GERONTOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA AÇÃO PARA MULTIPLICAR
Sirlei
Ricarte Bento1
Email: gerontologia2018@gmail.com
Ingrid
Lopes1
Email: ingridlps95@gmail.com
Thayná Freitas1
Email: Thaynaf00@gmail.com
Rodolfo Antônio de Figueiredo2
Email: rodolfo@ufscar.br
1Graduandas em Gerontologia – UFSCar - SP
2Prof. Dr. do curso de Ciências Ambientais – UFSCar - SP
Palavras-chave: Educação Ambiental, Idoso,Gerontologia.
1. Introdução
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sinalizam que as pessoas com idade de 60 anos ou mais convergem para a duplicação no período de 2000 a 2020, passando de 13,9 para 28,3 milhões idosos. Projeções demonstram que em 2030, o número de idosos irá superar o de crianças e adolescentes em cerca de 4 milhões (IBGE, 2010).
Perceber como era o relacionamento das pessoas com o meio ambiente é de grande relevância na construção de novos modelos de comportamento em relação ao meio ambiente no presente e para as futuras gerações. Desta forma, entender como o ser humano relacionava-se com o meio ambiente no passado tem uma importância para a construção de novos modelos de comportamento em relação ao meio ambiente no presente e para as futuras gerações (DE OLIVEIRA MACHADO et al., 2006).
Para SAUVÉ, (2016), a educação ambiental objetiva edificar uma “identidade” ambiental para trazer significado a nossa existência no mundo, para desenvolver um sentimento de pertencer ao meio ambiente e a promover uma cultura do engajamento. Segundo o Art. 2º (BRASIL, 1999): “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo,em caráter formal e não-formal”.
A Educação Ambiental tem o intuito conscientizar as pessoas para a gravidade da situação em que se encontra o meio ambiente, salientando que o homem é apenas uma parte da natureza em que vive e não é superior a ela, contrapondo as ideias que o colocaram como centro do universo e deixando de lado a importância dos demais elementos da natureza (MARINHO et al., 2014).
É notável a necessidade de estudos para o desenvolvimento de novas estratégias que possam unir esforços junto a população idosa, assim como em pequenas ações que possam ser multiplicadas para a criação de valores na sociedade impactando na preservação do meio ambiente. E é neste cenário, que alunos do curso de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar sob a supervisão do Prof. Dr. Rodolfo Antônio de Figueiredo, vem propor e realizar uma ação em Educação Ambiental com idosos.
2. Metodologia
O trabalho foi desenvolvido no Bosque Santa Marta na cidade de São Carlos, SP. Seis idosos, sendo dois homens e quatro mulheres, estes, foram convidados e aceitaram participar da ação de educação ambiental, houve também a participação de duas crianças, que também puderam agregar valor a ação.O planejamento das atividades a serem desenvolvidas na ação foi elaborado após pesquisas realizadas com a população da comunidade, para que fossem apropriadas ao público alvo. Uma visita informal com idosos do bairro, viabilizou a ação e seu agendamento.
Para a realização da ação em Educação Ambiental, foi elaborado um cronograma contendo as atividades a serem desenvolvida com os idosos, sendo elas: Aplicação de questionário para melhor entender a visão pessoal de cada idosos acerca do urbanismo no bairro; roda de conversa com foco em Educação ambiental; rápido depoimento sobre o que o parque representa para a vida deste idoso; atividade de mitos e verdades a respeito do meio ambiente e café da tarde para finalizar a ação.
Foram apresentadas as alunas do curso de Gerontologia da UFSCar, bem como o foco do curso de Gerontologia e sua relevância para a sociedade. A apresentação da disciplina de Educação Ambiental e Envelhecimento deu início à roda de conversa. Foi transmitido um vídeo com o conteúdo voltado à educação ambiental, em seguida foram distribuídas plaquinhas em que de um lado continha a palavra mito e do outro lado a palavra verdade, foram lidas algumas afirmações e questionadas se eram verdades ou mitos, após a leitura das afirmações os idosos levantaram as plaquinhas sinalizando se a frase lida se tratava de um mito ou uma verdade. Cada afirmação na atividade de Mito ou Verdade, levava todos os envolvidos a uma discussão sobre o tema em questão, dando oportunidade para sanar dúvidas e compartilhamento de experiências vividas.
Os idosos foram muito participativos, contribuíram muito para a realização da atividade, que durou cerca de 2 horas e 30 minutos. Toda a atividade foi desenvolvida ao ar livre no bosque,assim sendo, o clima com previsão para chuva fez com que fosse necessário unir a atividade de Mito ou Verdade com o questionário e por último e não menos importante, foi realizado o café da tarde como um momento de socialização dos participantes e agradecimento por todas as contribuições.
3. Objetivo
Planejar e desenvolver uma ação em educação ambiental com idosos moradores de um bairro recém construído ao lado de um bosque.
4. Resultados e Discussão
Um dos grandes desafios da educação ambiental é modificar o modo de pensar e, portanto, a maneira de agir (JACOBI et al., 2003). É evidente que para realizar uma ação de educação ambiental faz-se necessário adotar certas medidas, tais medidas devem ser capazes de sensibilizar a população.
Como resultado da ação destacamos que a urbanização da área em questão pode trazer qualidade de vida aos moradores visto sua proximidade ao bosque, mas também traz riscos ao meio ambiente pela ação do homem, sendo assim, a conscientização dos idosos com a ação desenvolvida propiciou a divulgação de conhecimentos adquiridos em sala de aula, e aprendizado por meio do compartilhamento de saberes a partir dos relatos de vivencias dos idosos presentes.
O envelhecimento da população nos revela o idoso como agente modificador de valores, os idosos têm muito a contribuir com suas memórias de sua relação com o ambiente natural. Assim sendo, tornando possível despertar um olhar diferenciado para o futuro, nesse sentido, a memória e a contribuição dos saberes dos idosos é de uma riqueza inigualável (MACHADO, VELASCO, AMIM, 2006; DE OLIVEIRA RANCURA et al, 2016). Para esses mesmos autores, os idosos que viveram essas transformações ambientais podem cooperar com informações que serão imprescindíveis para definir estratégias e novos caminhos para uma sociedade sustentável.
MAZETTO, 2014, destaca que o crescimento da população cria novos problemas ambientais, que provocam a redução da qualidade de vida das pessoas, e neste contexto o autor traz a necessidade da criação de indicadores sociais para detectar e combater problemas. A crescente urbanização continua a ocupar espaços, que antes era da natureza intacta, estes agora dão lugar às ruas, casas e comércio. A expansão da área urbana, uma vez que inevitável, torna necessário a multiplicação de ações em educação ambiental, sensibilizando a população para que a utilização dos recursos naturais seja realizada da forma mais adequada possível para sua preservação.
5. Conclusão
A realização deste trabalho permitiu perceber a viabilidade de ações de Educação Ambiental junto aos idosos, resultando em agregação de valor a formação acadêmica e gratificante retorno pessoal obtido através da satisfação dos idosos por participarem da atividade. Profissionais da gerontologia com seu arcabouço biopsicossocial,são profissionais capacitados para contribuir com a Educação Ambiental, propondo e executando ações, individualmente ou em conjunto com outros profissionais. É de grande importância que estudos relacionados a população idosa ea transmissão de seu conhecimento para outras gerações possa ser realizados, assim como o desenvolvimento de mais ações em Educação Ambiental para a promoção da qualidade de vida da população e a preservação do meio ambiente.
6. Referências Bibliográficas
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico. Rio de Janeiro: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2010.
SAUVÉ, Lucie. Viver juntos em nossa Terra: Desafios contemporâneos da educação ambiental. Revista Contrapontos, v. 16, n. 2, p. 288-299, 2016.
MARINHO, Adriana Alves et al. A educação ambiental na formação da consciência ecológica. Caderno de Graduação-Ciências Exatas e Tecnológicas-UNIT-ALAGOAS, v. 1, n. 1, p. 11-18, 2014.
DE OLIVEIRA MACHADO, Rosangela Fátima; VELASCO, Fermin de La Caridad Garcia; AMIM, Valéria. O encontro da política nacional da educação ambiental com a política nacional do idoso. Saúde e Sociedade, v. 15, n. 3, p. 162-169, 2006.
MAZETTO, Francisco de Assis Penteado. Qualidade de vida, qualidade ambiental e meio ambiente urbano: breve comparação de conceitos. Revista Sociedade & Natureza, v. 12, n. 24, 2014.
JACOBI, Pedro et al. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de pesquisa, v. 118, n. 3, p. 189-205, 2003.
MACHADO R.F.O.; VELASCO F.L.C.G.; AMIM V. O Encontro da Política Nacional da Educação Ambiental com a Política Nacional do Idoso. Saúde e Sociedade v.15, n.3, p.162-169, set-dez 2006.
7. Anexo:
Mito ou Verdade:
Desenvolvimento da atividade: Em cada afirmação, os participantes levantam uma placa sinalizando se entendem a afirmação como um mito ou como uma verdade. Assim, cada afirmação abre uma discussão com o intuito de verificar a compressão dos participantes a respeito do tema, tirar dúvidas e dar abertura para exposição experiências pessoais dos envolvidos.
Afirmações utilizadas na atividade:
· Aquecimento global é quando os gases produzidos por carros e industrias fazem com que o clima fique cada vez mais quente.
· Sustentabilidade é quando uma empresa faz reflorestamento com pinheiros e eucaliptos para fabricar seus produtos.
· Uma pilha descartada no solo prejudica o meio ambiente.
· Comprar um par de sapato por mês não afeta o meio ambiente.
· A água de um poço artesiano é um bem gratuito.
· O grande desastre ambiental ocorrido nas proximidades da cidade de Mariana, em Minas Gerais, parou de aparecer nos noticiários da TV porque não é mais um problema para a sociedade.
· O idoso pode ser protagonista na preservação do meio ambiente.
· A separação dos resíduos sólidos recicláveis não é responsabilidade do Estado, é apenas do cidadão.