COMUNIDADE ESCOLAR PARTICIPATIVA: INTRODUÇÃO DE ESPAÇO SUSTENTÁVEL EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO DO CENTRO-NORTE PIAUIENSE



Flávia Vieira de Sousa1, Karen Veloso Ribeiro2, João Kelson Araújo da Silva3, Francisca Carla Silva de Oliveira4



1 Graduada em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Piauí. E-mail: flaviavsj@gmail.com

2 Mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Piauí. E-mail de correspondência: karenveloso29@hotmail.com

3 Bacharelado em Fisioterapia, Associação de Ensino Superior do Piauí. E-mail: joaokelsonjk@gmail.com

4 Doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente, docente na Universidade Federal do Piauí, Centro de Ciências da Educação, Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino. E-mail: carlaoliveira@ufpi.edu.br



Resumo: Pensar em educação para a sustentabilidade expressa realizar ações que remetam à formação de indivíduos. Nessa perspectiva, objetivou-se construir e revitalizar um espaço educativo sustentável na escola, para promoção de bem-estar socioambiental da comunidade escolar. A pesquisa foi realizada no Instituto Municipal João Francisco Andrade, com 19 alunos do 8º ano. Adotou-se abordagem participativa de caráter qualitativo para o levantamento das informações e para discussão do trabalho, análise descritiva dos dados. O resultado foi satisfatório, pois promoveu a criação de um local sustentável e aprazível para os alunos usufruírem nos momentos livres e para o desenvolvimento de atividades pedagógicas com intencionalidade educativa. Assim, fica a sugestão para que outras instituições de ensino adotem espaços educativos dentro da própria escola - como a discorrida em questão - visto que, são importantes no processo de ensino e aprendizagem, pois permite o desenvolvimento de cidadãos críticos e reflexivos para com o meio ambiente e nas relações socioambientais.

Palavras-chave: Educação ambiental, Espaço escolar, Ensino formal.



Abstract: Thinking of education for sustainability means taking actions that refer to the people’s formation. From this perspective, this study aimed to build and revitalize a sustainable educational space of the school, to promote social and environmental well-being to the school community. The research was carried out at the Instituto Municipal João Francisco Andrade, with 19 students from the 8th grade. It was used a participatory approach with a qualitative feature for the collection of information and descriptive analysis of the data for the discussion of the work. The result was satisfactory because it has promoted the creation of a sustainable and pleasant place for the students to enjoy during the free moments and for the development of pedagogical didactic activities with educational intentions. Thus, it is suggested that other educational institutions adopt educational spaces within the school itself - as it was shown - since they are important in the teaching and learning process, as it allows the development of critical and reflective citizens about the environment and the socio-environmental relationship.

Keywords: Environmental education, School space, Formal education.



Introdução

No Brasil, as primeiras iniciativas voltadas para o debate sobre a temática ambiental no ensino formal foram registradas a partir dos anos 50, com as práticas de campo e por meio da observação do ambiente que circundava o espaço escolar (MENDES; VAZ, 2009). Até então, era tema pouco explorado, de baixa notabilidade e, portanto, inserido de forma tímida como conteúdo nos currículos escolares.

A proposta da educação ambiental (EA) na escola se firmou por meio das discussões nos encontros da primeira Conferência Intergovernamental de Tbilisi, em 1977, ao enfatizar que este componente curricular deve abranger pessoas de todas as idades e níveis, seja ela no âmbito formal ou não formal de ensino. A Declaração de Tbilisi (1977) definiu ainda, que a EA deve estimular a participação ativa do indivíduo, face a resolução de problemas de realidades específicas, visto que a mesma teve como finalidade promover iniciativa, senso de responsabilidade e esforço para a construção de um futuro melhor e contribuir efetivamente para a ressignificação do processo educativo.

A partir da década de 80, com a promulgação da Constituição Federal (CF), a EA ganhou notoriedade passando a ser incluída em todos os níveis de ensino. De acordo com o Artigo 225 da CF, o “meio ambiente é um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” da humanidade (BRASIL, 1988, p.170). Logo, é de competência dos governantes e de cada cidadão zelar pelo patrimônio natural no presente e assegurar seus recursos com responsabilidade para as gerações futuras.

Desde a implementação da EA no ensino formal, instituído pelo Programa Nacional de Educação Ambiental (PNEA), nos anos 90, que ações vêm sendo desenvolvidas para a construção de escolas sustentáveis. A partir da Lei Nº 9.795 (BRASIL, 1999), ficou evidente a posição do indivíduo na sociedade, que articulado com toda a coletividade, é capaz de construir valores, conhecimentos, habilidades e competências para a manutenção sustentável do meio ambiente.

A EA está intimamente ligada ao indivíduo como ser social, por esta razão, muitas iniciativas têm sido tomadas frente a essa questão pelos educadores, uma vez que, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) constata a importância da inserção do tema “Meio Ambiente” como tema transversal à grade curricular do aluno, por considerar, em sua abordagem, aspectos físicos e biológicos além da interação estabelecida entre homem/natureza por intermédio das relações sociais, do trabalho, da ciência, da arte e da tecnologia (BRASIL, 1997a; DIAS; MARQUES, DIAS, 2016).

Em virtude da abrangência das questões sociais, vários temas poderiam ser incorporados e trabalhados como transversais. Diante disso, Brasil (1997b) definiu critérios norteadores para que se chegasse a escolha dos mesmos como urgência social, abrangência nacional, possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental e compreensão da realidade e participação social. A partir desses critérios elegeu-se a Ética, Pluralidade cultural, Meio ambiente, Saúde, Orientação sexual e Temas locais para serem incluídos no currículo (BRASIL, 1977b). Vale ressaltar, que estes não constituem de novas gêneses disciplinares, devendo, portanto, serem contemplados dentro de disciplinas e/ou áreas de maneira contextualizada.

De modo geral, os trabalhos desenvolvidos acerca das temáticas ambientais pautam-se em alguns conceitos como participação, pertencimento, autonomia, democracia, inclusão social, diversidade e sustentabilidade (OLIVEIRA; TONSO, 2012). A partir destes conteúdos, a EA emerge como uma possibilidade de diálogo entre toda a comunidade escolar, por envolver um conjunto de ações, interações, reflexões e sobretudo, conhecimentos.

Escolas sustentáveis são caraterizadas como instituições que possuem intencionalidade pedagógica, uma vez que planeja de maneira consciente e criativa atividades satisfatórias no processo de ensino e aprendizagem do aluno e, por conseguinte, visa a constituição de práticas socioambientais nas dimensões econômicas, ambientais e culturais, de modo que haja uma conectividade entre o espaço físico, dinâmica de funcionamento e currículo (SILVA; SILVEIRA, 2016; GASPAROTTO; DEL PINO, 2017).

Nessa ótica, pensar em educação para a sustentabilidade exprime realizar, no âmbito da escola, ações que remetam à formação dos indivíduos, por meio de práticas consistentes e que contribuam de forma satisfatória para despertar uma sensibilização voltada a assuntos que deixem de particularizar as questões individuais e possuam maior amplitude e significação (PAULA; HAIDUKE; SELEME, 2011).

Tendo em vista a inquietação dos alunos em não possuírem um espaço convidativo de socialização no interior da escola, surgiu a iniciativa de se criar um local atraente e aconchegante, a partir de insumos sustentáveis - que fosse passível de operacionalização - e igualmente oportuno, para o desenvolvimento de outras atividades vinculadas a instituição de ensino. Apoiada nessa justificativa, objetivou-se construir e revitalizar um espaço educativo sustentável na escola, como promoção de bem-estar socioambiental da comunidade escolar.



Metodologia

Caracterização da área de estudo

Localizada na Mesorregião do Centro-Norte piauiense e na Microrregião de Campo-Maior, no Território de Desenvolvimento dos Carnaubais e no 6º Aglomerado de municípios, a cidade de Juazeiro do Piauí (05º10’19”S e 41º42’10”W) (Figura 1) fica situada a 158 km de Teresina/Piauí (CEPRO, 2018).



Figura 1. Localização do município de Juazeiro do Piauí.

Fonte: IBGE (2010), modificado por Ribeiro, K. V. em 2018.



De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018), a população estimada para o ano de 2017 em Juazeiro foi de 5.391 e a cidade apresenta densidade demográfica de 5,75hab/km. A localidade possui importantes fontes historiográficas, registros fósseis, vegetação de transição de Caatinga/Cerrado/Mata dos Cocais, além da presença de rochas areníticas (SANTOS; AQUINO, 2015).

A pesquisa foi realizada na escola Instituto Municipal João Francisco Andrade (Figura 2), situada no centro do município supracitado. Fundada em abril de 2001, conta, atualmente, em seu quadro pessoal administrativo e pedagógico, com 32 professores, uma diretora, uma coordenadora pedagógica, um auxiliar administrativo, uma secretária escolar, três monitores, dois porteiros e 374 alunos.



Figura 2. Instituto Municipal João Francisco Andrade, localizado na cidade de Juazeiro do Piauí.

Fonte: Autores em 2018.



Estruturalmente, a instituição possui nove salas de aulas, dois banheiros, uma direção, uma cantina e uma quadra poliesportiva. Atende alunos de 1º ao 9º ano, assim como as Etapas IV e V da Educação de Jovens e Adultos (EJA), nos turnos manhã e tarde e possui uma sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Além disso, dispõe de recursos audiovisuais (e. g. Data-show, computadores, tela para projeção, duas caixas de som e dois microfones), em bom estado de funcionamento.

Os materiais reaproveitados na idealização do projeto foram pneus, CD’s, cordas, pote de barro, rochas, garrafas de polietileno tereftalato (PET), madeira, latas, tintas, pregos e pincéis, os quais, em sua grande maioria, foram disponibilizados pelos alunos e pela escola. Apenas as rochas foram doadas por empresários que trabalham na síntese de pedras ornamentais da cidade.



Coleta e análise dos dados

Adotou-se abordagem participativa para o levantamento das informações. Segundo Sieber e Albuquerque (2010), as técnicas participativas vêm ganhando espaço nos mais diversos campos dos saberes e alcançando dimensão científica eficaz, visto que funciona como ferramenta de comunicação e troca de experiência entre as pessoas envolvidas no sistema, uma vez que esse método é capaz de gerar dados interessantes sobre a realidade pesquisada, pois envolve interesses que não estão restritos apenas aos resultados, mas também a todo o processo de aprendizagem. Verdejo (2007) enfatiza que a utilização da metodologia participativa permite que os projetos de pesquisa se desenvolvam dentro das condições dos participantes, por se basear nos conceitos e no senso crítico. Desta forma, o mediador (professor) assume o papel de facilitador das atividades a serem executadas, sistematizando-as e, igualmente, levantando discussões que contribuam para a reflexão dos partícipes acerca dos preceitos da EA.

Quanto a análise dos dados, realizou-se diagnóstico descritivo dos dados, de caráter qualitativo, cuja abordagem se fundamenta na descrição dos fatos de determinada situação. Conforme Selltiz, Wrightsman e Cook (1965), esta investigação busca descrever com riqueza de detalhes e com exatidão o fenômeno, situação ou contexto, por desvendar a relação entre os eventos. Para isso, é necessário que o professor conheça bem o local, características e problemas associados, para que seja capaz de interferir positivamente na ação e na construção de saberes dos alunos.



Resultados e Discussão

Construção do espaço sustentável

A ideia surgiu pela solicitação de 19 alunos do 8º ano, turno tarde, em relação a área subutilizada da escola, que no passado possuía parque de diversão (Figura 3).



Figura 3. Área do parque, antes da intervenção do projeto “Só a educação liberta”, do Instituto Municipal João Francisco Andrade, município de Juazeiro do Piauí.

Fonte: Autores, em 2018.



Diante da inativação do espaço, os discentes propuseram a elaboração de um projeto, na qual foi intitulado “Só a Educação Liberta”, de revitalização do local que, com anuência da direção escolar, forneceu o local para a implantação de uma área educacional ambientalmente sustentável. A ação durou dois meses, desde o surgimento da proposta até a finalização da obra. Para Elali (2003), independente do espaço ocupado, a educação tem como uma de suas principais bases, a intervenção concreta. Logo, a iniciativa se caracterizou como relevante, por se utilizar de materiais reaproveitados de fácil acesso e por aproximar o aluno às práticas ambientais, visto sua proximidade com o meio ambiente.

O trabalho foi dividido em oito etapas (Figura 4):

Etapa 1: limpeza manual da área ociosa;

Etapa 2: pintura do espaço destinado a execução do projeto, com auxílio de pinceis, rolos e tintas;

Etapa 3: confecção de artefatos decorativos (borboletas, flores, sapo e jarros). As borboletas e as flores foram produzidas a partir de material reutilizado (garrafas PET) e com auxílio de moldes, os quais serviram de apoio para a demarcação e corte das mesmas. Em seguida, foram pintadas com tinta de parede, tendo pincéis como subsídio. Na ocasião, também foi feito uso de um pote de barro, o qual serviu para o cultivo de uma planta ornamental, conhecida popularmente como espada-de-são-jorge (Sansevieria sp). Houve ainda, a fabricação de um sapo ornamental, utilizando-se de pneus (4), CD’s (2), cordas (2) e garrafas PET (2). Este primeiro material foi recoberto com tinta verde, dando origem a estrutura corporal do animal; o segundo, serviu para a confecção dos olhos; o terceiro, para o feitio dos membros superiores; e o último, para a produção dos pés e das mãos do vertebrado.

Etapa 4: construção da horta de ervas medicinais. Na sua preparação, foram utilizadas madeiras, garrafas PET, latas, pregos, tinta, pinceis, esterco de origem animal e terra vegetal. Primeiramente, foi confeccionado os suportes de madeira, os quais serviram de auxílio para prender as garrafas, ambos reforçados com pregos. Posteriormente, foi realizado a mistura da areia com o esterco para serem realocados junto aos PET já fixados. Ressalta-se que as madeiras usadas foram revestidas com verniz, a fim de que aumentasse a sua durabilidade. As latas também serviram de recipientes – assim como as garrafas plásticas - para plantio das mudas.

Etapa 5: plantio das ervas medicinais. Nesta etapa, foi solicitado aos alunos que trouxessem plantas de suas casas. As espécies levadas para reprodução na horta consistiram de erva cidreira (Lippia alba (Mill.) N. E. Br. Ex Britton & P. Wilson), boldo (Plectranthus sp), hortelã (Mentha x villosa Huds.) e vick (Mentha sp). Para que se mantivesse a continuidade da horta, houve divisão de tarefas quanto a regadura, a qual ficou distribuída da seguinte forma: duplas alternadas de alunos se responsabilizam pela rega durante a semana (segunda a sexta) e, aos finais de semana, os agentes de portaria ficaram incumbidos desta atividade. Na manutenção da horta, todos os alunos ficaram encarregados de dar continuidade a este exercício.

Etapa 6: pintura das rochas com verniz. Foram doadas uma mesa, um banco e quatro pedras quadrangulares. Destas, três foram utilizadas para a elaboração de quadros, os quais foram ilustrados e fixados ao muro, com finalidade decorativa e a outra ao chão, para servir de piso.

Etapa 7: pintura do muro, com desenhos e frases educativas, com o intuito de deixar o ambiente mais alegre, divertido, convidativo e sobretudo, que as mensagens e imagens grafitadas trouxessem significados e reflexões sobre as questões ambientais.

Etapa 8: apresentação do espaço “Só a Educação Liberta” para os demais alunos do Instituto Municipal João Francisco Andrade, bem como para o público de outras escolas convidadas e comunidade em geral.



Figura 4. Etapas operacionalizadas na execução do projeto “Só a educação liberta”, no Instituto Municipal João Francisco Andrade, município de Juazeiro do Piauí. 1- Limpeza da área. 2- Pintura do espaço destinado a execução do projeto. 3 e 4- Confecção de artefatos decorativos. 5- Construção da horta de plantas medicinais. 6- Plantio das ervas medicinais. 7- Pintura das rochas com verniz. 8- Pintura do muro com desenhos e frases. 9- Apresentação do projeto “Só a educação liberta” aos demais membros da escola.

Fonte: Autores em 2018.



É relevante ressaltar, que além dos estudantes da turma protagonista do desenvolvimento do projeto, o trabalho também contou com a ajuda dos alunos de outras séries, dos agentes de portaria e do professor de matemática. No que tange a horta medicinal educativa, observou-se que houve uma integração entre os recursos disponíveis, a disseminação dos diversos saberes e a apropriação da aprendizagem. Autores como Oliveira, Trindade e Santos (2014); Arruda, Marques e Reis (2017) e Fernandes e Rebeca (2017), discutiram em seus estudos, sobre a implantação de hortas no espaço escolar, a importância de sensibilizar os alunos e a comunidade em relação as questões ambientais. Para eles, o uso de hortas emerge como potencializadora em abordagens de cunho ambiental, por estimular o trabalho em equipe, a dimensão individual, a criticidade, criatividade, autonomia e personalidade, além da promoção de cidadãos responsáveis e conscientes de suas atribuições e lugar no mundo.

No decorrer do projeto, constatou-se que a sistematização estimulou a participação dos discentes, despertou seu senso investigativo, por meio da observação dos eventos e exigiu uma reflexão diária acerca da EA inserida no contexto, uma vez que eles são os responsáveis pela manutenção do local. Segundo Rosa (2007), os projetos em escolas contribuem para aumentar o envolvimento e a responsabilidade dos integrantes; amplia a percepção em relação à complexidade; estimula a interdisciplinaridade, a inovação e o exercício de criatividade; tornando, assim, o procedimento pedagógico mais significativo, por incentivar os professores e alunos a assumirem-se como sujeitos dos processos educativos e sociais.

Nessa perspectiva, o resultado foi considerado satisfatório, pois promoveu a criação e uso de um local sustentável e aprazível (Figura 5), para os alunos usufruírem nos momentos livres, com finalidade recreativa, como para o desenvolvimento de atividades didático pedagógicas planejadas e com intencionalidades educativas, atingindo o objetivo proposto. Em consonância com Plácido (2009), a arte unida a reconstrução e reestruturação do paisagismo, revela um ambiente harmônio, equilibrado, limpo e habitável, que concomitantemente com a jardinagem, o local se complementa ao lazer, demonstrando embelezamento e qualidade de vida.



Figura 5. Antes e depois da revitalização de uma área escolar do Instituto Municipal João Francisco Andrade, localizado na sede de Juazeiro do Piauí.

Fonte: Autores em 2018.



A construção e implantação de paisagismo na escola valoriza espaços que anteriormente encontravam-se abandonados, desvalorizados e com descontínuo interesse (PLÁCIDO, 2009). Por esta razão, a introdução de artifícios vegetais e materiais foram preponderantes para o enaltecimento do local, antes ocioso.

A beleza cênica do local revitalizado também passou a oferecer conforto e bem-estar aos usuários da escola, que passaram a frequentar mais o espaço, para reunião de amigos, bate-papos, brincadeiras e registros de imagens com os colegas, além de proporcionar aulas extraclasse ao ar livre. Leão (2005) discute que por meio do paisagismo e arborização, incentiva a participação da comunidade escolar, por ter como finalidade a reestruturação de ideias com foco na EA (LEÃO, 2005).

Também foi possível constatar, que a preparação e construção dos materiais reutilizados foram capazes de promover a reflexão sobre o descarte e posterior uso destes, frente a questões voltadas para a poluição ambiental, contribuindo sobremaneira na desenvoltura e posicionamento dos envolvidos nesta ação. Segundo Plácido (2009), a reutilização de materiais que são depositados no ambiente, contribui para minimizar os impactos negativos causados pelos mesmos, impondo atitudes sustentáveis no ambiente escolar.

De acordo com Brasil (1997a), mudanças como essa são de suma importância para a escola, uma vez que esta oferece condições para que o aluno compreenda as modificações socioambientais que vivencia, de modo crítico, já que a principal função da escola, com a inserção das questões ambientais, é o de contribuir com a formação de indivíduos conscientes e aptos a exercerem a cidadania, de maneira comprometida com a vida em sociedade.



Conclusão



Depreende-se que atividades como esta são importantes no processo de ensino e aprendizagem, visto que, permite o desenvolvimento de cidadãos críticos e reflexivos para com o meio ambiente e para as relações socioambientais.

A partir do desenvolvido, fica a sugestão para que outros estabelecimentos de ensino adotem ações educativas dentro da própria escola - como a exposta em questão - visto que, é possível a construção e a revitalização de um espaço sustentável a partir da reutilização de insumos recicláveis e de materiais de baixo custo, tornando-se irrisória as despesas, frente a ressignificação do local.



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