CRESCIMENTO INICIAL E ESTOQUE DE CARBONO DE Hymenaea Courbaril L. VAR. Stilbocarpa (HAYNE) LEE ET LANG



Maria da Conceição Prado de Oliveira1*, Beatriz da Silva Rodrigues2 Cleidinea de Sousa Carvalho3, Muryllo dos Santos Nascimento4, Suely Silva Santos4 e Tony César de Sousa Oliveira4.

1Doutora em Ciências Biológicas (Área de concentração Ecologia), Professora do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Piauí-UFPI

2 Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí-UFPI

3 Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí-UFPI

4 Mestre(a) em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí-UFPI.

*Email para contato: pradoliveira@hotmail.com

Resumo:- O estudo objetivou-se avaliar a biometria de frutos e sementes, potencial germinativo sob diferentes condições de temperatura, crescimento inicial e estoque de carbono de Hymenaea courbaril L. var. Stilbocarpa (Jatobá). Os frutos foram coletados em uma área de cerrado no estado do Piauí e suas sementes submetidas a tratamento de escarificação em um dos seus lados, seguido de embebição por 6 horas. Os testes de germinação foram realizados sob duas condições de temperatura (20 ± 2 ºC e 30 ± 2 ºC), com fotoperíodo de doze horas. O crescimento inicial das plantas foi acompanhado por 90 dias. Suas sementes germinaram sob as duas temperaturas. O crescimento em função do comprimento aéreo foi em média de 34,35 cm; radicular 17,47 cm; número de folhas de 8,6; área foliar 36,80 cm; massa seca 1,20 g e estoque de carbono foi 1,07 g correspondente a biomassa.

Palavras Chaves: Cerrado, Ecofisiologia, Madeireira.

Abstract: The present study had as objectives to evaluate the biometry of fruits and seeds, germination potential under different temperature conditions, initial growth and carbon stock of Hymenaea courbaril L. var. Stilbocarpa (Jatobá). The fruits were collected in an area of cerrado in the state of Piauí and their seeds submitted to scarification treatment on one side, followed by imbibition for 6 hours. The germination tests were performed under two temperature conditions (20 ± 2 ºC and 30 ± 2 ºC), with photoperiod of twelve hours. The initial growth of the plants was followed by 90 days. Its seeds germinate under both temperatures. The growth as a function of the aerial length was on average 34.35 cm; Root 17.47 cm; Number of leaves 8.6; Leaf area 36,80 cm; Dry mass 1.20 g and carbon stock was 1.07 g corresponding to biomass.

Keywords: Cerrado, Ecophysiology, Timber.

INTRODUÇÃO

O gênero Hymenaea ocorre em quase todas as regiões do Brasil, com distribuição homogênea na Amazônia, onde encontra-se nas matas de terra firme de solos argilosos e, algumas vezes, nas áreas de várzeas altas. Possui importante valor econômico por fornecem madeira de ótima qualidade, valiosas resinas e frutos comestíveis com alto teor de fibra alimentar total, usados na culinária para produção de biscoitos (SILVA et al., 2001).

Dentro desse gênero encontra-se a espécie, Hymenaea courbaril L. var. stilbocarpa (Hayne) Lee et Lang (Jatobá), uma espécie arbórea, pertencente à família Leguminosae (Fabaceae) e subfamília Caesalpinoideae. Essa espécie tem grande importância florestal e ambiental por seu potencial como planta fixadora e armazenadora de carbono, além de sua beleza paisagística e importância econômica (MELO; PÓLO, 2007).

A produção de sementes e mudas de Hymenaea courbaril L. vem exigindo um refinamento das técnicas de análise das sementes. Necessita-se, em imediato, desenvolver testes rápidos para avaliação de viabilidade, principalmente para aquelas com baixa capacidade de armazenamento e germinação lenta. Esses diferentes comportamentos fisiológicos leva o desenvolvimento de teste de germinação de curta duração (MATOS et al., 2009).

Os estudos de ecofisiologia e germinação se mostram importantes para esses testes, pois permitirão uma compreensão mais precisa dos processos que regulam a longevidade das sementes no solo e o estabelecimento das plantas em condições naturais (VÁZQUEZ-YANES; OROZCO- SEGOVIA, 1984). Assim, o estudo de metodologias que promovam a germinação e o desempenho das mudas em viveiro é fundamental para acelerar, bem como uniformizar o estabelecimento inicial das plântulas, o plantio direto no campo (POPINIGIS, 1985; MATHEUS et al., 2010), além de acelera o processo de sucessão secundária (GOMES, 2013).

Em virtude da importância econômica e ecológica das plantas nativas, de estudos relacionados à germinação de espécies florestais e de como pesquisas relacionadas a estudos ecofisiológicos com essas espécies florestais contribuirão significativamente para a compreensão do papel dos diferentes fatores abióticos na dinâmica de recrutamento, estabelecimento e desenvolvimento dessas plantas no ambiente. Diante disso objetivou-se avaliar as características biométricas de frutos e sementes de Hymenaea courbaril L. var. Stilbocarpa (Hayne) Lee et Lang, seu potencial germinativo sob duas condições de temperatura, crescimento inicial de suas plantas sob luz direta e condições de laboratório e o seu estoque de carbono.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo

Os frutos foram coletados em uma área de cerrado sensu stricto, no Eco Resort Nazareth (04°47’S, 42°37’W e 129 m), município de José de Freitas, Piauí. Com 1.200ha de área total, 1.000ha da propriedade são destinados à área de conservação, possuindo protocolos de monitoramento que são de grande importância ecológica, uma vez que esta inserida na região que corresponde às florestas semidecíduas com manchas de caatinga, cerrado e matas dos cocais. (CASTRO et al., 2007),

Delineamento experimental

Os frutos maduros foram colhidos, acondicionados em sacos plásticos e encaminhados para o Laboratório de Ecofisiologia Vegetal do Campus Ministro Petrônio Portela da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina, onde secaram a temperatura ambiente até que fosse possível fazer o beneficiamento das sementes.

Em seguida, foi realizada a descrição biométrica, onde foram utilizadas 30 unidades de frutos e 100 sementes, avaliando os seguintes descritores: comprimento (maior eixo) e largura (região mediana perpendicular ao maior eixo) medidos com paquímetro, número de sementes por frutos e peso de 100 sementes. O peso das sementes foi realizado em balança digital de precisão, com 0,0001 g.

A extração e a limpeza das sementes foram realizadas pela quebra dos frutos com martelo e subsequente por um pano umedecido para facilitar a extração da polpa farinácea. Após o beneficiamento foram separados dois lotes de sementes de 120 unidades cada, sendo o primeiro submetido à escarificação mecânica, para a superação da dormência tegumentar, mediante a uma fricção manual por serra metálica de uma lateral ao hilo, seguido de embebição em água destilada por 6 horas.

O segundo lote de 120 sementes serviu de testemunha, cujas sementes não sofreram escarificação e sem embebição. Em seguida, as sementes foram semeadas em bandejas de polietileno rígido de 30x25x7 cm, contendo vermiculita, umedecida com água destilada. Em cada bandeja foram distribuídas 15 sementes, enterradas a uma profundidade de 2,0 cm.

Os testes de germinação foram realizados sob duas condições de temperatura (20 ± 2 ºC e 30 ± 2 ºC), com fotoperíodo de doze horas. Para tanto, as sementes escarificadas e intactas, após semeadura em bandejas, foram armazenadas em duas câmaras germinadoras BOD-TE 371, adaptada com lâmpadas fluorescentes de 20 w (luz branca) localizadas no interior dos germinadores.

Antes do experimento, uma das câmeras foi regulada à temperatura de 20 ± 2 ºC e a outra à 30 ± 2 ºC. As características avaliadas foram porcentagem total de germinação (LABORIAU, 1983), o índice de velocidade de emergência (IVE), através de contagem diária e o cálculo efetuado ao empregar a fórmula proposta por Maguire (1962).

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições de 15 sementes. Fez-se a comparação de médias pelo teste de Tuckey, a 5% de probabilidade, e os dados em porcentagens foram previamente transformados e marcsen√%/100, para isso utilizou-se o programa Assistat Versão 7.7 Beta (2015).

Após o aparecimento dos primeiros eofilos, as plântulas germinadas, sob as condições já descritas, foram transferidas para sacos plásticos de cor preta contendo em média 2 quilos de solo (mistura de plantimax e terra vegetal, 1:1). Previamente, calculou-se o conteúdo gravimétrico de água no solo na capacidade dos sacos. Para isso, dois sacos contendo o solo de cultivo foram irrigados até a saturação e deixados para drenar durante 24 horas. Posteriormente, o solo foi pesado para obtenção da massa úmida na capacidade dos sacos; em seguida, foi colocado em bandejas para secar em estufa a 60ºC e novamente pesada para obtenção da massa seca. Calculou-se a capacidade do saco (CS) a partir da seguinte equação:

CS = (Mcs – Ms/Ms) x 100

Onde:

Mcs = massa de solo na capacidade de saco (g);

Ms = massa de solo seco (g).

As plantas foram cultivadas sob luz contínua (luz florescente) à temperatura de 25 ± 2 ºC, regadas diariamente com água destilada. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. Avaliou-se o crescimento inicial a cada 30 dias, onde foram avaliadas as variáveis de dez plântulas coletadas ao final do período de contagem, retiradas do interior do substrato, encerrando-se aos 90 dias.

Os dados coletados foram: a altura, o comprimento aéreo e radicular das plântulas, seguida do número de folhas e a massa seca total (MST). Para a obtenção da MST as plântulas foram colocadas para secar em uma estufa com ventilação à 60°C até atingirem peso constante para a determinação do peso de matéria seca.

Foram utilizadas dez folhas de H. coubaril para análise da área foliar. Todas as folhas foram fotografadas com auxílio de uma máquina digital com 10.1 megapixels de resolução. Posteriormente as imagens foram submetidas à análise de área através do software Imagem J.

O carbono estocado na biomassa da planta foi estimado por meio da multiplicação da biomassa obtido pelo fator 0,5, considerando-se que a biomassa seca contém aproximadamente 50% de carbono (FUKUDA et al., 2003; SOARES; OLIVEIRA, 2002; FANG et al., 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através dos dados biométricos de Hymenaea courbaril .L., var. stilbocarpa (Hayne) Lee et Lang, 1, foi possível observar que o comprimento e largura, varia de 16,2 cm e 11, 9 cm; 7,0 cm e 5,3 cm, respectivamente (Tabela 1), o que significa que são tipos de frutos de tamanhos variados. Verificou-se que os frutos analisados nessa pesquisa são maiores que os estudados por Andrade et al., (2010) para essa mesma espécie, que apresentaram valores médios de 11,5 cm de comprimentos e 6,1 cm de largura e por Melo et al., (2004) para a espécie H. intermedia Ducke var. adenotricha. (Ducke) Lee & Lang, que apresentaram valores médios de 2,53 cm de comprimento e 1,59 cm de largura.

Para os valores do número de sementes por fruto, foi possível constatar grande variação, em torno de três a quatorze sementes por fruto, corroborando com o estudo De-Carvalho et al., (2005) em sementes da espécie Hymena eastigonocarpa Mart. ExHayne, com variação de uma a onze sementes por fruto, e diferente dos apresentados por Andrade et al., (2010), que mostraram-se de um a nove sementes por fruto.

Quando verificado a biometria observou-se que o comprimento, a largura e a massa das variaram de 1,7 e 2,7 cm; 1,4 e 2,9 cm; 1,08 e 4,95 g, respectivamente. Os valores obtidos nessa pesquisa diferiram dos valores encontrado por Andrade et al., (2010) quando comparado ao comprimento e a massa para essa mesma espécie, de 2,8 a 3,8 cm e de 4,08 a 11,22 g comparados com os resultados apresentados nesse trabalho.

Valores diferentes também foram encontrados por Cruz et al. (2001) em H. intermedia comparado ao comprimento 1,87 a 2,74 cm. O peso das sementes faz-se necessário por ser um dado importante, que pode nos fornecer um indicativo da qualidade de sementes, assim como gerar informações para se calcular a densidade de semeadura de uma determinada cultura (ARAÚJO et al., 2015).

Tabela 1. Valores (máximo, mínimo, médio, desvio-padrão) referentes à caracterização biométrica de frutos de Hymenaea courbaril.

Determinações

Máximo

Mínimo

Média

Desvio padrão

Comprimento (cm)

16,2

11,9

13,57

1,38

Largura (cm)

7,0

5,3

6,01

0,41

Sementes





Nº sementes por fruto

14,0

3,0

8,86

2,78

Comprimento (cm)

2,7

1,7

2,33

0,20

Largura (cm)

2,9

1,4

2,01

0,20

Peso (g)

4,95

1,08

3,52

0,57



As variações na massa e dimensões dos frutos e sementes de H. courbaril quando comparados a outros trabalhos, podem ser atribuídas aos diferentes ambientes onde se vive todas as espécies e, ou, decorrente da variação genética entre as mesmas, uma vez que as sementes de H. courbaril foram coletadas no Estado do Piauí. Naturalmente, por se tratar de mesma espécie, porém, coletadas em localidades diferentes, é possível que tenha influências do ambiente sobre o parâmetro analisado, existindo uma plasticidade fenotípica das sementes (DE OLIVEIRA; CHAVES FILHO, 2015).

Os resultados do efeito da temperatura e da superação da dormência de sementes de H. courbaril, em função da porcentagem e índice de velocidade de germinação estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Valores médios da porcentagem de germinação (PG) e índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes de H. courbaril ,em função de duas temperatura após 30 dias.

Tratamento

PG (%)

IVG (dias)

30° C

20°C

30°C

20°C

Escarificadas + embebição em 6h por água destilada

100Aa

85,00Aa

1,65Aa

1,02Aa

Não-escarificadas

11,66Ba

11,66Ba

0,15Ba

0,09Ba

CV (%)

49,39

55,13

Com base nas análises dos resultados, não houve diferença significativa dos dois tratamentos quando comparados entre as variações das temperaturas de 20°C e 30°C, todavia houve diferença nos dois tratamentos na temperatura de 20°C e 30°C. O percentual de germinação para as sementes escarificadas sob as duas temperaturas foi acima de 80%. Tais resultados apresentaram pouca diferença com os resultados encontrados por Andrade et al., (2010) que mostram resultados de germinação de 77,50% com tratamentos de escarificação seguidas de pré-imersão.

Isso mostra que as sementes de H. coubaril necessitam de uma quebra de dormência com escarificação seguida de embebição em água, a fim de diminuir a rigidez do tegumento e acelerar a germinação, além de facilitar as trocas gasosas e ainda reduzir a incidência de fungos (MELO; MENDES, 2005; DE-CARVALHO, 2005).

Tais resultados mostram que essas condições fisiológicas são boas, uma vez que Faria et al. (2006) relata que se as sementes estiverem em boas condições fisiológicas, a absorção de água é rápida, e consequentemente, a germinação ocorre em pouco mais de uma semana.

De Oliveira e Chaves Filho (2015), visando detectar a necessidade de luz para a germinação, revelaram que as sementes da espécie H. courbaril são fotoblásticas neutras, o que corrobora com os dados apresentados neste experimento, pois o aumento de germinabilidade quando colocadas a um fotoperíodo de 12 horas demonstram que a presença ou ausência de luz no período de 24 horas não afetou de forma significativa os resultados.

Para os resultados das sementes não-escarificadas colocadas nas duas temperaturas, o percentual de germinação não foi mais do que 15%. Resultados semelhantes foram obtidos por Cruz et al. (2001), quando analisaram o percentual de germinação de H. intermedia, em que as sementes não-escarificadas apresentaram menos de 20% de germinação aos 22 dias após o semeio, e por Andrade et al. (2010) que encontraram valores de 3,75%.

Médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna diferem estatisticamente entre si, e da mesma letra minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Provavelmente, a baixa percentagem de germinação das sementes colocadas para germinar sem submeter a uma quebra de dormência, esteja relacionada à natureza do tegumento da semente, pois as sementes de jatobá para protegerem seu embrião, apresentam um tegumento rígido, tornando-o impermeável.

Esta dormência física causa uma redução total ou parcial à difusão de água ao embrião, ocasionada pela impermeabilidade dos tecidos da semente e/ou do fruto, consequentemente, aumenta conforme diminui a disponibilidade de água (CARDOSO, 2004), retardando assim o processo de germinação.

Para os tratamentos nas duas temperaturas (Tabela 2), constata-se que os valores de índice de velocidade de germinação (IVG) das sementes escarificadas não foram estatisticamente diferentes entre si. A velocidade de germinação e emergência da maioria das leguminosas está associada à diminuição da impermeabilidade do tegumento, devido principalmente ao desgaste do mesmo (BUSATTO et al., 2013).

Por outro lado, para as sementes não submetidas a uma escarificação, o IVG foi muito abaixo das sementes escarificadas seguidas de imersão em água. Isso pode indicar certa vantagem em realizar uma escarificação com embebição em água por 6 h, uma vez que esta prática, em sementes intactas, não influência na emergência de plântulas para esta espécie.

Quanto ao comportamento germinativo, as sementes escarificadas iniciaram as germinações entre o 6º e 7º dia, colocadas em temperatura de 20° C e 30°C, respectivamente (Figura 1A) e 6º ao 11° dia nas sementes intactas colocadas nas temperaturas de 30º C e 20º C, respectivamente (Figura 1B). Os resultados de Oliveira e Pereira (2014) para a espécie Guibourtia hymenae folia (Moric.) J. Léonard (Jatobá-Mirim) indicaram o início do processo germinativo no quarto dia, nas temperaturas constantes de 30º C e 35º C e no décimo dia, em 20º C, resultados semelhantes encontrados para a espécie H. courbaril neste trabalho.

Segundo Oliveira e Pereira (2014) as temperaturas mais elevadas, 30° e 35º C, apresentam melhores médias acumuladas, indicando que, possivelmente, ocorra um aumento da atividade enzimática e/ou maior difusão de gases, em resposta ao aumento da temperatura, favorecendo o processo germinativo e levando a uma maior germinação.

Já em temperaturas mais baixas, 20 e 25º C, osseus resultados mostraram menor taxa de germinação acumulada, demonstrando sua inadequação para as sementes de Guibourtia hymenae folia. Do outro lado, apenas as sementes não-escarificadas H. courbaril neste trabalho, apresentaram resultados semelhantes na temperatura de 20°C de Oliveira e Pereira (2014)

Figura 01 - Comportamento germinativo de sementes de H. courbarilsubmetidas temperaturas de 30ºC e 20°C: (A) sementes escarificadas e (B) sementes não escarificadas.

Com relação ao crescimento das plantas de H. courbaril, os resultados mostraram que houve um crescimento em altura, comprimento aéreo e radicular, número de folhas e um aumento na massa seca quando colocadas em luz contínua (Figura 2). as plântulas apresentaram altura maior de 51,87 cm aos 90 dias após a semeadura (Figura 2A). Pierezanet al.(2012) verificou que as mudas de jatobá colocadas em pleno sol alcançaram uma altura de 21,09 cm aos 226 dias, após a semeadura.

O aumento na altura das plântulas em 90 dias após a semeadura sob luz contínua, pode ser atribuída ao efeito da intensidade luminosa ou pode demonstrar uma influência do clima local sobre essa espécie, já que no estado do Piauí há períodos que a incidência de luz é mais duradoura em algumas épocas do ano.

Para os parâmetros de crescimento de espécies florestais Moraes Neto etal. (2001) e Scalon et al. (2003) ressaltam que há um aumento em altura à medida que se diminui o espaçamento das mudas, isso pode ser atribuído a intensificação de busca por luminosidade, havendo necessidade da árvore de ampliar ao máximo a superfície foliar e suprir sua necessidade de fotoassimilados, estimulando assim o crescimento em altura.

Quanto ao número de folhas (Figura 2C), houve um aumento em torno de duas folhas a cada mês. O número de folhas é um excelente indicador de qualidades de mudas, pois atua diretamente sobre o acúmulo de biomassa (CÂMARA; ENDRES, 2008 Segundo Campos et al., (2008) a quantidade de folhas nas mudas influenciam no crescimento em altura e diâmetro das plantas.

O comprimento aéreo e radicular (Figura 2B e D) indica uma relação exponencial positiva aos 90 dias quando comparados em 30 a 60 dias após a semeadura sob luz contínua. O comprimento aéreo (Figura 2B) teve um crescimento médio mensal de 19,03; 23,62 e 34,35 cm e o comprimento radicular (Figura 2D) de 8,89; 9,21e 17,47 cm para 30, 60 e 90 dias, respectivamente.

Em relação à área foliar (AF), as mudas tiveram um crescimento médio de 22, 82; 28,08 e 36,80 cm mensalmente. Os dados indicam que a incidência de luz não prejudicou a área foliar (Figura 2E), pois plantas as quais necessitam de luz conseguem produzir uma maior realização da fotossíntese, aumentado o crescimento foliar.

Scalon et al., (2006) ressalta que esse parâmetro (área foliar), entendido como a superfície fotossintetizante total da planta, tem sido considerado como um índice de produtividade, haja vista que esses órgãos fotossintetizantes têm uma dada importância na produção biológica. No entanto, Souza (2011) alerta para o fato de que uma maior área foliar também pode significar maior área susceptível à transpiração pós-plantio, assim como ocorre com mudas produzidas em condições de restrições de luminosidade, não sendo o melhor parâmetro de avaliação de qualidade de mudas florestais.

Figura 02. Altura das plântulas (A),comprimento da parte aérea (B), número de folhas (C), comprimento da parte radicular (D), área foliar (E) e massa seca total (F) das mudas de dez plântulas da espécie H. courbaril analisados mensalmente em 90 dias.









Quanto ao peso da matéria seca total das plantas (Figura 2F) houve um aumento nos 90 dias após a semeadura. Esse aumento pode estar atribuído a uma maior incidência de luz que as plântulas sofreram durante os 90 dias após o semeio, uma vez que Ventrella e Ming (2000) relatam que o aumento da radiação luminosa incrementa a taxa fotossintética, aumentando a produção de carboidratos e teor de massa seca.

Além disso, Larcher (2004) ressalta que plantas, quecrescem sob forte radiação desenvolvem folhas mais espessas e apresenta um metabolismo mais ativo, o que proporciona maior produção de matéria seca com maior conteúdo energético. Portanto, o crescimento das plantas de jatobá não foi afetado pela incidência de luz contínua.

Empregando o método indireto de estimativa de estoque de carbono das plantas de jatobá, obteve-se um aumento médio de 1,079 g (Figura 3), decorrente do fator de conversão, aos 90 dias de semeio correspondente ao valor de biomassa seca estimada em média de 2,159 g (Figura 2E), indicando que há uma relação exponencial positiva entre a quantidade de carbono presente nas plântulas. Segundo Sousa (2010) as plantas fixam o carbono por meio da equação da fotossíntese, retirando gás carbono da atmosfera e água do solo, emitindo oxigênio e capturando carbono da biomassa por meio de seu crescimento apical e radial. Portanto, os resultados apresentados por este trabalho, com relação ao estoque de carbono, mostram que o aumento no crescimento aéreo, radicular, foliar e na biomassa seca aos 90 dias após o semeio, contribui para o sequestro de carbono por essa planta, uma vez que não há estudos para esse parâmetro em crescimento inicial de plantas de jatobá. Além disso, Moraes et al., (2013) e Melo; Pólo, (2007), relatam que o jatobá tem grande importância florestal e ambiental pelo potencial que possui como planta fixadora e armazenadora de carbono.

Assim, uma planta que apresenta um suporte avantajado e uma grande longevidade possui uma maior capacidade de armazenar carbono em sua biomassa (SOUSA, 2010).

Figura 03. Estimativa de estoque de carbono das mudas de dez plântulas da espécie H. courbaril analisados mensalmente em 90 dias.

CONCLUSÃO

A amplitude do comprimento e largura dos frutos, assim como das sementes, mostraram-se variados quando comparados com outros trabalhos.Essa variação pode ser observada nas mesmas espécies resididas em ambientes diferentes. Sementes de H. courbaril escarificadas submetidas nas duas temperaturas de 30°C e 20°C apresentaram melhores resultados, proporcionando maior percentagem e velocidade de germinação.

Até aos 90 dias, as mudas de jatobá podem ser mantidas em condições de luz contínua, sendo que a incidência não prejudica o crescimento inicial das plantas de jatobá. Quanto à estimativa de estoque de carbono, existe uma relação exponencial positiva entre a quantidade de carbono presente nas plântulas durante os 90 dias de semeio.

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