O DESCARTE CONSCIENTE ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
SELAU, Adriana Bordignon Scheeren 1
FOFONKA, Luciana 2
RESUMO
A produção e o descarte de resíduos sólidos agravam o equilíbrio ambiental. As ações antropocêntricas, o uso inadequado dos recursos naturais interfere na sustentabilidade do planeta. Na prática educacional escolar a educação ambiental deve auxiliar no tratamento das questões sobre consumo consciente e descarte de resíduos sólidos. Diante deste contexto, este trabalho tem como objetivo promover a educação ambiental, sensibilizando os alunos para o descarte consciente, verificando o que entendem por descarte adequado de lixo e coleta seletiva, recebendo estímulo e inclusive orientação apropriada para que atinjam um nível de compreensão afim de evitar problemas ambientais que o lixo pode gerar. Através de pesquisa envolvendo os alunos do 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Dona Luiza Freitas Vale Aranha, Porto Alegre/RS, foram realizadas, entre pré-teste e pós-teste, atividades englobando conscientização do consumo e descarte de resíduos. Comparando os resultados, nos permite deduzir que ainda é indispensável evidenciar o tema sobre o descarte consciente na educação ambiental, em todas as disciplinas e níveis de ensino, afim de gerar cidadãos conscientes e empenhados em investir num planeta sustentável e adquirir uma qualidade de vida melhor.
Palavras-chave: Descarte Consciente. Educação Ambiental. Resíduos Sólidos.
DISPOSAL OF IMPORTANCE AWARE THROUGH ENVIRONMENTAL EDUCATION
ABSTRACT
The production and disposal of solid waste worsen the environmental balance. The anthropocentric actions, improper use of nature and natural resources influence the sustainability of the planet. In educational school practice environmental education should help in dealing with issues about responsible consumption and disposal of solid waste. Given this context, this work aims to promote environmental education, sensitizing students to the conscious disposal, checking what constitutes proper waste disposal and waste sorting, receiving encouragement and including appropriate guidance so that they reach a level of understanding in order to avoid environmental problems that garbage can generate. Through research involving students in the 9th grade at the Escola Estadual de Ensino Fundamental Dona Luiza Freitas Vale Aranha, Porto Alegre / RS, they were held between pre-test and post-test activities encompassing awareness of consumption and waste disposal. Comparing the results, it allows us to deduce that it is still necessary to highlight the theme of the conscious disposal in environmental education in all disciplines and levels of education in order to generate conscious citizens and committed to investing in a sustainable planet and acquire a better quality of life.
Keywords: Dispose Aware. Environmental education. Solid waste.
1 INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos apresentam atualmente um problema ambiental. A tecnologia e o crescimento urbano aumentam a quantidade e a produção de lixo. O descarte de resíduos sólidos sem consciência e da produção descomedida, originam o desequilíbrio ecológico no meio ambiente.
O acúmulo de lixo afeta o meio ambiente, além da contaminação do ar, água e solo, também a redução de recursos naturais e propagação de doenças.
O lixo é considerado o resíduo que procede das atividades do ser humano, o que é descartado e que não será mais útil.
A questão do descarte do lixo urbano é tema que deve ser trabalhado sobretudo na esfera escolar, onde se possa construir no indivíduo e na coletividade a consciência no controle do consumo exagerado e do descarte de resíduos.
Considerando a legislação ambiental que é de extrema importância, porque aponta problemas e possíveis soluções, à medida que se discute o assunto sobre a geração de lixo, sendo este o amparo legal da ação de quem argumenta a favor do meio ambiente, contra a destruição gerada pelo crescimento rápido e desordenado.
As importantes disposições legais, sendo respeitadas, promovendo um desenvolvimento sustentável, diminuindo as agressões ao ambiente natural e mantém uma boa qualidade de vida.
A proposta da educação ambiental nas escolas deverá levar à mudança de atitudes que fomente a preservação do ambiente. Esse novo comportamento envolve desde o controle do consumo de material a serem descartados até o rejeite que favoreça a reciclagem, a reutilização e o reuso. Implicando também em informar a população ao não desperdício de materiais.
Em educação ambiental existe uma caminhada gradativa para atingir objetivos concretos, pois deve ser através de uma ação contínua.
O objetivo principal deste trabalho é promover educação ambiental, sensibilizando os alunos para o descarte consciente. Diagnosticando o que entendem por descarte adequado de lixo e coleta seletiva. Com a finalidade que atinjam um nível de compreensão, recebendo estímulo e inclusive orientação apropriada com a intenção de evitar problemas ambientais que o lixo pode gerar.
O projeto foi desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Fundamental Dona Luiza Freitas Vale Aranha, na Cidade de Porto Alegre/RS com diferentes atividades, enfatizando causas e consequências, de maneira que, no final, os alunos tivessem uma visão ampla sobre as questões ambientais. Posterior ao pré-teste, foi realizado atividades para informação e conscientização sobre o descarte de resíduos. Após o pós-teste, análise e discussão dos resultados.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1. Histórico
As questões ambientais começaram a se apresentar nos anos 70, quando surgem manifestações pelo mundo.
Acontecimentos de causa ambiental nas décadas de 50 e 60 fazem com que países desenvolvidos temessem que o futuro humano estivesse em risco.
Algumas descobertas científicas ajudaram a perceber a emergente globalidade dos problemas ambientais e discussões em relação à natureza da educação ambiental passaram a ser desencadeadas.
A conferência sobre meio ambiente ocorreu em Estocolmo (Suécia) pela ONU em 1972, com discussão do Desenvolvimento e Ambiente, conceito de Ecodesenvolvimento. (MMA, 2016)
No ano de 1975, em Belgrado (Iugoslávia), cria-se os princípios e orientações sobre educação ambiental pelo Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA). (MMA, 2016)
O marco da educação ambiental foi a Organização das Nações Unidas para educação, ciência e cultura da UNESCO, em cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A primeira Conferência Intergovernamental sobre educação ambiental, em 1977, ocorreu em Tbilisi (Geórgia). (MMA, 2016)
No Congresso Internacional de Moscou, no ano de 1987, sobre educação e formação ambiental organizado pela UNESCO e PNUMA, ocorreu a análise das conquistas e dificuldades da educação ambiental em todo o mundo. (MMA, 2016)
A Constituição Brasileira, em 1988, em capítulo especial sobre meio ambiente, diz que cabe ao poder público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e conscientização pública para a preservação do meio ambiente. (BRASIL, 2016)
A ECO-92, uma conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento na Rio/92, reorienta a educação para o desenvolvimento sustentável, cuja consequência é a criação da Agenda 21, sistematizando um plano de ação com metas para alcançá-lo. (MMA, 2016)
No capítulo 36 da Agenda 21, basicamente faz menção à educação sugerindo “um esforço global para fortalecer atitudes, valores e ações que sejam ambientalmente saudáveis e que apoiem o desenvolvimento sustentável por meio da promoção do ensino, da conscientização e do treinamento.” (MMA, 2016)
2.2. Legislação
No Brasil a PNEA (Política Nacional de Educação Ambiental) foi proposta em 27 de abril de 1999, pela Lei no 9.795 que diz no seu artigo 2o: “A educação ambiental é componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.”
Conforme os fundamentos da PNEA, a educação ambiental deve ser abordada de forma interdisciplinar, abrangendo todas as áreas do conhecimento.
Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) sugerem que o tema meio ambiente seja de cunho transversal, como um processo pedagógico participativo permanente incutindo uma consciência crítica sobre os problemas ambientais. (BRASIL, 1998)
Quanto ao controle de lixo, de acordo com o Art. 9° da Lei 12.305/2010, “a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”. (BRASIL, 2010)
2.3. Lixo
Dentre os vários temas tratados, o “lixo” é um dos muito discutido na educação ambiental.
A gestão de resíduos sólidos incluindo na educação ambiental é importante para a preservação do meio ambiente. O lixo é um dos problemas enfrentados pela sociedade e é necessário conscientizar sobre o descarte inadequado e o consumo descomedido.
A Fundação Ellen MacArthur em parceria com a consultoria Mackinsey, divulgou estudo constatando que precisa haver uma mudança rigorosa, pois a quantidade de lixo plástico nos oceanos deverá superar a de peixes no ano de 2050. Ressaltam que pelo menos 8 milhões de toneladas por ano de plástico vão parar nos oceanos, equivalente a um caminhão de lixo por minuto e que é provável que aumente para 2 por minuto até 2030 e 4 por minuto até 2050 (DEUTSCHE WELLE, 2016).
Nas grandes cidades há um grande volume de materiais descartados diariamente pela população. Estes materiais não deixam magicamente de existir quando colocados na lixeira. Pensar nas consequências de nossos hábitos de consumo é essencial para o futuro do planeta.
É comum as embalagens dos produtos serem vistosas e atrativas ao consumidos, mas depois de abertas, serão diretamente rejeitadas.
O destino deste lixo produzido será em espaços como aterros sanitários, lixões ou usinas de reciclagem. Sua coleta e manutenção geram custos se descartados de maneira incorreta, podem causar danos no meio ambiente, riscos à saúde pública e à população.
Há um meio de reaproveitar os resíduos do lixo, possibilitando a diminuição dos problemas causados, através da reciclagem. Outras alternativas também podem minimizar, como a redução, o reuso e a reutilização, que inclusive fará a economia de recursos naturais.
A reciclagem permite os rejeitos serem transformados em novos objetos. Para isto é necessário a coleta seletiva, que já existem em várias cidades onde os materiais são apanhados nas casas pelos caminhões. Esse processo é trabalhoso e também gera custos.
Alguns destes rejeitos, na natureza, levam anos para degradarem, cada material tem seu tempo, conforme tabela 1.
TABELA 1
Tempo de Decomposição de Materiais
Decomposição de Materiais |
|
Materiais |
Tempo de decomposição |
Papel |
De 3 a 6 meses |
Panos |
De 6 meses a 1 ano |
Filtro de cigarro |
Mais de 5 anos |
Madeira pintada |
Mais de 13 anos |
Náilon |
Mais de 20 anos |
Metal |
Mais de 100 anos |
Alumínio |
Mais de 200 anos |
Plástico |
Mais de 400 anos |
Vidro |
Mais de 1.000 anos |
Borracha |
Indeterminado |
Fonte: http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_consumo/_arquivos/8%20- %20 mcs_lixo. pdf. Acesso em: 25/01/2016
Descartar incorretamente é desperdício e irresponsabilidade. O ideal seria não gerar lixo, evitando comprar materiais que sejam descartáveis.
2.4. Consumismo
Quanto maior o consumo de uma sociedade, maior é a produção de resíduos. Segundo Kassab (2014) “os altos índices de consumo geram alta demanda por matéria-prima, além de resultarem em muito lixo, produzindo portanto, prejuízo duplo ao meio ambiente.”
Em divulgação na Deutsche Welle, a Fundação Ellen MacArthur propõe uma mudança no consumo de plástico em cooperação com empresas de bens de consumo, produtores de embalagens, responsáveis pela coleta de lixo, cidades, políticos e organizações. (DEUTSCHE WELLE, 2016)
A base da sociedade de consumo está sustentada no modo de vida urbano e num sistema capitalista gerador de produtos. (ORTIGOZA; CORTEZ, 2009)
O capitalismo preponderante após a 2ª Guerra Mundial tem como objetivo fundamental, por meio de lucro, o acumulo de capital. Após a Guerra Fria, com a queda do socialismo, surge a globalização, que vincula as mudanças tecnológicas, com este novo sistema econômico, emerge uma sociedade de consumo, que resulta numa conexão direta com a degradação ambiental
Com o aumento da tecnologia, das cidades, das indústrias e da população acende proporcionalmente a necessidade de consumo, produzindo quantidades cada vez maiores de resíduos. Os espaços destinados ao lixo já não comportam mais a demanda. O meio ambiente acaba sofrendo as consequências, visto que a quantidade de resíduos produzidos supera a capacidade do meio ambiente de absorver os materiais descartados.
Os resíduos custam caro, pois consomem energia para serem fabricados, gastam os recursos naturais e também precisam de muito espaço para serem abandonados na natureza. Mas assim sendo, se tiver o tratamento apropriado poderá prevenir inconvenientes. O correto seria se a população consumisse menos produtos, mas isso inicia com a responsabilidade sobre nosso consumo como influência do capitalismo.
Segundo Ortigoza e Cortez, a produção e o consumo acabam gerando uma pressão absoluta sobre os recursos naturais, originando mais degradação ambiental, que se reflete na perda da qualidade de vida (ORTIGOZA; CORTEZ, 2009).
2.5. Desenvolvimento Sustentável
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), instituído pela Lei no 6.938/81, estabelece preceitos que tornem possível o desenvolvimento sustentável por meio de recursos capazes de conferir maior proteção ao meio ambiente. (BRASIL, 1981)
Um ano após a Conferência de Estocolmo é que o conceito de ecodesenvolvimento foi idealizado. Os princípios básicos estabelecidos por Sachs sugerem um desenvolvimento capaz de criar o bem estar social, a partir das aspirações e peculiaridades das populações. (SACHS, 2002)
A Agenda 21 é um documento aprovado na Conferência do Rio de Janeiro, este programa tem efeito amplo para conduzir a população a um desenvolvimento ambientalmente sustentável e ao mesmo tempo íntegro socialmente.
A Declaração de Thessaloniki, em 1997, assegura que a educação e a consciência ambiental compõem pilares da sustentabilidade que compreende o meio ambiente, a democracia, os direitos humanos, a saúde e a paz, dentre outros. (MMA, 1997)
O desenvolvimento sustentável tem como finalidade atender as demandas da população sem que os recursos naturais e o meio ambiente sejam afetados.
2.6. Educação Ambiental
Na luta constante de conscientizar a sociedade brota a educação ambiental com a função de discutir e abarcar temas ambientais que se processam diariamente.
A educação ambiental tem como objetivo compreender o ambiente natural e o humanizado, bem como sua conexão, abarcando a população de maneira responsável na gestão ambiental.
A lei 9.795, de 27 de abril de 1999, em seu artigo 1º, entende por educação ambiental os processos por meio dos quais o sujeito e a sociedade edificam valores sociais, conhecimento, atitudes, habilidades e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum da população, basicamente para qualidade de vida saudável e sustentável. (BRASIL, 1999)
Busca-se a transformação no comportamento em prol da natureza, com a intenção de conservar para as futuras gerações e incentivar um mundo sustentável.
As mudanças na educação ambiental, devem ser baseadas em ações éticas e cidadãos, atingindo autoridades governamentais e grupos sociais, orientando ao desenvolvimento sustentável e buscando uma prática ativa e permanente da sociedade.
Um dos objetivos dos PCNs, definindo capacidades de serem desenvolvidas pelos alunos, está em:
Posicionar-se de uma maneira crítica em relação ao consumismo, às mensagens da publicidade e estratégias de venda, compreendendo seu papel na produção de novas necessidades, assim como ser capaz de resolver situações-problema colocadas pelo mercado, [...]. (BRASIL, 1998)
Como caráter interdisciplinar a educação ambiental deve ser praticada como atividade escolar em todas as áreas de estudo, planejando ações que apontem a solução de problemas ambientais com o exercício dos alunos em debates constantes, principalmente sobre o consumo descomedido.
É de extrema importância a educação ambiental na escola, pois desde pequenos educa-se os alunos, ensinando práticas que podem colocar em ação todos os dias, assim como em seus espaços de atuação.
3 METODOLOGIA
3.1. Área de estudo
O público alvo foram os alunos do 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Dona Luiza Freitas Vale Aranha, no Bairro Belém Velho, zona rural do município de Porto Alegre/RS.
Primeiramente, houve um pré-teste, com a participação de 22 alunos. Em seguida, foi efetivado um trabalho direcionado ao consumo, resíduos sólidos e descarte consciente, um novo teste foi efetuado.
3.2. Aplicação dos testes
As questões dos teste foram abertas e fechadas, abordando temas, como: meio ambiente, tipos de poluição, lixo, descarte resíduos sólidos, coleta seletiva, separação de lixo e consumo (Apêndice A).
Entre os testes foi realizado um trabalho de informação, discussão e conscientização sobre problemas ambientais, destacando em especial a geração de resíduos sólidos em consequência do consumo.
3.3. Realização da conscientização
As atividades foram realizadas na escola no horário de aula. Primeiramente foi aplicado o pré-teste. A partir disto, foi abordado o problema do lixo, quantidade e tipos de resíduos, descarte de resíduos sólidos, separação do lixo reciclável e orgânico, tempo de degradação de diferentes materiais na natureza, consequências negativas dos resíduos descartados, leitura de textos e debates sobre consumo e geração de resíduos, dinâmicas sobre a quantidade e tipos de lixo gerados na escola e pelas famílias.
Discussão sobre tudo que consumimos, o que descartamos e o que poder reaproveitado e reciclado, mediante o documentário exibido “Ilha das Flores” (1989) do diretor Jorge Furtado. Este faz referência a realidade do tratamento dos resíduos sólidos, além de apontar a desigualdade social.
Ainda sobre o descarte de resíduos, os alunos debateram sobre o tema do documentário assistido “The Story of Stuf”, na versão em português “A História das Coisas” (2007) de Anne Leonard, que aborda a sociedade consumista, revelando o papel midiático sobre o modelo de consumo, de como somos intrinsecamente conectados à economia de mercado, bem como o impacto hostil sobre o meio ambiente e além disso a necessidade de vivermos num sistema sustentável.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
É de suma importância a percepção dos alunos sobre os problemas ambientais, em especial a geração de resíduos sólidos e consumo exagerado.
A análise é feita sobre a visão dos alunos sobre meio ambiente, poluição, produção de lixo, resíduos produzidos e descartados, reciclagem e reutilização.
4.1. Caracterização dos entrevistados
A faixa etária dos alunos está entre 14 e 17 anos. Dentre eles, 11 são do sexo masculino e 11 do sexo feminino. Proveniente do bairro da comunidade escolar e em torno.
4.2. Análise de dados
No pré-teste os alunos consideraram meio ambiente como a natureza ao seu redor, com 72,7% e o local onde vivemos com 27,3%. No pós-teste, 18,7% responderam que meio ambiente é a zona onde ainda não chegou a poluição e 81,3% a natureza ao seu redor, observado no gráfico 1. (Apêndice B)
O lixo foi considerado por 91% dos alunos, no pré-teste, como sendo algo sujo e sem utilidade, para 9% tudo o que é descartado, simplesmente. Já no pós-teste ainda ponderaram o que não tem utilidade com 81,3% e 18,7% o que é descartado, gráfico 2. (Apêndice B)
95% dos alunos alegaram que há muita poluição no seu bairro, terrenos baldios, arroios, córregos, ruas e praças. Considerando a rua como o local mais utilizado para o descarte do lixo.
Ao analisar o destino adequado para o lixo, 36,4% afirmam que precisa ser descartado em local certo; 32%, que deve ser evitado de jogá-lo na rua e 31,6% indicam que a comunidade necessita ser informada sobre o local descarte correto.
Quanto ao resíduo sólido (lixo), 77,3% doa alunos consideram como a poluição mais grave em seu bairro.
Sobre a coleta seletiva, 63,6% responderam que é a separação do lixo; 9,1%, é o recolhimento pelo caminhão e 27,3% não sabem de fato o que é, no pré-teste. No pós-teste, 68,7% afirmam ser a separação do lixo e 31,3%, a coleta pelo caminhão da reciclagem, gráfico 3. (Apêndice B)
Somente 36,4% conhecem alguém que faz a separação do lixo, no pré-teste. O mesmo para o pós-teste, porém indicando ser o vizinho quem faz.
Todos da turma ouviram falar em reciclagem e reutilização do lixo, 68,2% na escola e em veículo televisivo; 31,8% em outros locais (em casa, palestras e eventos).
Os 16,3%, no pré-teste, entende que reciclagem é a reutilização de materiais descartados. No pós-teste, 99% consideram ser reutilização de resíduos sólidos.
Todos os alunos consideram a reciclagem importante, justificando que ela evita
A poluição, diminuindo o lixo em locais públicos, as ruas e praças ficam mais limpas, previne doenças, não desperdiça matéria-prima e evita a degradação do meio ambiente.
Quanto ao tipo de material que pode ser aproveitado ou reciclado aos alunos citam, principalmente a garrafa plástica e o papel. Inicialmente consideram citar outros materiais, inclusive matéria orgânica, que pode ser aproveitada para a produzir uma composteira que irá gerar adubo orgânico, proveniente do resíduo (lixo) de origem vegetal ou animal que é descartado nas residências, escolas e empresas e se decompõe facilmente na natureza.
No pós-teste, mencionaram apenas resíduos sólidos que demoram para degradarem-se, como: metal, papel, papelão, plástico, vidro, conforme gráfico 4. (Apêndice B)
A maioria dos alunos não participa nem participou de programas envolvendo a reciclagem ou reutilização do lixo, mas afirmam que gostariam de participar, gráfico 5. (Apêndice B)
Quando perguntado se é aceitável a conduta em descartar qualquer resíduo pela janela do ônibus ou carro, mesmo havendo o gari na cidade para recolhe-lo, 86,4% declaram ser uma ação inconveniente.
Identificam os resíduos que descartam nas lixeiras da escola principalmente papel, embalagens de bala, chiclete e pirulito demonstrado no gráfico 6. (Apêndice B)
Apontam principalmente a madeira, o metal e o plástico como os materiais que demoram para serem consumidos pela natureza, no pré-teste. Após informações oferecidas entre os testes, os materiais que mais indicaram foram o vidro e a borracha, gráfico 7. (Apêndice B)
Sobre o problema do descarte de resíduos no meio ambiente, 77,3% declaram que os pais/família não comentam nem informam sobre o assunto.
A disciplina de ciências é a que mais trata sobre resíduos sólidos e tópicos ambientais na escola, identificam a maioria dos alunos. Haja vista que as famílias também não demonstram interesse em discutir problemas ambientais em casa.
Ainda carece a adequação da escola aos PCNs. A maioria das disciplinas não trabalha as questões ambientais, nem mesmo o consumo demasiado de materiais descartáveis motivado pelo sistema econômico. Exercício este que não deveria dar-se, uma vez que a Lei 9.795/99 institui a educação ambiental como interdisciplinar e de caráter coletivo. (BRASIL, 1999)
A escola participa da coleta seletiva, separam o lixo seco (reciclável) do orgânico, porém somente 45,4% dos alunos tem conhecimento desta prática, já que não são preparados para fazerem sua parte. A maioria acrescenta que esta conduta influencia na proteção do meio ambiente.
No pré-teste, 84% consideraram a reciclagem como uma ação para o melhor aproveitamento do lixo da escola e 16% para aplicar na produção de adubo. No pós-teste, 60,9% marcam a reciclagem; 26,1%, adubo e 13% para venda como matéria-prima, gráfico 8. (Apêndice B). Demonstrando com isto que os resíduos podem retornar ao seu ciclo de vida como produto semimanufaturado, podendo minimizar os impactos ambientais.
Na opinião dos alunos a maior consequência que os resíduos descartados no meio ambiente podem trazer é poluição da água e do solo, com 76%, seguido do empobrecimento do solo com 20% e alagamentos na cidade com 4%, gráfico 9. (Apêndice B)
Quando questionados no pré-teste sobre como evitar a geração do lixo e poluição ambiental, 81,8% dizem ser a reciclagem e a reutilização de resíduos; 4,6% que deve-se evitar o consumo de material descartável e 13,6% não sabem opinar. No pós-teste, 50% expõem a reciclagem e a reutilização; 31,2% evitar o consumo de material descartável e 18,7% não sabem.
Sem um projeto sobre meio ambiente e coleta seletiva na escola e trabalho ativo dos professores, torna-se moroso o processo de sensibilização e conscientização.
5 CONCLUSÃO
Os dados preliminares retratam que os alunos ainda demonstram desconhecer sobre resíduos sólidos, principalmente sobre o descarte de lixo e geração de resíduos que contaminam a natureza, apesar de denotarem conhecimentos gerais da educação ambiental.
O pouco tempo de trabalho realizado entre o pré-teste e o pós-teste foi perceptível o retorno dos alunos a respeito dos assuntos discutidos. Embora há muito a ser conquistado, as questões gerais, as atividades foram bem aceitas pelos alunos, que evidenciaram uma participação ativa e interessada na mudança de atitudes a respeito da conservação do meio ambiente.
Os alunos identificam os resíduos sólidos produzidos e descartados por eles na escola. Mas como neste espaço, não há uma efetiva proposta curricular sobre o correto descarte de resíduos, apresentam dúvidas com relação ao consumo de descartáveis e a geração de lixo.
Compreendem que os diferentes tipos de lixo devem ser descartados nas respectivas lixeiras e que alguns resíduos podem ser reciclados e reaproveitados, pois sabem que é importante para a preservação do planeta.
A tarefa de conscientização na escola é infindável e requer uma intervenção por parte de todas as disciplinas, principalmente motivada pelo grupo de professores, devendo engajar toda a comunidade escolar a fim de preparar cidadãos responsáveis e centrados em tornar nosso planeta sustentável.
6 REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm>. Acesso em: 15 janeiro 2016.
_______. Constituição Da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 02 janeiro 2016.
_______. Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 02 janeiro 2016.
________. Lei no 12.305/2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Art 9o. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em 05 janeiro 2016
_________. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
GARCEZ, Cristina e GARCEZ, Lucilia. Lixo, coleção Planeta Sustentável. 1ª edição. São Paulo: Calls Ed., 2010.
KASSAB, Gabriel. O país do futuro [livro digital]. Belo Horizonte: produção independente; 2014. 1ª edição. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?id=Sl8MA wAAQBAJ&pg=PT2&dq=O+pa%C3%ADs+do+futuro+%5Blivro+digital%5D.&hl=pt-BR& sa=X&ved=0ahUKEwjVla3c5PLKAhVFFZAKHY24DD4Q6AEIKjAA#v=onepage&q=O%20pa%C3%ADs%20do%20futuro%20%5Blivro%20digital%5D.&f=false>. Acesso em: 20 janeiro 2016.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agenda 21. Disponível em: <http://www.mma. gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global>. Acesso em: 05 janeiro 2016.
_________. Declaração de Thessaloniki. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/legislacao /item/8070>. Acesso em: 15 janeiro 2016.
_________. Histórico Mundial. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/educacao-ambien tal/politica-de-educacao-ambiental/historico-mundial>. Acesso em: 05 janeiro 2016.
_________. Tabela do Lixo. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_ consumo/_arquivos/ 8%20-%20mcs_lixo.pdf >. Acesso em: 05 janeiro 2016.
OCEANO poderá ter mais plástico do que peixes em 2050. Deutsche Welle. Disponível em: < http://www.dw.com/pt/oceano-poder%C3%A1-ter-mais-pl%C3%A1stico-do-que-peixes-em-2050/a-18990981>. Acesso em: 22 janeiro 2016.
ORTIGOZA, Silvia A. G. e CORTEZ, A. T. Da produção ao consumo: impacto socioambientais no espaço urbano. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Organização: Paula Yone Stroh. Rio de Janeiro. Garamond, 2002.
APÊNDICES
APÊNDICE A - Pré-teste e pós-teste aplicado aos alunos
ESCOLA: ....................................................................................
DADOS PESSOAIS: Idade:.................................................... Sexo: Mas ( ) Fem ( )
1 – O que você entende por meio ambiente?
___________________________________________________________________________
2 – O que é lixo para você?
___________________________________________________________________________
3– Existem muito lixo nos canais, nas ruas, nos terrenos baldios, nos rios e praças na cidade de POA. Ocorre esse tipo de situação no seu bairro?
( ) SIM ( ) NÃO
4 – Quais das situações citadas é mais comum no seu bairro?
___________________________________________________________________________
5 – Como podemos resolver essa situação?
___________________________________________________________________________
6 – Quais são os problemas ambientais mais graves do seu bairro?
( ) Poluição por lixo. ( ) Poluição do ar.
( ) Poluição sonora e visual. ( ) Poluição dos rios.
( ) Os desmatamentos e as queimadas.
7 – O que você sabe sobre a coleta seletiva?
___________________________________________________________________________
8 – Você conhece alguém que faz coleta seletiva?
( ) SIM ( ) NÃO Quem? ____________________________
9 – Você já ouviu falar em “reciclagem” ou “reutilização” do lixo?
( ) SIM ( ) NÃO
10 – Onde você ouviu falar em “reciclagem” ou “reutilização” do lixo?
( ) Televisão ( ) Na escola ( ) Livros
( ) Rádio ( ) Outros lugares. Qual o local? ____________________________
11 – O que você entende sobre reciclagem de materiais?
___________________________________________________________________________
12 – Você considera o programa de reciclagem importante?
( ) SIM ( ) NÃO Justifique a sua resposta:__________________________________
___________________________________________________________________________
13 – Marque com X o que pode ser reaproveitado ou reciclado?
( ) Papel ( ) Garrafas plásticas ( ) Pilhas
( ) Pneus ( ) Latinha de refrigerantes ou cervejas
( ) Vidro ( ) Outros: ______________________________________
14 – Você e sua turma já participaram de algum trabalho de reciclagem de lixo no seu bairro?
( ) SIM ( ) NÃO
15 – E na escola?
( ) SIM ( ) NÃO
16 – Você gostaria de participar de algum trabalho de reciclagem e reutilização do lixo?
( ) SIM ( ) NÃO
17 – “Quando comemos ou bebemos algo no carro ou ônibus, o lixo pode ser jogado pela janela, pois tem o gari na cidade para recolhê-lo”.
( ) VERDADEIRO ( ) FALSO
18 – Não existe problema em jogar lixo na praia, pois a maré o leva embora.
( ) VERDADEIRO ( ) FALSO
19 – “Resíduo sólido é uma parte do lixo que pode ser reaproveitada de maneiras diferentes”. Com base nessa informação qual dos resíduos abaixo você mais descarta diariamente na escola?
( ) Copo descartável ( ) Embalagens plásticas ( ) Latas de refrigerante
( )Palito de pirulito ( ) Papel ( ) Caneta ( ) aparas de lápis
( ) Metal ( ) Embalagens de bala, pirulito ou chiclete
( ) Matéria orgânica ( ) Chiclete ( ) Garrafa PET
( ) Outros______________________________________
20- Na sua opinião, qual dos materiais mais demora a se decompor (a ser consumido pela natureza)
( ) plástico ( ) vidro ( ) tecido ( ) borracha ( ) metal ( ) madeira
OBS: deve ser escolhida apenas duas opções
21 - Em sua casa seus pais comentam ou informam a respeito da problemática dos resíduos sólidos descartados na natureza?
( ) SIM ( ) NÃO
22 -. Seus professores lhe orientam sobre o destino certo dos resíduos sólidos?
( ) SIM ( ) NÃO
23 -. A sua escola tem coleta seletiva?
( ) SIM ( ) NÃO
24 - Em sua opinião a implantação de coleta seletiva em sua escola influenciará para uma melhoria do meio ambiente?
( ) SIM ( ) NÃO
25 - Qual(is) disciplina(s) na escola mais trabalha o assunto de resíduos sólidos?
( ) geografia ( ) ciências ( ) português
( ) história ( ) outras: _________________
26 - Em sua opinião de que maneira o lixo produzido pela sua escola seria melhor aproveitado?
( ) reciclagem ( ) adubação ( ) venda de matéria prima
( ) outros: __________________________________________
27 - Em sua opinião, qual a maior consequência que os resíduos descartados no meio ambiente podem trazer?
( ) empobrecimento do solo ( ) poluição do ar e da água
( ) outros: _______________________________________
28 – Como evitar a geração de lixo?
( ) reciclagem/ reutilização
( ) evitando o consumo e o desperdício do materiais
( ) não sei
...............
APÊNDICE B - Gráficos
GRÁFICO 1 - O Que É Meio Ambiente
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
GRÁFICO 2 - O Que É Lixo
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
GRÁFICO 3 - O Que É Coleta Seletiva
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
GRÁFICO 4 - Resíduos Sólidos que Podem ser Reaproveitados ou Reciclados.
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
GRÁFICO 5 - Participação em Projeto sobre Reciclagem de Lixo.
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
GRÁFICO 6 - Tipo de Resíduos Descartados na Escola.
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
GRÁFICO 7 - Materiais que Demoram para serem Consumidos pela Natureza.
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
GRÁFICO 8 - Como o Lixo Produzido na Escola pode ser Melhor Aproveitado.
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
GRÁFICO 9 - Consequência dos Resíduos Descartados no Meio Ambiente
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
¹ Licenciatura em Biologia. Uniasselvi. E-mail: selauadri@gmail.com
² Doutora em Análise Ambiental. UFRGS. E-mail: lufofonka@yahoo.com.br