COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA NO NAZARETH ECO RESORT, MUNICÍPIO DE JOSÉ DE FREITAS – PI
ANDRÉA MARIA DE SOUSA SILVA-Bacharel em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Piauí. E-mail: andrea-mss@hotmail.com
DARLANE FREITAS MORAIS DA SILVA- Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Piauí. E-mail: darlanebio@hotmail.com
GARDENE
MARIA DE SOUSA- Professora do Departamento de Biologia da Universidade Federal
do Piauí. Email:gardene@ufpi.edu.br
ABSTRACT: A floristic inventory of the vegetation was carried out at the
Nazareth Eco Resort, municipality of José de Freitas, Piauí, comparing the
study with cerrado areas in Piauí, considered to be closed marginal distal. The
objective was to increase the knowledge of the phanerogamic flora of the
municipality of José de Freitas, as well as to the state of Piauí. The Nazareth
Eco Resort comprises a private area of 1,200 hectares, of which
600 to 700 hectares are covered by well-preserved natural vegetation. The
collections were carried out at the Nazareth Eco Resort from September 2009 to
October 2010, using the usual field methodology. The botanical material was
herborized and incorporated into the Graziela Barroso herbarium (TEPB) of the
Federal University of Piauí (UFPI). In the floristic inventory were registered
46 families, 105 genera and 139 species. These data were compared with others
conducted in the state of Piauí, revealing a heterogeneous flora, due to the
influence of other plant formations.Keywords: cerrado, diversity, ecological
tension.
RESUMO: Foi realizado um inventário florístico da vegetação ocorrente no Nazareth Eco Resort, município de José de Freitas, Piauí, comparando o estudo com áreas de cerrado ocorrentes no Piauí, considerados cerrados marginais distais. O objetivo foi ampliar o conhecimento da flora fanerogâmica do município de José de Freitas, como também para o estado do Piauí. O Nazareth Eco Resort compreende uma área privada de 1.200 hectares, dos quais cerca de 600 a 700 hectares são cobertos por vegetação natural bem conservada. As coletas foram realizadas no Nazareth Eco Resort, no período de setembro de 2009 a outubro de 2010 através de metodologia usual de campo, sendo o material botânico herborizado e incorporado ao acervo do herbário Graziela Barroso (TEPB) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). No inventário florístico foram registradas 46 famílias, 105 gêneros e 139 espécies. Tais dados foram comparados com outros realizados no estado do Piauí, revelando uma flora heterogênea, devido a influência de outras formações vegetais. Palavras-chave: cerrado, diversidade, tensão ecológica.
INTRODUÇÃO
O estado do Piauí está situado numa área de tensão ecológica, com a vegetação de transição ou de ecótonos, sendo influenciada por três províncias florísticas: a floresta amazônica, o cerrado e a caatinga (CASTRO, 2003; OLIVEIRA, 2004).
As primeiras iniciativas de classificação da vegetação no estado surgiram nos anos 70 com a vinda de pesquisadores que realizaram longas excursões de caráter científico-exploratório. Somente a partir de meados da década de 1980, os primeiros estudos acadêmicos (dissertações de mestrado e teses de doutorado) começaram a surgir, publicando dados sobre a composição e estrutura da vegetação do Piauí (Santos Filho, 2009), entretanto os dados ainda são insuficientes.
Sabe-se que o conhecimento da vegetação nativa da região é fundamental no desenvolvimento da teoria ecológica e fitogeográfica, contribuindo para a caracterização da vegetação e fornecendo subsídios para a conservação da biodiversidade e recuperação de áreas degradadas.
Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo realizar um inventário florístico no Nazareth Eco Resort e compará-lo com as áreas de cerrados estudadas no Piauí, visando contribuir para o conhecimento e a preservação da flora do Piauí, em especial para o município de José de Freitas, Piauí.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido no Nazareth Eco Resort, município de José de Freitas, Piauí. A região compreende uma área privada de 1.200 hectares, dos quais cerca de 600 a 700 hectares são cobertos por vegetação natural bem conservada. Está localizado a cerca de sete quilômetros da cidade de José de Freitas (4°47’57,8” S e 42°36’49,0” W), (Fig. 1) e possui como vegetação as florestas semideciduais, manchas de cerrado sensu stricto e palmeiral (caracterizada pela presença marcante do babaçu) segundo a classificação de Ribeiro e Walter (1998) para as fitofisionomias do bioma cerrado. Existe ainda na região o Açude do Bezerro do qual uma parte se encontra dentro dos limites da Fazenda (SILVA, 2009).
Figura 1: Mapa de localização do Nazareth Eco Resort, município de José de Freitas, Piauí. Fonte: adaptado por Geraldo Filho (2011).
As coletas foram realizadas quinzenalmente entre o segundo semestre de 2009 e o primeiro semestre de 2010. A obtenção de amostras do material botânico vivo foi realizada segundo procedimento rotineiro de campo de acordo com a metodologia de Mori et al.(1989).
Os espécimes coletados foram identificados utilizando-se metodologia usual em taxonomia, através do estudo detalhado da morfologia, com auxílio de estereomicroscópio (lupa) acoplado a câmara clara, bibliografia especializada, comparação de exsicatas depositadas no Herbário Graziela Barroso (TEPB) da Universidade Federal do Piauí, além do envio de duplicatas a especialistas nacionais, quando necessário. Os espécimes foram agrupados em famílias de acordo com o sistema de classificação AngiospermPhylogenyGroup II (APG II, 2003). Os nomes dos autores foram uniformizados segundo os sites www.ipni.org/ e www.tropicos.org/.
Todo o material botânico coletado foi incorporado ao acervo do Herbário Graziela Barroso (TEPB) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). As comparações florísticas foram realizadas entre a listagem obtida no Nazareth Eco Resort e áreas de cerrados ocorrentes no Estado do Piauí.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No inventário florístico foram registradas 46 famílias, 105 gêneros e 139 espécies (Tab. 1).
Família/Espécie |
Nome Vulgar |
Hábito |
Nº Coletor |
AMARANTNACEAE Alternanthera brasiliana (L.) O. Kuntze. * Alternantherasp. CyathulaachyranthoidesMoq. |
cabeça-branca
|
erva erva erva |
106 153 59 |
AMARYLLIDACEAE Hippeastrumsolandriflorum(Lindl.) Herb. |
|
erva |
48 |
ANACARDIACEAE AnacardiumoccidentaleL. |
cajuí/caju |
árvore |
07 |
ANNONACEAE Annona coriacea Mart.* |
araticum |
arbusto |
157 |
APOCYNACEAE AllamandablanchettiA.DC. Hymathanthusdrasticus(Martt.) Plumel. Secondatiadensiflora A. DC. |
quatro-pataca janaguba cipó-de-canoinha |
subarbusto árvore liana |
72 54 14; 22 |
ASTERACEAE AcanthospermumhispidumDC.* Bidensriparia Kunth. CentratherumpunctatumCass.* EmiliafosbergiiNicolson. Mikaniascadens(L.) Willd. Tilesiabaccata (L.) Pruski. Vernonia brasiliana (L.) Druce. |
cabeça-chata
perpétua roxa
assa-peixe |
erva erva erva subarbusto liana erva arbusto |
112 105 52 60 10 73 12 |
BIGNONIACEAE Anemopaegma sp. Amphilophium sp. Fridericiasp. Tabebuia aurea(Silva Manso)
Benth. & Hook. f. ex S. Moore. |
caraíba |
liana liana arbusto árvore |
63; 123 17 15 119 |
BIXACEAE Cochlospermumregium (Schrank) Pilg. |
algodão-do-mato |
arbusto |
145 |
BORAGINACEAE HeliotropiumindicumL. * |
crista-de-galo |
erva |
29 |
BROMELIACEAE Bromelialaciniosa Mart. ExSchultf. |
macambira |
erva |
132 |
COMMELINACEAE Commelinaerecta L. |
|
erva |
107; 108 |
CLUSIACEAE Vismiaguianensis (Aubl.) Choisy. |
lacre |
árvore |
01 |
COMBRETACEAE CombretumduarteanumCamb. Combretumleprosum Mart. Terminaliabrasiliensis(Cambess. Ex A. St. Hil.) Eichler.TerminaliaglabrescensMart. |
catinga-branca mufumbo catinga-de-porco
|
arbusto arbusto árvore árvore |
20 144 35 154 |
CONVOLVULACEAE Cuscuta racemosa Mart. * Ipomoeaasarifolia(Desr.). Roem. & Schult.
* Ipomoea bahiensis Willd. ex Roem. & Schult. Evolvulus sp. |
cipó chumbo salsa |
liana liana liana erva |
51 08 127; 138 43 |
CUCURBITACEAE Momordica charantia L.* |
melão-de-são-caetano |
liana |
56 |
CYPERACEAE Carex brasiliensis St. Hill.
CyperushaspanL.*
CyperusluxusLam.
Cyperusluzulae(L.) Retz.* Cyperus sp. Eleochariselegans(H. B. K.) Roem. &Schult. * |
|
erva erva erva erva erva erva |
79 64 77 78 76 95 |
DILLENIACEAE Curatella americana
L.
DavillamacrocarpaMoric. Davillasp.
Doliocarpussp |
lixeira sambaibinha sambaibinha cipó-marfim |
arbusto arbusto subarbusto liana |
03 19 27 38 |
ERYTHROXYLACEAE Erythroxylumdeciduum A. St. Hil. |
fruta-de-pomba |
subarbusto |
27 |
FABACEAE Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev. Aeschynomene brevipes Benth.
Aeschynomene evenia Wright in Sauvalle. Aeschynomene filosa Mart.
Arachis prostrata Benth. Arachis sp1 Arachis sp 2.
Bauhinia pulchellaBenth. CaesalpiniabracteosaTul. CaesalpiniaferreaMart. Cassia diphylla L. Cassia flexuosa L.* Cassia rotundifolia Pers. Centrosema brasilianum (L.) Benth. Chamaecristadesvauxii (Colladon)
Killip.
Chamaecristahispidula(Vahl) I. & K. Hoffm. Copaiferalangsdorfii(Vahl). & B. Dioclea grandiflora Mart ex.
Benth.
HymenaeastignocarpaMart. exHayne. Luetzelburguia
auriculata (Allemão) Ducke. Mimosa
caesalpiniifoliaBenth. Mimosa sensitiva L. Mimosa somniansHumb. &Bonpl. Ex Willd. ParkyaplatycephalaBenth.
Periandra sp. Senna georgicaH. S.
Irwia&Barneby.
Senna occidentalis(L.) Link.* Senna obtusifolia(L.) H.S. Irwin &Barneby. * Stylosanthescapitata Vogel. Tamarindus indica L. Centrosema brasilianum (L.) Benth. Vataireamacrocarpa (Benth.) Ducke |
chapada
mororó-de-bode rapa canela jucá
podói mucunã jatobá
unha-degato
faveira de bolota
mangiroba mata pasto
tamarindo |
árvore subarbusto erva subarbusto erva erva erva arbusto árvore arbusto erva erva erva liana subarbusto subarbusto árvore árvore árvore árvore arbusto subarbusto subarbusto árvore erva arbusto erva erva erva árvore árvore |
82 120 45 94 70 46 115 142 84 141 88 102 58 74; 135 87 130; 137 101 86 109 143 121 125 129 32 149 124 150 99 55; 100; 110 131 151 |
GENTIANACEAE Schultesiaguianensis (Aubl.) Malme. |
|
erva |
91 |
HYDROLEACEAE HydroleaspinosaL. |
|
erva |
98 |
IRIDACEAE Cipura paludosa Aubl. |
|
erva |
90 |
LAMIACEAE HyptisreticulataJacq. VitexcymosaBerteroexSpreng. |
mama-cachorra |
erva árvore |
16; 146 05 |
LECYTHIDACEAE LecythispisonisCambess. |
sapucaia |
árvore |
71 |
LORANTHACEAE Psittacanthus robustus Mart. |
erva-de-passarinho |
erva |
24 |
MALPIGHIACEAE Banisteriopsisnummifera (A. Juss.) B. Gates. Byrsonima crassifolia Steud. Byrsonima correaefolia A. Juss. Byrsonima sericea DC.* Heteropterys anoptera Adr. Juss. Heteropterys glabra Hook. |
cipó amarelo murici murici-miúdo murici-do-campo
|
liana árvore arbusto arbusto arbusto liana |
147 02 04 50 75 109 |
MALVACEAE Helicteres sacarolha A. St. Hil; A. Juss. & Cambess. Pavonia cancellata (L.) Cav. Peltaea trinervis (Presl) Krapov. & Cristóbal. Sida glomerataCav. Sida rhombifoliaL. * Sida viarum A. St. Hill.* Sida sp. SterculiastriataA. St. Hill &Naudin. Triumfettasp.
WaltheriaindicaL. * WaltheriaoperculataRose. |
saca trapo
relógio relógio relógio
pau-rei
malva branca |
subarbusto erva subarbusto erva subarbusto subarbusto erva árvore erva subarbusto subarbsto |
21 134 85 113 40 69 44; 47 152 96 06 66 |
MELASTOMATACEAE Tibouchinacf.clinopodifolia(DC.) Cogn. Tibouchinasp. |
|
subarbusto arbusto |
118 89; 93 |
MENYANTHACEAE Nymphoidesindica(L.) O. Kuntze.* |
coração flutuante |
erva |
97 |
MYRTACEAE Eugenia biflora (L.) DC. Myrcia multiflora (Lam.) DC. Myrciarotundifolia (O. Berg) Kiaersk. |
maria preta mutinha mutinha |
arbusto arbusto arbusto |
09; 11; 49 80 |
OCHNACEAE Ourateaspectabilis(Mart. exEngl.) Engl. |
|
arbusto |
13 |
OLACACEAE Ximenia americana L. |
ameixa |
arbusto |
139 |
OXALIDACEAE OxalisdivaricataMart. exZucc. |
|
erva |
83 |
PASSIFLORACEAE Passiflora foetidaL. |
maracujá-doce |
liana |
155 |
PLANTAGINACEAE Angeloniasp. ScopariadulcisL. |
boca-de-leão vassourinha |
erva erva |
156 158 |
POLYGALACEAE Polygalasp. |
|
erva |
81 |
POLYGONACEAE CoccolobamollisCasar. Muehlenbeckiasp. |
pajeú
|
arbusto erva |
62 133 |
RUBIACEAE Chicocca alba (L.) Hitchc Chomelia obtusa Cham&Schltdl. Richardia
grandiflora (Cham. &Schltdl.) Steud Rudigea sp. Tocoyena formosa (Cham et. Schum.)KSchum. TocoyenahispidulaStandl. Spermacocecapitata Ruiz &Pav. SpermacoceverticilataL.* |
espinheira
jenipapo angélica poaia-do-campo vassourinha |
arbusto arbusto erva erva arbusto subarbusto subarbsto erva |
53 41 37 34 31 42 116 23 |
SAPINDACEAE CupaniaoblongifoliaMart. Paulliniasp. |
|
arbusto liana |
148 26 |
SMILACACEAE SmilaxcampestrisGriseb. |
japecanga |
liana |
18 |
SOLANACEAE PhysalisangulataL.* SolanumamericanumMill.* SolanumpaludosumMoric. |
canapum tingui
|
erva subarbusto arbusto |
111 128 122 |
TURNERACEAE TurneraulmifoliaL. TurneracearensisUrban. |
chanana
|
erva erva |
25 33 |
VERBENACEAE Amasonia sp. LippiacamaraL.* LippiasalviifoliaCham. |
alecrim |
erva subarbusto subarbusto |
140 156 138 |
VOCHYSIACEAE Qualeaparviflora Mart. |
pau-terra-da-folha-miúda |
árvore |
57 |
XYRIDACEAE Xyrissp. |
|
erva |
92 |
Tabela 1: Famílias e espécies ocorrentes no Nazareth Eco Resort, José de Freitas, Piauí, Brasil.
Nota: Sinais utilizados:
*Espécies invasoras (Mendonça et al. 1998) , Aranha et al. (1988) e Pott e Pott (2000).
As famílias de maior representatividade em relação ao número de espécies foram: Fabaceae (31), Malvaceae (11), Rubiaceae (8), Asteraceae (7), Cyperaceae e Malpighiaceae (6) eCombretaceae (5) (Fig. 2). Estas famílias contribuíram com aproximadamente 52% do total de espécies amostradas.
Figura 2: Número de espécies (%) das famílias botânicas mais bem representadas no Nazareth Eco Resort, José de Freitas, Piauí, Brasil.
Por outro lado, 22 famílias foram representadas por apenas uma espécie, perfazendo 15% dos táxons específicos identificados. Segundo Silva et al. (2002), Leguminosae tem sido a família mais diversificada na grande maioria dos levantamentos florísticos feitos em áreas de cerrado. Martins (1990) afirmou que o predomínio das leguminosas pode estar relacionado à presença de nódulos radiculares, que funcionam como mecanismos de retenção e transferência de nutrientes no ecossistema.
Analisando a flora amostrada constatou-se que os gêneros com maior riqueza de espécie foram CyperusL. (4), Sida L. (4), Aeschynomene L.(3), Arachis L.(3), Cassia L(3),Mimosa L.(3), Senna Mill. (3) eByrsonima Rich.exKunth (3).
Foram registrados 25 espécies invasoras as quais estão melhor representadas pelas famílias Cyperaceae, Fabaceae e Malvaceae (Tabela 1). As plantas invasoras caracterizam-se pelo seu alto poder de disseminação, o que favorece o seu crescimento em lugares indesejáveis (SILVA et al., 2008), sendo plantas com características pioneiras, ou seja, que ocupam locais onde por qualquer motivo, a cobertura natural foi extinta e o solo tornou-se total ou parcialmente exposto (LORENZI, 1990; HOLM et al., 1991). Essas espécies encontraram-se distribuídas principalmente na área de pastagem, inserida na fitofisionomia de cerrado típico, onde o solo estava em constante exposição pelo gado.
A vegetação da área apresentou diferenças em relação ao hábito, sendo representados por ervas, subarbustos, arbustos, árvores e lianas (Fig. 2). No componente arbustivo-arbóreo totalizou-se 47 espécies (34%) sendo a maioria representado pelas Fabaceae (13 espécies), seguido por Malpighiaceae e Combretaceae (4 espécies). Por outro lado, o estrato herbáceo-subarbustivo foi representado por 77 espécies (55%), destacando-se as famílias Fabaceae (17), Malvaceae (10) e Cyperarceae (6). Por último, as lianas totalizando 15 espécies representadas pelas famílias Convlovulaceae (3), Bignoniaceae (2) e Malpighiaceae (2). As Fabaceae destacaram-se por conter o maior número de espécies no componente arbóreo assim como no componente herbáceo-subarbustivo.
Figura 3. Número de espécies por hábito ocorrentes na vegetação do Nazareth Eco Resort, José de Freitas, Piauí, Brasil.
As espécies arbóreas e arbustivas deste inventário são comparadas com as listagens de trabalhos de cunho florístico e/ou fitossociológico que foram realizados no estado do Piauí. Os cerrados do Piauí, incluem o denominado cerrados marginais do nordeste e ecótonos associados, que segundo Castro et al. (2007) estão distribuídos nas margens do espaço geográfico ocupado pelos cerrados do Brasil. No processo comparativo, foram incluídos apenas árvores e arbustos registrados nos trabalhos: de Oliveira (2004) e Mesquita (2003), focando o cerrado senso lato; Farias e Castro (2004) e Barros (2005) em áreas ecotonais. As espécies herbáceas não são comparadas, pois na sua maioria são plantas pioneiras e oportunistas, sendo por isso, incapazes de revelar dados sobre a flora nativa da região.
O resultado desta comparação demonstrou que as espécies comuns a alguns desses ambientes são:Anacardiumoccidentale L., Annonacoriacea Mart., BauhiniapulchellaBenth.,CombretumduarteanumCambess., Curatella americana L.,Luetzelburguiaauriculata(Allemão) Ducke., revelando a heterogeneidade da área ecotonal estudada e a abrangência de várias formações vegetais no estado do Piauí, dando a denotação de um complexo vegetacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento da flora do Estado é essencial, sendo cada vez mais, necessários estudos que possam contribuir na demonstração de que a flora se mostra bastante diversificada, sendo prioritário a preservação e gestão das áreas remanescentes.
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