sabão caseiro a partir de óleo de cozinha já utilizado, assim, para o preparo deste sabão caseiro primeiramente é necessário que os participantes estejam usando os equipamentos de proteção individual recomendados (luvas, viseira, calçados, roupa fechada).

Após esta etapa os participantes devem em um primeiro momento filtrar o óleo por meio do uso de um coador, removendo assim as impurezas, então este óleo deverá ser misturado com soda cáustica, na proporção de 1 litro de soda cáustica para cada litro de óleo até ocorrer a diluição completa nesta mistura.

No próximo passo esta mistura deverá ser colocada em um balde com 5 litros de óleo, devendo então este composto a frio ser misturado pelo período de 20 a 30 minutos, colocando-se essência ou amaciante para inserir no sabão o odor conforme desejado.

Ao final, esta mistura deverá ser despejada em uma forma para secar totalmente por pelo menos 2 semanas, após este período o sabão deve ser cortado conforme o tamanho e formato desejado.

METODOLOGIA DE PESQUISA

Para a realização deste trabalho foram realizadas entrevistas com os frequentadores do Lago Municipal de Araras. De acordo com Lüdke (1986), para que a observação se torne um instrumento fiel de análise, o objeto de estudo precisa estar bem delimitado, ou seja, saber o que observar e como observar. A entrevista, por sua vez, é uma técnica de pesquisa muito utilizada nas Ciências Sociais, aqui considerada também como fonte de dados para este trabalho, pois cria uma atmosfera de interação entre o pesquisador e entrevistado. O questionário, transcrito a seguir, foi composto por sete perguntas, sendo que as perguntas foram elaboradas de maneira a não deixarem aspectos dúbios em sua interpretação.

QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA ENTREVISTA

1) Nome (sobrenome opcional)

2) Sexo

3)Idade

4)Você costuma separar o lixo em sua casa?

5) No seu bairro há coleta seletiva? Se sim, quando?

6) Você guarda o óleo usado ou o descarta?

7) Você sabe de pontos de coleta destes materiais na cidade de Araras?

RESULTADOS

A coleta de dados da presente pesquisa foi realizada no Lago Municipal de Araras, onde encontravam-se os 36 entrevistados, sendo eles 38,8% do sexo feminino e 61,2% do sexo masculino, com faixa etária média de 42 anos.

Ao serem questionados se separavam o lixo, 72,2% responderam que sim, 25% responderam que não e, 2,8% às vezes. Definitivamente, a reciclagem ou a “cultura dos três erres” (reduzir, reaproveitar, reciclar) caiu no gosto da nossa população.

Em relação à coleta seletiva, 50% dos entrevistados afirmaram ter esse tipo de serviço em seu bairro e os outros 50% negaram a presença da atividade de coleta onde residem.

 Ao serem inquiridos sobre o destino do óleo de cozinha após seu uso, 66,7 % dos entrevistados responderam que o armazena, enquanto que 27,8% afirmam descartá-lo e 5,5% responderam que não utilizam óleo em casa.

 Em relação ao conhecimento sobre pontos de coleta seletiva na cidade de Araras, 50% dos entrevistados desconhecem tais lugares, enquanto que 44,5% afirmam conhecer e 5,5% desconhecem, pois não residem em Araras.

DISCUSSÃO

As pessoas entrevistadas foram abordadas aleatoriamente, conforme passavam ou caminhavam no entorno do Lago Municipal, sendo que a maioria eram pessoas com mais de 40 anos de idade, com poucas pessoas com idade inferior. Tal informação, necessitaria, em um estudo posterior, ser confrontada com as ações de uma população mais juvenil, para que a influência real da faixa etária fosse compreendida. Tais dados, assim como as informações sobre o sexo dos participantes, não se mostraram relevantes para a análise dos dados, mas, analisando os dados obtidos nas pesquisas de Crespo (2008) em um levantamento sobre hábitos de Educação Ambiental:

A cor, o sexo e a religião não se mostraram, senão pontualmente, como fatores que fazem diferença. Já a idade, sim. Ao longo de dez anos, está confirmado o fato de que os mais velhos (55 anos ou mais) têm menor interesse, independentemente da classe social e do nível de escolaridade. Na primeira pesquisa, a outra extremidade da pirâmide de idade, os mais jovens (16 a 22 anos) também se mostravam pouco interessados. Entre os jovens essa tendência vem sendo rapidamente revertida, talvez devido à proliferação de programas de educação ambiental normalmente destinados às faixas escolares ou ao fato de que ser ambientalista se tornou “politicamente correto”.

Um fato relevante que deve ser analisado no presente trabalho é que tão alto é o número de pessoas que responderam praticar a reciclagem em suas residências quanto é alto o número de pessoas que não sabem se passa ou quando passa a coleta seletiva em seus bairros. Tal fato aponta para uma questão óbvia: se a população não sabe quando passa a coleta seletiva, porque ainda assim separa o lixo? Qual seria então o destino deste lixo? Alguns participantes da entrevista disseram que separam o lixo reciclável, mas o deixam junto com o lixo restante, sem saber o seu destino e sem especificá-lo como reciclável.

Apenas 50% dos participantes afirmaram existir coleta seletiva em seu bairro, todavia, destes, muitos não sabem quando ela ocorre ou em que dias da semana.  A Cooperativa Araras Limpa é a organização responsável pela realização da Coleta Seletiva no município de Araras – SP, e em seu site a cooperativa divulga as rotas de coleta, bem como os dias e os materiais que recebem (embalagem longa vida, metal, papel, plástico e vidro).

Os dados com relação ao descarte do óleo de cozinha trazem dados também pouco animadores com relação ao descarte, com 66,7% dos entrevistados afirmando que não descartam o óleo de cozinha, ou porque o utilizam para a fabricação de sabão, ou o entregam a um ponto de coleta (sendo o Hipermercado Tiradentes o ponto mais citado), ou porque o entregam a algum reciclador específico. Dos participantes que responderam não utilizar óleo, uma frisou que, quando utiliza, o descarta na serragem de sua casa. Os demais afirmaram jogá-lo na pia.

Quando inquiridos sobre a existência dos locais de coleta destes materiais na cidade de Araras, 50% afirma desconhecer os locais de descarte destes, um número bastante elevado. Dos que conhecem, os locais citados são: Cooperativa Araras Limpa, Hipermercado Tiradentes (Coleta de Óleo), Bancos (Coleta de Pilhas) e duas pessoas afirmaram que um local, intitulado “Hotel do Parque”, recolhe o óleo usado.

Para a finalização deste trabalho, propõe-se a análise de uma frase epistemológica de um dos entrevistados: “Coleta seletiva? Araras não tem isso não! E olha que eu sou guarda, deveria saber. Onde que tem isso por aqui?”. Esta frase demonstra um profundo desconhecimento da população para com a disposição final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e líquidos utilizados, pouca ou muito baixa divulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei º12.305/2010) e das ações tomadas pela prefeitura municipal de Araras. O baixo índice de conhecimento da população com relação aos procedimentos a serem tomados quanto aos resíduos gerados, é responsável, em uma parte, por sustentar uma cadeia crescente de poluição e despreocupação com o “próximo passo” do lixo, após ser removido de cada residência e/ou ambiente.

Para Orr (2002):

A crescente importância e relevância dos termos que levam a palavra ecológico ou ecologia tem tido a sua significação aumentada também em base do que E.O.Wilson chamará de biofilia, que nada mais é do que a criação de vínculos com a vida, a terra, a água e tudo aquilo que envolve o lugar onde vivemos, de modo que esses vínculos que podem ser fortalecidos com uma boa Educação Ambiental, fornecendo uma esperança verdadeira de que antes de todo o conhecimento tecnológico e o progresso, é necessário cuidar para a extensão e profundidade desses afetos com o ambiente em que vivemos. A biofilia ainda ajuda a explicar o surgimento de algo que está realmente demonstrando um processo de despertar ecológico mundial. (grifos nossos).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desconhecimento da população quanto aos locais de coleta dos resíduos domésticos é, sem dúvida, uma fonte de preocupação e indicador da necessidade de realização de estudos futuros e trabalhos que estimulem a sensibilização para a periculosidade dos resíduos e a implicação que isso tem na vida de cada um.

Embora este estudo tenha um enfoque de atuação na área urbana de Araras, é fundamental o estabelecimento de programas que estimulem a coleta regular em áreas rurais da cidade, bem como popularizar as informações sobre a coleta seletiva em Araras (rotas percorridas e dias de coleta) e estimular os cálculos dos índices de reciclagem pré e pós-consumo.

Além disso, não se pode deixar de considerar a necessidade de modificação dos padrões de consumo atuais, estimulando a indústria a trabalhar com produtos reciclados e que sejam, por sua vez, retornáveis, além de evitar o uso de produtos químicos tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente e todas as suas formas de vida.

 

REFERÊNCIAS

ANDRADE, R. W. N.; Leal, C. M. S. Oficina: sabão ecológico a partir do óleo usado em frituras.I Conferência Internacional em Gestão Ambiental.Colaborativa Disponível em: <http://cigac.org/wp-content/uploads/2012/06/Apresenta%C3%A7%C3%A3o-Sab%C3%A3o-Ecol%C3%B3gico.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2012.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 02 ago. 2010. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 14 jan. 2013.

BRASIL. Resolução nº 2, de 15 de junho de 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 de junho de 2012.

CAPRA, F. Alfabetização Ecológica: A educação de crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix, 2006.

CRESPO, S. Meio Ambiente e Opinião Pública. In: TRIGO, A. (coord). Meio Ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento.5ª ed. Campinas, SP: Armazém do Ipê, 2008, p. 59-73

GARCIA, E. Resíduos sólidos urbanos e a economia verde. In: Coleção de estudos sobre diretrizes para uma economia verde no Brasil. Org: Walfredo Schindler. Evolutiva Estúdio, 2012.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Dados básicos da cidade de Araras. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=350330#>. Acesso em: 05 jun. 2012.

LÜDKE, M. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MARQUES, A. M.; BOVO, A. L.; FRANZONI, V. Araras: um lugar melhor para se viver. Prefeitura Municipal de Araras: Araras, 2012.

PLANETA SUSTENTÁVEL: Poluição cano abaixo. Disponível em: . Acesso em: 12 jan. 2013.

ORR, DAVID W. The Nature of Design: Ecology, Culture, and Human Intention. Nova York: Oxford University Press, 2002.

 

Ilustrações: Silvana Santos