Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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EXPOSIÇÕES ITINERANTES COMO METODOLOGIA PARA CONSERVAÇÃO DE QUELÔNIOS AMAZÔNICOS Rafaela Estefani de Oliveira Pinho. Docente da Universidade Federal do Acre (UFAC) Campus Floresta, Cruzeiro do Sul - Acre - Brasil. E-mail: rafapinho14@hotmail.com Lucas Lucena da Silva. Graduando em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Acre (UFAC) Campus Floresta, Cruzeiro do Sul - Acre - Brasil. E-mail: lucaslucena.eng@gmail.com Isaac Ibernon Lopes-Filho. Graduado em Engenharia Agronômica e gerente regional da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Chefe do Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório. E-mail: isaacilf@yahoo.com.br Matheus Nascimento Oliveira. Graduando em Ciências Biológicas Bacharelado pela Universidade Federal do Acre (UFAC) Campus Floresta, Cruzeiro do Sul - Acre - Brasil. E-mail: oliveiramatheus.bio@gmail.com Ester Nascimento da Costa. Graduando em Ciências Biológicas Bacharelado pela Universidade Federal do Acre (UFAC) Campus Floresta, Cruzeiro do Sul - Acre - Brasil. E-mail: araujoester27@gmail.com Maria Isabel Afonso da Silva. Docente da Universidade Federal do Acre (UFAC) Campus Floresta, Cruzeiro do Sul - Acre - Brasil. E-mail: bebel_afonso@yahoo.com.br Tiago Lucena da Silva. Docente da Universidade Federal do Acre (UFAC) Campus Floresta, Cruzeiro do Sul - Acre - Brasil. E-mail: lucenabio@hotmail.com Resumo Metodologias diferenciadas para o processo de ensino-aprendizagem relacionados a temáticas ambientais são necessárias para a formação cidadã e o uso sustentável dos recursos naturais. Desse modo, desenvolvemos exposições itinerantes sobre os quelônios amazônico para serem aplicadas em escolas da zona urbana a fim de transmitir informações e buscar a sensibilização quanto a importância dessas espécies para o meio ambiente, diminuindo o consumo desses animais dentro dessas áreas. Essas exposições aconteceram em eventos realizados pelas escolas, como em feiras e exposições de ciências e foram preparadas e apresentadas por alunos da Universidade Federal do Acre - Campus Floresta, no município de Cruzeiro do Sul - Acre, entre julho a novembro de 2017 em três escolas de ensino fundamental e médio envolvendo alunos, professores e a comunidade em geral. Palavras Chaves: Educação Ambiental; Tracajás; Jabutis; Extensão Universitária. Introdução Historicamente, muitas espécies de quelônios em diversas partes do mundo apresentam grande importância alimentar, econômica e cultural, tendo seus ovos, carne, vísceras, gordura e casco sido utilizados intensamente pelo homem (Rebelo e Pezzuti, 2000; Van Dijk et al., 2017). Para que haja a diminuição de ações antrópicas que afetam os quelônios amazônicos é necessário propor ações conservacionistas, e uma dessas ações são as exposições itinerantes nas escolas onde o público é diversificado, com costumes, saberes e ações diferentes para com esses animais. Assim, há um misto de conhecimento tanto cientifico quanto popular, o que pode influenciar no sucesso de ações conservacionistas referente aos quelônios. As exposições itinerantes podem ser utilizadas para divulgar o conhecimento científico e auxiliar nas mudanças de percepções, pois auxiliam na transmissão de representações sociais e permitem mudanças gradativas de atitudes (Santos et al., 2005). Essas exposições itinerantes com quelônios têm por objetivo proporcionar conhecimentos, reflexão e sensibilização frente as práticas realizadas com os quelônios seja como recurso alimentar ou para tráfico. Os quelônios são importantes na ciclagem de nutrientes desses ambientes, por transformarem em proteína animal a matéria orgânica, viva ou morta, oriunda tanto da floresta como do ambiente aquático (Moll; Moll, 2004). É necessária uma educação ambiental com ênfase interdisciplinar que proporcione melhor leitura da realidade e promova outra postura cidadã frente aos problemas socioambientais. E essa reflexão precisa ser aprofundada na medida em que a saúde e a qualidade de vida dessa geração, e das futuras, dependem de um desenvolvimento sustentável (Soares et al., 2001). Materiais e Métodos As exposições itinerantes foram planejadas pelo Laboratório de Biologia Animal da Universidade Federal do Acre - Campus Floresta e realizadas nas escolas que demonstraram interesse em atividades relacionadas a conservação dos quelônios. Escolas Participantes Participaram das exposições três escolas de ensino médio em Cruzeiro do Sul, Acre. Sendo as escolas, Professor Flodoardo Cabral, durante a feira de ciências realizada no dia 29 de julho de 2017, com um público de aproximado de 1000 pessoas. A escola Dom Henrique Ruth, durante a Expo Ciência, realizada no dia 12 de agosto de 2017 com aproximadamente 1500 pessoas e por último na escola Madre Adelgundes Becker, no encerramento das atividades referente ao projeto “Educação Ambiental como ferramenta para a conservação dos Quelônios Amazônicos”, com um público aproximado de 1200 pessoas. Materiais utilizados nas exposições Banners informativos, resumindo diversos trabalhos de conservação de quelônios realizados na região do Vale do Alto Juruá, abrangendo áreas como Educação Ambiental e Manejo Comunitário; Fichas técnicas contendo imagens e informações das espécies regionais de quelônios, como nome popular e científico, hábito, tipos de alimentação, peso e tamanho adulto; Guias ilustrados com imagens das espécies de quelônios encontradas no estado do Acre; Painéis e placas ilustrativas para fotografias com dizeres relacionados a conservação; Imãs de geladeira com informativos do projeto de conservação de quelônios para distribuição ao público, como forma de agradecimento pela participação nas exposições; Peça anatômica da espécie Phrynops geoffroanus* (Cágado-de-barbelas), expondo os órgãos internos e anatomia topográfica, facilitando o aprendizado e fomentando a curiosidade do público presente; Peças ósseas das espécies Chelonoidis denticulatus (Jabuti) e Podocnemis expansa (Tartaruga-da-amazônia), entre elas cascos e partes do esqueleto, todas obtidas por terceiros em doações e encontradas em diversas coletas de forma indireta; Animais tombados, fixados e conservados em álcool, todos pertencentes ao Laboratório de Biologia Animal da Universidade Federal do Acre - Campus Floresta. São sete espécies diferentes, entre elas, Kinosternon scorpiodis (Muçuã), Podocnemis sextuberculata (Iaçá), Podocnemis unifilis (Tracajá), Mesoclemmys gibba (Tartaruga-de-Igapó), Platemys platycephala (Jurará) e Chelonoidis denticulatus (Jabuti). Essas espécies ocorrem na região, obtidos por terceiros (já em óbito) ou encontradas em estradas (morte por atropelamento); Espécimes vivos de Chelonoidis denticulatus (Jabuti), ainda filhotes. Esses animais foram obtidos por meio de doações e mantidos sob uma licença emitida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA/SISBIO (48632-1). Procedimentos A exposição ocorreu no pátio da escola, com todos os materiais expostos em mesas, com a presença dos acadêmicos (Imagens 1 e 2). As atividades foram realizadas com a apresentação de banners que abordavam os trabalhos de conservação dos quelônios realizados pelo projeto Bichos de Casco, no qual os acadêmicos explicavam como e onde eram feitos trabalhos de conservação e sua importância. Os acadêmicos também se disponibilizaram a responder as perguntas do público sobre qualquer assunto apresentado nos banners (Imagem 3). Realizou-se também a exposição de animais vivos, tombados e peças anatômicas de quelônios, desenvolvidas como estratégia de sensibilização e aprendizagem aos visitantes, no qual os mesmos puderam observar e manusear as peças expostas. As dúvidas que ocorriam durante a visitação eram retiradas por meio dos acadêmicos e professor presente. Assim, houve um ambiente favorável à sensibilização e envolvimento dos participantes frente a temática abordada. Resultados e Discussões A relevância das exposições foi avaliada por meio da quantidade do público presente e a participação deste em todas as atividades propostas. Todas as exposições tiveram sucesso de público (crianças, jovens e adultos), e ao longo de todas as atividades identificou-se por parte do público o interesse pelo tema conservação dos quelônios amazônicos, sendo demonstrados especificamente por meio de discussões e questionamentos. Essas exposições itinerantes enriquecem as feiras de ciências nas escolas por ser uma metodologia de aprendizado diferente, baseada no conhecimento biológico sobre as espécies de quelônios da região, aproximando assim o público frente aos principais problemas enfrentados por esses animais, propiciando conhecimentos sobre anatomia, ecologia e principais ameaças causadas pela influência antrópica. Conforme (Silva et al., 2018; Vasconcelos; Silva, 2018), mais de 50% das comunidades escolares avaliadas em ambientes rurais e urbanos indicam o consumo de quelônios, ressaltando a importância de ações de sensibilização pautadas no diálogo de saberes frente ao uso sustentável dos quelônios como fonte de proteína animal de subsistência.
Imagem 1: Exposição realizada na escola Flodoardo Cabral
Imagem 2: Exposição realizada na escola Don Henrique Ruth
Imagem 3: Atividades realizadas na escola Madre Adelgundes Becker. Conclusão Diante do sucesso de público na exposição e participação ativa em todas as atividades proporcionadas, pode-se concluir que essas exposições itinerantes são uma ferramenta efetiva e socioparticipativa para criar ambientes não formais de educação para o desenvolvimento de ações de educação ambiental. Assim, além de divulgar informações focadas na conservação dos quelônios foi possível propor ações formativas que favorecem a formação cidadã dos alunos frente a problemática ambiental e uso sustentável dos recursos naturais amazônicos. MOLL, D.; MOLL, E. O. The ecology, exploitation, and conservation of river turtles. New York: Oxford University Press, 393 p, 2004 REBÊLO, H. G.; PEZZUTI, J. C. B. Percepções sobre o consumo de quelônios na Amazônia, sustentabilidade e alternativas ao manejo atual. Ambiente e Sociedade (Campinas), Campinas-SP, v. 6/7, p. 85-104, Abril, 2000. SANTOS, Maira Elisabete dos; NASCIMENTO-SCHULZE, C. M; WACHELKE, J.F.R. A exposição itinerante como promotora de divulgação científica: atitudes, padrões de interação, e percepções dos visitantes. Psicologia. Teoria e Prática, São Paulo, v. 7, n.2, p. 49-86, 2005. SILVA, T. L.; PINHO, R. E. O.; OLIVEIRA, M. N.; SILVA, L. L.; LOPES FILHO, I.; VASCONCELOS, V.S.; SILVA, A. S. Perspectivas de estudantes sobre a conservação de quelônios em uma escola da zona periférica de Cruzeiro do Sul – Acre. Revista Communitas, v. 2, n. 3, p. 304-313, 2 jun. 2018. SOARES et al. Saúde e qualidade de vida do ser humano no contexto da interdisciplinaridade da educação ambiental. No. 38-05/12/2011. Disponível em <http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1143>. Acesso em 23 de outubro de 2017. VAN DIJK, P. P.; IVERSON, J.; RHODIN, A.; SHAFFER, H.; BOUR, R. TURTLE TAXONOMY WORKING GROUP. Turtles of the World: Annotated Checklist and Atlas of Taxonomy, Synonymy, Distribution, and Conservation Status (8th Ed.). In: Chelonian research monographs. p. 1–292. 2017 VASCONCELOS, V. S; SILVA, T.L. Perspectivas comunitárias sobre o consumo de quelônios na reserva extrativista riozinho da liberdade - AC. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas). Cruzeiro do Sul – Acre: Universidade Federal do Acre – Campus Floresta, p. 39. 2018. |