Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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AVIFAUNA DA FUNDAÇÃO EZEQUIEL DIAS (FUNED), BELO HORIZONTE, MG E A PROPOSTA DE UM PAISAGISMO SUSTENTÁVEL Bruna Corrêa Martinez 1, Beatriz Gherard Machado 1, Ricardo Maciel 2, Marcos Paulo Gomes Mol 3
1 – Graduandas de Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica/Bolsistas de Iniciação Científica Fundação Ezequiel Dias/Unidade de Gestão Ambiental pela Fapemig. E-mail: bruna.martinezbio@gmail.com e biagm93@gmail.com 2 – Biólogo e Gestor Ambiental – Fundação Ezequiel Dias/Unidade de Gestão Ambiental. E-mail: macielrd@yahoo.com.br 3 – Pesquisador da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento – Fundação Ezequiel Dias/Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento. E-mail: marcos.mol@funed.mg.gov.br RESUMO O propósito desse estudo foi inventariar a avifauna da Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte, Minas Gerais, e relacionar a comunidade de aves com o projeto de paisagismo da instituição, destacando a educação ambiental como ferramenta de estudo, evidenciando a importância da arborização para a avifauna urbana. O levantamento e monitoramento da avifauna foi realizado entre novembro de 2013 a outubro de 2014, totalizando 76 horas amostrais. Foram registradas 61 espécies, sendo Tyrannidae a família com maior riqueza. A curva acumulativa de espécies segundo Mau Tao aproximando-se da distribuição assintótica foi obtida. Em relação ao levantamento botânico, foram registradas 53 espécies, que incluem espécies nativas e exóticas, de hábito arbustivo e arbóreo. Palavras-chave: Avifauna, paisagismo, ecologia urbana, FUNED. ABSTRACT This study did the inventory of avifauna around Ezequiel Dias Foundation in Belo Horizonte, Minas Gerais, and association of the bird communities with the landscaping project of the institution, suggesting the importance of afforestation for the urban avifauna. The survey and avifauna monitoring was carried out between November 2013 and October 2014, totaling 76 sample hours. A total of 61 species were recorded, Tyrannidae being the most wealthy family. The cumulative curve of species according to Mau Tao approaching the asymptotic distribution was obtained. In relation to the botanical survey, 53 species were recorded, including native and exotic species, with bushy and arboreal habit. Key words: Avifauna, landscaping, urban ecology, FUNED. Introdução O ambiente urbano é o resultado da interação de fatores ambientais, biológicos e socioeconômicos onde o meio antropizado predomina sobre o meio natural, causando profundas alterações sobre os seres e sobre o próprio meio. O processo de urbanização modifica a estrutura física e biótica do meio, sendo um dos resultados da antropização a fragmentação do ambiente (BRUN; LINK & BRUN, 2007). Tal fragmentação de habitats proporciona a dispersão de diversas espécies de animais para os ambientes antrópicos, afetando em especial as aves (FRANCHIN & MARÇAL JUNIOR, 2004). Em função das alterações ambientais, muitos animais acabam buscando refúgio em parques, hortos, praças e outras áreas arborizadas do ambiente urbano. Algumas espécies da avifauna brasileira têm se tornado comuns em ambientes modificados em função dessa pressão antrópica (FRANCHIN & MARÇAL JUNIOR, 2004). Projetos adequados de arborização urbana podem garantir a integração de áreas verdes, contribuir para a manutenção das características climáticas e ambientais originais, além de fornecer recursos para a fauna (BRUN; LINK & BRUN, 2007). No entanto, as áreas verdes e a arborização em centros urbanos geralmente são planejadas levando em consideração exclusivamente o fator estético, priorizando a utilização de espécies exóticas. Santos e Rosa (2013) destacam que em ambientes urbanos, é muito comum a homogeneização biótica com uma fauna caracterizada por poucas espécies com altas densidades, favorecendo espécies generalistas. A maioria das espécies botânicas utilizadas na arborização urbana não oferece recursos alimentares para a manutenção de espécies da fauna que apresentam uma exigência alimentar mais complexa. Uma arborização bem planejada, além de fornecer alimento para a avifauna, pode oferecer abrigo e locais para nidificação. Essa arborização deve apresentar características atrativas como disponibilidade de néctar, frutos e sementes comestíveis, ou características que atraiam insetos que podem ser consumidos pelas aves (SANTOS E ROSA, 2013). Além disso, Teixeira e Frenedozo (2017) reforçam que a observação de aves tem grande potencial para ser utilizada como uma ferramenta didática no contexto da Educação Ambiental, favorecendo o ensino de ciências. Os autores salientam que o “Ensino de Ciências através da observação de aves demonstrou que a interação dos estudantes com o meio ambiente desperta interesse, possibilitando mais significado ao processo de ensino/aprendizagem, pois a aplicação prática da ciência desenvolve no aluno o sentimento de pertencimento ao ambiente em que está inserido, e agrega valores da aprendizagem à sua vida cotidiana”. Portanto, este trabalho teve como objetivo identificar as espécies de aves existentes no entorno da Fundação Ezequiel Dias e relacionar a presença dessas aves com o projeto de paisagismo e a arborização da instituição, sugerindo as espécies botânicas mais atrativas a essas aves. Também foi verificado o potencial desta atividade no favorecimento do processo de Educação Ambiental da instituição. Material e Métodos Área de estudo Este trabalho foi realizado na Fundação Ezequiel Dias, localizada na região oeste de Belo Horizonte, Minas Gerais. A cidade apresenta clima do tipo Cwa, segundo a classificação climática de Köpper-Geiger, caracterizado como clima tropical de altitude, com inverno seco e verão úmido (KÖPPER, 2018). As temperaturas médias anuais são superiores a 18°C e o índice pluviométrico médio anual é de 577 mm. A área em que o estudo foi realizado é de aproximadamente 44.000 m², cercada por avenidas, pela Estrada de Ferro Vitória-Minas e trilhos da Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Na região existem ainda algumas áreas residenciais, comerciais, e alguns fragmentos arborizados como o Hospital Galba Velloso, a Escola Estadual Leon Renault, o Parque de Exposições da Gameleira e o Campus da Pontifícia Universidade Católica, conforme apresentado na Figura 1.
Figura 1: Localização da Fundação Ezequiel Dias (fonte: GoogleMaps). A arborização da Fundação Ezequiel Dias é composta principalmente por espécies exóticas, incluindo espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas. Desde 2007, foi iniciado um projeto de paisagismo e revitalização, com a criação de diversos jardins. Metodologia O estudo foi realizado entre novembro de 2013 a outubro de 2014, com amostragens semanais, totalizando aproximadamente 76 horas de observações. Os registros foram obtidos através de visualizações com o auxílio de binóculo (65x42 WA) e/ou identificação de vocalizações. A lista de espécies foi baseada em Sick (1997). As observações foram realizadas no período da manhã, entre 06h20min e 8:00, período de maior atividade das aves. Foi utilizado o método de pontos fixos, totalizando cinco pontos amostrais, com observações de 10 minutos de duração em cada ponto. Este método consiste na escolha de um ponto onde o observador permanece imóvel por tempo pré-determinado, registrando todas as espécies observadas ou identificadas por vocalizações. Foram registradas todas as espécies ouvidas e visualizadas, incluindo ainda os indivíduos que sobrevoavam a área. A curva acumulativa de espécies foi elaborada segundo o método de Mau Tao. A frequência de ocorrência (FO) foi calculada a partir da razão do número de dias amostrados em que a espécie foi registrada pelo total de dias amostrados (76). As espécies foram classificadas nas seguintes categorias de ocupação: (R) residentes (FO>0,60); (P) prováveis residentes (0,60 >FO>, 0,15); (O) ocasionais e/ou sobrevoantes (FO<0,15). A definição dos hábitos alimentares foi feita baseada em Sick (2001), classificando-se em: insetívoros (INS), frugívoros (FRU), nectarívoros (NEC), carnívoros (CAR), granívoros (GRA), necrófagos (DET) e onívoros (ONI). A identificação das espécies botânicas foi feita a partir de Lorenzi (2001). Após a identificação das espécies botânicas presentes na instituição, foi avaliado quais as espécies presentes eram mais atrativas às aves, baseado em observações e dados da literatura. Finalmente, houve um momento de interação informal com os funcionários sobre como esta atividade favoreceu o processo de conscientização sobre o tema Educação Ambiental. Resultados e Discussão Foram registradas 61 espécies de aves, distribuídas em 10 ordens e 22 famílias, conforme Tabela 1. Comparando os resultados deste estudo com outro levantamento realizado em 2008 dentro da mesma instituição, observou-se 31 espécies a mais. A curva acumulada de espécies mostrou uma tendência à estabilização, sugerindo que a avifauna observada da Fundação Ezequiel Dias foi adequadamente amostrada. Tabela 1 – Lista de espécies registradas na Fundação Ezequiel Dias (MG) entre Novembro de 2013 e Outubro de 2014.
Legenda: H.A – Hábito Alimentar: ONI – onívoro, INS-Insetívoro, GRA-granívoro, NEC-nectarívoro, CAR-carnívoro, DET-detritívoro. F.O – Frequência de ocorrência: R-residente, P-provável residente, O-ocasional, E-escape. A ordem mais representativa, como já era esperado, foi Passeriformes (65% das espécies), uma vez que essa ordem abrange a maioria das espécies de aves conhecidas (SICK, 1997). As famílias mais representativas foram Tyrannidae (13 espécies; 21,6%); seguida de Thraupidae (12 espécies; 20%), ambas de Passeriformes. Os tiranídeos incluem espécies adaptadas a diversos ambientes, inclusive ambientes urbanizados. Além de apresentar um grande número de espécies insetívoras generalistas, estas espécies são beneficiadas em ambientes alterados, por consumirem um recurso muito abundante em centros urbanos. Essas características podem explicar o maior registro dessa família na área de estudo (SICK, 1997). Em termos de frequência de ocorrência, 44% (n=27) das espécies registradas na Fundação Ezequiel Dias são ocasionais ou sobrevoantes, 38% (n=23) são prováveis residentes, 15% (n=9) são residentes. Duas espécies (Paroaria dominicana e Cyanoloxia brissonii) foram consideradas escapes, pois se tratam de espécies que não são encontradas na região de Belo Horizonte, e são muito utilizadas no comércio ilegal de aves silvestres. Estas duas últimas espécies foram registradas somente uma vez cada uma. Determinadas espécies como Myiodynastes maculatus e Dacnis cayana foram registradas na Funed somente em um período do ano. Turdus amaurochalinus e M. maculatus são migratórias; T. amaurochalinus foi observado durante o outono e inverno; e M.maculatus foi registrada entre os meses de setembro e fevereiro. D. cayana foi registrada entre outubro e abril acompanhando a frutificação de algumas plantas como Schefflera actinophylla. Tersina viridis, apesar de migratória foi registrada durante todo o ano, porém durante o inverno, foram vistos um número menor de indivíduos. Espécies predominantemente frugívoras tendem a serem nômades, buscando frutos em diferentes fragmentos vegetais (SICK, 1997). Algumas espécies foram observadas somente sobrevoando o local de estudo, sem utilizar qualquer recurso disponível na área. Foi o caso de Vanellus chilensis e Coragyps atratus. Por outro lado, Patagioenas picazuro, Columbina talpacoti e Pitangus sulphuratus foram muito comuns durante o levantamento; são espécies muito bem adaptadas aos centros urbanos, e, portanto, muito abundantes em metrópoles, como afirma SICK (1997). Indivíduos de Columba livia, espécie introduzida, foram registrados na maior parte do tempo, próximos à lanchonete da instituição ou sobrevoando o local de estudo. Certas espécies foram observadas nidificando na área ou acompanhadas de filhotes, dentre elas, Eupetomena macroura, Coereba flaveola, Guira guira, Furnarius rufus, Turdus leucomelas, Pitangus sulphuratus, Columbina talpacoti, Patagioenas picazuro, Estrilda astrild e Passer domesticus. As duas últimas são espécies introduzidas, que se adaptaram muito ás grandes metrópoles do país. Myiozetetes similis foi observado coletando material para nidificação, mas seu ninho não foi visualizado. Em relação aos hábitos alimentares, foram registrados predominantemente, onívoros (n=23), seguido de insetívoros (n=16), conforme apresentado na Figura 1. Aves onívoras e insetívoras são predominantes em ambientes urbanizados, como mostram outros estudos de levantamento (FRANCHIN & MARÇAL JÚNIOR, 2004; MATARAZZO-NEUBERGER, 1998; MOTTA-JÚNIOR, 1990). Estas espécies são beneficiadas em ambientes alterados, em relação a espécies com outros hábitos alimentares. Espécies onívoras e insetívoras generalistas são menos vulneráveis a flutuações dos recursos alimentares (SICK, 1997).
Figura 1 – Números de espécies de aves em relação aos hábitos alimentares. Legenda: ONI–onívoro, INS-Insetívoro, GRA-granívoro, NEC-nectarívoro, CAR-carnívoro, DET-detritívoro. No que diz respeito à arborização da área de estudo, foram catalogadas 53 espécies vegetais, como demonstrado na Tabela 2. Foram registradas espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas. A vegetação da área é composta principalmente por espécies exóticas, algo muito comum em arborização de espaços urbanos, que conta com uma preocupação predominantemente estética. Porém, mesmo entre as espécies exóticas, existem algumas contendo características atrativas à avifauna, seja para alimentação ou para nidificação e poleiro, como é o caso de Eriobothrya japonica, Morus nigra, Schefflera actinophylla, Ligustrum lucidum, cujos frutos são consumidos por diversas aves e ainda, Delonix regia e Casuarina glauca costumam ser utilizadas para nidificação. Dentre as espécies nativas, as que mais se demonstraram atrativas à avifauna foram Cecropia pachystachya, Chorisia speciosa e Syagrus coronata. Tabela 2 – lista de espécies vegetais dentro da Fundação Ezequiel Dias (dados de 2014).
Avaliação dos pontos amostrais Os pontos de observação estão descritos na Figura 2, indicando que todas os extremos foram monitorados durante as observações.
Figura 2 – Distribuição dos pontos amostrais dentro da Fundação Ezequiel Dias. O ponto 1 trata-se de uma área de convivência para funcionários, com alguns quiosques e canteiros compostos por espécies arbustivas como, Justicia brandegeana (Camarão vermelho) e Hibiscus sp. (Hibisco). Foram registrados neste ponto, predominantemente, espécies de aves nectarívoras, como Coereba flaveola e Eupetomena macroura, atraídas per essas plantas. Também foram detectadas no local Columbina talpacoti e Patagioenas picazuro, ambas as espécies nidificando em uma Delonix regia, neste local. No ponto 2, que se localiza bem próximo a uma avenida com grande fluxo de veículos e de pessoas, apesar de apresentar altos níveis de ruído, foi detectado um elevado número de espécies. Esse fato se deve à presença de espécies botânicas atrativas á avifauna nesse local, seja como recurso alimentar, abrigo, poleiro ou local de nidificação. Nesse ponto existem espécies como Chorisia speciosa (paineira rosa), muito utilizada como poleiro e alimentação, tanto por espécies frugívoras quanto por espécies insetívoras, que a utilizavam para captura de insetos, como era o caso de Myiarchus ferox, Megarynchus pitangua, Pitangus sulphuratus, Myiozetetes cayanensis. Também foram registrados com bastante frequência neste ponto, Psittacara leucophthalmus e Brotogeris chiriri, atraídos por recursos de Chorisia speciosa e frutos de Dypsis lutescens. Os frutos parcialmente quebrados que esses psitacídeos deixam cair no chão são consumidos por outras espécies como Turdus leucomelas e Turdus amaurochalinus. O ponto 3 foi o que apresentou a menor riqueza e a menor densidade, por se tratar de uma área totalmente desprovida de arborização e de fatores atrativos à avifauna. Por esse motivo, foi utilizado como ponto controle, a fim de relacionar a arborização e a presença da avifauna. Nesse ponto foi observado principalmente, Passer domesticus, que utilizava os prédios do local para nidificação e abrigo. Também foram registradas nesse ponto, esporadicamente, outras espécies como, Pitangus sulphuratus, Patagioenas picazuro, Columba livia e Eupetomena macroura, sobrevoando a área ou utilizando-a como poleiro. No ponto 4 foram observados bandos de Dacnis cayana e Tersina viridis, atraídos principalmente por frutos de Schefflera actinophylla. Algumas espécies onívoras ou predominantemente insetívoras também consumiam seus frutos, como Pitangus sulphuratus e Megarynchus pitangua. Neste local também foi observado com frequência, Troglodytes musculus, forrageando na maior parte do tempo no solo. Diversos insetívoros utilizavam espécies como Spathodea nilotica, Magifera indica e Ficus elástica como poleiro para captura de insetos em voo. O ponto 5 foi o que apresentou a maior diversidade, as temperaturas mais amenas, os menores níveis de ruído por estar localizada mais afastada da avenida, no interior da instituição. Neste ponto, a espécie vegetal mais atrativa às aves era Cecropia pachystachya, que atraía várias espécies pelos seus frutos. Entre as espécies observadas forrageando e se alimentando sobre ela estão: Tangara sayaca, Tangara palmarum, Dacnis cayana, Tersina viridis, Forpus xanthopterygius, Euphonia chlorotica, Patagioenas picazuro, Tangara cayana. Outra característica atrativa deste ponto era o fato dessa área receber irrigação com bastante frequência, acabando por se tornar uma fonte de água para essa avifauna. Também foram registradas neste ponto espécies de Turdidae, Trochilidae e Cuculidae, além de Estrilda astrild nidificando. Outro estudo também teve como resultado a percepção de grande diversidade de espécies de aves nos centros urbanos, como apontam Teixeira e Frenedozo (2017). Além disso, eles observaram que os participantes foram estimulados a pensar sobre os outros grupos de animais que também podem estar se adaptando a viver nas grandes cidades, como anfíbios, répteis e mamíferos, por exemplo. Em relação à visão dos funcionários da instituição onde a pesquisa foi realizada, quando analisado o contexto da atividade de observação das aves e plantio de árvores frutíferas como estratégia de favorecimento de oferta de alimentos, constatou-se que houve divergência de opiniões. De forma geral, muitos funcionários reconhecem a importância de manter um espaço arborizado e equilibrado, sendo a presença das aves um indicador de ambiente livre de contaminação. Por outro lado, houve quem relacionasse a presença de aves com maiores problemas em relação à limpeza dos veículos estacionados na instituição, por exemplo. Na pesquisa realizada por Teixeira e Frenedozo (2017), também foi possível identificar a presença de um sentimento de preocupação com o meio ambiente. Eles salientam que os participantes do estudo demonstraram insatisfação com a relação abusiva do ser humano com a natureza, desde a poluição do ar até a preocupação com a arborização urbana. Considerações finais A urbanização tende a tornar as comunidades de aves muito uniformes, onde espécies mais generalistas são favorecidas, acarretando em homogeneização biótica com poucas espécies e altas densidades. Em centros urbanos a vegetação geralmente é muito uniformizada, composta por espécies vegetais que oferecem poucos recursos à fauna, carentes tanto de recursos alimentares quanto de locais para nidificação. Uma arborização adequada, além de fornecer recursos à fauna, torna o ambiente urbano mais agradável para a população e traz diversos benefícios, melhorando a qualidade de vida nos centros urbanos. O projeto de paisagismo da Fundação Ezequiel Dias que se iniciou em 2007 trouxe diversos benefícios tanto para os funcionários da instituição quanto para a avifauna, aumentado o número de espécies presentes no local e criando ambientes mais agradáveis para a convívio. Ainda assim, essa arborização ainda pode ser aprimorada com a inclusão de novas espécies vegetais atrativas à fauna, visando um paisagismo mais sustentável. Agradecimentos À Unidade de Gestão Ambiental da Fundação Ezequiel Dias, pela iniciativa de desenvolvimento do projeto e apoio na realização do mesmo; À Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento, por colaborar com a realização da pesquisa. À Fapemig, pela concessão da Bolsa de Iniciação Científica; Ao Leopoldo Capanema de Almeida e a equipe da Produção de Soro (2008), pela colaboração no início dos monitoramentos de aves na instituição. Ao Prof. Marcelo Ferreira De Vasconcelos, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 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MATARAZZO-NEUBERGER W. M. Ecossistema urbano: considerações gerais e urbanização da avifauna no Brasil. IV Simpósio de Ecossistemas Brasileiros. Academia de Ciências do Estado de São Paulo, São Paulo, p. 135-152. 1998. MOTTA JÚNIOR, J.C. Estrutura trófica e composição das avifaunas de três habitats terrestres da região central do estado de São Paulo. Ararajuba, 1:p. 65-71, 1990. SANTOS, Paulo de Tarso Sambugaro; ROSA, Talita Angélica de Oliveira. A arborização urbana como complemento de fontes alimentares para as aves. Universidade Estadual de Maringá – Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, Paraná. Arquivos do MUDI, v.17, n.1, 9-10. SICK, Helmut. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 912p. TEIXEIRA, Raphael Paixão Branco; FRENEDOZO, Rita de Cássia. A observação de aves urbanas como uma ferramenta didática no ensino de ciências. Revista Educação Ambiental em Ação. Núm. 61, Ano XVI. Set-Nov/2017. |