A IMPORTÂNCIA DA AULA PRÁTICA PARA A CONSTRUÇÃO SIGNIFICATIVA DO CONHECIMENTO: A VISÃO DOS
PROFESSORES DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA
Sarah Luchese Peruzzi¹
Luciana Fofonka²
Resumo
A aula prática constitui um importante recurso metodológico facilitador do processo de ensino-aprendizagem nas disciplinas da área das Ciências da Natureza. Através da experimentação, alia teoria à prática e possibilita o desenvolvimento da pesquisa e da problematização em sala de aula, despertando a curiosidade e o interesse do aluno. Transforma o estudante em sujeito da aprendizagem, possibilitando que o mesmo desenvolva habilidades e competências específicas. Nesse contexto, o presente artigo objetivou analisar, através de uma pesquisa quali-quantitativa realizada com dez professores das áreas das Ciências da Natureza, a importância da aula prática para a construção significativa do conhecimento do aluno na visão do professor. Com a análise dos resultados obtidos na pesquisa foi possível observar que os docentes concordam e acreditam que a aula prática seja um recurso importante no processo de desenvolvimento da aprendizagem significativa do aluno. Porém, foi possível perceber que a frequências dessas aulas é muito reduzida e que existem vários fatores que contribuem para esse fato, entre eles se sobressai à questão da falta de material para a elaboração dos experimentos.
Palavras-Chave: Aula Prática. Ciências da Natureza. Educação.
1 INTRODUÇÃO
No contexto atual observa-se uma constante busca pelo aperfeiçoamento dos processos educativos, visto que o modelo de educação tradicional tem sido alvo de muitas críticas. Nota-se a necessidade de aliar educação à inovação, criatividade e modernização na sala de aula, visando atingir uma geração cada vez mais informada e tecnológica, onde a aula tradicional esta perdendo espaço.
Para Penin e Vasconcellos (1994; 1995 apud DEMO, 2011, p.9) “a aula que apenas repassa conhecimento, ou a escola que somente se define como socializadora do conhecimento, não sai do ponto de partida, e, na prática, atrapalha o aluno, porque o deixa como objeto de ensino e instrução. Vira treinamento”. Por tanto, para possibilitar a aprendizagem significativa é necessário transformar o aluno em sujeito da ação de aprender.
Segundo Demo (2011, p. 41), cabe ao professor competente conduzir essa aprendizagem significativa, orientando o aluno permanentemente para expressar-se de maneira fundamentada, exercitar o questionamento e formulação própria, reconstruir autores e teorias e cotidianizar a pesquisa.
O docente pode utilizar diferentes recursos, com o objetivo de tornar o conteúdo teórico mais interessante, motivador e próximo da realidade. O uso de apresentações de slides, vídeos, debates, feiras, atividades práticas, entre outros, procura tornar mais fácil o aprendizado e compreensão dos conteúdos programáticos. Nas disciplinas da área de Ciências da Natureza as saídas de estudos e as aulas práticas em laboratórios tornam-se importantes instrumentos de pesquisa, permitindo ao aluno experimentar situações problematizadas e vivenciar a teoria trabalhada em sala de aula.
Demo (2011, p. 13) salienta que base da educação escolar é a pesquisa, e através dela é possível desenvolver no aluno o questionamento sistêmico e reconstrutivo da realidade. Essa reconstrução compreende o conhecimento inovador e sempre renovado, tendo como base a consciência crítica. Dessa forma, o aluno inclui a sua própria interpretação, formulação pessoal, aprende a aprender e a saber pensar.
Diante dessa realidade, esse artigo objetiva analisar a visão do professor da área das Ciências da Natureza sobre a importância da vivência da aula prática na construção e/ou aperfeiçoamento do conhecimento do aluno. Para tanto, foi elaborado um questionário quali-quantitativo aplicado a dez professores das áreas das Ciências da Natureza do Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio de escolas das redes públicas e particulares.
2 AULAS PRÁTICAS NA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
A busca por um modelo de ensino focado no ensino-aprendizagem significativo transcende a abordagem tradicional, baseada na transferência de informações do educador para o educando de maneira unidirecional, e procura desenvolver um sujeito crítico e questionador, reconstrutor da realidade.
Muitos modelos de ensino atuais baseiam-se na teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget. Segundo ele, a mente humana tende a funcionar em equilíbrio e a aumentar constantemente seu grau de organização interna e de adaptação ao meio. Quando submetida a novas informações esse equilíbrio é rompido e a mente reestrutura-se, construindo novos esquemas de assimilação e buscando atingir novamente o equilíbrio, permitindo assim o desenvolvimento cognitivo (MOREIRA, 1999). Dessa forma, ensinar significa provocar o desequilíbrio na mente do aluno para que ele, procurando o reequilíbrio, se reestruture cognitivamente e aprenda.
Outra questão importante, que vai ao encontro da teoria da aprendizagem construtivista de Vygostsky e Piaget, salienta que os conhecimentos prévios dos alunos devem ser valorizados, pois são importantes na construção de estruturas mentais. Os mapas conceituais já formados permitem descobrir e redescobrir outros conhecimentos (VON LINSINGEN, 2010, p. 114).
Conforme Von Linsingen (2010, p. 114) “o ideal é articular as diferentes abordagens de acordo com a situação de ensino”. O uso de teorias de ensino diferentes enriquece o trabalho em sala de aula, por tanto, podemos somar, por exemplo, a abordagem construtivista e a cognitiva objetivando qualificar o processo de aprendizagem.
Nessas perspectivas, as atividades experimentais constituem uma relevante ferramenta que permite ao professor constatar e problematizar o conhecimento prévio dos seus alunos, estimular a pesquisa, a investigação e a busca da solução de problemas. A postura experimental permite à exploração do novo e à incerteza de se alcançar os resultados esperados da pesquisa, além da ideia de tornar o aluno o sujeito da ação (FRACALANZA et al., 1986 apud RONQUI, 2009).
A experimentação possibilita ao estudante pensar sobre o mundo de forma científica, ampliando seu aprendizado sobre a natureza e estimulando habilidades, como a observação, a obtenção e a organização de dados, bem como a reflexão e a discussão. Assim é possível produzir conhecimento a partir de ações e não apenas através de aulas expositivas, tornando o aluno o sujeito da aprendizagem (VIVIANI; COSTA, 2010, p. 50-51).
Nas disciplinas da área das Ciências da Natureza, as aulas práticas de laboratório são de fundamental importância, pois permitem que os alunos experienciem o conteúdo trabalhado em aulas teóricas, conhecendo e observando organismos e fenômenos naturais, manuseando equipamentos, entre outras coisas interessantes (RESES, 2010, p. 66). Segundo Viviani e Costa (2010, p.57) as atividades práticas são um recurso ou complemento às aulas teóricas.
Porém é preciso ter cuidado ao planejar essas atividades para garantir que as mesmas proporcionem um espaço de reflexão, desenvolvimento e construção de ideias, ao lado de conhecimentos de procedimentos e atitudes, não se limitando a nomeações e manipulações de vidrarias e reagentes (BRASIL, 1998 apud RONQUI, 2009).
Para Ronqui (2009) as aulas práticas têm seu valor reconhecido. Elas estimulam a curiosidade e o interesse de alunos, permitindo que se envolvam em investigações científicas, ampliem a capacidade de resolver problemas, compreender conceitos básicos e desenvolver habilidades. Além disso, quando os alunos se deparem com resultados não previstos, desafia sua imaginação e seu raciocínio. As atividades experimentais, quando bem planejadas, são recursos importantíssimos no ensino.
Apesar disso, contata-se que essas atividades representam uma parcela muito pequena das aulas realizadas. Para Viviani e Costa (2010, p. 50) uma das dificuldades do processo de ensino-aprendizagem nas aulas de Ciências e Biologia é a falta de atividades práticas e, consequentemente, a carência da aproximação dos conteúdos abordados com a realidade do aluno. Algumas hipóteses para esse fato são: a falta de tempo para a preparação do material, a insegurança no controle da turma, a falta de conhecimento para organizar experiências e a carência de equipamentos e instalações adequadas.
2.1 A PESQUISA
Dessa forma, o presente artigo analisou, através de uma pesquisa quali-quantitativa, a importância da aula prática na construção do conhecimento do aluno na visão do educador.
Para realizar essa pesquisa foi elaborado um questionário que consta de sete perguntas principais sobre o tema “Aulas Práticas” (APÊNDICE I). O mesmo foi impresso e entregue para dez professores das áreas das Ciências da Natureza do Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio, de escolas da rede de ensino pública e privada. Dentre as escolas havia uma escola municipal de ensino fundamental de Porto Alegre, duas escolas estaduais de ensino médio, sendo uma em Porto Alegre e outra em Gravataí, e uma escola de ensino médio da rede privada de Porto Alegre.
Para as perguntas: “As aulas práticas contribuem para construção de conhecimento significativo do aluno (ensino-aprendizagem)?”; “As atividades práticas contribuem para o desenvolvimento de habilidades e competências do aluno?” e “As aulas práticas despertam o interesse do aluno sobre o assunto trabalhado?” os professores pesquisados concordaram unanimemente. Já para a pergunta “Através da aula prática é possível trabalhar a problematização no ensino de Ciências?” dos dez entrevistados apenas um dos professores concordou parcialmente.
Todos os pesquisados realizam aulas práticas, porém com frequência variável conforme o gráfico - figura 1. Quando perguntados em relação ao objetivo da aula as respostas estão apresentadas no gráfico – figura 2.
Figura 1. Gráfico de frequência de aulas práticas. Fonte: Sarah Luchese Peruzzi, 2013.
Figura 2. Gráfico de objetivos da realização da aula prática. Fonte: Sarah Luchese Peruzzi, 2013.
O gráfico da figura 1 mostra que a maioria dos professores realiza as atividades práticas numa frequência trimestral. Quanto ao objetivo dessas aulas, os pesquisados poderiam escolher mais de uma alternativa. Nove indicaram que utilizam essa metodologia para complementar a teoria previamente trabalhada em sala de aula e quatro para introduzir uma matéria nova. Além disso, dois professores marcaram a opção outros.
Para a pergunta: “Tu encontra dificuldades na realização de aulas práticas?” a grande maioria respondeu sim. E quando perguntados sobre quais dificuldades encontras, as respostas se dividiram em falta de material, falta de tempo e dificuldade de desenvolver aula prática para alguns conteúdos conforme mostra o gráfico – figura 3. Essa questão também permitia
A marcação de mais de uma opção.
Figura 3. Gráfico sobre as dificuldades encontradas na elaboração de aulas práticas.
Fonte: Sarah Luchese Peruzzi, 2013.
Cinco professores indicaram que utilizam recursos tecnológicos nas aulas. Para a pergunta “A aula prática pode constituir um instrumento avaliativo?” dois pesquisados concordam parcialmente e o restante concorda. E para a última questão “A aula prática se enquadra nas boas práticas pedagógicas e na inovação?” dois pesquisados concordaram parcialmente, quando o restante concordou.
3 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
Tendo em vista que o presente artigo enfatiza a importância da aula prática, segue abaixo algumas sugestões de atividades que possibilitam desenvolver a experimentação:
- Saída de estudos sobre fatores bióticos e abióticos e/ou sobre plantas e fungos no pátio da escola: Essa atividade explora o ambiente da escola, permite que o professor e os alunos reconheçam esse local e identifiquem fatores não vivos, como as construções e móveis, e fatores vivos, como plantas, fungos e alguns animais encontrados no local, torna os estudantes detetives da natureza;
- Aula prática de Microscopia: “Observação de células animais (esfregaço da bochecha) e vegetal (planta aquática Elodia sp.)”: Para a realização dessa aula é necessário que a escola tenha um laboratório com microscópios ópticos, além disso, são necessárias lâminas e lamínulas, palito de picolé, corante azul de metileno e a planta aquática. Os alunos devem, com o auxilio do professor, montar as lâminas com os materiais biológicos animal e vegetal e observá-las ao microscópio;
- Aula prática do sistema sensorial: “Estimulando os cinco sentidos”: Essa aula permite ao docente explorar diferentes sensações nos estudantes, possibilitando um melhor entendimento da íntima relação entre os sistemas nervoso e sensorial. É preciso montar cinco experimentos, um para cada sentido (visão, gustação, tato, olfato e audição) e para facilitar a preparação do material divida os alunos em grupos de cinco e cada integrante do grupo deverá escolher um sentido para experienciar e relatar para os colegas:
- Visão: com uma lupa manual e uma folha de papel vegetal, próximo a uma janela é possível observar como a imagem se forma na retina e entender de forma prática o processo da visão; a pessoa deve parar de frente para a janela, não muito próximo, e colocar em frente ao seu rosto o papel vegetal, em seguida, posicionar a lupa entre a folha e a janela, observando a imagem que se forma;
- Gustação: para estimular os quimiorreceptores da língua e também do nariz, prepare três soluções: água com açúcar (é preciso saber se existem alunos diabéticos), água com sal e suco de limão sem açúcar; pingue as soluções, uma de cada vez, na língua do estudante e peça para que ele interprete o gosto sentido (se o aluno quiser, pode vendar os olhos);
- Tato: pegue duas caixas de isopor que caibam uma mão aberta dentro e uma terceira caixa um pouco maior; em uma das caixas coloque água bem gelada, em outra coloque água quente (cuidado para não ser muito quente) e na última caixa coloque água a temperatura ambiente; os alunos devem colocar ao mesmo tempo uma mão na água quente e a outra na água fria, em seguida deve colocar as duas mãos, também ao mesmo tempo, na água a temperatura ambiente, relatando as sensações sentidas; esse experimento permite estimular os termorreceptores presentes na pele;
- Olfato: pegue diferentes substâncias com odores distintos, como chocolate em pó, café, canela, amaciante de roupa, leite, aproxime do nariz do estudante para estimular seus quimiorreceptores e peça para ele identifique os cheiros sentidos (se o aluno quiser, pode vendar os olhos);
- Audição: pegue um diapasão e outra estrutura de metal qualquer, bata o diapasão no metal, e aproxime-o da orelha do aluno que deve relatar o que percebeu da experiência; também é possível prende um fio de náilon em dois diapasões e, batendo com o metal em um deles, observar as ondas sonoras se propagando pelo fio;
- Aula prática do sistema nervoso: “Caça ao tesouro (decifrando pista)”: Para a realização dessa aula é preciso dividir a turma em aproximadamente seis grupos e produzir um tesouro e uma pista para cada grupo. Os tesouros podem ser caixas de papelão com balas, por exemplo, e devem ser escondidos pela escola, e as pistas devem ser elaboradas de acordo com a localização do mesmo. Escolha uma frase para cada pista e crie um código para cada uma, transformando as letras em números ou embaralhando-as, invertendo as palavras, escrevendo com giz de cera branco, entre outras opções. Peça que os alunos listarem todas as ações realizadas durante a atividade (decifrar a pista, respirar, andar, etc.) e posteriormente relacione-as com as funções de coordenação do corpo executadas pelo sistema nervoso;
- Aula prática “Cultivando bactérias e fungos”: Para essa atividade é necessário que o professor prepare previamente o meio de cultura (gelatina, açúcar e um pouco de água) e distribua-o em aproximadamente quatro recipientes pequenos com tampa. Com um cotonete os alunos deverão coletar material em diferentes locais, como no sapato, no pé, no bebedouro, entre outras opções, e espalhar esse material sobre o meio de cultura. Posteriormente deve colocar dois recipientes em local quente e úmido e os outros dois em local mais ensolarado, observando o crescimento dos micro-organismos. Se a escola tiver microscópios e se houver crescimento bacteriano, pode-se preparar uma lâmina com esses seres vivos para observação.
É importante ressaltar que para aprimorar o desenvolvimento das atividades acima se torna indispensável à elaboração de um roteiro de aula prática. Esse pode ser entregue em uma folha ou então copiado no caderno.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a análise do questionário é possível identificar que há uma concordância entre os pesquisados em relação à importância da aula prática para a construção do conhecimento significativo do aluno. Além disso, a maioria acredita que essas atividades contribuem para o desenvolvimento de habilidades e competências, permitem trabalhar a problematização em sala de aula e despertam o interesse do aluno.
Um dos professores pesquisados comentou, no espaço destinado para isso: “Acredito que tanto as aulas práticas como as saídas de campo são instrumento imprescindíveis para a formação do cidadão crítico e do pensamento científico-metodológico. Além de elucidarem os assuntos já trabalhados dentro do âmbito teórico, estes instrumentos (semelhantes em aparência, estrutura e objetivos) proporcionam e impulsionam a geração de novas questões e ideias, matéria-prima das ciências”.
Todos os educadores pesquisados realizam aulas práticas e observa-se que a frequência dessas aulas indicada pela maioria é trimestral, por tanto, são realizadas entorno de três aulas práticas durante todo o ano letivo. Apenas um professor realiza essas atividades quinzenalmente e dois mensalmente. Essas aulas são desenvolvidas com o objetivo principal de complementar a teoria previamente trabalhada em sala de aula reforçando e fixando o conteúdo e também são utilizadas, por alguns, para introduzir uma nova matéria. Dois pesquisados as realizam para despertar o interesse do aluno, levantar questionamentos e trabalhar a responsabilidade em sala de aula.
Conforme Luca (2007, p. 120 apud VIVIANI; COSTA, 2010) as atividades práticas precisam estar vinculadas a aula teóricas, pois quando desenvolvidas sem fundamentação teórica não favorecem o processo de aprendizagem.
Os professores apontaram que a maior dificuldade para a realização dessas aulas é a falta de material, seguido da falta de tempo e, por último, a dificuldade de desenvolver aula prática para alguns conteúdos. Um dado interessante apresentado foi que ninguém apontou o item falta de espaço físico (laboratório), por tanto esse não é um fator limitante para o grupo. No espaço destinado aos comentários um professor relata: “certos conteúdos são difíceis de demonstrar de maneira prática, principalmente os de 8º ano, onde os vídeos são mais interessantes. A falta de material na escola e a demora para serem adquiridos dificulta o trabalho planejado. A falta de interesse dos alunos também atrapalha, pois eles te desmotivam, dizendo que tudo é chato, e etc. Mas ainda há alunos bem interessados.”
Segundo Silva e Zaton (2000, p.182 apud VIVIANI; COSTA, 2010) os docentes, de modo geral, indicam que a carência de aulas práticas está relacionada com a falta de materiais, o número elevado de alunos por turma e a reduzida carga horária.
Para Viviani e Costa (2010, p.53) os materiais utilizados em atividades experimentais, na maioria dos casos, são de baixo custo e fáceis de serem conseguidos ou improvisados, caso isso não comprometa o experimento. É necessário adequar-se, da melhor maneira possível, a realidade da escola. Para tanto, é preciso usar a criatividade, força de vontade e disposição.
Dessa forma, o professor pode procurar referências em livros didáticos, artigos científicos e sites da internet, buscando roteiros que sejam viáveis ou que possibilitem adaptações. Como exemplo de fonte de pesquisa o site Monografias – Escola Brasil (2013) traz o artigo “Laboratório Divergente Alternativo para o Ensino de Física”, além dos artigos “Construindo aparelhagens de laboratório com materiais alternativos - PIBID/IFPB” (2013) e “A utilização de materiais alternativos no ensino de Química: um estudo de caso na E.E.E.M. Liberdade do município de Marabá-Pará” (2013), entre muitos outros.
Cinco professores apontaram que utilizam recursos tecnológicos para desenvolver e enriquecer as atividades práticas, como computador para pesquisa, projeções, telefones celulares e tablets. Machado e Santos (2004, p. 235 apud VIVIANI; COSTA, 2010) citam que as tecnologias fornecem boas perspectivas para aprimorar as práticas educacionais.
A análise das duas últimas questões “A aula prática pode constituir um instrumento avaliativo?” e “A aula prática se enquadra nas boas práticas pedagógicas e na inovação?” permite concluir a importância dessa ferramenta metodológica como instrumento avaliativo, além de ser considerada pelo grupo uma boa prática pedagógica. Segundo Reses (2010, p. 58) no processo de ensino-aprendizagem a avaliação deve ser uma atividade constante, que permeia as práticas pedagógicas.
Através da análise geral das perguntas do questionário aplicado, podemos concluir que o grupo pesquisado considera importante o desenvolvimento de aulas práticas e busca realizá-las, porém encontra algumas dificuldades. Provavelmente essas dificuldades se reflitam na frequência reduzida de aula práticas realizadas durante o ano letivo.
Além disso não houve diferenças significativas entre as respostas de professores de escolas públicas e privadas para as respostas do questionário.
REFERÊNCIAS
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 7. ed. Campinas: Autores Associados, 2011.
DEMO, Pedro. Educação e conhecimento: relação necessária, insuficiente e controversa. Petrópolis, Vozes, 2000.
DIAS, J.H.R. et al. A utilização de materiais alternativos no ensino de Química: um estudo
de caso na E. E. E. M. Liberdade do município de Marabá-Pará. 36ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. Disponível em: http://www.eventoexpress.com.br/cd-36rasbq/resumos/T0744-1.pdf. Acesso em 11 de Dezembro de 2013.
LORENZO, J. G. F. et al. Construindo aparelhagens de Laboratório com materiais alternativos - PIBID/IFPB. Congresso Norte – Nordeste de Pesquisa e Inovação - 2010. Disponível em: http://connepi.ifal.edu.br/ocs/anais/conteudo/anais/files/conferences/1/schedConfs/1/papers/1183/public/1183-5393-1-PB.pdf. Acesso em 11 de Dezembro de 2013.
MONOGRAFIAS BRASIL ESCOLA. Disponível em: http://monografias.brasilescola.com/fisica/laboratorio-divergente-alternativo-para-ensino-fisica.htm. Acesso em 11 de Dezembro de 2013.
MOREIRA, Marco Antônio.(1999). Aprendizagem significativa. Brasília: Editora da UnB. Revisado em 2012.
RESES, Gabriela de Leon Nóbrega. Didática e Avaliação no Ensino de Ciências Biológicas. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2010.
RONQUI, Ludimilla; SOUZA, Marco Rodrigo de; FREITAS, Fernando Jorge Coreia de. A importância das atividades práticas na área de biologia. Revista científica da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED. 2009. Cacoal – RO. Disponível em: http://www.facimed.edu.br/site/revista/pdfs/8ffe7dd07b3dd05b4628519d0e554f12.pdf. Acesso em 03 de Dezembro de 2013.
VIVIANI, Daniela; COSTA, Arlindo. Práticas de Ensino de Ciências Biológicas. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2010.
VON LINSINGEN, Luana. Ciências Biológicas e os PCNs. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2010.
APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO SOBRE AULAS PRÁTICAS
________________________________________________________________________
Nome:
Professor de: ( ) Ciências – EF ( ) Biologia EM ( ) Química EM ( ) Física EM
Escola da rede: ( ) Privada ( ) Pública Municipal ( ) Pública Estadual
( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio
Nome da Escola:
___________________________________________________________________________
1. As aulas práticas contribuem para construção de conhecimento significativo do aluno (ensino-aprendizagem)?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Discordo
2. As atividades práticas contribuem para o desenvolvimento de habilidades e competências do aluno?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Discordo
3. Através da aula prática é possível trabalhar a problematização no ensino de Ciências?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Discordo
4. A aula prática desperta o interesse do aluno sobre o assunto trabalhado?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Discordo
5. Tu realizas aulas práticas?
( ) Sim ( ) Não
Se a tua resposta para a questão 5 for “Sim”:
5.1. Com qual frequência?
( )Trimestral ( ) Mensal ( ) Quinzenal ( ) Semanal ( ) Não definido
5.2. Tu utilizas as atividades práticas para:
( ) complementar a teoria já trabalhada em sala de aula.
( ) introduzir uma matéria nova.
( ) outros.______________________________________________________
5.3 Tu utilizas recursos tecnológicos para desenvolver as atividades práticas?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual (is)?_________________________________________________
5.4. Tu encontras dificuldades na realização de aulas práticas?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual (is)?
( ) Falta de espaço físico (laboratório)
( ) Falta de material
( ) Falta de tempo
( ) Dificuldade de desenvolver aula prática para alguns conteúdos
6. A aula prática pode constituir um instrumento avaliativo?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Discordo
7. A aula prática se enquadra nas boas práticas pedagógicas e na inovação?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Discordo
O espaço abaixo é destinado a comentários, críticas e sugestões:
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________