AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS POSITIVOS DE UMA HORTA ESCOLAR

Valdecir da Silva1; Vera Lúcia da Silva2; Francisco de Assis da Silva3; Válter da Silva4; Roberto Balbino da Silva5; Dimítri de Araújo Costa6

1Bacharel em Ecologia/Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Especialista em Educação em Direitos Humanos/UFPB; Especialista em Biologia Vegetal/Instituto Superior de Educação Ibituruna (ISEIB); Licenciando em Ciências Biológicas/UFPB. Email: valdecir.silvas@gmail.com

2Licenciada em Ciências Biológicas/Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA-CE); Especialista em Saúde da Família/UFPB; Especialista em Educação em Direitos Humanos/UFPB; Bacharel em Secretariado Executivo Bilíngue/UFPB. Email: vlucia65@gmail.com

3Licenciado em Ciências (Habilitação em Biologia)/Autarquia Municipal de Ensino Superior de Goiana (AMESG) - Faculdade de Ciências e Tecnologia Prof. Dirson Maciel dos Barros (FADIMAB); Bacharel em Ecologia/UFPB; Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA)/UFPB; Servidor Público Federal: Guarda de Endemias do Ministério da Saúde. Email: assismandela@gmail.com

4Bacharel em Engenharia Agronômica/UFPB; Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho/Instituto de Educação Superior da Paraíba (IESP); Mestre em Agroecologia/UFPB. Email: valtermataraca@gmail.com

5Licenciado em Ciências Biológicas/UVA-CE; Especialização em Ciências Ambientais/Centro Integrado de Tecnologia e Pesquisa (CINTEP); Licenciando em Ciências Agrárias/UFPB. Email: balbinorobert@hotmail.com

6Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas/UFPB, Mestre em Ecologia e Monitoramento Ambiental/UFPB, Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA/UFPB. E-mail: costa.researcher@yahoo.com.br

RESUMO. Este trabalho tem como objetivo identificar as vantagens e benefícios de se ter uma horta orgânica dentro de um ambiente escolar. Foi realizada uma breve revisão bibliográfica, sobre o tema abordado (horta escolar), utilizando as ferramentas “GoogleTM” e “Google AcadêmicoTM”. A horta escolar é considerada como um “laboratório vivo”, isto porque, é possível acompanhar todo o desenvolvimento das hortaliças de forma harmoniosa, possibilitando também complementar as atividades escolares. Esta atividade enriquece o currículo escolar, e melhora de forma significativa o aprendizado do discente, além de proporcionar produtos alimentícios saudáveis, livres de agrotóxicos. Para desenvolver uma horta escolar, recomenda-se o conhecimento técnico de um profissional da área, como um agrônomo ou um técnico agrícola, além de procurar reduzir o custo, objetivando que as escolas possam custear as despesas com verbas oriundas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Há inúmeros benefícios e vantagens de uma horta escolar, tais como: alimentos saudáveis, redução dos gastos com alimentação, consciência ambiental, possibilidade de atividades teóricas, práticas pedagógicas e muitas outras. Todos esses aspectos positivos tornam-se ainda mais evidentes e eficazes caso a escola esteja inserida na zona rural, ou se ela for uma escola técnica agrícola.

Palavras-chave: Ambiente escolar, Vantagens e benefícios, Zona rural.

EVALUATION OF THE POSITIVE ASPECTS OF A SCHOOL GARDEN

ABSTRACT. This work aims to identify the advantages and benefits of having an organic garden within a school environment. A bibliographical review of the last sixteen years of works already produced in books (personal collection), articles and scientific journals, on the subject covered (school garden), using the tools "GoogleTM" and "Google ScholarTM". The school garden is considered as a "living laboratory", because it is possible to accompany all the development of vegetables in a harmonious way, also making it possible to complement school activities. This activity enriches the school curriculum, significantly enhances student learning, and provides healthy, pesticide-free food products. To develop a school garden, it is recommended the technical knowledge of a professional in the area, such as an agronomist or an agricultural technician, in addition to seeking to reduce the cost, aiming at schools to be able to defray the expenses with funds from the “Programa Nacional de Alimentação Escolar” (PNAE). There are many benefits and advantages of a school garden, such as: healthy food, reduced food expenses, environmental awareness, possibility of theoretical activities, pedagogical practices and many others. All these positive aspects become even more evident and effective if the school is located in the rural zone, or if it is an agricultural technical school.

Keywords: School environment, Advantages and benefits, Rural zone.

INTRODUÇÃO

A horta orgânica escolar é vista por muitos autores como um “laboratório vivo” (e.g. IRALA e FERNANDEZ, 2001; MORGADO e SANTOS, 2008; FIOROTTI, et al., 2011; PIMENTA e RODRIGUES, 2011; SPA, 2013; SANTOS et al., 2014), isto porque, é possível acompanhar em tempo real todo o desenvolvimento das hortaliças como, por exemplo, o tempo de germinação das sementes, o tempo de produção e colheita, o desenvolvimento apical que é de suma importância, já que muitas das hortaliças tem as folhas como produto final, sendo possível também caso seja necessário acompanhar a senescência das hortaliças. Todas estas características em perfeita harmonia com as atividades escolares, enriquecendo o currículo escolar e melhorando de forma significativa o ensino aprendizado do alunado e ainda ter a vantagem de possui em mãos produtos alimentícios saudáveis livres de agrotóxicos e/ou defensivos agrícolas prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente.

O ensino de ciências nos anos finais do ensino fundamental, assim como o ensino de biologia para os alunos do ensino médio e/ou técnico, torna a Botânica (ou Biologia Vegetal) como uma das ciências de maior impacto na formação do aluno, principalmente se este aluno fizer parte do meio rural como, por exemplo, o filho de um agricultor ou produtor rural. Então é importante que os alunos conheçam desde cedo as técnicas agrícolas de produção rural, as espécies produtoras, o respeito ao meio ambiente, enfim toda a cadeia produtiva de uma determinada cultura. Para muitos alunos este é o primeiro contato com as práticas e técnicas do meio rural, no qual a horta escolar vem contribuir para a formação dos futuros agricultores e/ou produtores rurais, ficando evidente a importância de desenvolver uma horta em um ambiente escolar, funcionando como um laboratório para pesquisa e ensino-aprendizado. O objetivo deste trabalho é identificar as vantagens e benefícios de se ter uma horta orgânica dentro de um ambiente escolar. Para tanto, foi feito uma breve revisão bibliográfica referente ao tema abordado (horta escolar), utilizando as ferramentasGoogleTMe “GoogleTM Acadêmico”.

DESENVOLVIMENTO

Segundo FILGUEIRA (2008), as popularmente conhecidas “verduras” e os “legumes” e também do ponto de vista agronômico: a batata, a batata-doce, a melancia, o melão, o milho-doce, o milho-verde e o morango; estão tecnicamente agrupados e são conhecidos no meio cientifico como Olericultura, ciência aplicada que estuda o cultivo e a produção das Oleráceas (hortaliças). Isto significa que os agricultores que trabalham com hortaliças são equivocadamente chamados de horticultor, onde na verdade o termo certo ou pelo menos o mais adequado de se empregar a esse tipo de agricultores é Olericultor, visto que a horticultura é um ramo ainda mais abrangente, onde segundo (FILGUEIRA, 2008) estão reunidos oito grupos menores e bem específicos: Olericultura, Fruticultura (produção de fruteiras), Floricultura (flores), Jardinocultura (plantas ornamentais), Viveiricultura (mudas em geral), Cultura de plantas condimentares, Cultura de plantas medicinais e Cultura de cogumelos comestíveis.

Recomenda-se que seja ensinado aos alunos essa diferenciação de horticultura e olericultura, dando início aos trabalhos ou projeto de construção de uma horta escolar. Desta forma, aquela escola que possui em seu ambiente escolar uma horta irá obter inúmeras vantagens e benefícios aos participantes, principalmente alunos e professores, estando associado ao processo de ensino/aprendizagem. Primeiro que os benefícios pedagógicos de uma horta escolar podem entrar de forma transversal e harmoniosa com o projeto político pedagógico da escola (PPP), e consequentemente, com o currículo escolar, contribuindo com várias disciplinas e enriquecendo outras que também, já estão presentes de forma transversal como, por exemplo, a educação ambiental.

Mas, para fazer uma horta escolar, é necessário antes de tudo o conhecimento técnico de um profissional da área como, por exemplo, um agrônomo ou um técnico agrícola, ou até mesmo um parente, docente ou ainda um funcionário que tenha alguma experiência prática no cultivo de hortaliças (IRALA e FERNANDEZ, 2001). Uma pessoa com conhecimentos práticos e/ou técnico no cultivo de hortaliças é fundamental para dá início as atividades de construção e manutenção de uma horta, pois ele é quem vai dizer o local adequado para o cultivo das hortaliças, as ferramentas necessárias, o tipo de adubação, como combater as pragas, etc.

O custo de uma horta orgânica escolar é relativamente baixo e por isso qualquer escolar publica pode custear as despesas com verbas oriundas do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE ou ainda segundo SPA (2013, p. 18) “os recursos podem ser alocados de programas de incentivo e aperfeiçoamento da produção agrícola. De projetos que visam o sucesso e permanência do aluno na escola e de parcerias”. Além do mais com os próprios alunos cultivando e produzindo suas próprias hortaliças, isto faz com que reduza os gastos com alimentação escolar. Como afirma FIOROTTI, et. al. (2011), a horta cultivada não é suficiente para atender todas as necessidades da merenda escolar, no entanto, promove a redução dos gastos.

Quando a horta no seu contexto escolar tem como objetivo suprir, mesmo que, seja de forma complementar as necessidades alimentícias da escola, ela é conhecida como horta de produção existindo ainda dos outros tipos de hortas: hortas pedagógicas e hortas mistas, sendo esta última a união dos benefícios e vantagens de uma horta de produção agregando a ela atividades pedagógicas. Neste âmbito, segundo Fernandes (2009), verifica-se três tipos de hortas: 1) hortas de produção, que objetiva suplementar a alimentação escolar, por meio do cultivo de frutas e hortaliças; 2) hortas mistas, que permite a construção de um plano pedagógico, como também buscando aprimorar a alimentação dos discentes, juntamente com o oferecimento de alimentos sadios e frescos; 3) hortas escolares, agrupando o integrar e estudar, de forma sistemática, processos, ciclos e fenômenos naturais (FERNANDES, 2009).

A horta contribuir para a alimentação e consequentemente para a nutrição escolar dos alunos de forma complementar. Isto porque, segundo PIMENTA e RODRIGUES (2011) ela enriquece o cardápio escolar com alimentos ricos e nutritivos promovendo saúde e uma boa qualidade de vida e ainda provoca mudanças nos hábitos alimentares e nutricionais, através do consumo diário de hortaliças pelos alunos e até mesmo pelos pais que são influenciados pelos filhos. Além disso, para ter uma boa qualidade de vida é necessário alimentar-se bem, principalmente com o consumo de frutas e hortaliças (SELEÇÕES, 2002).

Como foi dito anteriormente as hortas escolares, além de reduzir gastos com a alimentação escolar ela também provoca profundas mudanças nos hábitos alimentares e nutricionais (Educação Alimentar) promovendo saúde e uma melhor qualidade de vida para os alunos, e ainda contribuiu para a consciência ambiental e sustentável dos recursos naturais (Educação Ambiental) como afirma SANTOS et al. (2014, p. 289) “as atividades na horta escolar contribuíram para elevar a conscientização dos alunos sobre os problemas ambientais e permitiu a compreensão do que seja sustentabilidade”. No entanto, o mais importante é a possibilidade de colocar em prática as atividades de ensino-aprendizagem de forma inter e/ou multidisciplinar, através das disciplinas curriculares em especial as disciplinas de ciências e biologia, principalmente no que remete ao estudo da Botânica e/ou Biologia vegetal. Algumas dessas experiências de práticas pedagógicas podem ser vistas nos trabalhos de (IRALA e FERNANDEZ, 2001; SPA, 2013). E por fim a horta escolar também desperta valores sociais através do trabalho coletivo de cooperação, e participação entre os agentes sociais envolvidos na construção, manutenção, e no ensino-aprendizado como um todo. (MORGADO e SANTOS, 2008).

CONCLUSÕES

Após as pesquisas e análises dos trabalhos publicados e descritos acima foi possível identificar vários benefícios e vantagens que uma horta orgânica escolar pode trazer para o contexto pedagógico, produtivo e recreativo da escola, tais como:

Todos esses benefícios incrementados pela horta escolar tornam-se ainda mais evidente e eficaz caso esta escola faça parte da zona rural ou se ela for uma escola técnica agrícola, isto porque ela vai usufruir de todos esses benefícios em sua máxima totalidade já que os alunos dessas escolas provavelmente são em sua maioria filhos de agricultores ou pequenos produtores rurais, pois os mesmos reconhecem e valoriza como ninguém a importância de se ter uma horta orgânica e de trabalhar com a agricultura familiar.

REFERÊNCIAS

FERNANDES, M. C. A. Horta escolar. Brasília: Ministério da Educação, 2009.

FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 3 ed. rev. e ampl. Viçosa: Editora UFV, 2007.

FIOROTTI, J. L; CARVALHO, E. S. S.; PIMENTEL, A. F.; SILVA, K. R. Horta: a importância no desenvolvimento escolar. Anais... XIV Encontro Latino-Americano de Iniciação Científica. Universidade Vale do Paraíba, 2011. Disponível em: <http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/0566_0332_01.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2017.

IRALA, C. H. e FERNANDEZ, P. M.; Coordenação RECINE, E Manual para escolas. A Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis. Universidade de Brasília. [Internet], 2001. Disponível em: <http://www.turminha.mpf.mp.br/para-o-professor/para-o-professor/publicacoes/Manual-da-horta.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2017.

MORGADO, F. S.; SANTOS, M. A. A. A horta escolar na educação ambiental e alimentar: experiência do Projeto Horta Viva nas escolas municipais de Florianópolis. Extensio: Revista Eletrônica de Extensão, v. 5, n. 6, p. 57-67, 2008. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/3232093.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2017.

PIMENTA, J. C.; RODRIGUES, K. S. M. Projeto Horta Escola: ações de educação ambiental na escola centro promocional todos os santos de Goiânia (GO). Simpósio de educação ambiental e transdisciplinaridade, v. 2, p. 8-9, 2011. Disponível em: <http://www.cre.se.df.gov.br/ascom/documentos/hortasubeb/horta_escola_acoes_educa%C3%A7%C3%A3o_ambiental_escola_CPTSG.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2017.

SANTOS, M. J. D.; AZEVEDO, T. A. O.; FREIRE, J. L.O.; ARNAUD, D. K. L. e. REIS, F. L. A. M. Horta escolar agroecológica: incentivadora da aprendizagem e de mudanças de hábitos alimentares no ensino fundamental/school garden agroecological: supportive learning and changing eating habits in elementary school. HOLOS, v. 30, n. 4, p. 278-290, 2014. Disponível em: <http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/download/1705/887>. Acesso em: 16 fev. 2017.

SELEÇÕES, do Reader’s Digest. Curando as doenças do dia-a-dia: métodos naturais. Rio de Janeiro: Reader’s Digest, 2002.

SPA (SECRETARIA DA PESCA E AGRICULTURA). Projeto Horta Escolar Palhoça (PROHEP): educação ambiental e incentivo na formação de jovens agricultores, com novas perspectivas de melhorias no ensino de Ciências e Biologia. Disponível em: . Acesso em: 13 jul. 2017.