CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE NATURAL E DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DOS USUÁRIOS DE UM BALNEÁRIO NA COMUNIDADE DO MACURANY, CIDADE DE PARINTINS, AM.
Esp. Sipriano Ribeiro Coelho
Pós-graduado em Educação Ambiental, CESP-UEA, email: sipra_@hotmail.com
Msc. Adailton Moreira da Silva
Mestre em Ciências Biológicas, CESP-UEA, email: amdsilva@uea.edu.br
Resumo: O objetivo do presente trabalho é caracterizar o ambiente natural e a consciência ambiental dos freqüentadores do balneário conhecido popularmente de “regaço ecológico” localizado na comunidade do Macurany, Parintins, AM. No estudo utilizou-se a observação in lócu, onde foi possível uma visão abrangente da problemática em questão. Entrevistas com questionários pré-elaborados foram aplicados no período de janeiro a março de 2010. Foram realizadas coletas de resíduos sólidos, utilizando recipientes de madeira padronizados, com intuito de caracterizar o manejo destes resíduos pelos banhistas. Também foram realizadas análises microbiológicas e físico-químicas de amostras de água coletadas do balneário. Como não há um padrão de analise da consciência ambiental, a coleta de resíduos serviu como base para o estudo. Entre as 04 caixas usadas para a coleta do lixo, apenas 02 apresentavam 90% de sua capacidade utilizada. 55% do percentual de visitantes têm idade entre 20 a 34 anos, sendo estes os que mais freqüentam o local. Os resultados demonstram que a questão sobre a consciência ambiental ainda é algo que precisa ser trabalhado de forma intensa. A análise microbiológica e físico-química da água, nas amostras coletadas mostrou que as mesmas contem Coliformes totais e E. coli presentes em sua composição, o que pode representar um reflexo da degradação ambiental que o local está sofrendo. As ações antrópica contribuem para o desgaste dos recursos naturais tendo conseqüência futuras um desequilíbrio nos ecossistemas locais.
PALAVRAS CHAVE: Meio Ambiente; Consciência ambiental; Ação antrópica.
INTRODUÇÃO
Nas ultimas décadas a humanidade tem presenciado inúmeras transformações na natureza o que tem causado o aparecimento de grandes fenômenos naturais como: fortes tempestades, grandes inundações, terremotos, maremotos, aumento da temperatura etc. Nos últimos séculos, os países desenvolvidos não pouparam esforços em explorar de maneira impensada os recursos naturais, essa ação ao longo do tempo tem se mostrado desastrosa. No decorrer da historia, as civilizações no ímpeto de adquirir poderes demasiados em detrimento de conquistas cada vez maiores no que se refere a outras nações, não se preocupou em tomar medidas para que suas ações fossem prejudicar o meio ambiente.
De acordo com Dias (2002) as mudanças induzidas pelo ser humano ocorrem mais rapidamente e são, geralmente, mais difíceis de serem revertidas. Resolver essas disparidades é o único caminho para se assegurar um futuro mais sustentável para o planeta e para a sociedade. As grandes mudanças do clima, o derretimento das calotas polares, o aquecimento global e as mais variadas epidemias que surgem ao longo do tempo são alguns exemplos do mau uso ou da forma inadequada de explorar os bens naturais pelo ser humano. O pensamento de conservação ou preservação, ainda é algo novo, se olharmos para trás, mas significa que o homem, ainda que tarde, começa a admitir sua divida com a natureza, isso é algo positivo na medida em que se começa a pensar na melhor forma de explorar as riquezas que a natureza nos oferece, sem prejudicá-la e deixando assim uma melhor expectativa para as gerações futuras.
A utilização da natureza sem um planejamento adequado de sua preservação e usufruto racional dos seus recursos pode trazer sérios problemas e conseqüências desastrosas às gerações futuras. Jacobi (2003) lembra que a falta de informação, de consciência ambiental e uma ausência de práticas comunitárias fundamentadas na inclusão e comprometimento dos cidadãos, promovem juntas uma postura de falta de responsabilidade e cômoda espera da sociedade por iniciativas governamentais. É necessário transformar esta realidade e adotar uma nova cultura de direitos e deveres, apoiada na motivação e participação ativa de todos os setores ligados na gestão e cuidados ambientais. Essas mudanças de atitudes podem ser responsáveis por provocar uma participação mais crítica da sociedade na discussão dos fatores que levam à escolha de um futuro, sendo também uma maneira de detectar problemas, discutir objetivos e soluções por parte de todo um conjunto social. Nesse sentido, Jacobi (2003) nota que a trajetória a ser traçada transcorre inevitavelmente por uma modificação no acesso às informações e por mudanças institucionais que afiancem abertura e clareza em toda a sociedade.
Um dos obstáculos que impede o meio ambiente de ser algo sustentável e perfeitamente equilibrado são as ações antrópicas causadas na maioria das vezes sem um estudo prévio, acarretando em danos às vezes irreversíveis à natureza. O pensamento sobre as práticas sociais em um cenário caracterizado pela constante degradação ambiental, assim como do seu ecossistema, agrega uma articulação pertinente à produção de um sentido lógico sobre a consciência ambiental.
As ações antrópicas nas ultimas décadas têm sido imperativas em relação ao meio natural, fazendo com que o homem enfrente desafios cada vez maiores no que se refere à capacidade limitada dos ecossistemas em sustentar o elevado nível atual de consumo material, além das atividades econômicas, juntamente com o crescimento populacional exagerado, causando conseqüências desastrosas ao meio ambiente. Segundo Becher (2001) o desenvolvimento somente será sustentável se for simultaneamente competitivo, eqüitativo e ecológico. Nesse contexto, é fundamental que se reconheça a existência de limites biológicos e físicos da natureza; parte principal da sustentabilidade, que haja concordância de onde estamos posicionados em relação a esses limites sendo possível, desta maneira, estabelecer direções a serem tomadas e que se entenda de que para se reduzirem os impactos de maneira igualitária, é preciso que o excesso e a falta encontrem o balanço; criando aqui, uma dimensão ética e social.
O meio ambiente no Brasil, apresenta-se extremamente vulnerável. A educação em seu sentido mais amplo enfrenta acentuados problemas de qualidade e não alcançou patamares desejáveis de democratização. Se a cidadania, em sua expressão clássica, ainda engatinha, a ecocidadania, por sua vez continua revestida de um caráter utópico e distante (LOUREIRO et al, 2002). Segundo Soffiati (1997) um dos traços mais globalizados da crise refere-se às alterações de ordem climática mundial, além da depleção de recursos não-renováveis, como o petróleo, o gás natural e vários outros minérios. O empobrecimento acelerado da diversidade da vida tem preocupado cientistas e ativistas dos movimentos de proteção ao meio ambiente. Nesse sentido, Dias (2003) nota que de fato, as mudanças devem começar dentro de cada um de nós. Após a revisão de nossos hábitos podemos de certa forma, através da adoção de novos comportamentos, contribuir para a diminuição da degradação ambiental e para a defesa e promoção da qualidade de vida. Assim, a atuação educativa como instrumento acrítico, considerando a concepção do ambiente como algo retificado, facilita o entendimento sobre o que podemos realizar de concreto na prática educativa é sensibilizar, minimizar ou mitigar os problemas existentes no contexto atual, por uma gestão de uso correto dos recursos naturais existentes (AGNELLZ, 2006).
Os igarapés fazem parte da cultura da população Parintinense e constituem numa alternativa de lazer e entretenimento (os chamados “banhos”), principalmente para a população de baixa renda. A evolução da degradação nos lugares que ainda hoje são utilizados para este fim certamente os tornará impróprios para estas atividades (Silva e Silva, 1993). Segundo a resolução Conama 020/86 (BRASIL, 1986), no seu art. 26, as águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade (recreação de contato primário) serão enquadradas e terão sua condição avaliada nas categorias excelente, muito boa, satisfatória e imprópria, da seguinte forma: (1) excelente: quando em 80% ou mais em um conjunto de amostras obtidas houver, no maximo, 250 coliformes fecais por 100 mililitros ou 1250 coliformes totais por 100 mililitros; (2) muito boa: quando em 80% ou mais em um conjunto de amostras obtidas houver, no maximo, 500 coliformes fecais por 100 mililitros ou 2500 coliformes totais por 100 mililitros; (3) satisfatória: quando em 80% ou mais em um conjunto de amostras obtidas houver, no maximo, 1.000 coliformes fecais por 100 mililitros ou 5.000 coliformes totais por 100 mililitros e (4) imprópria: quando ocorrer no trecho considerado, circunstancias como não enquadramento em nenhuma das categorias anteriores; incidência relativamente elevada ou anormal de enfermidades transmissíveis por via hídrica; sinais de poluição por esgotos; presença de resíduos ou dejetos, sólidos ou líquidos como; óleos ou graxas e etc; ph menor que 5 ou maior que 8; presença de parasitas na água que afetem o homem ou presença de hospedeiros intermediários infectados.
Nesse sentido, analisar os fenômenos que ocorre no balneário existente na comunidade do Macurany é um fator de relevância para entendermos essa relação homem e meio ambiente, assim como, o desenvolvimento de maneira sustentável no sentido de ser uma fonte de melhorias não só para a comunidade local mais a sociedade como um todo. Assim, esse trabalho tem como objetivo caracterizar o ambiente natural e a consciência ambiental dos freqüentadores do balneário conhecido como “regaço ecológico” localizado na comunidade do Macurany cidade de Parintins Amazonas, a fim de conhecermos os possíveis fatores que podem influenciar no equilíbrio de ambientes naturais.
MATERIAIS E MÉTODOS
Durante o período da pesquisa, a qual aconteceu de janeiro a março de 2010, foram realizadas visitas periódicas in lócu, a fim de conhecer um pouco mais sobre a dinâmica que ocorre no ambiente devido à ação do homem. Foram realizadas entrevistas e aplicados questionários pré-elaborados dirigidos aos freqüentadores do balneário num total de 30 (trinta). Também foram coletadas amostras para análise das condições físico-químico com o intuito de verificar a existência e/ou ausência de microorganismos, condições de pH e temperatura da água, assim como, coleta dos resíduos produzidos pelos banhistas. Com a intenção de verificar a consciência ambiental dos freqüentadores foi elaborado um esquema de confecção de quatro recipientes de madeira padronizada com a palavra lixo em suas bordas. Os recipientes foram colocados em pontos estratégicos a partir da margem. A partir deste esquema foi possível analisar de forma abrangente a problemática da questão sobre o comprometimento coletivo e individual dos cidadãos sobre o meio ambiente no local.
No estudo bacteriológico e físico-químico da água do balneário foram coletadas 03 amostras de 100 ml de água entre dois pontos distintos, localizados na área do balneário. A metodologia envolveu procedimentos (para freqüência e interpretação de resultados estabelecidos) recomendados pela legislação em vigor segundo portaria nº518/2004 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006), que utiliza como parâmetro às determinações de Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater de autoria das instituições American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Enviromente Federation (WEF). O método utilizado foi o Substrato Cromogênico definido ONPG-MUG que confere resultados confirmativos para presença de Coliformes totais e E. coli em 24 horas, o desenvolvimento de coloração amarela e observação de fluorescência sem a necessidade de adição de outros reagentes para confirmação. Na determinação do pH foi utilizado o medidor de ph (Potenciômetro) com eletrodo especifico e soluções tampões. A temperatura foi medida através de um termômetro de mercúrio, realizado no próprio local do balneário.
RESULTADOS E DISCUSÃO
Parintins (figura 1) está localizado a 2°36’48’ de latitude Sul e 56°44’ de longitude para Oeste. Estando localizado a Leste do Estado do Amazonas no limite com o Estado do Pará à margem direita do Rio Amazonas, na micro região homogênea 07 Médio Amazonas, distando 369 Km em linha reta e 246 milhas náuticas por via fluvial da capital do Estado – Manaus. Abrange uma área de 7.069 quilômetros quadrados, e localiza-se sobre formações quaternárias e terraços holocênicos no setor ocidental do Estado do Amazonas. Parintins possui nove distritos, segundo a Lei Municipal n° 01/79 de 18 de abril de 1979, que são: Parintins, a sede do município, Vila Amazônia, Mocambo, Zé Açu, Cabury, Sabina (Mamurú), Marajó, Valéria e Tracajá (SAUNIER, 2003).
Figura 1: Vista aérea da Cidade de Parintins, AM. Fonte: SEMSA – Vigilância Epidemiológica – Parintins, AM.
Nos últimos anos, a cidade de Parintins vem crescendo tanto em população como em desenvolvimento econômico, cultural e educacional. Há também reconhecimento no cenário nacional e internacional no que diz respeito ao turismo em relação à festa folclórica do boi-bumbá, além das belezas naturais existentes na cidade. Com uma população de 107.250 habitantes (IBGE, 2008), o município de Parintins tem sua economia praticamente fundamentada no setor primário. A agricultura junto com a pecuária completa a formação econômica deste setor, com peso da ordem de 25%. A pecuária é atividade de maior peso, 75% no setor primário. Compreende principalmente a criação de bovinos, vindo a seguir a criação de suínos, ovinos, asininos e caprinos. O setor pesqueiro desponta como um dos principais entrepostos de pesca do Estado, tanto para o consumo local como para exportação para outros municípios. O extrativismo vegetal é pouco representativo na formação do setor primário, mas destacam-se a exploração de borracha, cumaru, gomas não elásticas, pau-rosa, madeira, óleo de copaíba e andiroba.
O balneário conhecido como “regaço ecológico” é um local de entretenimento onde inúmeras pessoas, assim como famílias, vão aos finais de semana para passear, brincar, relaxar e se divertirem. O balneário está localizado na comunidade do Macurany (figura 2) ao sul da cidade de Parintins aproximadamente dois quilômetros da sede. Formado por inúmeras nascentes que cortam a floresta ainda existente, possui águas características de igarapés de cor avermelhada, com uma temperatura agradável que atrai banhistas de todas as partes da cidade e até mesmo de outros lugares, o local também oferece uma rica paisagem natural enaltecida ainda mais no período da enchente quando as águas do lago do Macurany adentram suas dependências completando a natureza exuberante como mostra a figura 3.
Ao longo do tempo o balneário vem sofrendo com as ações antrópicas tanto, com a intensidade da derrubada da mata para plantio de capim na elaboração de campo para criação de gado, restando somente uma faixa delimitada da mata ciliar, com pouca vegetação como mostra a figura 2, quanto, o aumento de moradias para famílias que estão chegando de outras localidades e se instalando nas proximidades do balneário. Outro fator importante é a expansão da cidade que nos últimos anos tem atingido a localidade com a implantação de um conjunto habitacional a pouco mais de um quilômetro da área do balneário, fato que poderá em pouco tempo, se não houver um plano bem elaborado de gestão urbana, afetar diretamente a qualidade de vida dos moradores da região.
O acúmulo de resíduos sólidos e de difícil decomposição e a falta de sensibilidade por parte dos próprios freqüentadores que sem perceber colaboram para que o local fique inadequado para a balneabilidade é um problema sério. Se não houver uma mudança de hábitos com relação ao cuidado com o ambiente, esses fatores juntos poderão favorecer o desaparecimento das nascentes que alimentam o balneário e causar o desequilíbrio do ecossistema local. A região é formada por um relevo plano característico da Amazônia, circundado ao Sul pelo lago do Macurany e seus afluentes, ainda apresenta uma vegetação nativa de capoeira e alguns pontos de vegetação secundária formada principalmente por castanheiras e buritizeiros que servem de mata ciliar para as nascentes que brotam no local.
B
Figura
2: A)
Mapa da Cidade de Parintins, mostrando a localização exata da área em estudo. B)
Foto mostrando o aspecto e localização em vista aérea do balneário. Fonte: IBGE
e www.google.com.br/terra.
Figura 3: A) Frequentadores do balneário em dias comuns. B) Aspectos do local do balneário. Fonte: Pesquisa de campo.
Depois de várias observações e de entrevistas feitas entre os moradores do local, verificou-se que as principais atividades econômicas praticadas na região são: o cultivo de hortaliças e vegetais que representa uma pequena parcela, sendo praticada por apenas algumas famílias que cultivam mandioca e milho; o extrativismo que representa um ganho extra para as famílias que fazem a coleta de castanhas nos períodos de safra, visto que, a região detém um número considerável de castanheiras em seu entorno servindo de renda por um determinado tempo; a pesca que é a atividade praticada por uma parcela maior dos moradores da comunidade, realizada ao longo do ano nos lagos do Macurany e Parananema, locais de acesso rápido, pois a comunidade é margeada por esses lagos dos quais são retirados quantidades necessárias de pescados para a sustentação das famílias que ali residem, sempre respeitando a época do defeso.
Dentre essas atividades há, porém, outra que pode representar a atividade que mais agride a composição natural da região. Trata-se da pecuária, ocupando uma grande parte da área correspondente à comunidade, força a derrubada da mata nativa para o plantio de capim para a criação de gado, afeta diretamente todo o ecossistema do local visto que, a cada árvore derrubada milhares de seres microscópios que vivem nesses locais são extintos deixando de fazer o seu respectivo papel num ecossistema, por fim, as derrubadas também afetam o fluxo das águas que emergem de nascentes próximas e tem seu nível de potencial afetado, estando em risco de desaparecerem em pouco tempo, como Silva e Silva (1991) demonstra em seu trabalho sobre os igarapés da Cidade de Manaus, onde a grande quantidade de resíduos sólidos e esgotos industriais, em dez anos poluíram alguns igarapés que serviam para a prática de balneabilidade.
Durante a pesquisa foram feitos aplicações de questionários pré-elaborados que demonstraram o aspecto de consciência ambiental dos moradores e freqüentadores relacionado, não só ao local estudado, mais também, ao conjunto de fatores que estão envolvidos na relação homem e meio ambiente. A figura 4 demonstra que o local é freqüentado por pessoas de varias idades entre elas existe um numero maior de pessoas de 20 a 35 anos de idade, representando cerca de 55% dos entrevistados. Além disso, 40% estão estudando ou já concluiu o ensino médio e alguns têm o ensino superior, apesar de serem pessoas de várias idades, são também de escolaridades diferentes e que moram em bairros também diferentes na cidade.
Figura 4: Gráfico monstrando o perfil das pessosas que frequentam o balneário. Fonte: entrevista com os frequentadores do balneário.
O lugar atrai pessoas de varias partes da cidade assim como, visitantes que estão em transito pelo município, de férias ou a passeio que são convidados por amigos e pessoas da família a conhecer o local. Por se tratar de uma região que oferece atrativos naturais e de estar afastado do centro urbano, o balneário do regaço, tem se tornado referencia na cidade para a prática de lazer e entretenimento. A figura 5 demonstra quais dos atrativos naturais que mais se destaca entre os banhistas, dentre eles a água se destaca com 42% da preferência entre os frequentadores.
Figura 5: Gráfico mostrando qual o atrativo do balneário que mais se destaca pelos banhistas. Fonte: entrevista com os frequentadores do balneário.
O lugar é freqüentado por inúmeras pessoas que vêem sempre acompanhados de amigos e principalmente com a família que aproveita os finais de semana e feriados para relaxarem e diminuir o estresse do trabalho durante a semana, assim como, curtir toda a beleza natural que local oferece. A figura 6 mostra que 76% são o percentual de freqüência dos banhistas que sempre vão ao balneário, isso demonstra que por a cidade não ter muitos atrativos que possibilite o entretenimento às famílias no final de semana, o local serve de referencia para essa prática de lazer.
Figura 6: Gráfico mostrando qual a freqüência de visita ao local pelos banhistas. Fonte: entrevista com os frequentadores do balneário.
Depois de várias observações no local constatou-se a falta de estrutura para o armazenamento de resíduos sólidos. Assim foi realizada coleta desses resíduos, com intuito de identificar e/ou analisar até que ponto, os freqüentadores iriam reagir com relação ao lixo produzido pelos próprios banhistas e que ficavam expostos e jogados diretamente no chão e até mesmo na água, foram colocadas lixeiras em pontos estratégicos do balneário como mostra a figura 7, no total de quatro caixas de madeira padronizadas com a palavra “lixo” inscrita em sua borda.
Figura 7: Caixa para coleta de resíduo sólido colocadas em locais estratégicos. Fonte: Pesquisa de campo.
Essas caixas foram expostas aos finais de semana nos meses de janeiro a março de 2010. Foram utilizados os domingos por se tratar de um dia onde há um fluxo maior de pessoas no local. Depois de dez horas de exposição, como mostra a tabela 1, verificou-se que as caixas 1 e 2 que estavam mais distante da água, continham mais resíduos (copos descartáveis, garrafas pet, embalagens de salgados e etc.), registrando 100% da capacidade de armazenamento de resíduos sólidos. Por outro lado as caixas 3 e 4 posicionadas nas margens do balneário apresentavam em seu interior apenas 10% da sua capacidade de armazenagem.
TABELA 1: Resultados quantitativos da coleta de resíduos sólidos no balneário
Nº de caixas |
Local estratégico |
Total de lixo |
Porcentagem |
caixa – 1 |
a 10 mts. d’gua |
5 kg |
100% |
caixa – 2 |
a 15 mts. d’gua |
4 kg |
90% |
caixa – 3 |
Na margem do banho |
1 kg |
20% |
caixa – 4 |
Na margem do banho |
0,5 kg |
10% |
Fonte: Trabalho de campo realizado no balneário.
Tal fato pode estar relacionado com a falta de habito dos freqüentadores desse local em ter a sensibilidade de não jogar o lixo em qualquer lugar, isso ficou constatado, pois, na área da margem do balneário, o lixo permanecia exposto diretamente na água espalhados em torno dos próprios banhistas. De fato existe uma barreira de cultura e modos que possibilite o comprometimento individual e coletivo na difícil tarefa de manter, ou de pelo menos se tentar preservar o ambiente limpo em condições adequadas.
A tabela 2 mostra a interpretação para a análise microbiológica da água com os padrões de coloração (Incolor - negativo, Amarelo – positivo para coliformes total e Florescência neon – positivo para coliformes total e Eschirichia coli). A figura 8 demonstra a análise microbiológica no laboratório com respectivas colorações e medição de temperatura da água.
TABELA 2: Interpretação para análise microbiológica da água.
Microorganismos |
Coloração |
Resultado |
Observação |
Coliformes Totais, E. coli |
Incolor |
Negativo |
Prazo para verificação de 24 horas |
Coliformes Totais, E. coli
|
Amarela |
Positivo p/ C. total |
|
Coliformes Totais, E. coli |
Fluorescência sob lâmpada UV de 365nm e 6 W |
Positivo p/ C. Total e E. coli |
Fonte: Laboratório do Sistema de Abastecimento e Esgoto de Parintins, AM – SAAE.
Figura 8: A) Analise Microbiológica da água em laboratório mostrando os tipos de coloração de acordo com a presença ou não de microorganismos. B) Medição da temperatura da água no próprio local. Fonte: Pesquisa de campo.
A tabela 3 mostra o resultado das três amostras analisadas, onde todas apresentaram resultado positivo para coliformes totais e E. coli, indicando que as águas do balneário encontram-se contaminadas com microorganismos provindos de fezes de animais de sangue quente, que pode ser de animais mamíferos que circulam nas proximidades ou até mesmo de pessoas. No entanto, não foram encontradas nas amostras substancias proveniente de esgotos, óleos ou graxas e resíduos sólidos em grande quantidade o que poderia de acordo com a resolução do Conama 020/86, demonstrar que a mesma estaria imprópria para a prática de balneabilidade. A análise do pH demonstrou um valor de 4,93 e o estudo da Temperatura realizada no próprio local, no dia 10 de março de 2010, às 15h35min horas, apontou uma temperatura de 30º C. Todas as análises foram realizadas com o apoio do Sistema de Abastecimento de Água e Esgoto de Parintins, AM – SAAE, que forneceu o material necessário para as análises.
TABELA 3: Análise microbiológica e físico-química da agua do balneário.
Amostras |
Microorganismos |
Coloração |
Resultado |
Tempo |
Amostra – 1 |
Coliformes Totais, E. coli |
Fluorescência sob lâmpada UV de 365nm e 6 W |
Positivo p/ Coliformes Totais e E. coli |
24 horas |
Amostra – 2 |
Coliformes Totais, E. coli |
Fluorescência sob lâmpada UV de 365nm e 6 W |
Positivo p/ Coliformes Totais e E. coli |
24 horas |
Amostra – 3 |
Coliformes Totais, E. coli |
Fluorescência sob lâmpada UV de 365nm e 6 W |
Positivo p/ Coliformes Totais e E. coli |
24 horas |
Fonte: Laboratório do Sistema de Abastecimento e Esgoto de Parintins, AM – SAAE.
CONCLUSÃO
As questões ambientais desde a década de 70 no Brasil vêem tentando às vezes de todas as formas ganharem espaço e reconhecimento pela luta em prol ao meio ambiente, tanto por parte da sociedade, e principalmente pelas grandes empresas e multinacionais que exploram os recursos naturais existentes, em especial os produtos derivados de combustíveis fósseis, considerados os maiores poluidores. Atualmente a humanidade enfrenta vários problemas de cunho natural, as grandes enchentes, as tempestades, nevascas, tornados e a mudança do clima com o aquecimento global, já deixaram um rastro de dor, miséria e milhares de mortos em todos os cantos do mundo. A visão de que é necessário ter consciência na forma de explorar os recursos naturais e de manter o equilíbrio dos ecossistemas, já está bem avançada, no entanto, é preciso que haja mais comprometimento coletivo e individual para que juntos possamos alcançar um desenvolvimento sustentável e equilibrado evitando assim a destruição do planeta.
Com esse trabalho pôde-se ter uma visão, se não completa, mas realista de como está a consciência ambiental em relação à ação antropica que ocorre no balneário conhecido como “regaço ecológico”. A região do balneário ao longo dos anos sofre com as alterações feitas pelo homem, na busca de melhorias para si e seus familiares, nelas incluem a derrubada das matas, o aumento de moradias, expansão do espaço urbano além da falta de sensibilidade dos freqüentadores do balneário com os resíduos sólidos por eles produzidos, o que contribui para agravar as condições ambientais, sociais e culturais do local. Dessa forma, é preciso que haja por parte das autoridades constituídas a implementação de projetos ambientais que possibilitem maior integração da sociedade na sensibilização sobre as causas da destruição do meio ambiente que hoje já podemos observar, no sentido de frearmos a degradação do ambiente e darmos a oportunidade para as gerações futuras de poder usufruir o que ainda resta de recursos naturais.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGNELLZ, A.C. A implementação da atividade turística em Brotas-SP: euforia e declínio. Centro Universitário de Araraquara. São Paulo: UNIARA, Programa de pós-graduação em desenvolvimento regional e meio ambiente, 2006.
BECHER, D.F. (Org). Desenvolvimento sustentável: necessidade e/ou possibilidade? 3ª ed. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2001.
BRASIL. Resolução CONAMA 020 de 1986. Estabelece a classificação das águas, doces, salobras e salinas do Território Nacional. Brasilia: CONAMA, 1986.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 8ª ed. São Paulo: Gaia 2003.
DIAS, G.F. Pegada ecológica e sustentabilidade humana. São Paulo: Gaia, 2002.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Senso Demográfico de 2008. Brasilia: IBGE, 2008.
JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Caderno de Pesquisa, São Paulo, n. 118, 2003.
LOUREIRO, C.F.B.; LAYRARGUES, P.P.; CASTRO, R.S. (Orgs). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Controle da Qualidade da Água. Determinação de análises microbiológicas e físico-quimicas. Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento – ASSEMAE/FUNASA. Brasilia/DF, 2006.
SAUNIER, T. Parintins – Memórias dos Acontecimentos Históricos. 1ª ed. Manaus: Valer, 2003.
SILVA, E.; SILVA, C.P.D. A expansão de Manaus como exemplo do processo de extinção dos igarapés. In: Ferreira, E.J.G.; Santos, G.M.; Leão, E.L.M; Oliveria, L.A (Eds) Bases científicas para Estratégias de Preservação da Amazônia. Vol. 2. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, (1991).
SOFFIATI, A. Tipos de ecossistemas: uma proposta para discussão. In: Espaço Cultural nº 2, Campos dos Goitacases, Faculdade de Medicina de Campos, 1997.