Carta da Terra comentada com sugestões de atividades para crianças

RECURSOS COMPUTACIONAIS E DE MÍDIA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE ADULTOS: UM ESTUDO DE CASOS EM EMPRESAS DO SETOR AUTOMOBILÍSTICO DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

Ivo Lessa Filho, MSc.

Mestre em Engenharia da Produção - UFSC

Coordenador de biologia do Colégio Bom Jesus

Professor de Biotecnologia do curso de pós-graduação – EAD da Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus - Curitiba

RESUMO

A Educação Ambiental (EA) vem se revelando uma poderosa ferramenta organizacional de estímulo à responsabilidade social de seus funcionários e dela própria. Para alcançar e concretizar este resultado é necessário averiguar quais são os materiais midiáticos e métodos usados nos trabalhos de treinamento e educação não-formal voltados para a EA dos funcionários nas organizações. Para isso foram estudadas, em caráter qualitativo, três empresas: a Volvo do Brasil, a Robert Bosch Ltda e a Renault do Brasil Automóveis Ltda. Este levantamento e sua análise profunda é o passo inicial para implementar inovações no treinamento pessoal e em sentido mais amplo na gestão ambiental nas organizações.

 

Palavras-chave: mídias; educação ambiental; adultos; empresas; automobilísticas.

ABSTRACT

The envirommental education has been showing itself a powerful organizational tool of incentive to the social responsibility of its employees and itself. To achieve and realize this result, it is necessary to investigate which are the media resource material and approaches that has been used for trainning assignment and informal education turned to the employees’s Ambiental Education in the organizations. Due to tha, it was studied three companies on a qualitative character: Volvo of Brazil, Robert Bosch Ltd., Renault of Brazil Automobilistics Ltd. This survey and its deep analyse is the first step to carry out innovation on-the-job training and in a wider  sense on envirommental management in the organizations.

 

Key words: medias; envirommental education; adults; organizations; automobilistics.

1    Introdução

A espécie humana é uma consumidora por excelência. Não só em termos alimentares, mas também em termos ecológico-ambientais, no que tange à extração de recursos, estamos nos aperfeiçoando cada vez mais, tecnologicamente, na habilidade de usar as riquezas da natureza. No entanto, embora isso possa parecer motivo de exaltação das capacidades do homem em submeter a natureza ao seu controle, não há muito a comemorar. Jamais o homem degradou tanto a natureza quanto nos últimos cinqüenta anos. Segundo WILSON (2002, p. 63), o mundo perde anualmente 3% de suas riquezas naturais e a tendência é piorar. Torna-se urgente fazer algo para que tenhamos um planeta economicamente viável nos próximos anos.

A alternativa cabível para buscar uma sociedade, um planeta economicamente viável e sustentável é a Educação Ambiental (EA). Ela sim é capaz de realizar a profunda mudança de relações entre o ser humano e a natureza que o serve de moradia, de remédio, de combustível, enfim, que o faz viver. No entanto é um grande desafio aplicar os princípios de EA, por reformular hábitos humanos seculares ou até milenares, como por exemplo, o de encarar a natureza como algo a ser conquistado ou como uma fonte inesgotável de recursos. Mesmo assim, não existem alternativas a não ser enfrentar estas e outras dificuldades de implementação e buscar superá-las.

As organizações empresariais, graças à sua flexibilidade, dinamismo e capacidade de adaptação parecem ter maior capacidade de superar estas dificuldades do que as escolas tradicionais, engessadas por currículos obrigatórios e cargas horárias sobrecarregadas. Assim, averiguar como as empresas estão tratando a questão da EA em seus ambientes organizacionais é algo que interessa aos planos de gestão das próprias organizações, além daqueles que buscam acompanhar os avanços da EA em ambientes de educação não-formal. A abordagem pode enfocar vários aspectos, sendo os materiais midiáticos usados, um deles.

 

2         O Paradigma Industrial Vigente

A postura do homem, historicamente, vem sendo a de destruir sistematicamente a natureza para garantir a sua sobrevivência e de tentar dominá-la a qualquer custo.

Existe uma concepção de natureza intimamente vinculada à filosofia de vida das sociedades ocidentais, de que embora seja exuberante, bela e misteriosa ela é algo ou alguém a ser "conquistada", a ser "dominada". Talvez sem a exata intenção de colocar a natureza na posição de inimiga do homem, é inegável que esta idéia acaba ficando implícita neste discurso.

Segundo PELIZZOLI (1999, p.25), o tipo de relação que existe entre o homem e a natureza sempre se deu "conjuntamente entre o desafio e luta – numa base espiritual, simbólica, de interação com o sagrado (isto é presente mesmo nas religiões "não-pagãs" e mais avançadas, como o catolicismo e sua gama de grutas, imagens, alusões à natureza etc.). Daí a busca de uma atitude de admiração, de contemplação, de interação com a natureza via caráter do sagrado, na esteira do animismo, do naturalismo e do retorno às origens."

Porém, chegamos a um momento histórico e científico em que a relação de desafio e luta citados (muito mais do que a de admiração e respeito) acabou por alcançar níveis insuportáveis de depredação dos recursos naturais e o caráter religioso que iniciou a interação homem-natureza se desvirtuou e passou a ser uma prática iminentemente criminosa. Segundo LOVINS (2000), em "Capitalismo Natural", a humanidade perde anualmente 4% dos seus ecossistemas de águas salgadas e 6% dos de água doce. Nos últimos 50 anos perdeu-se no planeta um quarto da camada superior do solo e um terço das coberturas florestais. Prevê-se que no espaço de uma geração o planeta perderá 70% dos seus recifes de coral, os quais abrigam 25% da vida marinha. Consumiu-se nas últimas três décadas mais do que em toda a história da humanidade, e a tendência é de o consumo ser ainda maior no futuro.

Diante disso, vê-se que há muito o ser humano perdeu a motivação religiosa no trato com a natureza, substituindo-a por motivos de ordem econômica e científica. Aliás, a ciência teve e continua tendo uma grande parcela de responsabilidade na forma de relação homem-natureza. Ela aproximou os mistérios naturais de explicações acadêmicas concretas e facilitou a argumentação daqueles que viam nas matas, nas águas, nos animais apenas e tão somente matérias-primas coletáveis.

Esse afastamento do homem em relação ao teor divino que a natureza sempre teve, associado com a impregnação de ciência-economia-tecnologia puras, quantitativas e factuais mostra-se como a resultante final do paradigma industrial ainda vigente e as crescentes perdas ambientais, seu mais lamentável legado.

3         O Paradigma Industrial Sustentável

 

O desenvolvimento sustentável surge como o caminho de escape para reformular as relações diretas de sobrevivência do homem com a natureza.

O ex-economista do banco mundial Herman Daly acredita que a humanidade se encontra em uma encruzilhada histórica: pela primeira vez os limites da prosperidade acrescida se devem à falta, não de capital criado pelo homem, mas de capital natural... Cada vez mais, o fator limitador da humanidade é o declínio dos sistemas vivos, dos complementos essenciais (LOVINS,2000).

Tais sistemas incluem os fatores reguladores do clima e das correntes oceânicas, assim como as chuvas, os ventos, além dos organismos que fazem a reciclagem natural de nutrientes, a fotossíntese, a fixação de nitrogênio, os animais, as florestas, os mangues, as serras, as praias, os rios, etc. Tais sistemas executam trabalhos vitais gratuitamente e que se forem desativados acarretarão na morte dos seus habitantes, inclusive o homem. Logo estes trabalhos têm valor absolutamente inestimável, impagável.

Biologicamente falando,existe algo que não pode ser mudado: o ser humano é um consumidor nato. Isto significa que só sobrevivemos sobre o trabalho executado anteriormente por um organismo produtor, basicamente vegetais. Pode-se então afirmar que seria utópico falar em desenvolvimento sem que haja uma certa dose de degradação ambiental. Resta saber, ou até aprimorar o conhecimento de como podemos sobreviver como consumidores que somos, sem que destruamos os recursos necessários para nós mesmos no futuro e para os nossos descendentes, como está ocorrendo atualmente. A solução para este impasse é o desenvolvimento sustentável.

Segundo BARBIERI (1997, p.23), o termo desenvolvimento sustentável surgiu pela primeira vez em 1980 em um documento intitulado World Conservation Strategy, produzido pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e pela WWF (World Wide Fund for Nature). De acordo com este documento, uma estratégia que vise a conservação da natureza deve alcançar os seguintes objetivos:

1)   Manter os processos ecológicos essenciais e os sistemas naturais vitais necessários à sobrevivência e ao desenvolvimento do Ser Humano;

2)   preservar a diversidade genética; e

3)   assegurar o aproveitamento sustentável das espécies e dos ecossistemas que constituem a base da vida humana.

Em um trabalho como este que enfoca a Educação Ambiental, o primeiro eixo citado encontra um amparo sólido, à medida que com processos educacionais de qualidade é de se esperar que os processos ecológicos essenciais sejam melhor conservados ou mantidos.

Já para a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), conhecida como Comissão Brundtland, "desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras, de atenderem as suas próprias necessidades" (BARBIERI, p.23). Esta Comissão encerrou seus trabalhos em 1987 e o seu relatório denominado "Nosso Futuro Comum" formula uma série de princípios do desenvolvimento sustentável. Conforme foi relatado, o "desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro a fim de atender às necessidades e aspirações humanas" (BARBIERI, p.25). Novamente pode-se encontrar uma participação da EA no que tange a direção dos investimentos citados, além da mudança institucional, referindo-se à filosofia na qual as empresas, as indústrias, a sociedade em geral enfim estão inseridas. Esta guinada de mudança a ser feita para se alcançar o desenvolvimento sustentável deverá reformular muitas das bases industriais que conhecemos.

Estas considerações podem dar a entender que chegou-se a este ponto por "culpa" do desenvolvimento da ciência. Os avanços científicos não são maus por si só. Naturalmente esse tipo de radicalismo seria um sinal de profunda ignorância e até de ingenuidade. As descobertas científicas são um lado da moeda. O uso que se faz delas é o outro lado e, diga-se de passagem, de impacto decisivo no bom aproveitamento das descobertas pelo homem e até nos benefícios revertidos para a natureza.

O desenvolvimento sustentável está relacionado com toda esta gama de personagens: desde os movimentos políticos que sensibilizaram principalmente a juventude dos anos 50 em diante até com os avanços científicos que devem ser aliados preciosos para que os objetivos desse desenvolvimento sejam alcançados. E é inserida no conceito de desenvolvimento sustentável que começou a florescer a Educação Ambiental, por meados dos anos 60. Segundo Freire Dias (2000, p. 33) foi em março de 1965 que o termo Enviromental Education foi ouvido pela primeira vez na Grã-Bretanha, na Conferência para a Educação de Keele. No entanto, na época, era vista como conservação, ou ecologia aplicada, conduzidas pela biologia (Freire-Dias, 1998, p. 35). De lá para cá ela vem sendo cada vez mais discutida, repensada, aplicada e recebendo a atenção que merece, não só como uma reformulação para a educação de crianças, mas como uma reformulação da educação em geral, inclusive em âmbito profissional. Conceituar Educação é deveras complexo. No entanto é necessária uma definição de EA para prosseguir.

 

4         Conceituando a Educação Ambiental

 

A Educação Ambiental (EA) representa uma profunda reformulação da relação entre o homem e natureza, com o seu semelhante e até mesmo com as futuras gerações.

Graças a uma série de fatores históricos e culturais que vão desde um tratamento precário que se dá à educação, até uma má interpretação de suas propostas específicas, a EA ainda não tem um status que reflita a complexidade e o alcance das suas propostas, em especial no Brasil. Geralmente associa-se a EA com preservacionismo puro e simples, com campanhas de plantios de árvores que estejam sob risco de extinção, mutirões para a limpeza de terrenos ou de áreas de litoral que estejam poluídos e, finalmente a programas de televisão que tenham alcance regional e eventualmente alcance nacional.

Com isso, deve-se esforçar aquele que se interessa pelo tema, em compor uma imagem mais fiel da realidade e das propostas da EA. A Educação Ambiental é uma questão de lei no Brasil. Este é o primeiro país da América Latina a ter uma Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9795/99), na qual esta é conceituada: "Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade" Capítulo I (da Educação Ambiental, Art. 1.º, FREIRE DIAS, 2000, p. 202).

Outras propostas estão oficialmente contidas em diversos documentos produzidos em Conferências, Simpósios, Encontros internacionais e nacionais realizados com esse objetivo específico, dentre os quais destacamos a Conferência de Tblisi, em 1977. Esta Conferência que aconteceu em Tblisi, capital da Geórgia, ex-URSS entre 14 e 26 de outubro de 1977 e recebeu o nome de Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (FREIRE DIAS, 2000, p.104) é considerada o mais importante evento, de impacto decisivo na história da EA no mundo. A abrangência dada à EA neste evento, naturalmente foi muito grande. Graças a isso, abaixo foram selecionadas algumas passagens de seu relatório final,chamado de "livro azul" apenas no tocante à educação não-formal (profissional), que é visada neste artigo. As demais considerações sobre educação escolar, as ações governamentais, entre outros, não poderão ser abordadas.

Na Declaração da Conferência de Tblisi, orienta-se que a EA deveria dirigir-se à comunidade. Deveria interessar ao indivíduo em um processo ativo para resolver os problemas no contexto de realidades específicas e deveria fomentar a iniciativa, o sentido de responsabilidade e o empenho em edificar um futuro melhor.

Um dos vários pontos de especial interesse neste trabalho é o item i da recomendação n.º 1 das Recomendações da Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental aos Países Membros. Tal item diz o seguinte: "a EA deve dirigir-se a todos os grupos de idade e categorias profissionais:

§          ao público em geral, não-especializado, composto por jovens e adultos, cujos comportamentos cotidianos tem uma influência decisiva na preservação e melhoria do Meio Ambiente;

§          aos grupos sociais específicos, cujas atividades profissionais incidem sobre a qualidade desse meio; (grifos do autor)

§          aos técnicos e cientistas cujas pesquisas e práticas especializadas constituirão a base de conhecimentos sobre os quais deve sustentar-se uma educação, uma formação e uma gestão eficaz, relativa ao ambiente.

No que concerne aos Conteúdos e Métodos, a recomendação n.º 12 estabelece que "determinados setores da comunidade, como os constituídos pelos habitantes das zonas rurais, os administradores, os trabalhadores da indústria e os líderes religiosos, precisam de programas de educação ambiental adaptados a cada caso".

As próximas duas recomendações isolam pontos-chaves deste trabalho, por isso mesmo são transcritos na íntegra.. Observe:

A recomendação n.º 14 diz que:

A Conferência recomenda que os programas de formação técnica compreendam informações sobre as mudanças ambientais resultantes de cada atividade profissional. Desta maneira a formação técnica manifestará mais claramente as relações que existem entre as pessoas e o seu meio social, físico e cultural, e despertará o desejo de melhorar o meio ambiente, influindo nos processos de tomada de decisão.

A recomendação n.º 15 diz que:

Considerando que o meio de trabalho constitui um entorno local que influi física, social e psicologicamente em quem está submetido a ele.

Considerando que o meio de trabalho constitui o meio natural de aprendizagem de grande parte da população adulta, e é portanto um excelente ponto de partida para a educação ambiental de adultos, recomenda que aprovem os objetivos seguintes como pautas de suas políticas de educação sobre o meio de trabalho:

§          A possibilidade de que, nas escolas primárias e secundárias, os alunos adquiram conhecimentos gerais do meio de trabalho e de seus problemas;

§          A formação profissional deveria incluir a educação relacionada com questões do meio de trabalho de cada profissão ou especialidade concreta, compreendendo as informações sobre as normas sanitárias aplicáveis ao nível admissível de contaminação do meio ambiente, de ruído, vibrações, radiações e outros fatores que afetam ao homem.

Diante de tais pontos de amparo a este trabalho e a outros, compreende-se porque a Conferência de Tblisi ainda é um marco da história da EA e porque jamais poderiam faltar, embora poucas, algumas referências a ela.

4      Metodologia

5.1    Categorização do estudo

A pesquisa realizada partiu de uma metodologia exploratória, pois visou proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolveu levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e observação direta dos trabalhos de EA in loco.

O método utilizado refere-se, em primeiro lugar, a três estudos de caso realizado em empresas do setor automobilístico localizadas na cidade de Curitiba. Quanto à forma de abordagem do problema de pesquisa, realizou-se uma Pesquisa Qualitativa. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicos no processo de pesquisa qualitativa. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

 

5.2    Coleta de Dados

A coleta de dados consiste de dois tipos de levantamento: levantamento de campo e levantamento de arquivo. O levantamento de arquivo consiste em sistematizar todas as informações relativas à questão em estudo. Os métodos utilizados para levantamento de campo podem ser resumidos em quatro tipos diferentes de procedimentos: observação, entrevista, questionários e levantamentos físicos (medições).

5.3    Análise dos Dados

A análise dos dados partirá da metodologia usada pela equipe chefiada pelo professor Luiz Marcelo de Carvalho da Unesp de Rio Claro, na ocasião da análise dos materiais de EA em âmbito nacional, feita em 1996, que gerou o livro "Avaliando a Educação Ambiental no Brasil: Materiais Impressos". (TRAJBER e MANZOCHI, 1996).

A metodologia neste ponto concentra-se na análise do conteúdo pedagógico da amostra em dois eixos:

a)   Análise dos conteúdos. neste é averiguada a visão do processo educativo, os assuntos tratados, a concepção da relação homem-natureza, a visão do processo de produção do conhecimento, valores éticos, estéticos e políticos. Serão feitas a análise da natureza dos conhecimentos (quais são os processos naturais abordados e a interação homem-natureza), em seguida a análise dos valores éticos e estéticos e finalmente a análise dos aspectos relacionados com a participação política); e

b)   Apresentação (neste é averiguada a forma a dimensões, enfim, a materialização propriamente dita da amostra). Após uma amostragem significativa, a apresentação dos materiais foram enquadrados segundo os seguintes critérios:

-    livros didáticos;

-    livros paradidáticos;

-    cartilhas;

-    literários (literatura infanto-juvenil);

-    catálogos/folders;

-    folhetos;

-    periódicos;

-    brinquedos/jogos;

-    eventos (materiais de divulgação de passeios ciclísticos, campanhas de engajamento dos funcionários para limpeza de áreas, congressos, simpósios, etc.);

-    outros (informativos de ambientes, relatórios de reuniões e encontros, catálogos de plantas e animais, etc.);

-    sites na internet ou na intranet (este item foi aqui acrescentado, para adequar-se à realidade, visto que em 1995 a internet ainda não havia atingido o alcance de hoje);

-    CD-ROMs;

-    vídeos;

-    programas de televisão.

Obs.:  as mídias audiovisuais (as quatro últimas citadas) foram relacionadas de acordo com outra pesquisa feita em 2001, que gerou o livro "Avaliando a educação ambiental no Brasil: materiais audiovisuais. (2001).

6       Estudos de Casos

Inicialmente as três organizações abordadas serão apresentadas e posteriormente será feita a análise como descreveu-se acima.

6.1    Volvo do Brasil

A Volvo é uma organização de origem sueca, atuando em 25 países atualmente, reunindo um número aproximado de 74100 empregados. Sua fundação se deu em 1927 por Assar Gabrielsson e Gustaf Larson, sendo que a primeiro produto da organização foi o automóvel VOLVO Ö V4, produzido na cidade de Gotemburgo. Muito embora seja uma organização internacional, os negócios e as operações da empresa são conduzidos localmente, pois "cada cliente e cada mercado tem necessidades específicas" (Volvo na América do Sul, revista).

Estruturalmente a Volvo do Brasil se divide em: Volvo Caminhões, Volvo Ônibus (a Volvo é um dos maiores produtores mundiais de caminhões e ônibus pesados e está entre os três maiores da América do Sul. Sua rede de concessionários é formada por 12 grupos econômicos e conta com 73 pontos de vendas e conta com serviços estrategicamente distribuídos em todo o país. Os concessionários respondem pela distribuição anual de cerca de 4 mil caminhões e 1000 ônibus e também pelo atendimento pós-venda aos veículos da marca comercializados no país; ref. www.volvo.com.br), Volvo equipamentos de Construção e Volvo Motores Marítimos e Industriais (Volvo Penta), atendendo todo o mercado da América do Sul.

Algumas de suas unidades (como a que está em funcionamento em Curitiba – Volvo Truck Corporation) já estão certificadas pela ISO 14001 e outras estão concluindo a sua certificação nesta série.

6.2    Robert Bosch Ltda.

A empresa Robert Bosch surgiu na Alemanha em 1886, na cidade de Stuttgart, quando seu fundador desenvolveu um sistema então inédito de ignição. Hoje a empresa mostra a notória expansão que teve e está presente em 147 países. A Bosch produz componentes automotivos, ferramentas elétricas e pneumáticas, equipamentos hidráulicos, utilidades domésticas, equipamentos para oficinas, aparelhos eletrônicos e de telecomunicações.

No Brasil, a Bosch chegou em 1954, concentrando um montante considerável de investimentos fora da Alemanha, sendo a maior fabricante de componentes automotivos da América Latina, fornecendo-os para as indústrias, mercado de reposição e exportação.

Atualmente existem 4 fábricas em atuação no Brasil: a primeira em Campinas, SP, outra em São Paulo, capital, uma terceira em Aratu, BA e a quarta em Curitiba, PR.

Em Curitiba, a Bosch mantém uma fábrica de bombas injetoras (distribuidoras e em linha), bicos e porta injetores de motores a diesel, desde 1978. Esta unidade está localizada na CIC (Cidade Industrial de Curitiba) e foi certificada em 8 de dezembro de 2000 no Sistema de Ecogestão e Auditoria Ambiental (SEGA) e aguarda certificação da série ISO 14000. Segundo a auditoria realizada, os pontos fortes observados na fábrica foram o comprometimento da chefia e motivação dos funcionários nas questões ambientais, a aplicação e visualização do desdobramento de metas nas áreas, a infra-estrutura das instalações fabris, organização e limpeza e a participação e premiação em eventos de meio ambiente.

Nesta sede a Bosch conta com o trabalho de 3475 colaboradores, em uma grande área de 70.000 m2 de área construída.

6.3    Renault do Brasil Automóveis Ltda.

A Renault começou suas atividades em 1898 quando o seu fundador Louis Renault apresentou a um grupo de amigos um veículo chamado Voiturette construído por ele próprio. Na noite em que se deu a apresentação, Louis recebeu nada menos do que 12 encomendas para a construção deste veículo a serem entregues no final de 1899.

Inicialmente, a atuação da Renault se deu em corridas de automóveis, vencidas em muitas ocasiões por Louis e seu irmão Marcel Renault. Isto acabou por consolidar a confiança nos automóveis da fábrica.

Durante a primeira guerra mundial a fábrica produziu desde projéteis, até macas e motores de aviões. Os tanques leves F17, que ficaram famosos historicamente também foram fabricados pela Renault. Após a guerra, com nova direção, a fábrica voltou-se muito para o mercado externo, exportando nada menos do que 55% da sua produção, além de abastecer 30% do mercado interno da França. Após uma fusão frustrada com a Volvo, em 1993, a Renault vê-se totalmente privatizada e carregada de responsabilidades em 1996. Fecha a fábrica de Vilvoorde em 1997, reduz gastos e lança-se na internacionalização do mercado com fábricas na Rússia e Brasil.

A Renault iniciou suas atividades na Região Metropolitana de Curitiba, especificamente no município de São José dos Pinhais, no ano de 1997. Tal localidade está próxima à Serra do Mar, em uma área de mata atlântica. Conta hoje com um quadro de aproximadamente 2200 empregados, produzindo automóveis para atender ao mercado interno.

O grupo Renault, assim como as outras organizações tratadas neste trabalho, é uma organização de grande porte, multinacional. Assim, a sua gama de produtos é igualmente ampla. Atualmente conta com a produção de veículos de passageiros, veículos comerciais leves, agrícolas (Renault Tratores) e caminhões.

Na fábrica Ayrton Senna, em Curitiba, a Renault produz os modelos Scénic e Clio, enquanto que o Mégane, Laguna, Kangoo e Twingo que são de largo conhecimento público são importados. Outros são os modelos utilitários: Kangoo Express, Trafic e Máster, também importados.

Aliás, a Fábrica também oferece aos clientes a possibilidade de encomendar veículos especiais, como ambulâncias, mini-bus (modelo Trafic), blindados, frigoríficos, serviços de telefonia e patrulhas policiais.

 

6.4        Resultados

 

A análise dos dados se deu no sentido de avaliar que conhecimentos, que imagens éticas-estéticas e que tipo de participação se trabalha nos materiais de EA para os funcionários.

Inicialmente estão relacionadas abaixo as mídias levantadas nas visitas às organizações, de acordo com os critérios adotados. É uma visão mais qualitativa que quantitativa.

 

quadro 1 - Mídias utilizadas pelas empresas Volvo do Brasil, Robert Bosch Ltda. e Renault do Brasil

MÍDIAS

MATERIAL IMPRESSO

MATERIAL AUDIOVISUAL

Volvo do Brasil

 

 

Livros

não

-

Folhetos

não

-

Cartilhas

sim

-

Folders/catálogos

sim

-

Eventos

sim

-

Jogos/ brinquedos

não

-

Periódicos

sim

-

Outros

não

-

Cd-Rom

-

não

Internet

-

sim

Intranet

-

sim

Vídeos

-

não

Robert Bosch Ltda.

-

-

Livros

não

-

Folhetos

sim

-

Cartilhas

sim

-

Folders/catálogos

não

-

Eventos

sim

-

Jogos/ brinquedos

não

-

Periódicos

sim

-

Outros

não

-

Cd-Rom

-

não

Internet

-

não

Intranet

-

sim

Vídeos

-

sim

Renault do Brasil

-

-

Livros

não

-

Folhetos

não

-

Cartilhas

não

-

Folders/catálogos

não

-

Eventos

sim

-

Jogos/ brinquedos

não

-

Periódicos

sim

-

Outros

sim

-

Cd-Rom

-

não

Internet

-

não

Intranet

-

não

Vídeos

-

sim

FONTE: Pesquisa de campo

 

6.4.1    Análise da Natureza dos Conhecimentos

Uma fábrica que produz automóveis ou componentes não pode trabalhar no discurso de que sua atuação é inerte à natureza e desenvolver sua linha de Educação e treinamento sem admitir que a sua área de atuação tem um certo impacto ambiental. Assim, uma constante para todas as organizações é a de partir da realidade que suas ações são lesivas ao ambiente e,  depois disso, procurar um caminho que faça um contra-peso compensatório em termos de imagem perante os seus funcionários e a sociedade. Assim, a relação homem-natureza é enfocada, como de costume, no homem como explorador da natureza, coletor de seus recursos, porém, com um certo tom de que isso é feito já com um pouco de preocupação e planejamento para que a exploração seja o menos lesiva possível.

A Volvo trabalha seus conteúdos numa linha de apresentação de seus produtos, tendo a natureza como pano de fundo. Na revista de circulação interna e também destinada a caminhoneiros chamada "Eu Rodo" edição nº 91 foi publicada uma reportagem sobre o Parque Nacional do Iguaçu, discorrendo sobre as espécies típicas desse habitat e os programas turísticos disponíveis. Não se perdeu no entanto, a oportunidade de mostrar os ônibus da Volvo, da plataforma B7R, com câmbio automático e motor de 285 cv de baixos níveis de emissões de gases e ruídos, circulando no parque, usados para o transporte de turistas, associando, assim, a imagem da marca com a da natureza.

Em outro trecho da mesma revista noticia-se o uso de caminhões da empresa na renovação da frota usada pela Lwart Lubrificantes, especializada em coleta e refino de óleo já usado em automóveis. A mensagem de fundo é representada na sentença: "Além de proteger o meio ambiente, este controle (do óleo usado) vem favorecendo o crescimento de diversas atividades econômicas como acontece com a reciclagem de óleos lubrificantes de motores, atividade conhecida como rerrefeino". Assim, associou-se o aspecto ambiental com o econômico.

A fomentação da Educação é notada à medida que são divulgados os programas de EA pela internet, o já citado "Volvo Ocean Adventure". Existe uma constância em se interligar ciência (mostrada pela reciclagem antes citada, assim como pela do Parque Iguaçu), com preservacionismo, com a Educação e com a marca da empresa. A natureza por si e a sua preservação são uma grande bandeira que impulsiona a marca Volvo.

A Robert Bosch mostrou-se como uma organização bastante envolvida com a questão ambiental. Isto evidencia-se desde a preocupação da empresa com questões muito simples, como a de colocar os nomes científicos de plantas em placas nos seus caules, quanto em dispor de latas de reciclagem de lixo no estacionamento para que os funcionários possam trazer de casa o seu lixo e o enviarem para o destino correto. Outra mídia que se destacou nesta organização foi uma publicação na intranet da empresa, intitulada "Ecoclipping". Esta é feita por um departamento terceirizado de advogados, mas que aborda questões internacionais de problemas ambientais, sendo portanto coerente com o jargão da EA: "Pense globalmente, haja localmente".

Absolutamente singular é também o trabalho de voluntariado que a Bosch desenvolve (Somos herdeiros de Nossas Ações). Ao acompanhar os trabalhos desenvolvidos pelos colaboradores da empresa nas cooperativas a quem auxiliam, pode-se perceber o envolvimento e a empolgação com que eles participam, desde o auxílio nas reformas da Panificadora da Vila Verde até nos ensaios dos conjuntos de pagode que recebeu equipamentos da empresa. Finalizando, a natureza é tratada como alguém com problemas, mas por outro lado, as ações, a atenção e o cuidado das pessoas inseridos em um contexto ecológico-social é uma forma de minimizar os problemas.

A Renault mostrou-se na análise dos resultados, como uma organização voltada fortemente para uma preocupação com a certificação ambiental. Isso é natural, por ser uma empresa bem mais jovem no Brasil, comparativamente com as outras duas. Vários aspectos interessantes quanto aos conteúdos saltam aos olhos de um observador ao tomar conhecimento de tais mídias. Em certo ponto da apostila de treinamento lê-se: "A conquista do certificado ISO 14001, mostra que os nossos produtos, processos e serviços seguem uma norma internacional de preservação do ambiente. E isso é uma grande ferramenta para conquistarmos novos mercados, facilitar a exportação de nossos produtos e melhorarmos a qualidade de vida". Nesta passagem, pode-se notar que a primeira preocupação em obter a certificação não é tanto a natureza a ser preservada, mas a conquista de mercados.

Em uma das edições da revista "Em Linha" foi relatado o resgate de um sagüi que se alojou no alto de uma coluna no prédio da administração, um outro resgate de um ouriço encontrado próximo ao prédio da Pintura e finalmente de um tatu que estava se afogando na bacia de contenção. Curiosamente foi escrito no início da notícia que "...representantes da fauna local que parecem não estranhar a rotina de fabricação". Inevitavelmente o leitor deve se perguntar se de fato animais silvestres da Mata Atlântica não estranhariam a rotina de uma fábrica. O fato é que a Fábrica Ayrton Senna está construída em uma região de mananciais, com fauna muito densa, próxima à Serra do Mar, sendo que esta fauna local não tem como evitar entrar em suas dependências, afinal, é seu habitat. Esta notícia seria uma boa oportunidade de fazer os funcionários se conscientizarem novamente da área delicada onde trabalham e da responsabilidade de estar lá, e não de tentar incutir a idéia de que os animais silvestres já se acostumaram com a presença humana. Vale a pena lembrar que estes aspectos todos são resultado de uma série de variáveis que influenciam esta organização, sendo que a conquista de mercados para sobreviver à concorrência, a obtenção de certificação e o pouco tempo de instalação são as principais.

6.4.2    Análise dos Valores Éticos e Estéticos

A ética, no contexto da pesquisa, diz respeito à forma como a imagem e o significado na natureza são utilizados e com que propósito. Em uma delas (Volvo do Brasil), a natureza tem, nas mídias de EA a representação de riqueza a ser guardada e protegida, como por exemplo no texto e nas imagens da revista "Eu Rodo". A associação dos ônibus e da natureza do Parque Nacional do Iguaçu mostra também um forte componente de marketing nas mídias.

Já a Bosch tem um forte componente ético associado às suas mídias, sem necessariamente usar isso como ferramenta de marketing. O programa de voluntariado "Somos Herdeiros de Nossas Ações" não tem divulgação extensiva fora da empresa, dando mostras de que o que conta para a empresa nesse caso é a participação na sociedade. Esta parece ser uma linha de trabalho educacional mais voltada para os compromissos tradicionais do processo educativo: desenvolver cidadania e inclusão social, tanto dos colaboradores quanto das pessoas carentes auxiliadas pela empresa.

Finalmente a Renault tem como diretriz de sua linha ética (aparentemente ocasionado pelo pouco tempo da empresa no mercado) não extrapolar aquilo que se mostra necessário cumprir como normas técnicas. Assim, a mensagem implícita é que ao obter certificação ambiental a empresa está de acordo com o que é "correto" em termos ambientais. Em passagens das mídias usadas, os trabalhos de EA são voltados para que o funcionário tenha o comportamento técnico correto para não poluir, etc. e, assim, contribua com a empresa para cumprimento das normas mínimas. Maiores pretensões com o "correto", que levem ao social extra-fábrica não foram vistas até então.

Esteticamente falando, o discurso das três é o mesmo: mostrar a natureza de forma "bela", aproveitando as paisagens e o apelo emocional que estas têm para amparar os trabalhos de EA. Principalmente nas imagens, o componente visual das mídias é extensivamente aproveitado.

6.4.3    Análise dos Aspectos Relacionados com a Participação Política

O que predominou aqui foram as diferentes filosofias e interesses de cada empresa. De forma sucinta e direta: a Volvo tem um forte componente de participação dos funcionários, especificamente, em sugestões no ambiente fabril. Embora inexistam meios para se avaliar, para quem vê de fora, até que ponto estes contribuem, em entrevista com a engenheira responsável pela segurança do trabalho e meio ambiente existe uma ativa atuação dos funcionários em várias sugestões relativas a questões técnicas com desdobramentos em temas ambientais. A Bosch soma-se a esta prática, porém indo até mais longe, envolvendo os colaboradores em seus programas de voluntariado na sociedade. O já citado programa “Somos Herdeiros de Nossas Ações” incorpora os princípios de EA de uma forma raramente vista. É participação política e social impulsionadas pelo trabalho educacional de EA. A Renault tem um componente de participação mais discreto, cabendo "à alta diretoria" (como consta na cartilha de treinamento) as decisões das questões ambientais. De qualquer forma este é um componente aqui analisado que, com o tempo de trabalho de cada empresa, tende a ser melhor e mais intensamente desenvolvido.

7               Conclusões

As organizações ainda não despertaram plenamente para todas as aplicações e o alcance da Educação Ambiental, seja para seus funcionários individualmente, seja para elas próprias.

Após uma visão, antes específica e em seguida panorâmica, pode-se concluir que as mídias usadas na EA das empresas têm, em termos técnicos, um predomínio absoluto dos materiais impressos, como cartilhas, folders e revistas. Ainda há um pequeno investimento ou interesse nos materiais visuais e computacionais, como internet, intranet, vídeos e CD-ROMs. A partir do momento que as mídias computacionais teoricamente facilitam e estimulam o interesse nos trabalhos educacionais, investigar os porquês desta carência é tema de um possível trabalho futuro.

Além disso, outro aspecto que pode ser melhorado é a avaliação. Carecem métodos sistematizados de avaliação da EA trabalhada. Sabe-se que ferramentas de avaliação estimulam a empresa e os funcionários a eliminarem as fraquezas eventuais do trabalho educacional. Várias ferramentas podem ser usadas, e sugerir quais seriam cabíveis é outra sugestão de trabalho futuro. Tais ferramentas não precisariam (nem deveriam) ser similares aos meios escolares comuns, mas há de se pensar em meios avaliativos mais freqüentes, estimulando a participação dos colaboradores, incentivando-os com prêmios após bons resultados, de acordo com a filosofia de trabalho da organização.

Em termos de conteúdo, cada empresa tem o seu toque pessoal, mais voltado para o social (Bosch), para o técnico e da marca (Volvo) ou para a certificação (Renault). Mas, acima de tudo percebeu-se a falta de um objetivo educacional específico de longo prazo, como se não estivesse bem claro aonde as empresas querem chegar com seus trabalhos de EA, ou como se não tivessem ainda percebido onde a EA pode levá-las e também a sua marca. É necessário dar um fundo pedagógico bem estruturado à EA (pois estes carecem também) para alcançar objetivos maiores, mais significativos e definitivos. É público e notório que a questão ambiental é de grande importância atualmente. Assim sendo pode-se dizer que os gestores sabem da importância do tema. Transformar essa conscientização em ações concretas, com metas claras, no sentido de orientar as empresas a serem sistemas organizacionais onde as pessoas possam aprender para serem promotores do crescimento organizacional e da transformação da sociedade é a próxima e grande barreira. Tal transformação social (e educacional) tem total possibilidade de começar a ocorrer dentro das empresas por serem ambientes mais autônomos e dinâmicos que as instituições educacionais formais. É uma ação inovadora e empreendedora.

Finalmente, para quem trabalha com EA são evidentes as potencialidades que há nesta prática. Resta às empresas crerem e investirem na EA de excelência. Elas próprias têm a ganhar, à medida que seus funcionários estarão melhor preparados e conscientes e podem também aprimorar seus meios de produção e conquistar mercados preocupados com o problema ambiental; a sociedade tem a ganhar por conviver com empresas bem intencionadas, responsáveis e competentes e por ter recursos preservados para as gerações futuras e acima de tudo a natureza ganha por ser bem gerenciada e preservada.


Referências

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FREIRE DIAS, Genebaldo. Educação ambiental: princípios e práticas. 6.ed. São Paulo: Gaia, 2000.

LOVINS, H; LOVINS, A. Capitalismo natural. 1.ed. São Paulo: Cultrix; Amanda Key, 2000.

PELIZZOLI, M. L. A emergência do paradigma ecológico. 1.ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

TRAJBER, R.; MANZOCHI, L. N. Avaliando a educação ambiental no Brasil: materiais Impressos. São Paulo: Gaia, 1996.

TRAJBER, Rachel; BARBOSA DA COSTA, Larissa. Avaliando a educação ambiental no Brasil: materiais audiovisuais. 1.ed. São Paulo: Fundação Peirópolis, Instituto Ecoar para a Cidadania, 2001.

WILSON, Edward. O Futuro da Vida: um estudo da biosfera para a proteção de todas as espécies, inclusive a humana. 1. ed. Rio de Janeiro: Campos, 2002.

 

Consulta as mídias das empresas Renault, Bosch e Volvo do Brasil

ANFAVEA. www.anfavea.com.br. p.59.

BOSCH LTDA. Manual de integração. Curitiba, 2000. p.70

BOSCH LTDA. Regras gerais de segurança. Curitiba, 2000. p.70

BOSCH LTDA. Responsabilidade social. Curitiba, 2000. p.72. (fita de vídeo).

RENAULT. Em Linha, Curitiba, 2001. p.43.

RENAULT. Sistema de gestão ambiental. Curitiba, 2001. p.81. (Cartilha).

RENAULT. web Renault. www.renault.com.br. p.78.

VOLVO DO BRASIL. Relatório ambiental. Curitiba, 1999. p.62.

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