Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/06/2014 (Nº 48) EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: LEVANDO INFORMAÇÃO SOBRE O DESCARTE CORRETO DE PILHAS E BATERIAS A JOVENS DE ENSINO MÉDIO
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: LEVANDO INFORMAÇÃO SOBRE O DESCARTE CORRETO DE PILHAS E BATERIAS A JOVENS DE ENSINO MÉDIO

Autores:

1.    Letícia das Graças Rosignoli de Oliveira

(Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Minas Gerais- UEMG- campus Ubá)

 

2.    Luana Walquíria dos Santos

(Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Minas Gerais- UEMG- campus Ubá)

 

3.    Tatiane Martins Rodrigues

(Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Minas Gerais- UEMG- campus)

 

Resumo

 

O presente trabalho foi elaborado como um instrumento de Educação Ambiental e desenvolvido em escola de Ensino Médio na cidade de Ubá, MG. O tema escolhido para trabalhar com adolescentes de três turmas de 1º ano foi “Como descartar corretamente pilhas e baterias”, pois os jovens utilizam muitos aparelhos eletrônicos e precisam estar cientes de que esses objetos não devem ser parte de um lixo comum. A reflexão sobre os riscos ambientais desses materiais foi explicada com o auxilio de uma cartilha e os alunos foram informados sobre o local na cidade onde podem levar suas pilha e baterias usadas.

 

Palavras-Chaves: Pilhas e Baterias, Descarte, Educação Ambiental

 

INTRODUÇÃO

Os aparelhos eletrônicos são produtos extremamente comuns de serem encontrados nas casas, a exemplo da televisão e do rádio. Nos últimos anos, observamos uma explosão de vendas de produtos dessa natureza e portáteis, como celulares, brinquedos e câmeras fotográficas, objetos que necessitam de pilhas e baterias para o funcionamento.

Segundo Bocchi, Ferracin e Bagglo (2000), no dia-a-dia usamos os termos pilha e bateria indistintamente. Ambas têm a função converter energia química em energia elétrica, porém a pilha é um dispositivo constituído unicamente de dois eletrodos e um eletrólito; bateria é um conjunto de pilhas agrupadas em série ou paralelo, dependendo da exigência por maior potencial ou corrente.

Existem no mercado pilhas que são descartáveis após a perda da função e aquelas que podem ser recarregadas. Bocchi, Ferracin e Bagglo (2000), destacam ainda que dentre as inúmeras comercializadas, as que se destacam no mercado nacional, consideradas primárias (não recarregáveis), são constituídas de zinco/dióxido de manganês (Leclanché), zinco/dióxido de manganês (alcalina) e lítio/dióxido de manganês. As secundárias (recarregáveis) e baterias mais comuns possuem na composição: chumbo/óxido de chumbo (chumbo/ácido), cádmio/óxido de níquel (níquel/cádmio), hidreto metálico/óxido de níquel e íons lítio.

Devido a composição de pilhas e baterias conter  metais que podem ser prejudiciais ao meio ambiente frente ao descarte incorreto, a resolução n° 257 de 30 de junho de 1999 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que entrou em vigor em julho de 2000, estabelece que as pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, devem ser, após o esgotamento energético, entregues em estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias, para o repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes possam adotar procedimentos ambientalmente corretos em relação a estes objetos.

A resolução n° 257/99 estabelece ainda medidas para as quantidades máximas de metais em pilhas fabricadas no Brasil. Porém, segundo dados do ano de 2011, da Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica, cercam 40% do mercado nacional é dominado por pilhas e baterias clandestinas, geralmente fabricadas em países asiáticos. Estas representam riscos por poderem apresentar teores ainda maiores de metais pesados.

            Segundo Tagore (2009), uma pilha leva muitos anos para se decompor quando é descartada na natureza e os  metais não se degradam. Há o risco de  estouro devido a umidade, calor ou contato com outras substancias químicas. Com as chuvas, o liquido pode infiltrar no solo e contaminá-lo, juntamente com águas subterrâneas. Estas ao chegarem a córregos e riachos,  pode afetar o homem quando utilizadas na agricultura. Metais têm a características de se acumularem no corpo, podendo representar risco à saúde.

            Os metais tóxicos presentes nas pilhas podem causar riscos à saúde por esta característica bio-acumuladora. Eles vão migrando pelo ecossistema através da cadeia alimentar até atingir o homem que se alimentou de algum animal ou planta ou bebeu água sendo que todos estavam de alguma forma contaminados, ou até por inalação ou contato dérmico.  Esses metais no organismo podem se depositar em certos locais do corpo e interferir no funcionamento adequado. (PARECER TÉCNICO DO MINISTERIO DA SAUDE).

            Na representação a seguir, do Parecer Técnico, é possível observar os riscos que os metais presentes em pilhas e baterias podem oferecer á saúde quando em contato com o organismo (Fig 1).

Devido aos riscos que pilhas e baterias podem oferecer à qualidade do meio ambiente e para diminuir o descarte indevido, há alguns anos um conceito novo vem surgindo sobre a responsabilidade de empresas em relação ao destino de produtos que serão descartados, que é o de Logística Reversa. Segundo Leite (2003), essa é uma área da logística empresaria que está relacionada ao retorno de bens pós-venda e pós-consumo ao ciclo de negócios ou ciclos produtivos. O recolhimento deve ofertar uma destinação correta ao resíduo sólido.

A Lei nº 12.305/10 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e esta faz menção às embalagens que devem ter logística reversa obrigatória. Entre eles, estão pneus, produtos eletrônicos, embalagens de agrotóxicos e as pilhas e baterias. Seguindo essa idéia, o Programa de Logística Reversa de Pilhas e Baterias de Uso Doméstico da Abinee recolheu em 2011, após um ano de atividade, cerca de 120 toneladas de pilhas e baterias em vários postos espalhados pelo Brasil.

De acordo com uma reportagem publicada página da Revista Super Interessante em 2011, a reciclagem de pilhas e baterias tem um alto custo. A reciclagem de 10 toneladas pode chegar a mil reais. Após passar por alguns processos, é formado um pó que pode ser vendido à industria para a produção  de fogos de artifício, pisos cerâmicos, tintas e vidros. Apesar do custo, é válido o investimento quando se evita que danos ao meio ambiente possam ocorrer.

Há necessidade de cada vez mais empresas implantarem o sistema de logística reversa para se tornarem pontos de coleta de produtos que não podem ser descartados como resíduo comum. Além disso, a conscientização de jovens nas escolas e da comunidade, é fundamental para que colaborem levando as pilhas e baterias aos locais de coleta ao invés de praticarem descarte indevido.

Sendo assim, para desenvolver nas crianças e jovens o respeito ao meio ambiente, os Parâmetros Curriculares Nacional, elaborado pelo Ministério da Educação e do Desporto (1997), traz o tema Educação Ambiental nos chamados temas transversais, que são conteúdos que a escola deve trabalhar com os  alunos para a formação de cidadãos. Nessa temática, é possível levar os indivíduos a refletirem os impactos da ação humana no ambiente e pensar em ações visando à preservação do mesmo.

Seguindo a idéia de promover uma educação ambiental, o presente trabalho visa a levar informações sobre como deve ser o descarte de pilhas e baterias à jovens de Ensino Médio, pois é um público que utiliza muitos aparelhos eletrônicos, como sons e celulares e precisam estar cientes do descarte correto de materiais dessa natureza, evitando que eles terminem em um lixo comum ou em quintais, oferecendo riscos ao ambiente.

MATERIAL E MÉTODO

 Procedimentos Metodológicos

Primeiramente foi realizado um levantamento na cidade de Ubá- MG para saber quais os locais onde há coleta de pilhas e baterias. Uma cartilha com  informações sobre os perigos de descartar esses materiais no lixo comum ou diretamente no solo foi produzida(em anexo) e contém o local da cidade onde esse tipo de lixo é recolhido.

           

 

Local de Trabalho

      A cartilha foi distribuída a alunos do 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Senador Levindo Coelho, situada na Rua Pedro Caldeira, nº 390, na cidade de Ubá-MG. Funcionando Ensino Médio regular nos três horários, sendo que no período noturno há a modalidade de ensino para Jovens e Adultos (EJA) e o curso Normal Superior.

RESULTADOS

Na cidade de Ubá foram obtidas informações referentes a somente um ponto de coleta de pilhas e baterias, que é a Agência dos Correios.

A cartilha “O que fazer com pilhas e baterias usadas?” foi trabalhada na Escola Estadual Senador Levindo Coelho, em Ubá–MG. O trabalho foi desenvolvido em uma aula de Biologia, no mês de novembro de 2013. Os alunos admitiram o grande uso de aparelhos eletrônico, principalmente celular, e se mostraram interessados durante as exposições que foram feitas utilizando o material distribuído, onde procurou- se usar uma linguagem clara, muitas ilustrações e a criação de um personagem, “Zé Pilha”, para desenvolver a explicação. 

Os estudantes relataram não saber que havia na cidade um posto de coleta desses materiais e não se preocupavam em dar a eles um destino especial. Entretanto, após saberem que as substâncias contidas em pilhas e baterias podem contaminar o solo, a água e afetar o homem, demonstraram interesse em colaborar com a coleta que ocorre na Agência dos Correios.

A reflexão que se faz dos riscos ao ambiente e aos seres vivos diante da exposição aos metais como Chumbo, Cádmio, Mercúrio, Manganês e Zinco presentes nas pilhas e baterias, objetos tão comuns no dia-a-dia, evidencia a importância do esforço de cada individuo em entregá-los em postos de coletas (já que existe um local para isso na cidade). É um ato simples e que  é uma forma de pôr em prática os conhecimentos obtidos através da educação ambiental, contribuindo assim, para a preservação da natureza.

CONCLUSÕES

Pilhas e baterias são materiais que não devem ser descartados no lixo comum, pois são constituídos de elementos que podem contaminar o solo, água e afetar o homem. Por isso, a informação é a melhor forma de prevenção. Sabendo dos riscos ao meio ambiente e onde há postos de coletas, o consumidor pode colaborar levando  estes materiais para o destino correto.

REFERÊNCIAS

 

Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica- Abinee: Pilhas e Baterias: programa de recolhimento atende Resolução Conama 401. Disponível em: . Acesso em: 3 set. 2013.

 

BOCCHI, Nerilson; FERRACIN, Luiz Carlos; BAGGLO, Sonia Regina. Pilhas e Baterias:  funcionamento e impacto ambiental. Química Nova na Escola, maio 2000. Trimestral.

LEITE, P.R: Logística reversa: nova área da logística empresarial. Revista Tecnologística. São Paulo, 2002.

 

Presidência da República Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm<

 

Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.436p

 

Parecer Técnico do Ministério da Saúde: Proposta de revisão da Resolução nº 257 de 30 de junho de 1999 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que trata do gerenciamento de Pilhas e Baterias no território Nacional. Disponível em: >http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/0330EB12/ParecerTec070-08_MSaude.pdf< Acesso em: 15 de Nov. de 2013

 

Reis, Marta. Completamente Química físico-química- Editora FTD, São Paulo. 2001

 

REVISTA SUPER INTERESSANTE. Como é feita a reciclagem de pilhas e baterias? Disponível em: . Acesso em: 3 de set. 2013

 

      ANEXO

 

Cartilha; “O que fazer com pilhas e baterias usadas?”.

Ilustrações: Silvana Santos