CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL SOBRE TÉCNICAS ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS: TELHADO VERDE



Ana Carolina Dias de Albuquerque1, Marla Corso2, Adriano Pereira Cardoso3, Edneia A. de Souza Paccola4, Luciana C. S. H. Rezende5



1 Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Tecnologias Limpas, Centro Universitário de Maringá, Bolsista do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação, acdalbuquerque@hotmail.com;

2 Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Tecnologias Limpas, Centro Universitário de Maringá, Bolsista do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação;

3 Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Tecnologias Limpas, Centro Universitário de Maringá, Bolsista do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação;

4 Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Tecnologias Limpas, Centro Universitário de Maringá;

5 Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Tecnologias Limpas, Centro Universitário de Maringá;



Resumo

O uso do telhado verde é uma alternativa sustentável para melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas, que em sua maioria estão densamente edificadas. O presente trabalho tem como objetivo identificar de que forma se estrutura um telhado verde e quais os fatores que podem contribuir para sua maior aplicabilidade nas áreas urbanas, por meio da classificação dos tipos de cobertura verde existentes assim como o uso adequado de cada um deles. A metodologia abordada para o cumprimento deste objetivo foi a identificação de fatores que auxiliem na conscientização do uso deste método construtivo. Os resultados identificaram que o maior desafio para a aplicabilidade do telhado verde no Brasil é o seu custo. Assim, para que o uso do telhado verde ocorra de maneira expressiva, é necessária uma iniciativa pública, e também uma maior conscientização da população sobre os seus benefícios.

Palavras-chave: Classificação; Método Construtivo; Sustentabilidade.



Abstract

The use of the green roof is a sustainable alternative to improve the quality of life in urban areas, which are mostly densely built. The present work aims to identify how a green roof is structured and what factors may contribute to its greater applicability in urban areas, through the classification of existing types of green cover as well as the appropriate use of each one. The methodology used to accomplish this objective was the identification of factors that help in the awareness of the use of this constructive method. The results identified that the biggest challenge for the applicability of the green roof in Brazil is its cost. Thus, for the use of the green roof to take place in an expressive way, a public initiative is necessary, as well as a greater awareness of the population about its benefits.

Key words: Ranking; Constructive Method; Sustainability.



1 INTRODUÇÃO

Em decorrência do crescimento econômico, a urbanização tem aumentado significativamente. Estima-se que em países desenvolvidos esta deverá atingir 83% até 2030, acarretando a degradação da paisagem e do ambiente. Como solução para estes problemas tem-se a implementação de infraestruturas verdes no meio urbano, como o telhado verde, paredes verdes, jardins de chuva, entre outros. O maior destaque é o telhado verde, que consiste na plantação de vegetação na cobertura das edificações (SHAFIQUE; KIM; RAFIQ, 2018).

A utilização do telhado verde em construções, em especial em áreas urbanas, tem grande colaboração pelo fato de reduzir o efeito das ilhas de calor; melhorar o escoamento de águas pluviais; auxiliar na redução do consumo de água potável e energia elétrica e na redução de emissões de gases do efeito estufa por meio da fotossíntese das plantas (KÖHLER et. al, 2001).

A estabilidade das grandes cidades depende das áreas verdes. Estas podem ser empregadas em diversas zonas urbanas, tanto públicas quanto privadas, auxiliando no equilíbrio ecológico, conservação da biodiversidade, incentivo à convivência humana e melhora da qualidade do ambiente local e do entorno (GENGO; HENKES, 2013).

Pelo fato de ser composto por camadas, o telhado verde funciona como isolante térmico proporcionando conforto térmico no interior das edificações. Em regiões quentes, mantém o frescor e em regiões frias, mantém o calor (MELLO et al., 2010).

Sendo o telhado verde classificado em intensivo, semi-intensivo e extensivo (NASCIMENTO,2010).

O objetivo geral deste estudo é apresentar a metodologia de implantação do telhado verde, assim como a conscientização sobre seu uso, sua classificação, benefícios, vantagens e desvantagens, e os seus custos, conforme apresentado na Figura 1.

Para cumprimento deste objetivo será apresentado a seguir o item desenvolvimento, no qual será abordado os tipos de telhados verdes existentes. A abordagem metodológica adotada para a execução deste trabalho consiste em um estudo sobre a conscientização da utilização de técnicas alternativas sustentáveis.

Figura 1 – Estrutura Metodológica Fonte: (Elaborado pelo autor, 2018)

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Conscientização

O termo “desenvolvimento sustentável” foi disseminado pela divulgação do Relatório Brundtland em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas (1988), defendendo o seguinte conceito: “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades” (RAM,2011). De forma que devem ser pensadas em alternativas sustentáveis para a concepção do planejamento urbano.

Conforme a Agenda 2030, em 2015 os líderes mundiais reuniram-se na ONU e criaram um plano de ação: a Agenda 2030 visando o desenvolvimento sustentável, o qual contém 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A utilização do telhado verde adequa-se em alguns destes objetivos, sendo eles:

Segundo Rola (2008), o uso do telhado verde proporciona inúmeros benefícios para as cidades, podendo ser em relação a aspectos econômicos, sociais e ambientais. Apesar do interesse de profissionais e do público em geral por este tipo de cobertura, o Brasil não possui tradição em relação a este método construtivo, o que dificulta o acesso e a viabilidade (KREBS; SATTLER, 2010).

Sendo necessário o incentivo público, como o Projeto de Lei nº 115 de 2009 da cidade de São Paulo, que determina para as edificações, residenciais ou não, com mais de 3 unidades agrupadas verticalmente, possuam telhado verde. Visando a redução das ilhas de calor e melhoria da paisagem urbana, sendo o prédio da Prefeitura de São Paulo, um exemplo no centro da cidade (GENGO; HENKES, 2013).

2.2 Classificação Telhado Verde

Segundo Nascimento (2010), existem três tipos de telhado verde em função da escolha da vegetação, que podem ser classificados em intensivo, semi-intensivo e extensivo, exemplificados nos próximos itens. Podendo ainda receber outra classificação de acordo com Minke (2004 apud Vergana, Pippi e Barbosa, 2009), os telhados verdes podem ser classificados em relação a sua inclinação, podendo ser plano, moderado e acentuado, como podemos observar na Tabela 1.

Tabela 1 – Classificação do telhado verde de acordo com a inclinação. Fonte: Neto (2012)

      1. Intensivo

Os telhados denominados intensivos, utilizam plantas que necessitam de maior consumo de água e utilizam sistemas de irrigação, adubo e manutenção geral, funcionando como jardins tradicionais (Figura 2). Possui espessura mínima do substrato de 15 cm e pode chegar até a 2 m. Os custos são elevados e a durabilidade é relativa aos cuidados de manutenção que devem ser realizados.

Figura 2 – Corte Ilustrativo Telhado Verde Intensivo. Fonte: (Elaborado pelo autor, 2018)

2.2.2 Semi-intensivo

As coberturas semi-intensivas, conforme apresentado na Figura 3 são consideradas intermediárias entre intensivas e extensivas, cobertos com gramíneas, árvores e arbustos de pequeno porte. As vegetações utilizadas necessitam de cuidado em relação à irrigação e adubo. Possuindo espessura mínima de 10 a 20 cm. Os gastos com manutenção são considerados baixos.

Figura 3 – Corte Ilustrativo Telhado Verde Semi-intensivo. Fonte: (Elaborado pelo autor, 2018)

2.2.3 Extensivo

São as coberturas extensivas que possuem maior resistência e exigem pouca ou nenhuma manutenção. São o tipo de telhado verde mais simples e exigem menos da estrutura das edificações. Possuindo espessura entre 5 e 10 cm. A irrigação da vegetação ocorre por meio de processos naturais e por esse motivo a escolha das vegetações é baseada normalmente em musgos, suculentas, ervas, gramíneas e relva. Um corte ilustrativo está representado na Figura 4.

Figura 4 – Corte Ilustrativo Telhado Verde Extensivo. Fonte: (Elaborado pelo autor, 2018)

Cada tipologia de telhado verde exige um tipo de manutenção, e difere em função da sua carga total, sendo assim a maneira com que a estrutura de cobertura ocorre é diferente conforme a classificação do telhado em intensivo, semi-intensivo ou extensivo, como pode ser observado na Tabela 2.

Tabela 2 – Classificação do telhado verde. Fonte: Neto (2012)

Como exposto existem diferentes tipos de telhados verdes, e cada um deles deve ser escolhido conforme o uso almejado. O telhado verde do tipo intensivo é destinado a uma cobertura com acesso de pessoas, funcionando como um jardim, com bancos de apoio e árvores de sombreio. Já o semi-intensivo serve como um jardim mais compacto, com menos elementos, mas ainda permite o acesso de pessoas. Por fim o extensivo funciona apenas como uma cobertura, restringindo o seu acesso.

2.3 Benefícios

O telhado verde pode melhorar as cidades por meio de alguns fatores como a melhora do clima, purificação do ar, redução do pó e a redução da amplitude térmica nas cidades e o fato de que a implantação de telhados verdes em 10% a 20% das coberturas garantiria um clima urbano saudável (MINKE, 2005).

Além disso de acordo com Ferreira e Moruzzi (2007), o telhado verde pode ser utilizado como um sistema de drenagem, pelo aproveitamento de água da chuva, sendo considerado uma superfície de captação de água. Contribuindo com as cidades, pelo fato de reduzir a quantidade de água que é escoada pelas cidades quando as chuvas ocorrem.

2.4 Vantagens e Desvantagens

Segundo Minke (2015), coberturas que possuem telhado verde são consideradas uma construção ecológica e econômica. Algumas de suas vantagens podem definidas pelos seguintes itens: redução das ilhas de calor, redução da variação de temperatura durante o dia e a noite, isolamento térmico e conservação de energia, proteção da edificação aos raios solares, sistemas de drenagem mais eficazes, aumento da água filtrada, produção de oxigênio, absorção de CO2 e filtragem do ar, melhor desempenho acústico da edificação, auxiliam passivamente na qualidade de vida e na saúde humana e configuram novos ecossistemas.

Em relação as desvantagens da implantação do telhado verde está o tipo da vegetação escolhida, que pode acarretar no surgimento de pragas, devido à falta de manutenção, transformando a opção em inviável. Além do fato do telhado verde acrescentar um aumento da carga estrutural da edificação, que variam conforme a escolha do telhado verde, intensivo, semi-intensivo ou extensivo, necessitando muitas vezes de reforço estrutural (CORRENT; LEHMANN, 2017).

    1. Custos

Segundo Hewage (2011), o custo do telhado verde é equiparado ao telhado convencional quando ele é planejado, ou seja, na etapa de projeto da obra. Já em relação a reformas o valor é mais elevado, devido principalmente a sobrecarga na estrutura.

Além disso os custos podem variar conforme o sistema adotado e a mão de obra disponível na região, existem algumas empresas que comercializam módulos que podem facilitar a implantação da cobertura verde e possibilitam que este método seja mais viável. (ECOEFICIENTES, 2013.)

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema abordado é de grande relevância para a atualidade e para o futuro. A utilização do telhado verde é considerada uma alternativa nova no Brasil, apresentando diversos benefícios sociais, econômicos e ambientais.

Os telhados verdes melhoram o conforto térmico interno dos ambientes e também o conforto acústico, pois ajudam a diminuir os ruídos. Alguns fatores não colaboram com sua utilização em larga escala, como: mão de obra qualificada, custo elevado e falta de incentivo público.

Há diversos desafios e oportunidades para o telhado verde, que devem ser levados em consideração para que seja implantado de maneira mais abrangente, visando a redução de contas de água e de luz.



BIBLIOGRAFIA



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