Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Dinâmicas e Recursos Pedagógicos
07/12/2014 (Nº 50) MODIFICANDO OS OLHARES. SIMPLES ASSIM!
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Modificando os olhares. Simples assim!

Marina Strachman

 

Olá revisteiros amigos!

Já estamos no fim do ano, este ano definitivamente voou.

Hoje a inspiração veio de uma conversa com um amigo.

Ele me contou uma história, que achei sensacional para ilustrar essa edição de fim de ano.

 

A historinha começa assim:

 

“Uma pessoa que foi boa a vida toda, faleceu.

Chegou ao céu, foi recebida por São Pedro com todas as honras que tinha direito, já que esta pessoa tinha sido sempre (quase sempre), um bom exemplo, uma vida tão bacana e ajudou tanta gente, que concederam-lhe, além de abrir com orgulho as portas dos céus, um pedido.

São Pedro disse:

- Miguel, você foi bom sua vida toda, realmente uma pessoa especial. Você tirou nota máxima, em quase todos os nossos quesitos... Nosso melhor aluno. Por conta disto, nós decidimos que você pode realizar um desejo, qualquer desejo.

- Jura São Pedro, qualquer um?!

- Miguel, pedir para São Pedro jurar, deve ser uma piadinha humana... Mas, achei engraçado! Sim, qualquer pedido.

- Uau, então São Pedro, eu quero conhecer o inferno.

- O quê? Conhecer o inferno, você deve estar brincando comigo!

- Este é o meu maior desejo, de verdade são Pedro.

- Então que assim seja.

E Miguel foi parar no inferno. Ficou chocado com a cena horrível que viu.

O cenário era de difícil entendimento, e ele foi chegando mais perto.

No meio do cenário havia uma mesa posta com todas as melhores, mais bonitas, apetitosas, cheirosas comidas que Miguel já vira em sua vida, no entanto, as pessoas que ali estavam, passavam fome, pois a articulação dos seus cotovelos eram rígidas, seus braços não podiam ser dobrados. E as pessoas passavam fome em frente desta mesa, pois não era possível levar a comida a própria boca!

Miguel chorou tristíssimo com tal cenário.

De volta ao céu, ele contou o que vira para São Pedro e chorou novamente.

São Pedro, então, o convidou para entrar nas portas do céu.

Miguel, primeiro ouviu os sons de risadas e a alegria de todos, depois se assustou, pois a cena era exatamente a mesma. A mesa estava repleta com todas as melhores, mais bonitas, apetitosas, cheirosas comidas que Miguel já vira em sua vida. O cotovelo dos cidadãos eram rígidos também, no entanto, cada um alimentava com a melhor refeição o amigo que estava ao seu lado.”

 

Esta historinha me comoveu, pois estamos num momento muito estranho, quando algumas pessoas ainda são medidas por suas posses, seus bens, seu corpo escultural, pela fachada, o cenário.

Algumas das pessoas bem sucedidas, não só financeiramente, família bacana, casamento bom, saúde, são tristes, pois são mesquinhas, avarentas, não sabem dividir, não sabem amar.

Poucos parecem se importar com itens como felicidade, autoestima, amizade, caráter.

O conceito da palavra ética caiu em desuso. Algumas pessoas dizem, inclusive no congresso, “a minha ética é diferente da sua”, Heim?! A visão, a interpretação, o entendimento, pode divergir, mas ética é ética!

(Ética: -feminino substantivado do adjetivo ético- Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.

Novo dicionário da língua portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.)

 

Inclusive com a natureza o ser humano está se portando desta forma. E as consequências estão aparecendo, parece a mãe natureza, nos dizendo: - Eu tentei avisar, agora aguentem!

A nós cabe, somente, o ônus dos descasos, desmandos e assistir de camarote o fim deste triste filme?

 

Não. Eu decreto que não.

Quero e posso viver e conviver com pessoas que sorriem, se respeitam, respeitam a todos, todos mesmo e ao espaço em que vivem.

Então... Mãos a obra!!

 

Agora a Marina pirou de vez, como vamos ensinar estes conceitos?

 

Modificando os olhares. Simples assim!

 

Temos que ensinar o respeito a tudo e todos.

Vamos começar pelo racismo e para mim é racismo qualquer tipo de perseguição, inclusive aquele que um “ODEIA” o outro simplesmente por este torcer por outro time, ou votar nas eleições democráticas do meu país em outro candidato que não é o mesmo que eu escolhi. Te odeio por eu não ter o dinheiro que você têm (e trabalhou para isso),  ou te odeio por ser pobre.

Recentemente li em algum lugar que não me recordo aonde que podemos dizer que o termo racismo, é a soma do preconceito com o poder.

Uma coisa mais ou menos que se auto explica como: “eu te odeio e me sinto apoiado (pela lei, por um grupo maior de pessoas, pela falta de lei, ou qualquer outro tipo de respaldo), então vou matar ou perseguir você e toda a sua turma.”

Vamos nos inspirar na história de Nelson Mandela e Albert Einstein:

Nelson Mandela, membro de uma família de nobres tribais, Nelson Mandela representou e defendeu os negros na época do Apartheid na África do Sul. Talvez se continuasse com a tradição teria se tornado príncipe de sua tribo. No entanto, por ser contra a segregação racial imposta em seu país, foi perseguido e preso por mais de 20 anos. Saiu da prisão como herói, tornou-se presidente daqueles país, ganhou o Prêmio Nobel da Paz por defender a igualdade das pessoas no país e no mundo.

Albert Einstein, judeu alemão, descendente de judeus. Não se adaptava às normas rígidas das escolas. Mudou-se para Suíça, onde conclui seus estudos. Tornou-se professor universitário, um gênio da Física, autor da Teoria da Relatividade. Volta para a Alemanha, onde percebendo as manobras do nazismo, foge para os EUA, antes do início da II Guerra.

Duas histórias distintas, com finais bem diferentes.

A Alemanha de Hitler perdeu grandes gênios que foram viver em outros países. Perdeu Albert Einstein, um grande pesquisador da Física, ganhador do Prêmio Nobel, por perseguição, por racismo.

A África do Sul, apesar de perseguir e prender Nelson Mandela soube ver que aquele “baderneiro”, era de fato um ser amoroso e genial, que se tornou presidente do País. Fato raro na história do racismo.

 

Agora a partir desta introdução, vamos ao trabalho.

 

Divida sua turma em dois. E façam um debate.

Uma turma é o “perseguidor” , a outra é a parte “perseguida”.

Com argumentos pertinentes cada um deve defender sua posição.

Depois de encerrados os debates, vamos à argumentação real o que cada participante sentiu, viu, qual a percepção deste individuo sobre perseguição.

A ideia aqui é que todos se posicionem de forma contrária à qualquer tipo de racismo, mas se acontecer algo diferente disso, o debate não deve acabar, até que todos percebam que não existe NINGUÉM que não possa ser perseguido por alguém, por algum motivo banal.

Nas próximas edições colocaremos outros argumentos como:

- posse indevida (roubo);

- Suborno;

- respeito aos professores;

E aceito sugestões.

Amigos revisteiros, mais uma vez desejo a vocês um Feliz Natal, Feliz Chanuká e que o ano de 2015 seja de boas risadas, boa educação, água abundante, árvore plantadas, e de um país que nos dê orgulho.

Um beijo, Marina

 

Este texto contou com a ajuda de Isabel V.F. Mello e Sabrina Domeq Strachman. Obrigada!

 

Marina Strachman - arquiteta e urbanista, mestre em desenvolvimento regional e meio ambiente e especialista em educação ambiental.

marina.strachman@gmail.com

 

 

Ilustrações: Silvana Santos