Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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05/06/2008 (Nº 24) Aquecimento global, compreendendo as causas para evitar as conseqüências: debatendo com alunos do Ensino de Ciências
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Revista eletrônica EA em Ação 24

Aquecimento global, compreendendo as causas para evitar as conseqüências: debatendo com alunos do Ensino de Ciências

 

 

Adriana Pessoa Gomes ¹; Josian Silva de Medeiros ²

 

 

Bióloga pela Universidade Católica de Pernambuco e pesquisadora do Projeto de Ciências Naturais (MEC/SESU Edital 01/2006) desenvolvido na Universidade Federal de Pernambuco ¹

 

Fonoaudiólogo pela Universidade Católica de Pernambuco e

Mestrando em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco ²

 

 

Endereço para correspondência:

Rua Leandro Barreto Nº 355, Bloco 19 Apt. 101 Jardim São Paulo, CEP – 50790 -000. Recife-PE Fone: (81) 3252 4231/ 8768 8440

E-mail: adriana_jpessoa@yahoo.com.br

 

 

Resumo

 

A Educação Ambiental não deve ser vista apenas em disciplinas como Ciências e Biologia, e sim como uma junção nas demais disciplinas escolares, ela deve envolver todas as partes do programa escolar e extra-escolar, possibilitando a construção de um processo contínuo, único e idêntico. Este trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento dos alunos sobre a problemática atual que afeta o meio ambiente, o Aquecimento Global, debatendo com alunos do ensino de Ciências Naturais, em uma escola privada  do Recife – PE a Educação Ambiental é um processo participativo, no qual o educando tem o papel central no processo de ensino e aprendizagem, participando ativamente na busca de soluções, para o meio ambiente buscando construir uma nova consciência para preservação do planeta, pensamos que a Educação Ambiental é um instrumento que deve ser construído de forma interdisciplinar, assim podemos criar ações nas escolas, desenvolvendo a consciência e atenção nos cuidados com o meio ambiente.

  

Palavra-chave: Educação Ambiental, Aquecimento Global, Planeta terra.

1. Introdução

 

            O ensino de ciências é uma das formas de ajudar na construção do conhecimento, utilizando recursos e matérias didáticos que permitem aos alunos exercitarem a capacidade de pensar, refletir e tomar decisões, iniciando assim um processo de amadurecimento. O professor tem um papel de extrema importância, pois ele deve guiar os alunos, fazendo com que os estudantes participem desta construção, aprendendo a argumentar e exercitar a razão, ele deve questionar e sugerir ao em vez de fornece-lhes respostas definidas ou impor-lhes seus próprios pontos de vista (CARVALHO, 2004).

No entanto, o que se observa, em relação ao ensino de Ciências Naturais é que muitos professores ainda estão voltados para a memorização de conceitos científicos, impedindo assim que os alunos iniciem a construção do saber. Para Vygotsky (1987, apud MORTIMER e SCOTT, 2004), o processo de conceitualização é equacionado com a construção de significados, o que significa que o foco é no processo de significação, que são criados na interação social e então internalizados pelos indivíduos.

Quando buscamos iniciar a construção de uma consciência é necessário que façamos em busca de uma consciência crítica para a transformação das relações matérias com os outros e com o mundo (FREIRE, 1996). Desta forma, podemos forma cidadãos atentos, com o que ocorre em nossa volta capaz de lutar para transformar o mundo em que vivemos em um mundo melhor.

No âmbito escolar têm ocorrido mudanças no sentido de fazer da escola um espaço em que se oferecem oportunidades para reflexão (ZABALA, 1998), e que busque a materialização de ações que venham influenciar positivamente na qualidade de vida da coletividade (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DO DESPORTO, 1998). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) é opinando, resolvendo problemas e conflitos, que professores e alunos podem pensar sobre as ações que devem ser tomadas e qual a influência delas para a nossa vida (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DO DESPORTO, 1998).

Visando conciliar uma melhor aprendizagem no ensino de Ciências Naturais em relação ao meio ambiente, a presente pesquisa é um relato de experiência que buscou investigar e analisar o conhecimento dos alunos da 7° série do ensino de Ciências, de uma escola privada do grande Recife-PE, sobre a problemática atual que esta afetando o meio ambiente, o Aquecimento Global.

 Sendo a Educação Ambiental uma dimensão da educação, ela se mostra uma grande aliada na busca por soluções. Como proposta para os gestores da instituição foi elaborado um debate em sala de aula para os alunos, sobre esta problemática, com objetivo de uma maior compreensão dos graves problemas ambientais pelos quais está passando o planeta terra e incentivando a adoção de atitudes para combatê-los.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para o Ensino de Ciências, deixa claro no Art.3º, Parágrafo IV, que todas as escolas deverão garantir a igualdade de acesso para os alunos a uma base nacional comum, que vise estabelecer a relação entre a educação fundamental e a vida cidadã por meio de articulações entre vários dos seus aspectos como: saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio ambiente, trabalho, ciência e tecnologia, cultura, e as linguagens (BRASIL, 1996).

Sabemos que o universo da prática é difícil de ser trilhado, pois falar e informa, sobre os problemas atuais, não é tão difícil quanto por em prática, mas ter idéias e cria-las é um caminho que requer muito trabalho e principalmente forma consciência (CASCINO, 2000).  Contudo a proposta foi aceita pelos gestores da instituição, iniciando as atividades para a formação de uma nova consciência para a preservação do meio ambiente. 

  

2. Desenvolvimento

 

2.1 A escola e a Educação Ambiental

 

A Educação Ambiental não deve ser vista apenas em disciplinas como Ciências e Biologia, e sim como uma junção nas demais disciplinas escolares, ela deve envolver todas as partes do programa escolar e extra-escolar, possibilitando a construção de um processo contínuo, único e idêntico, tornando assim possível a interdisciplinaridade das disciplinas e um ensino que nos ajude a resolver os problemas do meio ambiente e fazer com que os alunos tenham a consciência da importância de cuidar do planeta terra (MEC, 1998).

   As diversas atividades de ensino de ciências nas escolas pressupõem a interação dos alunos com os conteúdos científicos, recursos e procedimentos que facilitem o aprendizado e estabeleçam a participação no processo de ensino-aprendizagem (FRACALANZA; AMARAL; GOUVEIA, 1986). Essas atividades possibilitam criar estratégias para a construção do conhecimento, uma dessas estratégias é desenvolver nos alunos uma nova visão sobre a importância de cuidar do planeta e ajudar a combater o Aquecimento Global.

Particularmente aquelas que permitam o diálogo, a cooperação e troca de informações mútuas, o confronto de pontos de vista divergentes e que implicam na divisão de tarefas onde cada um tem sua responsabilidade que, somadas, resultarão no alcance de um objetivo comum. Cabe, portanto, ao professor não somente permitir que elas ocorram, como também promovê-las no cotidiano das salas de aula (REGO, 2000, p. 110). 

Nesse contexto, os educadores em Educação Ambiental podem contribuir com suas experiências para as relações sócias e do meio ambiente (SELLTIZ, 1974), e ao mesmo tempo explicar os possíveis transtornos causados no planeta, como por exemplo, o quecimento global, o problema do Lixo, tratamento do esgota etc. (GEWANDSZNAJDER; LINHARES 1991) e tentar conscientizar os alunos com uma forma dinâmica e participativa, explicando o que poderá ocorre caso não exista uma conscientização dos cidadãos.

 

2.2 Entendendo o protocolo de Kioto

 

Em 1997, representantes de diversos países se reuniram na cidade de Kioto (Japão), numa conferência para discutir sobre os problemas que algumas das atividades humanas podem causar na atmosfera, desta conferência resultou o documento denominado Protocolo de Kioto, no qual os países desenvolvidos firmaram nele o compromisso de reduzir, até o ano de 2012, suas emissões de gases-estufa liberados no ambiente em 2000, em Haia (Holando), na Conferência das Nações Unidas sobre mudança no clima da Terra, os países desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos, foram criticado por não ratificar o Protocolo de Kioto, em março de 2001, o governo dos Estados Unidos anunciou que, por razões econômicas, esse país não reafirmaria o Protocolo de Kioto, o que gerou críticas em todo o mundo (PAULINO, BARROS 2004). Segundo Al Gore (2006), “O mínimo que é cientificamente necessário para combater o aquecimento global excede de muito o máximo que é politicamente viável”.

 

2.3 O Aquecimento Global, compreendendo as causas para evitar as conseqüências

 

Nos últimos anos vivenciamos problemas ecológicos diversos, um deles é o Aquecimento Global e caso não seja combatido em tempo hábil levará a diversos transtornos. À medida que o sol esquenta a terra, ocorre à liberação dos gases da atmosfera que atuam como um vidro de uma estufa, absorvendo o calor mantendo o planeta quente, para manter a vida na terra, o problema é que devido às concentrações excessivas desses gases e aumentando gradativamente a cada dia, ocorre uma massa de calor isolando a terra, evitando assim, que esse calor escape, o que acarreta o aumento da temperatura do planeta assustadoramente, levando ao aquecimento do planeta (LOMBARDO, 1997).

O aquecimento global é um fenômeno climático que estabelece o aumento da temperatura média da superfície terrestre, nesse início de século a temperatura do planeta subiu quase 2ºC, mais alta do que na década de 60 (IGNATIUS, 1999).  As medidas a serem tomadas para conter o avanço do aquecimento global têm sido discutidas constantemente.

Dentre essas preocupações, podemos levar a sala de aula uma consciência ecológica do meio ambiente (MOLEN, 2002), para mudar esse quadro, discutindo soluções para a problemática atual, tais como: plantar arvores, diminuir o uso de automóveis, trocar as lâmpadas de suas residências por lâmpadas econômicas, reciclar o lixo, entre outras, porém não há solução da noite para o dia, mas fazer a nosso parte para o planeta, já é um bom começo.

 

3. Material e Método

 

Material: vídeo e TV, utilizados para assistir o documentário Uma Verdade Inconveniente” de GORE, Al. (2006).

Livros de biologia: Ecologia de Yara Fleury Van der Molen (2002) e Biologia Programa Completo de Sérgio de Vasconcellos Linhares e Fernando Gewandsznajder (1991). Relacionados à problemática do aquecimento global.

O método utilizado neste estudo é o indutivo e qualitativo (LAKATOS, 1991), em uma sala de aula foi exibido aos estudantes o documentário “Uma Verdade Inconveniente” e após a exibição do documentário ocorreu a leitura dos livros, focando o tema em questão, em seguida formamos um circulo com as carteiras, para debater sobre o assunto, discutimos e questionamos os alunos as seguintes perguntas:

O que é Aquecimento Global? Quais as causas do Aquecimento Global?     Quais as conseqüências do Aquecimento Global para a vida no planeta? E quais formas de combater o aumento da temperatura no planeta? Este debate ocorreu no dia sete de maio de 2007 das 7h às 10h, em uma escola da rede privada de ensino em Recife – PE.

 

4. Resultados e Discussões

 

Como resultados de nossa pesquisa em sala de aula, podemos verificar com o debate, que os estudantes através de um diálogo igualitário chegaram a um consenso que o planeta terra está em nossas mãos e que é de extrema importância preservar o meio ambiente, para o futuro de nossa geração, os estudantes puderam refletir sobre a problemática atual, e através da troca de informações dialogamos como poderíamos ajudar na preservação do planeta de hoje por diante. Salientando da importância de debates em sala de aula sobre o tema proposto, não só em escolas privadas, mas principalmente em escolas públicas, onde se encontra carência de informações sobre a preservação ambiental.

 No entanto, para que esses projetos possam ser aplicados é necessário o engajamento da população local e apoio governamental o qual beneficiará toda a população.

Por seu caráter humanista e interdisciplinar a Educação Ambiental pode contribuir de modo significativo para renovar o processo educacional, trazendo a permanente avaliação crítica, a adequação dos conteúdos à realidade local e o envolvimento dos educadores em ações para a preservação do meio ambiente e formação cidadã.

 

5. Conclusões

 

Desta forma o presente relato de experiência, contribui para a conscientização dos jovens alunos, possibilitando que iniciem em seu cotidiano maneiras de evitar o aquecimento do planeta e que esses conhecimentos construídos em sala de aula, através do debate, possam ser aplicados no seu dia a dia e transmitidos a outras pessoas.   

 

Se cada escola formar novas concepções e pensamentos, de como poderíamos ajudar o meio ambiente, com certeza o quadro atual do nosso planeta, estaria em condições melhores, ajudando a forma pessoas conscientes de que o planeta terra é a nossa casa e devemos cuidar dele.

 

6. Referências

 

BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson Roberto. Ciências: o meio ambiente. 2. ed. São Paulo: Ática, 2004

 

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, v. 134, n. 248, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27834-27841.

 

CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (Org). Ensino de Ciências: unindo a pesquisa e a prática.São Paulo: Pioneira Thomson learning, 2004.

 

CASCINO, Fabio. Educação ambiental: princípio historia formação de professores. 2. ed. São Paulo: Senac, 2000.

 

DAMINELLI, Mario. Ecologia a qualidade da vida. 2. ed. São Paulo: SESC, 1993.

 

FRACALANZA, Hilário; AMARAL, Ivan Amorosino do; GOUVEIA, Mariley Simoes floria. O ensino de ciências no primeiro grau. 2. ed. São Paulo: Atual, 1986.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 19ª. Ed. São Paulo, Paz e Terra, 1996.

GEWANDSZNAJDER, Fernando; LINHARES, Sérgio de Vasconcellos. Biologia Programa Completo. 10. ed. São Paulo: Ática, 1991.

GORE, Al. Uma verdade inconveniente. Documentário, EUA, 2006.

IGNATIUS, D. Aquecimento global afeta plantas e animais. O Estado de São Paulo, 5 jun.1999. Disponível na internet: < www. Estado.com.br >. Acesso em 10/03/2008 

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

LOMBARDO, M. A.Ilhas de calor nas metrópoles; o exemplo de São Paulo. São Paulo: HUCITEC, 1985.

MEC. A Implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília–DF, MEC/SEF, 1998.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO-BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais-Temas Transversais. Ensino de 5ª a 8ª séries. Brasília, Secretaria de Ensino Fundamental, 1998.

MOLEN, Yara Fleury Van der. Ecologia. São Paulo: EPU, 2002.

MORTIMER, E.F. e SCOTT, P. Atividade Discursiva na Sala de Aula de Ciências: uma Ferramenta Sociocultural para Analisar e Planejar o Ensino. Investigações em Ensino de Ciências. vol.7, n.3. 2004. Disponível em http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/vol7/n3/v7_n3_a7.htm

REGO, T. C. Vygostky: uma perspectiva histórico-cultural da Educação. 10ª edição. Petrópolis: Vozes, 2000.

SELLTIZ et all. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: EPU, 1974.

ZABALA A. A prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

 

Ilustrações: Silvana Santos