Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/04/2021 (Nº 47) UTILIZAÇÃO DE UM MATERIAL DIDÁTICO-DIGITAL RELACIONADO AO ENSINO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
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UTILIZAÇÃO DE UM MATERIAL DIDÁTICO-DIGITAL RELACIONADO AO ENSINO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO CURSO “BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS” DA UFSCAR, SOROCABA-SP

 

Adriano Gomes Garcia

Mestrando em Biometria (Unesp-Botucatu) e Bacharel em Ciências Biológicas (UFSCar-Sorocaba)

adrianogg@ibb.unesp.br

Resumo

Este trabalho apresenta um material didático-digital que facilita o contato inicial de estudantes de cursos de graduação, que objetivam a formação de um futuro profissional atuante na área de biologia da conservação, com metodologias de avaliação de Unidades de Conservação. Tais metodologias serão ferramentas extremamente importantes para o futuro profissional da área.  O material foi aplicado em conjunto com uma atividade para alunos do terceiro ano do curso “Bacharelado em Ciências Biológicas na UFSCar”, campus Sorocaba. A partir de um questionário de avaliação do material, aplicado aos alunos após a atividade, concluiu-se que o material os auxiliou a compreenderem melhor essas metodologias, e como elas poderão ser aplicadas no futuro, quando eles se tornarem profissionais atuantes.

Palavras-chave: Ensino Superior, Biologia da Conservação, Unidades de Conservação.

 

 

1.Introdução

Unidades de Conservação (UC) são definidas pela lei n° 9985, art. 2°, parágrafo 1, como: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção, e representam, atualmente, o melhor meio de se preservar fragmentos de biomas importantes como a Mata Atlântica. Avaliar o grau em que essas áreas estão alcançando seus objetivos e metas de conservação é extremamente útil para promover um melhor manejo da área protegida, fornecer diretrizes para execução de projetos e aumentar a participação da comunidade local (Ervin, 2003).

Um possível método avaliativo foi desenvolvido pela World Wide Fund for Nature (WWF), o  RAPPAM (Rapid Assessment and priorization of protected areas management), que permite a identificação de pontos fortes e fracos associados  a uma UC, análise de suas características, distribuição de diversas ameaças e pressões, identificação de áreas de alta importância ecológica e auxilia no desenvolvimento e na priorização de intervenções políticas (Ervin, 2003). Essa metodologia já foi utilizada para avaliar UC em todo o mundo, incluindo no Brasil (Simões et al, 2008).  O RAPPAM é aplicado ao responsável pela gestão da UC, em forma de um documento contendo dezenove módulos de avaliação, cada um contendo de cinco a dez questões.

Conhecer essa metodologia é muito importante para a formação acadêmica de futuros profissionais que estão em cursos de graduação em biologia, ecologia e engenharia florestal, e que trabalharão especificamente com estudos envolvendo a conservação da biodiversidade e o planejamento de áreas protegidas. A utilização deste método avaliativo como ferramenta de tomada de decisão, permite que o planejamento de áreas protegidas seja direcionado para abranger as áreas mais críticas e que demandam ações mais urgentes do ponto de vista de conservação. Além disso, a metodologia permite a identificação de ações que estão interferindo negativamente nos objetivos dessas áreas especiais.

Nesse contexto, o curso “Bacharelado em Ciências Biológicas” da Universidade Federal de São Carlos, campus Sorocaba, foi criado em 2006, visando à formação de um profissional que tenha capacidade de atuar no panorama atual, o qual tem envolvido fortes demandas de recursos naturais, implicando em destruição de ambientes naturais para o estabelecimento de atividades econômicas humanas. No currículo do estudante constam diversas disciplinas relacionadas à temática, tais como “Conservação in-situ”, “Planejamento e Manejo de Unidades de Conservação” e “Geotecnologias aplicadas ao planejamento e conservação”, de forma a incentivar a pesquisa e a atuação do aluno dentro de UC.  Percebe-se, portanto, a importância de introduzi-lo com metodologias de avaliação de áreas protegidas como, por exemplo, o RAPPAM.

Com a finalidade de atingir esse objetivo, desenvolveu-se um material multimídia baseado no RAPPAM, em linguagem computacional Action Scrip, a qual é adequada para a programação de conteúdo de animações em flash, comuns em conteúdos animados disponíveis na Internet. Ao material foi dado o nome de “RAPPAM digital”, sendo distribuído aos alunos na disciplina “Planejamento e Manejo de Unidades de Conservação”, ministrada no segundo semestre do terceiro ano do curso “Bacharelado em Ciências Biológicas”, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Sorocaba-SP. Uma atividade relacionada ao uso do material foi desenvolvida, a qual dividiu os alunos inscritos na disciplina em quatro grupos. Cada grupo ficou responsável por realizar um estudo de uma UC do estado de São Paulo, coletando informações junto aos funcionários da unidade, assim como através de relatórios governamentais relacionados a ela, disponíveis na Internet. Com base nas informações coletadas, eles avaliaram as UC estudadas, utilizando o material multimídia “RAPPAM digital”, o qual foi previamente instalado nos computadores portáteis de alguns membros dos grupos e em computadores do laboratório de ensino da universidade. Após o término do trabalho, um questionário foi oferecido aos discentes, para que avaliassem o material.

Materiais digitais são comuns na Educação Ambiental, como por exemplo, Andrade et al (2012) desenvolveu um jogo educativo para ensino de reciclagem para alunos em diversas faixas etárias. No jogo, o aluno tinha a possibilidade de jogar com diferentes tipos de lixeira (Papel, Plástico, Metal ou Vidro), separando o tipo de lixo reciclável correspondente a cada lixeira.  Atualmente, a organização não governamental, SOS Mata Atlântica, desenvolveu um jogo para Facebook e Android, no qual o jogador desenvolve atividades como reflorestamento e combate à caça predatória, objetivando a conscientização ambiental. A literatura, porém, é escassa em trabalhos que abordam o conteúdo de UC no Ensino Superior. Um trabalho que pode ser citado é Garcia et al (2011), no qual um jogo para computador foi desenvolvido, visando simular o processo de criação de uma UC e trazendo o jogador para participar do processo através de um personagem do jogo. O desenvolvimento de materiais didáticos voltados para a Educação Ambiental é incentivado legalmente, através da lei nº 9795, capítulo II, art. 8, parágrafo 3: As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material educativo.

         As tecnologias computacionais devem ser consideradas como elementos fundamentais de aprendizado durante todo o percurso educativo, visto que já vêm sendo vastamente utilizadas pelos alunos como forma de complementarem seus estudos, devido aos resultados rápidos associados a elas (Francisco, 2012). Esse foi o objetivo principal deste trabalho, digitalizar e tornar didático um material relacionado à avaliação de áreas protegidas, e que faz parte do currículo do futuro profissional que trabalhará com o planejamento e manejo de áreas protegidas, de forma a facilitar sua utilização e interpretação pelos discentes do curso, para que futuramente, eles possam utilizar essa ferramenta profissionalmente em consultorias, projetos de planejamento e de monitoramento, e estudos científicos.  

 

2. Materiais e Métodos

Em 1995, a IUCN (International Union for Conservation of Nature), uma organização mundial dedicada à conservação dos recursos naturais, começou a examinar questões referentes à efetividade de manejo de áreas protegidas. O objetivo era construir uma metodologia capaz de avaliar o desempenho dessas áreas em relação aos objetivos de conservação ligados a elas e servir como um instrumento para auxiliar as UC a direcionarem seus recursos. Dessa forma, criou-se a metodologia RAPPAM, na forma de um questionário de avaliação rápida, cujo objetivo era avaliar diversos elementos relacionados a uma UC e apontar seus pontos fortes e fracos. Esses elementos, ou módulos, são divididos dentro dos seguintes tópicos no questionário: Ameaças e Pressões (Identificação das atividades que possam representar uma ameaça ou pressão à UC), Importância Biológica (avaliação da biodiversidade da UC), Importância socioeconômica (avaliação das atividades econômicas e sociais que afetam o parque), Vulnerabilidade (avaliação de quão vulnerável a UC está em relação às atividades humanas incompatíveis com os seus objetivos de conservação), Objetivos (avaliação da eficiência da UC em atingir seus objetivos de conservação), Amparo Legal (avaliação da proteção garantida à UC pela legislação vigente), Desenho e Planejamento da Área (compatibilidade da posição geográfica da UC com o os seus objetivos), Recursos Humanos (avaliação dos recursos humanos da UC), Comunicação e Informação (avaliação da relação entre a UC e seus funcionários com o meio externo), Infra-Estrutura (avaliação da adequação da infra-estrutura da UC, levando em consideração seus objetivos) e Recursos financeiros (responde se os recursos financeiros destinados à UC são bem administrados e suficientes) .

Todos os módulos, exceto Pressões e Ameaças, são constituídos de um conjunto de questões de múltipla escolha, a serem respondidos da forma apresentada na Tabela 1:

Tabela 1: Pontuação utilizada nos módulos do RAPPAM, exceto Pressões e Ameaças (Ervin, 2003).

Resposta

Pontuação

Sim

5

Predominantemente sim

3

Predominantemente não

1

Não

0

 

Por exemplo, dentro do componente Biodiversidade, há a seguinte questão: “A UC contém um número alto de espécies raras ou em risco de extinção?”. Caso o gestor da UC, a quem é aplicado o questionário, tenha certeza de que existe um número significativo de espécies raras e em extinção, ele assinalará “Sim”; caso existam poucas, “Predominantemente sim”; caso esteja com dúvidas, “Predominantemente não”; e se tiver certeza de que não existem, “Não”.  Ao final de cada componente, as pontuações correspondentes às questões são somadas, fornecendo-se um valor da porcentagem de pontos feitos em relação ao total possível, indicando se a UC está “ruim”, “média” ou “boa” em relação ao módulo trabalhado, de acordo com a Tabela 2.

Tabela 2: Classificação da UC em cada módulo, de acordo com a porcentagem de pontuação obtida, em relação à pontuação possível (Ervin, 2003).

Porcentagem em relação a pontuação total

Classificação

<40

Ruim

40 – 60 %

Média

>60 %

Boa

 

O componente Pressões e Ameaças é avaliado de maneira diferente. Primeiramente, identificam-se todas as atividades que possam representar uma pressão (atividade que vem ocorrendo nos últimos cinco anos) ou ameaça (atividade que possui chance de afetar negativamente a UC nos próximos cinco anos), como por exemplo, queimadas, invasão urbana e caça. Cada atividade é classificada em relação ao impacto, permanência e extensão que ela representa. O impacto pode ser classificado como severo, quando o dano é classificado como sério aos recursos naturais; alto, quando o dano é significante; moderado, quando o impacto não é significante, mas pode ser identificado; e baixo, quando não é significante (Ervin, 2003).

Extensão é considerada como a amplitude geográfica em que o impacto da atividade ocorre, ou que é possível de ocorrer, em porcentagem da área protegida estudada. Na permanência, é estimado o tempo para que os recursos naturais se recuperem, com ou sem intervenção humana, se a atividade cessasse imediatamente (Ervin, 2003). A Tabela 3 contém as possíveis classificações correspondentes a cada um dos três atributos do componente Pressões e Ameaças

Tabela 3: Pontuação utilizada para o componente Pressões e Ameaças (Ervin, 2003).

Extensão (%)

Impacto

Permanência (anos)

Total =4 (> 50)

Severo =4

Permanente = 4 (> 100)

Generalizado = 3 (15-50)

Alto =3

A longo prazo=3 (20-100)

Espalhado =2 (5-15)

Moderado =2

A médio prazo =2 (5-20)

Localizado =1 (< 5)

Suave =1

A curto prazo =1 (< 5)

 

Após a classificação, um índice geral é calculado para a atividade, através da multiplicação das pontuações de cada um dos três atributos (Simões et al, 2008). Por exemplo, deseja-se avaliar o quanto uma rodovia afeta negativamente uma UC. Visto que ela contorna mais da metade da UC, classifica-se a abrangência como total, recebendo uma pontuação igual a 4. O impacto é classificado como alto, pois a rodovia é pavimentada e uma rota litoral-capital, recebendo pontuação 3. A permanência é classificada como a longo prazo, pois a vegetação impactada demoraria mais de 50 anos para se regenerar, recebendo pontuação 3. Logo, o índice geral utilizado para avaliar a atividade seria igual a 36.

O próximo passo foi converter a metodologia descrita para uma forma digital, de forma que o aluno pudesse utilizar um material que tivesse como entrada, as informações da UC estudada; e como saída, a pontuação correspondente a cada componente, assim como a interpretação desta pontuação, como ocorre na metodologia RAPPAM.

O “RAPPAM digital” foi programado para a linguagem ActionScrip, que é utilizada para programação computacional no aplicativo Adobe Flash Professional CS4, um ambiente para a criação de conteúdo multimídia e de animação. O aplicativo permite a criação de um conteúdo interativo e animado em Flash, que nada mais é que uma programação na linguagem computacional ActionScript. Materiais semelhantes, utilizando essa linguagem computacional, já foram desenvolvidos para ensino em programas de pós-graduação, como por exemplo, o projeto “Homem Virtual” da pós-graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Camargo et al, 2009), e na pós-graduação à distância de licenciatura em Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, através da criação de aulas multimídias na modalidade semipresencial (Benchimol et al, 2000).

Utilizou-se como base para a elaboração do material digital, a metodologia desenvolvida por Ervin (2003), incluindo todos os componentes do RAPPAM já citados. O material permitiu que o aluno avaliasse uma UC rapidamente, utilizando a metodologia proposta. A cada questão que o aluno respondia, uma pontuação era associada dentro do algoritmo programado, e, ao final de cada componente, uma classificação associada à pontuação obtida era apresentada em uma tela de saída, como foi apresentado na Tabela 2.

De forma a facilitar o acesso do aluno ao material multimídia, ele foi instalado nos computadores do laboratório de aula, assim como em computadores portáteis de alguns alunos, juntamente com o tutorial orientando sobre sua instalação e funcionamento. Os alunos da turma de 2009, do curso “Bacharelado em Ciências Biológicas”, que estavam cursando a disciplina “Planejamento e Manejo de Unidades de Conservação” no segundo semestre de 2012, foram divididos em quatro grupos de trabalho. Cada grupo foi designado, como atividade final da disciplina, para estudar uma UC, coletando informações sobre elas durante o período de três meses. Essas informações foram obtidas através de emails enviados aos gestores, assim como visitas às UC e consulta a relatórios anuais realizados por instituições governamentais, para monitoramento das áreas protegidas. Após coletados, os dados foram utilizados para responder as questões do “RAPPAM digital” a fim de se avaliar a efetividade da gestão, similar às atividades realizadas por Simões et al (2008) para avaliar as UC do estado de São Paulo.

Após o término da atividade, foi entregue um questionário de avaliação do material didático aos grupos, de forma a avaliar o “RAPPAM digital” como material de aprendizado sobre a metodologia RAPPAM. O questionário foi constituído de seis questões de múltipla escolha, com espaço para comentários, três delas relacionadas aos aspectos técnicos do software, e três delas relacionadas aos aspectos conceituais. O questionário foi estruturado da seguinte forma, sendo que todas as questões poderiam ser acompanhadas por comentários abaixo delas:

 

 

Questionário de avaliação do software


Aspectos técnicos

1. O material foi apresentado de forma clara, em relação à interface com o usuário?

(A) sim, muito.

(B) sim, razoável.  

(C) não.

2. Facilidade de execução no computador:

(A) fácil, executei sem problemas.  

(B) médio, tive alguns problemas.  

(C) difícil, muita dificuldade em executar.

3. O manual de utilização estava em linguagem apropriada:

(A) muito, explicou bem como o software funcionaria.

(B) médio, ajudou a entender o funcionamento do software, mas alguns pontos não ficaram claros.

(C) pouco, tive muita dificuldade de entendê-lo.

 

 

Aspectos conceituais

4. O RAPPAM, na forma de um material digital, facilitou a avaliação das UC estudadas?

(A) sim.

(B) razoavelmente.

(C) não.

5. Os resultados encontrados foram compatíveis com o esperado para as UC estudadas (baseando-se nos documentos consultados e no conhecimento que vocês adquiriram, estudando a área)?

(A) todos os componentes indicaram resultados compatíveis.

(B) a maioria dos componentes indicaram resultados compatíveis.

(C) a minoria ou nenhum dos componentes indicaram resultados compatíveis com o esperado.

6. O RAPPAM, na forma do material digital, auxiliou no aprendizado da importância do RAPPAM e de como ele é aplicado para a avaliação de UC?

(A) sim, muito.

(B) sim, pouco.

(C) não.


Todo o processo, desde a consulta ao RAPPAM, para ser a base na elaboração do material digital, até a aplicação do material junto aos discentes, pode ser esquematizado e resumido na Figura 1:


Figura 1: Esquematização do procedimento metodológico.

 

3.Resultados

As respostas dos quatro grupos são mostradas na Figura 2.


Figura 2: Respostas dos grupos ao responderem o questionário de avaliação do material didático. As barras azuis representam o número de grupos que responderam a alternativa “a” para a questão, as vermelhas correspondem à alternativa “b”, e as verdes correspondem à resposta “c”. A somatória das barras de cada questão sempre será igual a 4, que é o número de grupos que respondeu as questões.  

Considerando o percurso realizado, entendemos que a análise dos resultados pode ser realizada sob as duas dimensões, técnica e conceitual, assim como está dividido o questionário de avaliação do material.

Aspecto técnico

No aspecto técnico do material, todos os grupos responderam que a interface do material multimídia foi apresentada de forma clara; apenas um grupo qualificou como razoável, alegando que uma vez que os dados sobre o parque eram inseridos, não era possível retornar a questão e corrigi-la, caso ele errasse ao respondê-la.

Em relação à facilidade de execução no computador, dois grupos qualificaram como fácil, porém um grupo qualificou como médio e outro como difícil. A dificuldade encontrada ocorreu devido à ausência dos plugins do Adobe Flash Player nos computadores, os quais são programas de computador menores que executam funções específicas em programas maiores (como o Adobe Flash Player), e estão disponíveis gratuitamente para download no endereço eletrônico da empresa Adobe, sendo necessários para a visualização de programas desenvolvidos em linguagem Action Script.

Quanto ao tutorial, todos os grupos concordaram que ele auxiliou muito no entendimento do material e de sua instalação e, portanto, será mantido e aperfeiçoado para próximas versões.

Aspecto conceitual

No aspecto conceitual, todos assinalaram que o RAPPAM, na forma de um material digital, facilitou a avaliação das UC. Um dos grupos afirmou que o motivo principal era pela facilitação dos cálculos. Porém um dos grupos ressaltou que algumas questões estavam dúbias, problema que não é associado ao material digital em si, mas ao questionário em que ele foi baseado.

Quanto aos resultados, todos afirmaram que a maioria deles foi compatível com o esperado para as áreas estudadas. Alguns resultados encontrados não corresponderam a estudos registrados na literatura sobre os parques trabalhados, não por falhas do material, mas pela dificuldade que os alunos encontraram em obter dados para responder as questões, segundo comentários feitos.

Na última questão (questão 6), todos os alunos responderam que o RAPPAM, na forma digital, auxiliou no aprendizado de sua importância para o planejamento e monitoramento de UC, assim como do modo em que ele é aplicado. O único grupo que comentou essa questão, afirmou que, apesar de facilitar o estudo, a realização de todos os cálculos pelo aluno, sem o auxílio do computador, seria melhor para o aprendizado, visto que o aluno teria a oportunidade de realizar todo o cálculo sozinho, sem o auxílio do computador.

 

4. Discussão

Pelas respostas dos alunos, a interface do material está bem clara, porém para a próxima versão, será permitido que o aluno retorne às questões, ao avaliar a UC dentro dos módulos, de forma que seja possível ele modificar sua resposta, caso tenha errado ao responder na primeira vez.

Um dos principais problemas em relação aos aspectos técnicos foi a dificuldade que os alunos encontraram para instalar o material nos computadores. Esse problema pode ser resolvido, compactando os plugins do Adobe Flash Player, necessários para a execução do material, na mesma pasta.  Ao se adicionarem esses plugins, o tutorial sobre o processo de instalação será atualizado.

Em relação aos aspectos conceituais, a maioria dos problemas não foi relacionada ao material, mas ao RAPPAM. Existem alguns trabalhos que estão trabalhando com a dubiedade de questões de metodologias de avaliação de áreas protegidas, através de modelagem matemática, de forma que o questionário leve em consideração as incertezas associadas às respostas (Morón et al, 2009).

Baseando-se no comentário do grupo 4, alerta-se ao fato de que o RAPPAM na forma de material didático digital, não deve substituir completamente o material de base para o ensino do questionário. Os alunos devem conhecer como são calculados os índices, e o “RAPPAM digital” vem a atuar como um material complementar, o qual irá apresentar uma metodologia que eles, possivelmente, utilizarão em suas carreiras profissionais, de uma maneira didática, de forma a facilitar o seu aprendizado.

5. Conclusão

            O material digital se mostrou como uma boa ferramenta para colocar os discentes em contato com uma metodologia de avaliação de UC, porém algumas modificações relacionadas à facilitação da instalação devem ser realizadas. Esse contato é extremamente importante, pois permite que o futuro profissional trabalhe com ferramentas ligadas a sua área de trabalho.

            Apesar dos discentes utilizarem o material digital, eles também devem ter conhecimento de como todos os cálculos são feitos, de forma que o material seja interpretado como um facilitador para a aplicação do questionário em uma UC. O material pode ser visto, analogamente, ao uso de uma calculadora em abordagens  matemáticas, em que um facilitador (calculadora) é utilizado para auxiliar a realização de cálculos matemáticos, porém não substitui todo o conhecimento da teoria matemática que envolve esses cálculos.

6. Agradecimentos

            Agradecimentos ao Professor Doutor Rogério Hartung Toppa, professor responsável pela disciplina para a qual foi aplicado o material, pela colaboração; e à Professora Doutora Elisabete Cardieri pela revisão textual.

 

7. Referências Bibliográficas

Benchimol, M; Bernstein, M.A.F.O; Carvalho, R.A; Teixeira, D.A. Desenvolvimento de material multimídia no ensino de biologia. Revista EAD em foco, n.1, v.1. 2010.

Camargo L.B; Alencar C.J.F; Chao L.W; Raggio D.P; Haddad A.E. Desenvolvimento de material didático dinâmico para a utilização na teleodontologia. Em: Anais do IV Congresso Brasileiro de Telemedicina e Telesaúde. 2009. Conteúdo digital. Disponível em http://www.cbtms.org.br/congresso/. Acesso em 15/09/2013.

 

Ervin, J. WWF: Rapid Assessment and Prioritization of Protected Area Management (RAPPAM) Methodology. WWF publications. 2003. Suíça.

Garcia, A. G; Toppa, R.H; Fiori, A. O RPG (Role Playing game) eletrônico como meio interativo para estudos de caso em planejamento e manejo de Unidades de Conservação. Em: Seabra,G; Mendonça, I. (Org.). Educação Ambiental: Responsabilidade para conservação da sociobiodiversidade. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB. 1 ed. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB. 2011. v. 3, p. 299-305.

Hockings, M; Stolton, S; Dudley, N. 2000. Evaluating Effectiveness: A Framework for Assessing Management of Protected Areas. IUCN Cardiff University Best Practice Series. 2000. Suíça.

 

Morón, A.B; Calvo-Flores, M.D; Ramos, J. M; Almohano, M.P. Expert Systems with applications, n.5, v.36. 2009

Simões, L.L; Oliveira, L.R.C.M; Mattoso, A; Pisciotta, K; Noffs, M.S; Raimundo,S; Leite, S; Naumann, M; Onaga, C; Faria L.; Maltez, H.M. Implementation of the Rappam Methodology Rapid Assessment and Priorization of Protected Area Management. WWF publications. 2008. Brasil.

 

Ilustrações: Silvana Santos