Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/12/2013 (Nº 46) JORNAL ESCOLAR: UMA PRÁTICA AMBIENTAL INTERDISCIPLINAR
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JORNAL ESCOLAR: UMA PRÁTICA AMBIENTAL INTERDISCIPLINAR

 

 

 

 

Autor: Eduardo da Luz Rocha

                                                                                  Orientadora: Jane Schumacher

 

 

 

 

 

Resumo                                                                                                                                                                                                                                                                            

       Este trabalho teve sua origem junto a Escola Dr. Manoel Amaro Junior, situada no município de Jaguarão- RS. Nesta, atuam bolsistas do projeto institucional, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID), financiado pela CAPES, subprojeto Pedagogia- Educação Ambiental. A confecção do jornal em sala de aula teve como objetivo englobar todas as atividades programadas no plano de ensino elaborado pelo grupo PIBID Educação Ambiental ao longo do primeiro bimestre de 2013, a partir disso, buscamos fazer uma analise de resultados, visando identificar avanços e dificuldades que vivenciamos neste processo de ensino/aprendizagem, e também na prática de extensão. Como parte deste processo, trabalhamos temas como: profissão dos pais, fontes de renda, sistema monetário, artesanato e agricultura familiar, através destas, procuramos desenvolver atividades práticas envolvendo a comunidade, coisas cotidianas. Como metodologia utilizou-se a pesquisa participativa, realizada através da interação entre, bolsista, professor, aluno, e todo o contexto escolar, em que aplicamos atividades de extensão, mantendo um dialogo, observando e planejando as ações, e logo após, executando-as de forma conjunta. Como resultados confeccionou-se 1ª Edição do Jornal Amaro Junior 5º Ano, contando com a participação dos alunos, bolsista e professores da escola, todos juntos tentando mudar esse processo de ensino/aprendizagem.

 

Palavras-chave: Escola; Educação; Aluno.

 

 

1.INTRODUÇÃO                                                                                                                                                                                                                                                              

PIBID Subprojeto Pedagogia - Educação Ambiental: Uma Construção Coletiva, “Com Todos” e “Para Todos”.       

           A proposta de ação do grupo é desenvolver uma metodologia de trabalho diferenciada, possibilitando atividades teóricas, mas principalmente defendendo as atividades práticas, buscando envolver toda a comunidade escolar diretamente nas decisões. Nosso subprojeto busca desenvolver “ensino”, este, realizado através das atividades desenvolvidas em sala de aula, em que atuamos diretamente com os alunos quatro horas semanais, salientando que todas as atividades que aplicamos, planejamos em reuniões, duas vezes por semana, com duração de cinco horas, “pesquisa”, pesquisamos as atividades ambientais que perpassam o município de Jaguarão, principalmente em aulas passeio, despertando também o interesse a curiosidade dos alunos, transformando-os em “pequenos pesquisadores”, e a “extensão”, que tudo que aplicamos em nosso ensino e pesquisa, estendemos até a comunidade Jaguarense, mostrando que, sua participação é de suma importância, através de oficinas, e eventos, mediamos uma interação entre “universidade, escola e sociedade”, contemplamos de forma positiva três esferas de extrema relevância, mostrando que não existe ensino sem pesquisa e pesquisa sem extensão, todas estão todas interligadas.

Propomos como nosso objetivo, desenvolver nas escolas públicas uma Educação Ambiental de forma coletiva, valorizando o conhecimento prévio destas pessoas, envolvendo coisas diretamente de seu cotidiano. É Importante salientarmos que a Educação Ambiental escolar é denominada no Artigo 8º das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental da seguinte forma:

 

A Educação Ambiental, respeitando a autonomia da dinâmica escolar e acadêmica, deve ser desenvolvida como uma prática educativa integrada e interdisciplinar, contínua e permanente em todas as fases, etapas, níveis e modalidades, não devendo, como regra, ser implantada como disciplina ou componente curricular específico (BRASIL, 2012).

E é através deste eixo norteador estabelecido pelo governo, que elaboramos e aplicamos nossas atividades interdisciplinarmente, através dos temas propostos em nosso plano de ensino, englobando todas as disciplinas empregadas no currículo escolar, presentes nos anos iniciais.

 

Geralmente, ocorre a interdisciplinaridade quando docentes de diferentes disciplinas realizam atividades comuns, sobre o tema. Assim temos diferentes interpretações sobre o assunto em pauta e as possíveis contribuições específicas de cada disciplina (REIGOTA, pg.68, 2009).

 

Enquanto grupo PIBID, no qual temos a oportunidade de conviver com várias pessoas, cada uma com uma ideia e pensamentos distintos, consideramos o processo de ensino e aprendizagem um processo de formação do indivíduo, na sua integralidade, “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção [...]” (FREIRE, 1996, p. 22).

Acreditamos que esse é um dos principais caminhos para que possamos implantar na comunidade Jaguarense este novo conceito, que é a Educação Ambiental, e que aos poucos construiremos juntos essa conscientização ambiental. Como cita Marcos Reigota: (2009, p.40) em seu livro “O que é Educação Ambiental”: “a escola da creche aos cursos de pós- graduação é um dos locais privilegiados para realização da Educação Ambiental, desde que se dê oportunidade à criatividade, ao debate, a pesquisa, e a participação de todos [...]”.

Através do que procuramos desenvolver em nosso subprojeto já citado a cima, em que o mesmo visa envolver alunos, professores e a comunidade escolar em atividades práticas, desenvolvemos o Jornal Amaro Junior 5º Ano, no qual o objetivo é mostrar as atividades desenvolvidas pelos alunos juntamente dos bolsistas e da Supervisora. Este processo contou com cinco temas elaborados pelo grupo de bolsistas, Supervisoras e Coordenadora, o qual são eles: Profissão dos pais, Tipo de fontes de renda, Artesanato, Sistema Monetário e Agricultura familiar, através dos temas propostos, procuramos desenvolver atividades que fazem parte do dia-a-dia dos alunos e comunidade, pois é através destes diálogos e discussões que teremos futuros avanços.                                                                                               

Como finalidade deste estudo, procuramos registrar tudo que desenvolvemos ao longo destes dois meses de trabalho, como fotos, vídeos feitos através de passeios realizados, textos sobre os temas, atividades práticas e jogos. Através destas, buscamos refletir juntos, sobre os fatores positivos e negativos, sem duvida isso proporcionará um grande crescimento ao grupo, e uma maior qualidade nas atividades que desenvolveremos no próximo bimestre, no qual serão expostas na segunda edição do Jornal.

 

 

2- DESENVOLVIMENTO                                                                                               

 

2.1 Procedimentos Metodológicos

                                                                                                                                                        

            Como metodologia para a confecção do Jornal utilizou-se a pesquisa participativa, sendo realizada através da interação entre, bolsista, professor e aluno, mantendo um dialogo, planejando as ações e executando-as coletivamente, quebrando a ideia de uma abordagem tradicional, em que o professor propõe a atividade e os alunos apenas obedecem, sem voz e autonomia para questionar, dialogar, e refletir sobre as atividades propostas.                                                                  

           Como o próprio nome já sugere, a pesquisa participativa implica necessariamente da participação, tanto do pesquisador no contexto, grupo ou cultura que está a estudar, quanto dos sujeitos que estão envolvidos no processo da pesquisa. Foi a partir do conceito de participação que se consolidou uma nova perspectiva nos trabalhos desenvolvidos em organizações, sobretudo em organizações populares. “Fazendo um paralelo entre a observação participante, cuja invenção é atribuída ao antropólogo Malinowski, e a participação na pesquisa, cuja paternidade é atribuída a Marx, Brandão [...]” (1985, p.11-13).                                       

          Este tipo de pesquisa trás diversos conceitos, alguns autores defendem que a pesquisa participativa apresenta os mesmos significados da pesquisa ação, por serem aplicados diretamente com os sujeitos participativos da pesquisa, para Gil os dois conceitos denominam-se da seguinte maneira:

Todavia, a pesquisa-ação geralmente supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional técnico ou outro. A pesquisa participante, por sua vez, envolve a distinção entre ciência popular e ciência dominante. Esta última tende a ser vista como uma atividade que privilegia a manutenção do sistema vigente e a primeira como o próprio conhecimento derivado do senso comum, que permitiu ao homem criar, trabalhar e interpretar a realidade sobre tudo a partir dos recursos que a natureza lhe oferece. (GIL, p.56, 2002).

            Já outros autores a definem de outra forma, analisamos a baixo o conceito denominado por Reigota:

A metodologia participativa pressupõe que o processo pedagógico seja aberto, democrático e dialógico, entre os próprios alunos e alunas e entre os alunos as alunas e os professores e as professoras e a administração da escola com a comunidade em que vivem, com a família e com a sociedade em geral. (REIGOTA, p.67, 2009).

            Pressupõe-se que este tipo de metodologia defende a interação de todos os sujeitos, independente de classe social ou qualquer outro tipo de preconceito, em que o pesquisador atua diretamente com o individuo a ser pesquisado, adequando-se ao ambiente cultural em que o mesmo está inserido. Para que pudéssemos fazer isso de fato em nossa realidade, atuamos diretamente com os alunos, buscando em um primeiro momento um maior contato com os mesmos, depois de uma maior aproximação, começamos a desenvolver as atividades coletivamente, em que todos tinham voz e autonomia para expor suas ideias.

2.2 Educação Ambiental: A Construção do Jornal como uma nova Prática Educativa                                                                                                                                                                                                                                                                                  

             O Jornal Amaro Junior 5º Ano foi desenvolvido no primeiro bimestre de 2013, para a confecção do Jornal, em sua edição, utilizamos fotos, textos feitos pelos alunos, observações sobre os temas trabalhados em sala, entrevistas com pessoas que fazem parte do cotidiano escolar, e interação com a comunidade, “usando o jornal, colocamos a nossa pedagogia à medida e ao ritmo dos alunos e restabelecemos os laços afetivos: crianças, escola, pais, meio ambiente, cuja ruptura é tão sensível [...]” (FRENEIT, 1974, p. 63). Cabe frisar, que todos os alunos atuaram diretamente na criação, de forma positiva, analisando nomes e estruturas de jornais presentes em nosso município, visualizando cada elemento presente, para que o nosso Jornal Amaro Junior 5º Ano pudesse ganhar forma. Logo abaixo podemos analisar a capa do jornal confeccionada pelos alunos e bolsista, e também algumas das atividades de extensão envolvendo a comunidade escolar.

Figura 1: Jornal Amaro Junior 5º Ano,1. ed- Jaguarão- RS, 2013.

Primeiro contato com Educação Ambiental                                                                                                                                                                                                                     

              No segundo semestre de 2012 o PIBID começou a desenvolver suas atividades na Escola Manoel Amaro Junior, primeiramente foram propostas atividades para os bolsistas, fora de sala de aula, como observar o comportamento dos alunos, o espaço físico da escola, e a elaboração de uma revista pedagógica, em que a mesma nos proporcionou entrar de fato no contexto escolar, fazendo com que nos tornássemos sujeitos participativos desta história, nesta realizamos a pesquisa ação em que atuamos e entrevistamos ex-diretoras, ex-alunos, ex-professores, ex- funcionários e ex-alunos, pessoas que fizeram e fazem parte da história desta escola, analisamos também por meio de depoimentos de ex-professores e ex-alunos, e professores e alunos, presentes na escola nos dias atuais, desta forma podemos analisar como era aplicado o ensino há 50 anos, e como se desenvolve nos dias atuais.                                                                                              

            Depois de conhecermos melhor todo este contexto, e estarmos familiarizados com a escola, começamos no ano de 2013 o primeiro contato com a docência, contato este que tem como foco a ideia de que “bolsista” aprende com “aluno” e “aluno” aprende com o “bolsista”, pois, todos os indivíduos apresentam conhecimentos prévios, sendo seres culturais, ajudando e contribuindo no processo de ensino/aprendizagem.  Através deste pensamento, o “Bolsista” que virá a dar início em sua carreira docente busca consequentemente novas experiências, visando uma carreira profissional de qualidade no futuro, pois este é um dos objetivos do PIBID, contribuir com uma melhor formação destes futuros professores, tendo um conhecimento maior quando forem exercer o estágio de Educação Infantil e Anos Iniciais, pois assim compreendemos que o estágio “é uma atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, esta, sim, objeto da práxis. Ou seja, é no contexto da sala de aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá [...]” (PIMENTA e LIMA, 2008, p.45). O PIBID sem dúvida alguma faz com que possamos conhecer a realidade escolar desde o inicio de nossa graduação, nos deixando familiarizado quando chegarmos nesta etapa de nossa formação.                                                                                                   

           Já por outro lado, o PIBID proporciona aos “Alunos” o contato com novas experiências, visando um sincronismo de aulas teóricas e práticas, nós bolsistas, temos a tarefa de mostrar que a Educação Ambiental não discute somente a preservação da natureza, mas sim, toda ação social, que consequentemente ocasionará avanços culturais, tecnológicos, históricos e políticos, está forma de educar pode ser aplicada em uma educação formal ou informal, buscando conscientizar, criando seres críticos e questionadores, seres que possam transformar o ambiente.                                                                                                                 

            Foi visível neste primeiro contato com os alunos de nossa escola, e também a sociedade Jaguarense em grande maioria, compreendem a Educação Ambiental apenas como reciclagem e limpeza da cidade, e nós sabemos que ela perpassa muitas outras coisas, e a partir disso, intervimos e procuramos mostrar outros caminhos que fazem parte da mesma. Algumas semanas se passaram e já conseguimos notar grandes avanços, conseguimos avançar juntos. Nosso dever então é seguir proporcionando novos conceitos e atividades práticas para estes alunos ao longo do ano, para que possamos “JUNTOS” colher bons resultados futuros.

Universidade/Escola: Interação Entre os Atuais e Futuros Acadêmicos                                                                                                                                                               

          O bolsista, a professora, e os alunos do 5º ano visitaram as residências da Universidade Federal do Pampa, está visita teve como objetivo fazer a aproximação Escola x Universidade, mostrando que a instituição está aberta para todos, independentemente da classe social e idade, sem restrições. Muitos dos alunos relataram nunca terem visitado a UNIPAMPA, foi visível o encantamento dos mesmos, tenho certeza que essa aproximação trará benefícios futuros para esses alunos, pois estão interagindo com o meio Universitário, fazendo uma troca muito importante de experiências, onde os alunos se aproximam da universidade, e os acadêmicos se aproximam da escola.           

         Neste passeio foram visitados, laboratórios de informática, laboratórios de estudos, salas de aula, salas dos professores, restaurante universitário e por fim a biblioteca. Ao entrarmos na biblioteca foi visível o encantamento de todos, pois a maioria não tinha noção do tamanho do espaço físico utilizado. A atividade proposta pelo bolsista e professora foi que cada aluno pegasse livros de seu interesse, sentasse e praticasse sua leitura, dialogando com os colegas sobre estes livros, podemos analisar que essa atividade foi positiva como o passeio em geral, mostrando o interesse destes alunos em voltarem a UNIPAMPA. Tenho certeza que o primeiro passo foi dado, agora só depende de nós educadores darmos continuidade a atividades como esta.

Profissão dos Pais                                                                                                                                                                                                                                                                  

         Um dos primeiros temas propostos em nosso plano de ensino foi à profissão dos pais, partimos da ideia de que se não conhecermos o cotidiano dessa pessoa responsável pelo aluno, não vamos conseguir compreender o comportamento do mesmo em sala de aula. O objetivo de trabalhar-se este tema foi fazer com que os alunos aproximassem seus pais da escola, e também que valorizassem a profissão de seus pais, pois alguns nem sabiam de onde vinha sua renda familiar.                              

           Depois de realizarmos a introdução do que tínhamos proposto para desenvolver, entramos em o que podemos chamar de “Profissão” e “Trabalho”. Sabemos que um profissional é aquele que se qualifica, seja com curso técnico, curso superior, ou qualquer outro curso, que lhe dará estabilidade no futuro, e o trabalhador é aquele que exerce qualquer tipo de emprego, no qual não precisa muitas vezes de qualificação, apenas presta serviço em troca de dinheiro, não tendo então uma carreira profissional. Mas não esquecendo que todo trabalho ou profissão são dignos e que devemos valoriza-lo sempre.                                                                       

         Vista a necessidade de conhecer melhor a profissão ou trabalho de seus pais, criamos juntos em sala de aula um questionário, no qual tem como objetivo fazer com que os pais respondessem em casa juntamente de seus filhos, ambos interagindo, visando á aproximação dos pais com os alunos, e dos pais com a escola. Notamos um grande avanço após a aplicação da entrevista, os pais estão cada vez mais participativos, e a interação escola/pais está cada vez mais frequente. Entre os questionamentos levantados estão presentes questões referentes ao gostar da profissão, se já terminou o ensino médio, se gostaria de seus filhos terminassem os estudos, quantas horas trabalham por dia, e qual a diferença entre profissão e trabalho.

Oficina com Materiais Recicláveis                                                                                                                                                                                                                                       

         Os alunos da Escola Manoel Amaro Junior receberam a visita da artesã, e como objetivo desta atividade, propusemos aos alunos a conscientização, pois muitas vezes coisas que jogamos fora podem sim ter outras utilidades, como brinquedos, enfeites e outras. Outra proposta foi mostrar para os alunos outra visão através de materiais recicláveis, no qual muitas vezes em oficinas como estas, fizemos mais sujeira do que se estes materiais fossem diretamente para a reciclagem, a ideia então foi desfrutar ao máximo destes materiais, contribuindo com a limpeza da escola e consequentemente com um melhor aproveitamento.

 

Mercado Matemático: Uma atividade interdisciplinar                                                                                                                                                                                                    

      

           Esta atividade foi proposta através do nosso plano de estudos, no qual estávamos trabalhando o sistema monetário, após isso, juntamos todo material necessário como, garrafas, potes, sacolas, dinheiro fictício, caixas dentre outras, dialogamos sobre todos os detalhes, para só depois desenvolver a atividade.

A prática da atividade possibilitou que os alunos construíssem um mercado, no qual o mesmo disponibilizou das seguintes funções: um caixa operador, tendo como função trabalhar cálculos, contou também com um repositor para o abastecimento e também terá como função o controle da mercadoria e de estoque, e um empacotador que tinha como função priorizar o atendimento ao cliente juntamente do caixa operador.                                                                                                     

Este mercado contou com a presença de um banco, em que os alunos puderam fazer empréstimos, buscando então noções de juros e porcentagens. O objetivo desta foi fazer com que cada aluno desempenhasse uma função, seja no mercado ou no banco, em que analisamos a organização do grupo, o atendimento ao cliente, o cuidado com o troco, a questão da responsabilidade na utilização dos juros e empréstimos, e também todo o espaço físico utilizado.                                           

A metodologia usada para a atividade proposta foi à qualitativa, visto que os alunos trabalharam com cálculos mentais, levantamento de números e noções de juros e porcentagens.     Conclui-se que com esta atividade os alunos desenvolveram noções de responsabilidade, podendo presenciar atividades presentes em sem cotidiano, e podemos ressaltar aqui que todos se mostraram muito responsáveis, quitando suas dívidas e também fazendo um controle geral do dinheiro aplicado nas compras, fugindo na maioria das vezes dos empréstimos e juros. Com esta atividade conseguimos perceber, que as atividades matemáticas ligadas a aplicações do dia-a-dia do nosso aluno, favorecem a tomada de decisões. Logo, concordamos de fato quando os PCNs de Matemática (BRASIL, 1998, p. 63) asseguram que:

Assim, o professor deve organizar seu trabalho de modo que os alunos desenvolvam a própria capacidade para construir conhecimentos matemáticos e interagir de forma cooperativa com seus pares, na busca de soluções para problemas, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles (BRASIL, 1998, p. 63). 

 

Agricultura Familiar                                                                                                                                                                                                                                                    

             Quando entramos em um tema tão importante como a agricultura familiar, nos perguntamos, será que estes pequenos produtores recebem o valor e o incentivo que merecem? Será que estas famílias que trabalham o dia inteiro, seja sol ou chuva, recebem um valor financeiro adequado para que possam ter uma boa qualidade de vida? , estes foram temas abordados nas discussões feitas por alunos do 4º e 5º ano juntamente dos bolsistas. Como atividade foi proposto um documentário para que assistíssemos juntos, o mesmo apresentava o dia-a-dia de agricultores familiares espalhados nos Estados do Amazonas, Mato Grosso e Paraná (estado mais próximo do Rio Grande do Sul). O objetivo desta atividade foi mostrar o trabalho que essas pessoas passam, com pouco incentivo, e as condições muitas vezes precárias para exercerem uma produção de qualidade.                                

           Este documentário em primeiro momento causou um impacto muito grande, pois o mesmo trazia depoimentos de pessoas que trabalham o dia inteiro e que ao anoitecer não conseguem dar uma alimentação necessária para suas famílias, lugares onde não a luz elétrica, onde crianças precisam andar muito para frequentar a escola, e isso não está tão longe de nossa realidade, isso é o Brasil. Através destas discussões entramos no munícipio de Jaguarão, no qual o dialogo se estendeu positivamente, pois tudo aquilo que tínhamos visto no documentário se encaixava de fato em nossa realidade, os alunos exporão várias situações que conheciam sobre pequenos produtores da região, relatando o quão importante é o trabalho destas pessoas.                                                                                                  

           Finalizando então nossa atividade, dialogamos sobre a feira municipal de pequenos agricultores, no qual os alunos criaram um questionário, onde foi proposto que eles entrevistassem pessoalmente os pequenos produtores na Feira Municipal. Podemos avaliar toda essa nossa discussão como positiva, conseguimos alcançar juntos os objetivos propostos, e lembrando que cabe a nós futuros educadores sempre conscientizar e nortear estes alunos, mostrando que essas pessoas merecem um grande valor, que merecem melhores condições para uma produção de qualidade, e também uma boa qualidade de vida. Entre as perguntas elaboradas pelos alunos, destacam-se questões referentes, como o uso indevido de agrotóxicos, se vendem seus produtos para algum mercado, se já pensaram em ter outra profissão, quantos dias da semana tira de folga, e se seu retorno financeiro como agricultor é bom.

 

Entrevistas                                                                                                                                                                                                                                                                                

           Vista a oportunidade de criarmos um jornal com as atividades de Educação Ambiental, desenvolvidas pelos alunos do 5º ano, não podíamos deixar de destacar a direção da escola, e também a professora do 5º Ano, no qual fazem parte deste processo “Ensino/Aprendizagem”, envolvidas diretamente neste processo.

A atividade foi proposta pelos bolsistas em sala de aula, em que os alunos se dividiram em grupos, contando com três pessoas em cada, ressaltando, que os alunos que criaram o questionário, através de diálogos, dando liberdade e autonomia para que pudessem construir as discussões necessárias, o bolsista estava presente apenas para intervir sempre que necessário. O nosso objetivo então foi entrevista-las a partir deste questionário, perguntando sobre qual a importância do PIBID para a escola, quais benefícios trouxeram, se o trabalho esta sendo positivo ou não, para que a partir disso, possamos fazer juntos uma analise das atividades desenvolvidas ao longo do bimestre.

 

 

3- CONCLUSÃO                                                                                                                                                                                                                                                           

           Apesar das dificuldades encontradas como muitas vezes falta de recursos; fazer com que os alunos se sentissem livres para discutir e dialogar em sala; definirmos juntos os significados de meio ambiente e educação ambiental que para nossa sociedade são definidos como apenas preservação da natureza e reciclagem. Na construção do jornal nós bolsistas juntamente dos alunos e da supervisora, conseguimos vencer algumas etapas que propusemos no inicio deste trabalho, como: construção de histórias inventadas pelos alunos, análise escrita e oral sobre os temas trabalhados em sala, leitura de imagens e vídeos, criação da capa do jornal através de observações de jornais locais, confecção de desenhos e jogos, dentre outras.

Notamos que a atividade deu muito certo, e que foi muito prazerosa e enriquecedora para todos nós, foi possível observar o interesse pela leitura e escrita que aumentou gradativamente, a partir do momento em que os alunos entenderam que tudo que estava presente no Jornal fazia parte de seu cotidiano, começaram a demonstrar seu interesse em pesquisas, notícias semanais do município, e também sem duvida alguma, através de relatos dos próprios alunos, a atividade proporcionou uma maior atenção sobre coisas de seu dia-a-dia.                                                           

Ao ver os alunos comentando sobre as notícias, criando o nome do jornal, entrevistando pessoas da comunidade escolar, participando e dando opiniões sobre assuntos discutidos em sala, descobrimos e enfatizamos que é este o caminho para que possamos implantar esta metodologia diferenciada de ensino/aprendizagem, envolvendo atividades práticas e não só teóricas, buscando através de conhecimentos prévios de pessoas de nosso município, novos conceitos e experiências.                                                                                                                                         Quando falamos em avanços e dificuldades, notamos que o ensino, pesquisa e extensão, estão interligados, pois nesta atividade, a partir do ensino, conseguimos realizar pesquisa e extensão, proporcionando a interação dos alunos, com o resto da escola, e também com a sociedade Jaguarense, sem dúvida, tivemos a oportunidade de divulgar nosso trabalho, e o melhor, compartilhando conhecimento, através de oficinas e atividades práticas, despertando nestas crianças a curiosidade, transformando-os em “pequenos pesquisadores”, e também despertando a vontade de compartilhar suas atividades, com outras pessoas através do jornal, com certeza, melhorando o desempenho individual e em grupo em conteúdos propostos pela escola.                                                                                                                                      

            A sociedade de hoje, não se limita a poucas coisas, ela necessita divulgar, interagir, conhecer novos horizontes, se interessa em compartilhar ideias, em discutir, em dialogar, muitas vezes se deparando com dificuldades, mas sempre procurando novas soluções e atividades diferenciadas. Para que possamos acompanhar esta nova sociedade, formada principalmente pela era tecnológica, nada melhor que aplicar atividades de extensão, para que estes alunos possam ter contato com outras pessoas, outros lugares, com culturas diversificadas.                         Finalizando este artigo, destacamos para próximas edições do Jornal, alguns objetivos que pretendemos alcançar, como: envolver mais atividades de extensão envolvendo pessoas tanto da comunidade escolar como geral de nosso município; desenvolver atividades práticas visando uma maior aproximação dos alunos com profissionais da área de edições e publicações de jornais; e um maior envolvimento dos alunos com a parte da edição do jornal utilizando a laboratório de informática da escola. Cabe também destacar que estamos abertos para diálogos e discussões sobre os temas tratados nesse artigo, pois a ideia é compartilhar experiências, conceitos e atividades entre toda comunidade acadêmica, e também a todos que tenham interesse, para que juntos possamos ampliar nossos conhecimentos.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS     

                                                                                                                                                                                                         

BRANDÃO, Carlos R. Pesquisar-Participar. In: BRANDÃO, Carlos R. (Org.). Repensando a Pesquisa Participante. São Paulo: Brasiliense, 1985.                                                                                                                                                       

BRASIL, Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Resolução nº 2, de 15 de Julho de 2012.                                                                                                                                                                                                                                                            

FREINET, Célestin. O jornal Escolar: temas pedagógicos. Lisboa: Editora Estampa, 1974.                                                                                                                                                                                                                                                                            

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996.

                        

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.                                                                                                                                                                                                                                                                        

 REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.

Ilustrações: Silvana Santos