Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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A CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DOS ALUNOS NA ESCOLA JACARAIPE THE ENVIRONMENTAL AWARENESS OF STUDENTS AT JACARAIPE SCHOOL Autoria: BRENDA MARIA SOARES Mestranda em Profissional em Ciência, Tecnologia e Educação pelo IVC, professora da rede estadual-SEDU-Jacaraipe-Serra/ES. brendaprofessorinha2015@gmail.com DEISE BERGER DIAS Mestranda em Profissional em Ciência,Tecnologia e Educação pelo IVC JAQUELINE AGUIAR CARDOSO Mestranda em Profissional em Ciência,Tecnologia e Educação pelo IVC JULIANA BERGER ROSSIM Mestranda em Profissional em Ciência,Tecnologia e Educação pelo IVC - PROF. DR. JOSÉ GERALDO FERREIRA DA SILVA Doutorado em Engenharia Agrícola pela universidade de Viçosa-Minas Gerias. Docente de mestrado em Ciência, Tecnologia e Educação do IVC, São Mateus/ES. - PROFA. DRA LILIAN PITTOL FIRME DE OLIVEIRA Doutorado em Engenharia Agronômica na Universidade de São Paulo -USP Docente de mestrado em Ciência, Tecnologia e Educação do IVC, São Mateus/ES. - PROFA. DRA DESIRÉE GONÇALVES RAGGI Doutorado em Educação - Universidad del Norte - Revalidado pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Docente de mestrado em Ciência, Tecnologia e Educação do IVC, São Mateus/ES. Resumo Descarte adequado de lixo é uma problemática que preocupa a quem se importa com o meio ambiente, uma vez que disso depende a possibilidade de reciclar como adubo restos orgânicos e reaproveitamento de materiais secos não contaminados como papel, plástico, vidro, entre outros. Justifica-se o presente artigo por abordar um assunto que precisa envolver a todos os cidadãos e tem como objetivos observar o que pensam e como agem em relação a jogar lixo na rua ou em qualquer lugar os alunos do ensino fundamental e médio de uma escola no estado do Espírito Santo. Foi realizada uma pesquisa com 60 alunos do ensino fundamental e 40 do ensino médio, que responderam a um questionário de 11 perguntas. As respostas tabuladas aparecem em tabelas e gráficos e são analisadas nos resultados e discussões. Palavras-chave: meio ambiente, lixo, descarte, consciência. Abstract Adequate waste disposal is a problem that worries those who care about the environment, since this depends on the possibility of recycling as organic waste organic matter and reuse of uncontaminated dry materials such as paper, plastic, glass, among others. This article is justified by addressing a subject that needs to involve all citizens and aims to observe what they think and how they act in relation to throwing trash on the street or anywhere the elementary and middle school students of a school in the state of Espírito Santo. A survey was carried out with 60 primary and 40 high school students, who answered a questionnaire of 11 questions. The tabulated answers appear in tables and graphs and are analyzed in the results and discussions. Key-words: environment, waste disposal, trash on the street INTRODUÇÃO Quem não produz lixo? Todas as pessoas, ao se alimentar, ao adquirir produtos embalados sempre têm algum material a descartar, sejam restos de alimentos, embalagens de plástico, de papelão, de vidro. Não raramente as pessoas caminhando na rua, descartam copos, sacos plásticos, garrafas, etc. na sem se importarem que esse comportamento poderá causar consequências trágicas, principalmente quando ocorrerem chuvas fortes, pois esses elementos poderão entupir bueiros, cursos d’água, provocando inundações com resultados desastrosos. Araújo & Santana (2015) destacam que atualmente, as discussões sobre a produção do lixo estão presentes em todas as esferas sociais, a preocupação consiste no grande acúmulo de lixo devido a uma sociedade que cada vez consome mais e de forma desenfreada. O problema do lixo está diretamente ligado ao modelo societário em que se vive, no qual o consumo é cada vez mais incentivado. Outro problema é o descarte do lixo em locais inapropriados contribuindo para a poluição do ar, do solo e da água. A Constituição Federativa da República de 1988, em seu capítulo VI que trata sobre o meio ambiente, esboça em seu artigo 225, parágrafo 1º e inciso VI que: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL, 1988). Os resíduos caseiros e pessoais – lixo – mesmo parecendo apenas descartável ainda podem ser aproveitados pelo seu potencial de se transformar em adubo – os resíduos orgânicos, como cascas de frutas, restos de cozidos, entre outros – transformar em novos produtos – caso do papel, do plástico, do vidro, do papelão, etc. Melo & Konrah (2010) ressaltam que o lixo, indubitavelmente, um elemento com tal potencial econômico e apelo ambiental precisa ser abordado em sala de aula: sua geração, seu destino, sua ação danosa, sua redução e até mesmo a não produção. O aluno precisa ser desafiado a pensar sobre o assunto, pois este é um tema atual e presente em todo e qualquer contexto. Para Oliveira et al (2012), a educação formal exerce o papel de preparar o educando a aprender, isto é, a respeitar o próximo, a natureza, enfim, a vida, pois, através da educação, o mesmo aprende a ser ético, humano, a viver em grupo e a lutar pelo seu bem e dos demais. A educação hoje pode ser o principal passo para conduzir o rumo que o futuro habitante da terra terá. Caso o ser humano não se conscientize com relação ao meio ambiente, pode acontecer o que diz Gadotti (2009), quando afirma que temos conhecimento de que podemos destruir toda a vida existente na terra, tudo depende da forma que o homem irá conduzir suas atitudes em relação ao nosso planeta. É o homem que vai decidir o futuro dos novos habitantes da terra, pois o planeta já é não mais como antes. Para Jacobi & Besen (2011), a disposição inadequada dos resíduos pode causar inúmeros malefícios ao ambiente, dentre eles: a poluição do solo, podendo causar poluição das águas superficiais e subterrâneas; a poluição do ar pela degradação da matéria orgânica e, como resultado, a queima não controlada; poluição visual quando não dispostos adequadamente; a contaminação do homem e da biota, entre vários outros malefícios. Conforme Junior (2015) “Independentemente da origem, muitos resíduos são classificados em orgânicos e inorgânicos. Em praticamente todas as cidades do Brasil, a população é educada a jogar fora os restos orgânicos sem a menor preocupação. Esses materiais são responsáveis pelo péssimo odor produzido pelos RSD e, consequentemente, pelo seu acúmulo e pelo aumento da presença de animais e insetos. Mas, de uma forma geral, a população é pouco orientada e, nesse caso, não imaginaria que o material orgânico, gerado em casa, pode ter valor econômico. Uma destinação correta para esse tipo de material é a compostagem, que pode ser conceituada como um processo biológico cujos microrganismos transformam a matéria orgânica, tais como restos de comida, cascas de frutas, papéis muito úmidos, grama, restos de folhagens, pó de café e estrume de animais domésticos, em um adubo natural, que, após o tratamento, pode ser utilizado para a fertilização do solo” (JUNIOR, 2015, P. 22) Araújo & Pimentel (2016) afirmam que apesar dos avanços em relação à preocupação com a problemática dos resíduos sólidos e suas consequências para ao homem e ao meio ambiente, o assunto ainda é preocupante nos dias atuais, pois é necessário o desenvolvimento de novos valores culturais e éticos, de modo a reorientar o estilo de vida dos consumidores e despertar a consciência ambiental dos mesmos. Este trabalho tem por objetivo identificar o que pensam os alunos de uma escola a respeito do fato de se jogar lixo na rua e no chão e não o descartar convenientemente. Pretende-se também alertar para o fato de que é necessário haver muito mais conscientização com relação ao meio ambiente e que isso precisa começar na educação em ambiente escolar. METODOLOGIA O presente trabalho foi realizado com alunos de uma escola pública no Estado do Espírito Santo, os quais responderam um questionário acerca do que pensam sobre jogar o lixo não chão da sala de aula e na rua. Os alunos foram informados de que suas identidades seriam preservadas. Para tal, foi aplicado um questionário a 100 alunos, sendo que, 40 pertencem a duas turmas do ensino fundamental e os outros 60, fazem parte de duas turmas do ensino médio. O questionário foi aplicado durante o horário de aula, no mês de abril de 2018 e envolvendo 100 alunos de um total de 1.616 estudantes que frequentam o estabelecimento. Este texto terá um desenvolvimento em duas partes, a saber: a primeira trará o questionário da pesquisa e suas respectivas respostas dos alunos com uma tabulação estatística dos resultados e, na segunda, uma análise crítica sobre os dados obtidos. RESULTADOS E DISCUSSÕES Na Figura 1 podem ser observadas as respostas dos alunos, quando foram questionados se eles acham correto jogar lixo na rua. Como é possível observar, 97% dos alunos do ensino fundamental e 100% dos alunos do ensino médio entrevistados acham que não é correto jogar lixo na rua, apenas 3% dos alunos do ensino fundamental consideram que é correto jogar o lixo na rua. A explicação dada por estes últimos é que não há recipientes próximos quando se tem algo para jogar fora, então não vão levar lixo nas mãos ou na mochila até encontrar uma lata ou contêiner para colocá-lo. Figura 1 – Opinião dos alunos quanto ao ato de jogar lixo na rua.
Fonte: Gráfico construído pelas autoras
A tabela 1 mostra as respostas da questão de número 1. Tabela 1: Resposta da questão 1 – Você acha correto jogar lixo na rua? Por quê?
Fonte: tabela construída pelas autoras Dos 98 alunos que disseram não, 58 justificaram que o lixo acumulado pode entupir bueiros e, com isso, causar enchentes e, consequentemente, pessoas desalojadas e muitos outros problemas, inclusive doenças. (Respostas de 40 alunos do médio e 58 do fundamental) Todos os 40 alunos do ensino médio disseram que muito lixo atrai moscas, outros animais como urubus e pode provocar diversas doenças. Apenas 2 alunos do ensino fundamental responderam que não se importam em jogar lixo no chão. A tabela 2 traz o resumo das considerações dos alunos como respostas da questão 2. Tabela 2: Resumo das respostas da questão 2 – Você sabe quais transtornos o lixo jogado pela rua afora pode causar ao meio ambiente e a todos os seres que nele vivem?
Fonte: tabela construída pelas autoras Do total de 100 alunos, 98 disseram que o lixo jogado pode se acumular e entupir bueiros e, com isso, causar enchentes e, consequentemente, pessoas desalojadas e muitos outros problemas, inclusive doenças. (Respostas de 40 alunos do médio e 58 do fundamental). Apenas 2 alunos do ensino fundamental disseram que o lixo não traz problemas. Sobre a questão de número 3, a tabela 3 apresenta os detalhes. Tabela 3: Respostas da questão 3 – Você costuma jogar lixo no chão do ambiente escolar, como sala de aula, pátio, banheiros, corredores e refeitórios?
Fonte: tabela construída pelas autoras Percebe-se uma divisão dos alunos com relação às atitudes de jogar lixo em ambientes de convivência em vez de jogá-lo nas lixeiras existentes para tanto. A maioria age corretamente em termos de consciência ambiental. Como sempre, em termos de ensino fundamental, há alguns alunos que destoam do conjunto global, seja por teimosia e querer aparecer, seja por falta de amadurecimento. Enquanto houver uma única pessoa não conscientizada em relação às questões ambientais, a escola precisa insistir e tentar demonstrar o quanto é necessário mudar de pensamento e atitudes quando esses estão falhos. Conforme a tabela 4 é possível verificar a opinião dos alunos a respeito da questão de número 4. Tabela 4: Respostas da questão 4 – Por que você joga lixo no ambiente escolar?
Fonte: tabela construída pelas autoras Figura 2 – Respostas dos alunos por que jogam lixo na rua.
Fonte: Gráfico construído pelas autoras No detalhamento das respostas da questão 4 a) Há preguiça de levar resíduos até as lixeiras; b) Existe um descaso grande; c) Nem sabem onde há lixeiras; d) Preferem fazer tiro ao alvo e quando o erram deixam o lixo atirado no chão mesmo; e) Uma parte, se não encontra lixeira, guarda o lixo até na mochila para descartá-lo adequadamente. Ressalta-se que 10 alunos reiteraram que, se houver lixeira, jamais jogam o lixo no chão, sendo, desses, cinco alunos do Ensino Fundamental e cinco do Médio. Observa-se que, embora as respostas positivas nas três primeiras questões, na quarta aparecem alguns que destoam dos bem conscientes, demonstrando controvérsias nas convicções. Para apresentar as respostas à questão número 5, trazemos a tabela 5. Tabela 5: Respostas da questão 5 – Você acha que a limpeza é só problema das pessoas da limpeza? Por quê?
Fonte: tabela construída pelas autoras Exceto dois alunos do ensino fundamental que sempre destoam dos demais nas respostas, todos falaram que é importante ser responsável e cumprir seu dever, enquanto esses falaram pouco se importar com o assunto. Vê-se o mesmo resultado como em perguntas anteriores, sendo sempre os mesmos dois alunos do ensino fundamental que destoam do conjunto dos pesquisados. Na tabela 6, estão condensadas as respostas da questão de mesmo número. Tabela 6: Respostas da questão 6 – Você acha que, pelo fato de ter alguém para limpar o ambiente escolar, você deve sujá-lo? Esclareça.
Fonte: tabela construída pelas autoras Textualmente 98 alunos de ambas as partes do ensino básico da escola afirmaram precisamos manter o local, em que nós estamos, sempre limpo para não atrairmos moscas e doenças, enquanto os mesmos dois alunos de sempre sequer deram a razão pelo não deles. Outra vez, percebe-se a falta de consciência de apenas dois alunos o que evidencia que eles ainda em serem do contra. Um trabalho para mudar essa situação precisa ser pensado pelos professores da escola. Tabela 7: Respostas da questão 7 – Você faz em casa como faz na escola em relação ao LIXO ao chão? Por quê?
Fonte: tabela construída pelas autoras A figura 3 apresenta uma visão mais clara a respeito das respostas dadas à questão 7 pelos alunos do ensino fundamental e médio. Figura 3 – Respostas sobre a atitude dos alunos em suas residências:
Fonte: Gráfico construído pelas autoras Na especificação detalhada, as respostas foram justificadas como eles sendo mais responsáveis em casa para terem menos trabalho, que desde criança aprenderam a ser responsáveis; quem falou sim e quem disse às vezes acabou não dando os motivos para isso. Pela tabela 8, podem-se observar as respostas da questão de número 8. Tabela 8: Respostas da questão 8 – Você acha correto misturar todo tipo de lixo em um mesmo recipiente, como por exemplo, alimentos, comida, papel, vidro, plástico etc. Por quê?
Fonte: tabela construída pelas autoras Pela figura 4, torna-se bem mais plausível observar a porcentagem das respostas dadas pelos alunos pesquisados. Figura 4: Respostas dos alunos, se acham correto misturar todos os tipos de lixo para descarte:
Fonte: Gráfico construído pelas autoras Nas justificativas, ficou claro que alguns dizem que misturar vidro quebrado pode machucar os garis; outros dizem que plástico, vidro e papel são restos que podem ser reciclados; que lixo orgânico pode ser aproveitado como adubo para hortas e lavouras. Esses demonstram boa conscientização, diferente daqueles que sequer justificaram suas atitudes e pensamentos. Trazemos a tabela 9 para demonstrar as respostas da questão desse mesmo número. Tabela 10: Respostas da questão 9 – Você acha que é falta de educação não cuidar do lixo de forma correta?
Fonte: tabela construída pelas autoras Para demonstrar com mais clareza, trazemos a figura 5, que apresenta as porcentagens das respostas da tabela acima. Figura 5: Resposta dos alunos acerca de ser falta de educação não cuidar do lixo de forma adequada.
Fonte: Gráfico construído pelas autoras Percebe-se um número grande de alunos que não acham que seja falta de educação não descartar o lixo corretamente. Isso demonstra que diversas ações devem ser desenvolvidas na escola, como campanha de conscientização, visitas a locais degradados por acúmulo de lixo, compartilhamento com os alunos de reportagens sobre problemas, tipo enxurradas, alagamentos, etc. causados por entupimentos ou acúmulo de lixo em condutos de esgoto, riachos e até em rios. Enquanto houver uma consciência insuficiente em relação ao meio ambiente, a escola não pode se furtar de educar com este enfoque. Por fim, a tabela 1o destaca as respostas dadas à questão 10. Tabela 11: Respostas da questão 10 – O que você pensa que precisamos fazer para que ninguém jogue lixo no chão?
Fonte: tabela construída pelas autoras Observamos que o quadro acima apresenta respostas que são relativamente coerentes com aquelas dadas em questões anteriores. Nas sugestões de mais conscientização das pessoas de toda a comunidade, de campanhas na mídias para evidenciar os transtornos causados pelo lixo, percebe-se a preocupação de grande parte dos alunos. Ainda são poucos que relacionam o comportamento humano com a educação recebida. Por incrível que possa parecer, há uma porcentagem de quase 10 por cento (8%) que sequer expressaram sua opinião. ANÁLISE CRÍTICA Pelas respostas fornecidas pelos alunos, tanto do ensino fundamental como do ensino médio, pode-se deduzir que há certo acomodamento em relação à questão lixo no ambiente em que vivem, mas principalmente na escola, uma vez que, quando devem fazer qualquer esforço para colocar os resíduos nos recipientes – lixeiras – o mesmo não acontece. BRAGA (2011) afirma que a solução dos percalços ambientais passa, inevitavelmente, por uma séria e profunda mudança de valores, de compreensão de mundo, de percepção de fenômenos ecológicos e de revisão do próprio modus vivendi. Reconhecendo-se a complexidade de tais soluções, resta ao direito amenizar os transtornos ecológicos com a utilização dos recursos de que dispõe, sejam coercitivos, sejam educativos. Concordando com o autor, é possível argumentar que é necessário tomar algumas iniciativas na escola em prol de uma conscientização ambiental mais consistente, criar regras que não toleram jogar o lixo em qualquer lugar, seja ele de que origem for. Na escola, é claro que os restos são, geralmente, oriundos de embalagens de alimentos, restos de papel de material escolar, pilhas e baterias de aparelhos eletrônicos e materiais higiênicos nas instalações sanitárias. Observou-se que a ampla maioria dos alunos entende ser correto colocar o lixo nos recipientes para tanto, inclusive separando o que é reciclável daquilo que é e esses tipos recicláveis entre si também. No entanto, uma minoria ainda não tem nem essa consciência estabelecida. Nota-se, igualmente, que os alunos do Ensino Médio já criaram uma conscientização bem melhor do que boa parte dos alunos do Fundamental. Isso demonstra que a educação tem um poder muito grande de influência, na medida em que as ações se prolongam. CONCLUSÃO Ainda há um grande percentual de alunos na escola pesquisada que precisa mudar seu comportamento, enquanto transeuntes na rua, em relação ao descarte de lixo, sendo que muitos simplesmente não se dão ao respeito de levá-lo até um recipiente se o mesmo não estiver próximo de onde se encontram. Conclui-se, pois, que o meio ambiente ainda sofrerá por muito tempo pela falta de consciência das pessoas, pois se alunos de escolas não o demonstram, certamente, as famílias de onde provêm também agem de forma igual ou semelhante. O objetivo da pesquisa foi alcançado, uma vez que foi possível averiguar o pensamento corrente entre os alunos da escola sobre o assunto abordado e, assim, se torna possível recomendar que é urgente que as escolas – equipes gestoras e seus docentes – criem regras fortes que exijam a responsabilidade sobre o descarte adequado do lixo pelos alunos. O mesmo também deve ser feito em termos de fiscalização do descarte e da separação adequada do lixo nas residências para que o mesmo seja recolhido de forma adequada pela coleta organizada pelo poder público. Incentivos, punições, mas, principalmente, educação ambiental são ações urgentes a serem tomadas por quem de direito. Uma sugestão é que mais pesquisas acerca do tema descarte de lixo, coleta seletiva, consciência ambiental de alunos nas escolas brasileiras e de famílias em áreas diversas das cidades seja realizadas e que as autoridades – sejam gestores escolares, sejam executivos municipais – se preocupem em conhecer esses resultados e possam agir para que aconteça uma mais profunda consciência ambiental e até econômica sobre a questão do lixo. REFERÊNCIAS: ARAÚJO, A. F. SANTANA, C. M. C. Reflexões sobre o lixo que entra na escola e para onde vai depois de descartado: posicionamento dos alunos com relação ao lixo que produzem. I Congresso de Inovação Pedagógica em Arapiraca. Universidade Federal de Alagoas – Campus Arapiraca – 18 a 22 de maio de 2015. BARBOSA, S. Classificação do lixo. Pelotas: UCPel, 2000. Disponível em:<http://www.lixo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=143&Itemid=250>. Acesso em 08/06/18 BRAGA, T. S. Responsabilidade ambiental: os mecanismos do direito na reparação dos danos e preservação do meio ambiente. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em 22 de novembro de 2011. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. JACOBI, P. R.; BESEN, G. R. Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 25, n. 71, p. 135-158, 2011. JUNIOR, H. T. S. Influência da coleta seletiva na composição gravimétrica dos resíduos sólidos de diferentes bairros de Lavras-MG. Lavras: Dissertação de Mestrado, UFL, 2015. OLIVEIRA, M. S. et al. A importância da educação ambiental na escola e a reciclagem do lixo orgânico. Revista Científica Eletrônica de Ciências Sociais Aplicadas da Eduvale. Publicação Científica da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Vale de São Lourenço – Jaciara/MT – Ano V, Número 07, novembro de 2012 – Periodicidade Semestral. RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1999. SANTOS, E. T. A. Educação ambiental na escola: conscientização da necessidade de proteção da camada de ozônio. Santa Maria, RS: USFM, 2007.
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