PERCEPÇÃO DE “INSETOS” POR ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR EM DIVINÓPOLIS – MG
Nelci Filipi Siqueira1, Alysson Rodrigo Fonseca1,2,
Ana Paula Martins Fonseca1
1.Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG - Unidade Divinópolis - MG
2.Centro Universitário de Formiga – UNIFOR - Formiga - MG
RESUMO - O estudo visou analisar as percepções da etnocategoria “inseto” pelos discentes dos cursos de graduação de uma instituição particular de ensino superior. A etnocategoria “inseto” mostrou-se como uma construção não somente do conhecimento científico, mas também resultado dos saberes populares e culturais.
Palavras-Chave: Artrópodes, Classe Insecta, Etnoentomologia.
ABSTRACT - The study aimed to analyze perceptions of ethnocategory "insect" by students of undergraduate courses at a private institution of higher. The ethnocategory "insect" seems to be a not only construction of scientific knowledge, but also a result of popular and cultural knowledge obtained through the experience of each individual.
Keywords: Arthropods, Class Insecta, Etnoentomology.
INTRODUÇÃO
A diversidade biológica, durante muitos séculos, foi objeto de estudo exclusivo das ciências naturais, subdividindo-se em especialidades, como a zoologia, botânica, ecologia, dentre outras. No entanto, segundo Diegues etal. (2000), a biodiversidade não é simplesmente um conceito pertencente ao mundo natural, sendo também uma construção cultural e social, no qual as espécies são objetos de conhecimento, de domesticação e uso, fonte de inspiração para mitos e rituais das sociedades tradicionais e finalmente, mercadoria nas sociedades modernas.
Neste contexto, a etnobiologia tem sido considerada, essencialmente, o estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mundo natural e as espécies existentes, sendo o estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes, enfatizando as categorias e conceitos cognitivos (POSEY, 1987a; SILVA, 2002; SOUZA e PASA 2013). Esses saberes são, geralmente, o resultado de uma co-evolução entre as sociedades e seus ambientes naturais, o que permitiu a conservação de um equilíbrio entre ambos (DIEGUES et al. 2000).
Como uma das áreas de estudo da etnobiologia, a etnoentomologiacompreende o estudo de como os insetos (Classe Insecta) são percebidos, classificados, conhecidos e utilizados pelas populações humanas, sendo,portanto, um estudo transdisciplinar dos conhecimentos, comportamentos e crenças que intermediam as relações humanas com o mundo dos insetos (COSTA NETO, 2000; MARQUES,2002).
A classe Insecta pertence ao filo Arthropoda, sendo o mais abundante em quase todos os ecossistemas do planeta, chegando a ultrapassar mais de um milhão de espécies descritas e catalogadas (TRIPLEHORN e JOHNSON, 2011).A importância dos insetos para os seres humanos é tamanha que qualquer súmula do assunto seria insuficiente, uma vez que podem atuar como transmissores de doenças ou pragas agrícolas e urbanas, mas também como polinizadores exclusivos de muitas plantas, dispersores de sementes, decompositores de matéria orgânica em decomposição, predadores de organismos nocivos. Paralelamente, vêm participando de maneira significativa na população humana, sendo utilizados de muitas maneiras diferentes como: fonte de alimento (entomofagia), de remédios (entomoterapia) e estão presentes nos mitos, lendas, práticas mágicas e religiosas (entomolatria), bem como em atividades lúdicas, como cantigas de roda, cantigas para colher produtos da roça e brincadeiras (SOUTHWOOD, 1977; POSEY,1987; COSTA NETO e CARVALHO, 2000; COSTA NETO, 2002; FONSECA, 2006; PETIZA et al. 2013).
Para a ciência ocidental, o termo Insecta refere-se a um táxon bem definido. No entanto, para a classificação popular, outros artrópodos e mesmo animais sistematicamente não relacionados a este grupo tem sido denominados como“insetos” (PERONTI et al. 1998; COSTA NETO, 2000; COSTA NETO e MAGALHÃES, 2007; ULYSSEAL et al. 2010; CAJAIBA e SILVA,2015), o que pode ser também verificado no meio acadêmico-científico (COSTA NETO e CARVALHO,2000; MODRO et al. 2009).
Tendo em vista a escassez de trabalhos que abordaram apercepção da etnocategoria “inseto” no ensino superior, e em especial no estado de Minas Gerais, este estudo buscou investigar esta temática junto a discentes de cursos de graduação em uma instituição particular de ensino superior no município de Divinópolis – MG.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho constou de uma pesquisa exploratória de natureza quali-quantitativa, através de um estudo sobre a percepção de discentes de uma Instituição de Ensino Superior localizada no município de Divinópolis – MG, sobre a etnocategoria “inseto”. Esta instituição, contava com aproximadamente 2.750 alunos, matriculados nas diferentes áreas do conhecimento disponíveis em 15 cursos: Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia da Computação, Engenharia de Produção, Fisioterapia, História, Letras, Matemática, Pedagogia, Psicologia, Publicidade, Química e Serviço Social.
Visando uma melhor análise dos dados, os resultados foram analisados a partir de agrupamento dos cursos avaliados em grandes áreas do conhecimento, o que totalizou quatro grupos, sendo: (1) Ciências da Educação: História, Letras e Pedagogia, (2) Ciências Exatas e Engenharias: Engenharia Civil, Engenharia da Computação, Engenharia de Produção, Matemática e Química, (3) Ciências da Saúde e Biológicas: Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem e Fisioterapia e (4) Ciências Sociais e Humanas: Publicidade, Psicologia e Serviço Social (Figura 1).
Figura 1 – Total de alunos entrevistados na instituição de ensino em cada grupo e curso avaliado.
O grupo Saúde e Biológicas foi o que forneceu o maior número de estudantes (n = 118), seguido pelo grupo Exatas e Engenharias (n = 115), Educação (n = 60) e por fim, o grupo Sociais e Humanas, com 52 indivíduos (Figura 1). Cabe ressaltar que as diferenças entre o número de alunos por curso não correspondem ao total de alunos matriculados, visto que as análises foram estipuladas a partir dos alunos que se encontravam em sala durante a aplicação dos testes e ainda, que aceitaram participar do estudo.
A pesquisa foi realizada dentre os meses de setembro a dezembro de 2014, tendo como instrumento de coleta de informações um questionário, elaborado a partir da proposta de Costa Neto e Carvalho (2000), com as seguintes questões: 1 - Para você, o que é um inseto? 2 - Cite exemplos de insetos que você conheça e 3 - Qual a importância dos insetos? Para a aplicação desse instrumento foram escolhidos, nos cursos investigados, períodos distintos (2° ou 3°), sendo previamente agendada uma visita em cada sala. Do total de 398 alunos presentes em sala, foram preenchidos e devolvidos 345 questionários.
A análise dos dados quantitativos ocorreu por meio de estatística descritiva e foram projetados em gráficos usando como ferramenta os recursos do programa Windows Excel®. Para os dados qualitativos foi seguido como base a metodologia proposta por Bardin (2009), que se constitui como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obterem indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens. Cabe ressaltar que para uma mesma questão pode ter havido mais de uma resposta por estudante, o que ocasionou a situação de muitas vezes o número de respostas exceder o de entrevistados.
Por se tratar de uma pesquisa que envolve diretamente seres humanos (Resolução do Conselho nacional de Saúde CNS 466/12), o projeto foi encaminhado para um Comitê de Ética devidamente cadastrado junto à Comissão Nacional de Ética e Pesquisa- CONEP e aprovado através do Parecer Consubstanciado CAAE: 03780312.8.0000.5115.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No que se refere à questão “Para você, o que é um inseto?”, verificou-se que os 345 entrevistados definiram os insetos em diferentes tipologias, sendo possível agrupá-las em quatro: conceitual (n = 278), morfológica (n = 231), repulsiva (n = 34) e geográfica (n = 34). Um total de 16estudantes não souberam responder e/ou deixaram a questão em branco. Cabe ressaltar que na maioria das vezes houve a citação de mais de uma tipologia por questionário.
O caráter conceitual abrangeu as respostas pertinentes aos conceitos científicos e também ao papel atribuído aos “insetos” nos ecossistemas e também em sua relação com os seres humanos. Assim, foram identificados elementos que direcionam principalmente para nomenclaturas e classificações (biológicas ou não). As respostas obtidas e o respectivo número de citações foram: “invertebrados” (n = 125); “ser vivo” (n = 28); “são animais” (n = 15); “artrópodes” (n = 13); “classe de animais” (n = 9); “parte da biodiversidade” (n = 7) e vertebrados” (n = 5). De modo geral, a maioria das citações, embora apresentadas de forma incompleta e pouco técnica, corroboram com a literatura científica que classifica os insetos (RUPERT e BARNES, 1996; BRUSCA e BRUSCA, 2011).
O caráter morfológico envolveu todas as citações que se referem ao corpo dos “insetos”, sendo estas: divisão corporal, membros, quantia de apêndices e tamanho: “ser de porte pequeno” (n = 109); “podem ter asas” (n = 37); “tem um exoesqueleto quitinoso” (n = 24); “com três pares de pernas” (n = 14); “várias pernas” (n = 9); “corpo dividido em segmentos” (n = 9); e “apresentam antenas” (n = 9). Tais respostas direcionam adequadamente, porém de forma fragmentada, para as características que definem morfologicamente os representantes da classe Insecta (BUZZI, 2010; BRUSCA e BRUSCA, 2011), com a predominância de respostas referentes ao pequeno tamanho e presença de apêndices locomotores como asas e pernas.
O caráter geográfico foi constituído pelo total de citações referentes aos possíveis locais de ocorrência dos insetos: “vivem em diferentes ambientes” (n = 20); “estão em todos os lugares” (n = 9) e “vivem na cidade” (n = 5). Tais citações chamam a atenção pelo aspecto cosmopolita dos insetos, que são encontrados em praticamente todos os biomas terrestres, com raras exceções (BUZZI, 2010).
O caráter repulsivo foi constituído através de visões que focam os insetos através de valores negativos como ausência de importância, irritabilidade, nocividade e periculosidade: “bicho chato que incomoda” (n = 18); “venenosos que picam” (n = 17); “patógenos” (n = 13); “bicho nojento” (n = 6); “pragas” (n = 5) e “ser inferior” (n = 5). A ausência de conhecimento sobre os seres vivos e suas relações com os humanos pode levara uma visão deturpada ou mesmo falsa sobre determinado grupo animal. Segundo Fowler (1997), ao se tratar dos insetos há pessoas que não apresentam nenhum tipo de aversão, mas existem também aquelas que extrapolam sua real condição e importância. Aliado a isso, meios informativos presentes no cotidiano das pessoas (internet, rádio, revistas, cinema e televisão) muitas vezes fornecem falsas informações direcionadas sob um ponto mercadológico regido por filmes de terror/suspense e uso de pesticidas.
Ainda sob este prisma, Mertins (1986) e Ramos e Elorduy (1994) destacam que raramente um filme se reporta positivamente aos artrópodes, pois estes normalmente exibem estes organismos a partir de imagens que levam a visar à morte, doenças, fome e periculosidades diversas, com o viés de provocar medo e pânico, muitas vezes através de formas fictícias (antropomorfizadas). Hoyt e Schultz (1999) acrescentam ainda que a ausência de contato com a natureza, verificada principalmente para a população urbana, pode fazer do ser humano um indivíduo “externo” ao meio natural, pois este acaba por perder a capacidade de conhecer as espécies e assim muitas vezes compreende os seres como nocivos ou sem importância.
Cabe ressaltar que, como o principal instrumento para corrigir essas distorções, a educação formal se destaca e pode utilizar de ferramentas diversas, como livros, vídeos, e visitas a locais como parques e museus, permitindo uma visão real e clara frente à esses organismos e seu real papel nos ecossistemas e junto ao ser humano (FOWLER, 1997; CAJAIBA e SILVA, 2015).
No que se refere à questão “Cite exemplos de insetos que você conheça”, foram citados, em todos os cursos, 60 diferentes organismos (Tabela 1). Os dez mais citados foram: pernilongo (n = 203), formiga (n = 195), barata (n = 188), mosquito (n = 155), besouro (n = 119), abelha (n = 113), mosca (n = 111), grilo (n = 93), borboleta (n = 67) e cigarra (n = 27). Verificou-se que em todos os cursos a categoria “inseto” foi usada para designar organismos que não pertencem à Classe Insecta, como aranha (n = 31), carrapato (n = 8), escorpião (n = 3), lesma (n = 1), lagartixa (n = 1) e minhoca (n = 4), dentre outros.
Tabela 1. Organismos citados como exemplo de insetos por estudantes de graduação em uma instituição de ensino superior em Divinópolis – MG.
|
|
Etnocategoria |
Número de |
Reino* |
Classe* |
Taxonômica |
Citações |
Animalia |
Arachnida |
Aranha |
31 |
|
|
Carrapato |
8 |
|
|
Escorpião |
3 |
|
|
Acaro |
1 |
|
Chilopoda |
Lacraia |
3 |
|
|
Centopéia |
1 |
|
Gastropoda |
Caramujo |
1 |
|
|
Lesma |
1 |
|
Insecta |
Pernilongo |
203 |
|
|
Formiga |
195 |
|
|
Barata |
188 |
|
|
Mosquito |
155 |
|
|
Besouro |
119 |
|
|
Abelha |
113 |
|
|
Mosca |
111 |
|
|
Grilo |
93 |
|
|
Borboleta |
67 |
|
|
Cigarra |
27 |
|
|
Joaninha |
19 |
|
|
Siririca |
16 |
|
|
Libélula |
16 |
|
|
Gafanhoto |
15 |
|
|
Cupim |
15 |
|
|
Barbeiro |
13 |
|
|
Marimbondo |
13 |
|
|
Mariposa |
13 |
|
|
Vaga-lume |
11 |
|
|
Louva-deus |
8 |
|
|
Vespa |
8 |
|
|
Percevejo |
6 |
|
|
Pulga |
6 |
|
|
Borrachudo |
6 |
|
|
Piolho |
6 |
|
|
Tanajura |
6 |
|
|
Aleluia |
5 |
|
|
Lagarta |
5 |
|
|
Aedes |
4 |
|
|
Varejeira |
3 |
|
|
Esperança |
2 |
|
|
Traça |
2 |
|
|
Taturana |
2 |
|
|
Anopheles |
1 |
|
|
Bicho - Pau |
1 |
|
|
Berne |
1 |
|
|
Bicho - Pé |
1 |
|
|
Bicho - prego |
1 |
|
|
Culex |
1 |
|
|
Mamangava |
1 |
|
|
Mandruvá |
1 |
|
|
Muriçoca |
1 |
|
|
Paquinha |
1 |
|
|
Serra-pau |
1 |
|
|
Zangão |
1 |
|
Malacostraca |
Tatu - Bola |
1 |
|
Oligochaeta |
Minhoca |
4 |
|
Reptilia |
Calango |
1 |
|
|
Lagarto |
1 |
|
|
Lagartixa |
1 |
*Nomenclatura científica
A ampla rotulação linguística de seres sistematicamente não relacionados à classificação lineana pertinente à Classe Insecta pode ser explicada pela hipótese da ambivalência entomoprojetiva, que segundo Costa Neto (1999), refere-se à tendência que os seres humanos tem de projetar sentimentos de nocividade, periculosidade, nojo e menosprezo a animais não-insetos (inclusive pessoas), associando-os a categoria “inseto”, que é determinada culturalmente. Nolan e Robbins (1999) apoiam que a organização classificatória dos domínios etnozoólogicos (“aves”, “peixes”, “mamíferos”, “insetos”) é influenciada pelo significado emotivo e atitudes culturalmente construídas aos domínios.
Uma informação interessante se deve ao fato que mesmo no curso de ciências biológicas, onde os insetos e outros grupos de animais consistirem em objeto de estudo, foi verificada a citação de representantes de outros táxons, como “aranha”, “carrapato” e “minhoca”. Cabe ressaltar que esses entrevistados cursavam o 2° período e desta forma não haviam feito ainda a disciplina de Zoologia II, que acontece em período posterior e aborda diretamente o Filo Arthropoda. No entanto, cabe ressaltar que durante todo o processo educativo formal os estudantes recebem informações sobre zoologia.
Sobre a questão que argumenta sobre “a importância dos insetos”, foram registradas tanto percepções positivas quanto negativas, com predominância da positiva (Figura 2).
Figura 2. Importância dos insetos citados por estudantes de graduação em uma instituição de ensino superior em Divinópolis – MG.
Ainda sobre a importância dos insetos, um montante de 13 estudantes disse desconhecê-la, três estudantes citaram “nenhuma” e 10 estudantes deixaram a questão em branco. Resultados semelhantes foram observados por Costa Neto e Carvalho (2000), em um estudo sobre a percepção dos insetos pelos graduandos da Universidade Estadual de Feira de Santana - BA, onde os entrevistados atribuíram aos insetos mais valores positivos (84%) que negativos (10%). Entretanto, resultados distintos foram observados por Modro (2009) ao analisar a importância dos insetos por docentes e discentes do ensino fundamental, médio e Educação para Jovens e Adultos (EJA) no município de Santa Cruz do Xingu –MT, onde constatou-se a percepção negativa dos insetos por todos os estudantes do Ensino Fundamental, 60% pelos de Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) e ainda, 33% para os docentes de ciências naturais.
Para as respostas referentes às percepções positivas (Figura 6), verificou-se a importância desses organismos para a: “Cadeia alimentar” (n = 169); “Equilíbrio ecológico” (n = 111); “Polinização” (n = 67) e “Dispersão de sementes” (n= 15). Já para a percepção negativa foram registrados resultados como: “Patógenos” (n = 15), “Causam malefícios” (n = 7). Acredita-se que uma visão mais clara e menos distorcida sobre a importância negativa e positiva dos insetos é devidamente obtida quando se adota métodos didáticos adequados, utilizando-se de práticas educativas que mostrem a real contribuição e ação desses organismos juntos aos demais seres vivos e ecossistemas onde vivem e interagem (CAJAIBA e SILVA, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados mostraram diferentes e variadas percepções dos discentes em relação à classe investigada, mostrando que a etnocategoria “inseto” parece ser uma construção não somente do conhecimento acadêmico-científico, mas também fruto dos saberes populares e culturais obtidos através da vivência cotidiana dos indivíduos.
Considerando-se o público alvo desse estudo tratar-se de estudantes que em breve estarão ocupando diferentes postos de trabalho nos mais diversos setores da sociedade, cabe ressaltar a importância de uma visão mais real e científica do grupo de organismos que compõe os insetos, pois o mesmo tem reflexos diretos (positivos e negativos) sobre a nossa saúde, economia e equilíbrio ambiental, dentre outros.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Eraldo Medeiros Costa Neto, pela relevância de suas pesquisas na área da etnozoologia brasileira e ainda, pelos direcionamentos técnicos e envio de material bibliográfico.
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