Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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06/12/2018 (Nº 66) ÁRVORE DESCOBERTA EM RESERVA É UM DOS ELOS PERDIDOS ENTRE MATA ATLÂNTICA E AMAZÔNIA
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ÁRVORE DESCOBERTA EM RESERVA É UM DOS ELOS PERDIDOS ENTRE MATA ATLÂNTICA E AMAZÔNIA

A jueirana-facão possui quase 30 metros de altura e pesa cerca de 60 toneladas. 

Por Júlio Viana*

Técnico mede árvore da espécie jueirana-facão, recém- descoberta. A jueirana-facão é mais uma prova de que Amazônia e Mata Atlântica foram separadas há milhões de anos.

Floresta Amazônica e Mata Atlântica talvez sejam os primeiros nomes a saltarem à mente quando o assunto “ecossistemas brasileiros” entra em pauta. Mesmo que, de longe, elas pareçam as duas mesmas massas verdes, poucos sabem que as copas de suas árvores abrigam espécies de animais e plantas muito diferentes entre si.

Por muito tempo, cientistas e pesquisadores brasileiros quiseram entender como essas duas grandes áreas poderiam se relacionar intrinsecamente de alguma forma e, agora, eles parecem ter descoberto um singelo, mas ao mesmo tempo gigante, traço em comum.

Na Reserva Natural Vale, em Linhares (ES), onde 23 mil hectares de Mata Atlântica são preservados em sua forma natural, foi descoberta em 2017 uma árvore que, antes, acreditava-se existir apenas na Amazônia. Trata-se da jueirana-facão (Dinizia jueirana-facão), uma espécie do gênero Dinizia com mais de 30 m de altura e quase 60 ton. A árvore entrou para a lista de 10 seres vivos mais incríveis descobertos pela ciência em 2017 feita pela Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais da Universidade do Estado de Nova York.

O nome da espécie vem do tamanho da vagem produzida pela árvore, chegando a parecer um grande facão.

Segundo o biólogo Geovane Siqueira, responsável pelo herbário da reserva e um dos pesquisadores do estudo que identificou a árvore, tudo começou em 2004, quando amostras da leguminosa foram enviadas ao Reino Unido. A ideia era usar a tecnologia dos laboratórios estrangeiros para identificar a planta que, até o momento, permanecia misteriosa.

Gwilym Lewis, do Kew Gardens, em Londres, um dos maiores especialistas em botânica do mundo, ajudou a catalogar a árvore dentro de seu gênero correto. “As Dinizias são específicas da Amazônia, ocorrendo em Rondônia e no Acre. Essa seria a segunda espécie do tipo, por isso é mais um grande indício de uma ligação entre os dois biomas”, conta Siqueira.

Segundo ele, a árvore cai, atualmente, na classificação de criticamente ameaçada. “A perda de habitat e o fato de a quantidade de sementes por receptáculo ser muito pouca colabora para a escassa quantidade de espécimes.”

De acordo com o botânico, podem ser encontrados até 13 exemplares da jueirana-facão dentro da reserva. Ele explica que a árvore recebeu esse nome devido ao tamanho da vagem que produz. “Dentro dela estão as sementes e como elas são pesadas, não acabam se dispersando muito longe da árvore mãe”, conta ele.

A Jueirana Facão pode chegar até 30 metros de altura e pesar 60 toneladas.



Além da jueirana-facão, a Reserva Natural Vale abriga quase 3 mil espécies de plantas e é responsável por guardar o maior remanescente preservado da Floresta do Tabuleiro — como é chamada a formação de Mata Atlântica ocorrida em áreas de planície.

Siqueira afirma que já começaram a produção de sementes e plantação da árvore de forma intencional para que a espécie não se perca. “Existe uma plantada em 2014 no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que já está com quase 4 metros de altura. No nosso horto também temos alguns exemplares plantados por nós mesmos que já estão com 7 metros de altura e 450 metros de circunferência. ”



*supervisionou Miguel Vilela

Fonte: encurtador.com.br/bcwQ9

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/



Ilustrações: Silvana Santos