A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS

NAS EMPRESAS



Eric da Costa Martins1, Gleicyara Paula de Souza2, Leonardo Borges Soares3,

Luiz Henrique Batista Olimpio4, Maria Isabel Amaro5, Mariana de Souza Silva6, Talilian Joelma Borges7, Sérgio Ricardo Magalhães8



1Discente do Curso de Ciências Contábeis Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, MG. E-mail: costaeric22@gmail.com

2Discente do Curso de Ciências Contábeis Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, MG. E-mail: gleicyarapaula2015@gmail.com

3Discente do Curso de Ciências Contábeis Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, MG. E-mail: leo.somacontabilidade@gmail.com

4Discente do Curso de Ciências Contábeis Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, MG. luizhenriquesmp@gmail.com

5Discente do Curso de Ciências Contábeis Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, MG. E-mail: isabelamaro@bol.com.br

6Discente do Curso de Ciências Contábeis Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, MG. E-mail: marianasouza.ms132@gmail.com

7Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade em Recursos Hídricos da Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, MG. E-mail: talilianborges@yahoo.com.br

8Docente do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade em Recursos Hídricos da Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, MG. E-mail: serimagbh@gmail.com

Resumo: A água é o nosso maior bem, faz prosperar a vida e, sem ela não há vida. Esse bem precioso, está presente em muitos processos produtivos das indústrias, pois, é uma matéria prima muito versátil para a produção, além de ser utilizada na limpeza de instalações industriais. Dessa grande beleza que é a água, surge um problema grave o qual se deve ter muita atenção: a sua escassez, posto que a oferta existente é menor que a demanda, tornando assim, a continuidade de sua disponibilidade, um risco, pois se não nos atentarmos a esse fato, ficaremos sem água em um curto período. Partindo dessa problemática, surge a Contabilidade de Recursos Hídricos, que é a área da Contabilidade Ambiental que estuda esses recursos, fazendo o seu gerenciamento através de métodos comumente utilizados na contabilidade, na expectativa de um uso da água, mais eficiente e que degrade menos o ambiente. Assim, o objetivo deste estudo foi a elaboração de uma cartilha voltada para as empresas, evidenciando a importância de se adotar a Contabilidade de Recursos Hídricos, como ferramenta de sustentabilidade. Inicialmente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre o tema Contabilidade de Recursos Hídricos, permitindo conhecer o que já se estudou sobre o assunto e subsidiando a confecção da cartilha. A elaboração do estudo e da cartilha perpassou por ferramentas da contabilidade, usualmente utilizadas no controle e administração do patrimônio de diversas empresas. Procurou-se evidenciar a forma pela qual a contabilidade vem se tornando uma ferramenta essencial responsável pelo controle dos recursos naturais de uma empresa, especialmente os recursos hídricos.Os resultados da pesquisa evidenciaram que um melhor controle dos recursos hídricos acarretará também na redução de custos da organização. Conclui-se também que, o profissional contábil deve estar capacitado para registrar, controlar e analisar as demonstrações contábeis que possibilitem a tomada de decisão que garanta o uso racional e sustentável dos recursos hídricos.

Palavras-chave: Sustentabilidade, Recursos Hídricos, Contabilidade Ambiental.

Abstract: Water is our greatest good, it makes life prosper, and without it there is no life. This precious commodity is present in many productive processes of the industries, therefore, it is a very versatile raw material for the production, besides being producer of industrial facilities. Be a big problem that is water, a serious problem arises that is more than a demand, so on, its very existence, a risk, because it is not Attention to this fact, we will run out of water in a short period . Starting from this problem, Water Resources Accounting arises, which is an area of ​​Environmental Accounting that studies these resources, making its management through methods commonly used in accounting, in the expectation of a more efficient use of water and that degrade less the environment. Thus, the purpose of this study was the elaboration of a letter addressed to companies, highlighting the importance of a Water Resources Accounting as a tool for sustainability. Initially, a bibliographical research on the subject of Water Resources Accounting was carried out, allowing us to know what we have already studied on the subject and to subsidize a compilation of the booklet. The purchase of the study and the booklet went through the tools of accounting, the companies of the sector of control and administration of the equity of various companies. An attempt was made to show a way in which accounting becomes an essential tool for controlling the natural resources of a company, especially the water resources. The results of the survey showed that a better control of water resources will also lead to the reduction of costs organization. It also concludes that the accounting professional should be able to record, control and analyze the accounting statistics that enable decision making to guarantee the rational and sustainable use of water resources.

Keywords: Sustainability, Water Resources, Environmental Accounting.

  1. INTRODUÇÃO

A população mundial cresce de maneira exponencial, tornando assim cada vez mais necessário garantir ações para os recursos naturais não se extinguirem. (PEREIRA; KASSAI; RAMOS, 2012).

A globalização dos negócios e a latente preocupação da sociedade com o meio ambiente têm exigido das organizações atitudes proativas em relação às questões ambientais. Partindo desse princípio, as empresas vêm-se diante de um mercado competitivo e de nova realidade, onde sua sustentabilidade econômica, alicerçada basicamente na informação e no conhecimento, propõe a adoção de novas práticas de mensuração. “Estas possibilitam maior e melhor visualização dos fatores externos, como, por exemplo, seus concorrentes, e primordialmente, fatores internos passíveis de modificação ou aprimoramento” (DAVID, 2003, p.1).

A grande competitividade das empresas nos dias atuais e o aumento do consumismo têm feito com que as empresas aumentem seu processo produtivo, de forma coerente, a necessidade de matéria prima cresce junto coma produção. Uma das matérias prima que é usada em quase todo o processo de uma empresa e também na vida do ser humano é a água que está cada vez mais escassa, pois, de acordo com quarta edição do Relatório Mundial das Nações Unidas em recursos hídricos de 2012, o consumo de água é maior do que a oferta existente, tornando assim uma das principais responsabilidades das empresas. (PEREIRA; KASSAI; RAMOS, 2012).

Para que as empresas se mantenham no mercado é preciso que elas tenham um diferencial, a sustentabilidade é um deles. Com consumidores cada vez mais exigentes por produtos de qualidade e por empresas que tenham compromisso com a natureza é necessário que as organizações adotem práticas efetivas de melhorias e diminuição dos impactos causados pela globalização e expansão do consumo.

O Desenvolvimento Sustentável é importante para que as Organizações desenvolvam a capacidade de utilizar os recursos e os bens da natureza de forma consciente, não visando apenas o lucro, mas sim, trabalhando de forma integrada com a economia, meio ambiente e sociedade em um planejamento para que esses recursos não se esgotem no futuro (PEREIRA; KASSAI; RAMOS, 2012).

Conforme o mesmo autor, a contabilidade ao longo do tempo tem se estruturado para controlar e administrar o patrimônio de diversas empresas e dessa forma a contabilidade vem se tornando ferramenta essencial para, por meio dos relatórios contábeis, apresentar e controlar os recursos naturais de uma empresa. E ainda, aponta o meio ambiente como uma entidade e assim ele deve ser tratado.

Sustentabilidade é um assunto sério e deve ser colocado em prática no dia a dia das empresas. É indispensável que as organizações se conscientizem de que podem o uso desenfreado dos recursos naturais causar danos irreversíveis na natureza impactando em todos que dependem dela.

As empresas estão inserindo a questão ambiental como planejamento de negócio já que perceberam que a mesma pode gerar lucro ou prejuízo. Como elas necessitam de um grande volume de água, deve-se ficar atento para corrigir o uso indevido da água, para assim proteger a vida animal e vegetal, pois a água é um recurso indispensável para a vida, por isso se torna essencial à atenção a esse recurso tão importante para a sobrevivência (ZILBER; CAZUZZA; CAMPANÁRIO, 2011).

A Contabilidade Ambiental tem como obrigação evidenciar sobre a importância a natureza social e ambiental, o que inclui a questão dos recursos hídricos (TUNDISI; GALIZIA, 2008).

Para os autores supracitados, alguns especialistas afirmam que a escassez da água ocorre devido a grande diferença que há entre disponibilidade e demanda da mesma. Com tal fato, fica visível que são necessárias ações para reverter a situação dos recursos hídricos, utilizando de movimentos sustentáveis para controlar a demanda e criar novas opções, como o reaproveitamento desses recursos e a economia do bem mais precioso para a vida: a água.

Atualmente, as empresas estão mais preocupadas com a questão do marketing do que com os recursos naturais, incluindo os recursos hídricos. Surge dessa problemática o presente projeto para a correção do uso dos recursos hídricos nas empresas.

Dessa forma, o objetivo deste estudo, foi a elaboração de uma cartilha voltada para a utilização em empresas, evidenciando a importância de se adotar a Contabilidade de Recursos Hídricos, como ferramenta de sustentabilidade, capaz de promover o uso racional da água.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A Contabilidade Ambiental

A contabilidade ambiental trouxe uma nova visão para as empresas, mostrando suas responsabilidades ambientais e sociais. Por meio de registros contábeis, as empresas devem apresentar todos os seus atos, que devem amenizar ou extinguir os danos causados ao meio ambiente (ANTUNES, 2005).

Neste contexto, a contabilidade vem desempenhando um papel fortíssimo nas soluções saudáveis para o meio ambiente. O desenvolvimento da área se dá pela formação de conhecimento científico do assunto obtido através de estudos e colocado na prática em diversas empresas, essa ciência desempenha um forte papel de controle dos recursos ambientais (ZILBER; CARUZZO; CAMPANÁRIO, 2011).

Chalmers (1993) discorre que “ciência corresponde ao conhecimento derivado dos dados da experiência e o autor acrescenta que para se tornar conhecimento científico é necessário que esse conhecimento seja provado”.

O conhecimento científico diante da necessidade de obter respostas corretas para o gerenciamento dos recursos naturais que se assegura por meio de experiências e as mesmas impulsiona os pesquisadores dentro as suas pesquisas (ZILBER; CARUZZO; CAMPANÁRIO, 2011).

A contabilidade ambiental deve ser aplicada, pois, o meio ambiente é considerado um patrimônio da humanidade e deve ser mantido para assegurar a existência da vida em nosso planeta (PEREIRA; KASSAI; RAMOS, 2012).

A Agenda 21, documento produzido na Conferência das Nações Unidas realizada no Rio de Janeiro no ano de 1992 (ECO 92) foi um marco para expansão da contabilidade aplicada ao meio ambiente, ao apresentar a necessidade de países e organismos internacionais desenvolverem um sistema de contabilidade que integre as questões sociais, ambientais e econômicas (FERREIRA, 2003).

A aplicação contábil as questões ambientais são formadas por um conjunto de procedimento que visa a evidenciar as situações e as modificações desses patrimônios, fazendo o controle através de registros e orientação dos atos que a modificam (LIMA, 2001).

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) edita normas denominadas Normas Brasileira de Contabilidade (NBC) com o objetivo de orientar os profissionais da contabilidade acerca de regras e procedimentos que norteiam a Ciência Contábil. Dentre essas normas, destaca-se a NBC T 15, que estabelece procedimentos para evidenciação de informações de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade (PEREIRA; KASSAI; RAMOS, 2012).

Os problemas ambientais causados pelas indústrias poderão ser amenizados uma vez que todas as ações da mesma forem registradas e classificadas, de forma que as mesmas tenham que arcar com os danos, podendo haver investimentos em maquinário que sejam menos prejudiciais entre outras ações preventivas (ANTUNES, 2005).

2.2 A Contabilidade de Recursos Hídricos

Um sistema de contabilidade ambiental e econômica pode ser complexo e sistemático, e nesse sentido, a contabilidade de recursos hídricos se mostra como uma ferramenta eficaz para a gestão abrangente dos recursos hídricos, podendo fornecer suporte científico e abrangente de informações para a tomada de decisões no ambiente organizacional, gerndo importantes informações sobre a água, sua oferta e demanda, abrangendo ainda aspectos econômicos e sociais, que também precisam ser considerados de forma abrangente (JIA, 2017).

A Contabilidade Ambiental nas organizações não é uma tarefa simples, onde se encontram algumas dificuldades, impossibilitando o seu desenvolvimento. A parte que diz respeito aos recursos hídricos não é diferente, pois necessita de atenção e uma difusão da Contabilidade Ambiental, como forma de instrumentalizar, de forma adequada, o relato do desempenho ambiental, em especial o sistema hídrico das organizações. Existem ferramentas importantes para esse fim, a saber (FARONI et al, 2010).

2.3 Recursos Hídricos

Os ambientes aquáticos são utilizados em todo o mundo com distintas finalidades, entre as quais se destacam o abastecimento de água, a geração de energia, a irrigação, a navegação, a aquicultura e a harmonia paisagística. A água representa, sobretudo, o principal constituinte de todos os organismos vivos (MORAES; JORDÃO 2002).

No entanto, nas últimas décadas, esse precioso recurso vem sendo ameaçado pelas ações indevidas do homem, o que acaba resultando em prejuízo para a própria humanidade (MORAES; JORDÃO 2002).

Atualmente, a cada 14 segundos, morre uma criança vítima de doenças hídricas (WREGE, 1996). Estima-se que 80% de todas as moléstias e mais de um terço dos óbitos dos países em desenvolvimento sejam causados pelo consumo de água contaminada, e, em média, até um décimo do tempo produtivo de cada pessoa se perde devido a doenças relacionadas à água. Os esgotos e excrementos humanos são causas importantes dessa deterioração da qualidade da água em países em desenvolvimento (ONU, 2000).

Assim, escassez de água é um fator que dificulta todas as atividades humanas, não se limitando apenas a privação humana, mas em seu uso na produção de alimentos, geração de energia e em cada uma das etapas da cadeia produtiva.

2.4 Meio Ambiente

Para Sirvinska (2018) na edição do Manual de Direito Ambiental, faz uma análise dessa difícil temática ressaltando o dever de todos em proteger os interesses ambientais; de preservar a biodiversidade dos ecossistemas; de evitar atividades poluidoras, a agressão as florestas entre outras coisas.

A preservação do meio ambiente é um dos grandes desafios da humanidade. No dizer do professor e sociólogo mexicano Enrique Leff, “a racionalidade moderna é absolutamente contra o ambiente” (SIRVINSKAS, 2018, p. 58).

Para o mesmo autor, a evolução histórica da Terra e da humanidade passou por muitas transformações. No entanto, a proteção da natureza, apesar de antiga, não tem surtido efeitos desejados. Pois, o destino da humanidade está intimamente ligado a preservação do meio ambiente. Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA e agraciado pelo Prêmio Nobel da Paz em 2007, publicou interessante livro, denominado The Future – Six Drivers of Global Change (O Futuro – seis forças motrizes da mudança global), em 2013, no qual expõe seis tendências-chave que moldarão o futuro. Segundo ele, há dois caminhos que a humanidade pode seguir: o primeiro é a destruição do equilíbrio climático e a exaustão dos recursos naturais não renováveis; o segundo é rumo ao futuro.

Com conhecimento vamos colocar em prática e melhorar a nossa relação com o meio ambiente, pois segundo Sirvinskas (2018), todos devem dar a sua cota de contribuição: o cidadão, as empresas, o governo e o mundo.

O que vem a ser citado no artigo, “Contabilidade Ambiental o Passaporte para a Competitividade”, do autor Kraemer (2002, p. 21) é que “o crescimento constante da população e o desenvolvimento econômico estão permanentemente ameaçando o ambiente, o que vem levando as empresas a descobrir novas áreas de atividades relacionadas à população de artigos que preservam a ecologia”.

Franco (1999), se refere que as empresas que protegem o meio ambiente são bem vistas pelo consumidor e pelos investidores, já havendo, em alguns países, fundos especializados em investir em empresas que protege o ambiente.

A preocupação com o meio ambiente vem alterando profundamente o estilo de administrar. Barbiere (2000), preconiza metas de produção e vendas. As empresas estão incorporando procedimentos para redução de emissão de afluentes, reciclagem de matérias, atendimentos de situações de emergência e, até mesmo, análises do ciclo de vida dos produtos e de seu impacto sobre a natureza.

A necessidade de se preservar o meio ambiente deixou de ser preocupação isolada de grupos ambientalistas e de organizações não-governamentais. A humanidade já se conscientizou de que a sobrevivência do todos depende da preservação do meio ambiente (KRAEMER, 2002, p. 28).

3 METODOLOGIA

No que diz respeito à forma de abordagem deste estudo, foi utilizada a abordagem qualitativa. A abordagem qualitativa busca explicar o porquê das coisas, indicando o que convém ser feito, no entanto, não há quantificação de valores (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Esta abordagem busca ainda, o respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos pesquisadores, através das orientações teóricas e dados empíricos, buscando resultados mais fidedignos possíveis (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Assim, esse estudo tem como tipo de pesquisa bibliográfica, sobre o tema da Contabilidade de Recursos Hídricos. Nesse sentido, a pesquisa bibliográfica realizada se deu a partir de material já publicado, constituído principalmente de: livros, artigos científicos e monografias. A pesquisa bibliográfica também pode estar baseada em referências teóricas já publicadas, a fim de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura uma resposta (GIL, 2007).

Neste sentido, para a confecção da cartilha proposta foram realizadas pesquisas bibliográficas no período de agosto de 2018 até novembro de 2018, durante as aulas da Disciplina de Projeto Integrador – Meio Ambiente e Sustentabilidade ministrada no segundo período do curso de Ciências Contábeis da Universidade Vale do Rio Verde ( UninCor), campus Três Corações.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Orientações para empresas adotarem a cartilha como ferramenta de sustentabilidade a contabilidade de recursos hídricos

De acordo com a pesquisa, podemos evidenciar que o profissional de Contabilidade exerce um papel estratégico dentro das empresas, não desempenhando apenas atividades burocráticas e escolhendo o melhor caminho para alcançar seus objetivos, mas mostrando também as suas responsabilidades ambientais e sociais.

O profissional de Contabilidade pode contribuir de forma efetiva para a preservação do Meio Ambiente auxiliando as empresas a desenvolverem a Sustentabilidade, atuando na Contabilidade de Recursos Hídricos.

Neste contexto, Pereira, Kassai e Ramos, (2012), falam que o desenvolvimento sustentável é importante para que as organizações desenvolvam a capacidade de utilizar os recursos e os bens da natureza de forma consciente, não visando apenas o lucro, mas sim, trabalhando de forma integrada com a economia, meio ambiente e sociedade em um planejamento para que esses recursos não se esgotem no futuro.

Na análise de Ribeiro (1992), a contabilidade tem função de auxiliar os administradores no gerenciamento do meio ambiente.

A contabilidade, enquanto instrumento de comunicação entre empresas e sociedades, poderá estar inserida na causa ambiental. A avaliação patrimonial, considerando os riscos e benefícios ambientais inerentes às peculiaridades de cada atividade econômica, bem como a sua localização, poderá conscientizar os diversos segmentos de usuários das demonstrações contábeis sobre a conduta administrativa e operacional da empresa no que tange o empenho da empresa sobre a questão. (RIBEIRO, 1992, p. 56).

4.2 Processo de Elaboração da Cartilha

A fim de auxiliar, por meio da cartilha, empresas a desenvolverem a sustentabilidade de recursos hídricos com o uso da contabilidade, foi desenvolvida, elaborada e confeccionada a cartilha intitulada: “Importância da Contabilidade de Recursos Hídricos nas Empresas”.

A partir de uma discussão de grupo foi estabelecido que o objetivo da cartilha seria auxiliar as empresas a desenvolverem a sustentabilidade de recursos hídricos como uso da contabilidade e mostrar a contabilidade ambiental especificamente a de recurso hídricos como ferramenta de tomada de decisões de empresas.

Após o levantamento bibliográfico realizou-se a confecção da cartilha constituída por 10 (dez) páginas que incluem a capa e a contracapa., pela qual, o profissional de Contabilidade destaca algumas das principais ações para que as empresas ao ter acesso a essas informações realizem de forma continua e eficiente atividades para a preservação do meio ambiente e a diminuição do desperdício da água.

4.3 Extratos da Cartilha “A Importância da Contabilidade de Recursos Hídricos nas Empresas”

4.3.1 A Contabilidade de Recursos Hídricos

A contabilidade ao longo do tempo vem cada vez mais se estruturando e atualizando para atender as necessidades propostas pelo mundo moderno e com esse parâmetro ela se estendeu também para as questões ambientais já que seus métodos tornam possível o gerenciamento e controle de qualquer material, recurso ou entidade.

Ao pesquisar sobre contabilidade ambiental encontram-se poucos resultados específicos, por ser um assunto novo, porém de grande importância, a falta de informação dificulta até mesmo as empresas a colocá-la em prática.

Através dos relatórios contábeis onde estão as informações lançadas pelo contador, podemos visualizar de uma forma simples qual a decisão a ser tomada e onde a empresa está pecando no controle ambiental e assim temos uma visão de onde podemos otimizar os processos da mesma.

A contabilidade tem por objetivo acompanhar os recursos econômicos e financeiros de uma Entidade. Com a implantação da contabilidade de recursos hídricos nas empresas outro objetivo da mesma será o acompanhamento e a contabilização da água na Entidade.

O Brasil possui uma abundante reserva de água, porém para que a situação continue assim a gestão desse recurso tem que ser rígida. A contabilização desse recurso nas empresas será de grande valia, porém não se pode negar, contudo, que nas economias de mercado, onde a norma é a lucratividade, o uso industrial da água só se tornará mais ético se ficar demonstrado que isso não impede os lucros (SELBORNE, 2001).

Cada segmento industrial utiliza certa quantidade de metros cúbicos de água e temos uma estimativa de mínimo e de máximo, a contabilidade de recursos hídricos visa levar a empresa a atingir o mínimo de consumo de água em seus processos como mostra a tabela em seguida:

Tabela 1 - Uso de água por segmento industrial

SEGMENTO INDUDTRIAL

MÍNIMO

MÁXIMO

Indústria Química

0,3 m3/t

11m3/t

Cervejaria

5m3/m3

13m3/m3

Usinas de açúcar e álcool

15m3/t Cana

32m3/t Cana

Celulose e papel

25m3/t

216m3/t

Petroquímica

150m3/t

800m3/t

Têxteis

160m3/t Tecido

680m3/t Tecido

Refinarias

78m3/t álcool

760m3/t petróleo

Siderúrgicas

50m3/t aço

200m3/t aço

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2016).

4.3.2 Educação e Ética

Em primeiro lugar para cuidar do meio ambiente devemos ter educação e ética para com o mesmo, não devemos praticar ações que são contrárias à preservação, pois vemos os grandes problemas existentes hoje com o meio ambiente e principalmente com a água, se deve pelo fato da falta de cuidado e preservação para cuidar de nossos patrimônios naturais.

A ética é fundamental para todo o processo de gestão funcionar, pois observamos grandes empresas desmatando para conseguir mais terras para ampliar seus negócios desrespeitando as leis ambientais.

Um grande problema hoje em dia é o desmatamento das florestas onde acontece o ciclo da água as árvores são primordiais para acontecer a transpiração que carregam as nuvens e nos proporcionam a chuva e alguns produtores rurais desmatam grandes florestas para o manejo de gado e aumento de suas plantações assim interrompem o processo de evaporação e eles mesmos saem prejudicados pois vemos cada vez mais a escassez de água o que dificulta os processos de produção.

Figura 1 – O ciclo da água

Fonte: Toda Matéria/Ciclo da Água (2018).

Disponível em: https://www.todamateria.com.br/ciclo-da-agua/

 Apesar de estar sempre se renovando, a água é um recurso que pode se tornar escasso e, sendo assim necessita de um gerenciamento adequado e eficiente, na tentativa de contribuir de forma efetiva no controle e proteção das águas aplicando técnicas contábeis na gestão dos recursos hídricos.

4.3.3 Uso correto da água

Como devemos usar os recursos hídricos de maneira correta nas empresas? Primeiro começamos no processo de captação de água de algum reservatório seja ele externo ou subterrâneo de qualquer forma esse processo tem que evitar a retirada maior que o necessário para os processos produtivos da indústria e deve ser feito em uma região onde não afetará o curso dos rios ou afluentes e não prejudicar a vida aquática do lugar.

Figura 2 – O ciclo da água no planeta

Fonte: Curiosidades sobre a água (2018)

Disponível em: https://www.insoonia.com/top10-curiosidades-sobre-a-agua/

Após a coleta, a água deve ser usada com cautela e sempre visando à economia e nunca ao desperdício, podemos também tratar a água, pois em vários processos produtivos não necessita de água potável e nesse caso podemos utilizá-la várias vezes através do tratamento de água e assim diminuímos consideravelmente o uso da mesma.

Já o esgoto uma solução é a utilização da fossa séptica que quase não utiliza água em seus processos e reduz a poluição do meio ambiente consideravelmente e é uma solução de custo baixo em relação às outras opções.

Figura 3 – Ciclo de tratamento da água

Fonte: Portal Tratamento de água (2018).

Disponível em: https://www.tratamentodeagua.com.br/artigo/tratamento-de-agua/

Por fim, damos início ao processo de descarte da água, onde ela retorna aos rios. Essa etapa é muito importante, pois a negligência maior ocorre nessa etapa onde a água deve ser devidamente tratada não deixando nenhum resíduo em meio a ela só depois de estar limpa e livre de qualquer impureza devemos devolver a natureza.

Figura 3 – Descarte da água

Fonte: Câmara dos Deputados (2018).

Disponível em: encurtador.com.br/kvzI6

Uma boa gestão dos Recursos Hídricos é importante para se alcançar o desenvolvimento social e econômico de forma sustentável, contribuindo para que todos os usuários e gestores obtenham, através das demonstrações contábeis, informações que os ajudem em uma tomada de decisão mais eficiente.

Neste contexto, destacamos o papel fundamental que o profissional de contabilidade exerce nas empresas no processo de tomada de decisões fazendo o elo entre as demonstrações contábeis e a conscientização do empresário a essa nova realidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desta forma, ao analisarmos os objetivos propostos pelo estudo, podemos concluir que a Contabilidade de Recursos Hídricos é imprescindível, possibilitando não só aos gestores, mas também a sociedade sobre o controle dos recursos hídricos.

É possível a diminuição dos impactos ambientais causados pelo desperdício e o mau uso da gestão da água conciliando o alcance dos objetivos econômicos com a sustentabilidade.

É de extrema relevância o papel do profissional contábil demonstrando a estrutura de um Balanço Patrimonial e uma Demonstração de Resultados para se chegar ao desenvolvimento sustentável.

A contabilidade através das suas técnicas pode não apenas planejar, mas também avaliar gerando assim informações que ajudem na identificação dos impactos causados na natureza e avaliando as possíveis soluções para diminuir ou acabar com o desperdício de água.

Portanto, ressalta-se que o profissional contábil deve estar capacitado para registrar, controlar e analisar as demonstrações contábeis que possibilitem a tomada de decisão visando informar e conscientizar que o objetivo de garantir um uso racional e sustentável dos recursos hídricos.

REFÊRENCIAS

ANTUNES, C.do C. Contabilidade: Da Pictografia à Preservação do Meio Ambiente. Revista Mineira de Contabilidade, Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais, Belo Horizonte: Ano 14, n. 50, p. 25-29, abr./mai./jun. 2013

BARBIERI, Jose C. Empresa Ambiente. Revista Exame, Encarte Especial, jan/2000.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Uso de água por segmento industrial. Disponível em: http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental/historico-mundial. Acesso em: 15 set. 2018.

CHALMERS, A.L.F. O que é Ciência Afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993. Disponível em:

http://www.uel.br/projetos/ibe/pages/arquivos/Chalmers%20%20O%20que%20e%20ciencia%20afinal%20(I%20ao%20IV).pdf. Acesso em 28 ago. 2018.

DAVID, A.R. Contabilidade Ambiental. IX Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul. Gramado, RS, Brasil, 13 a 15 de Agosto de 2003.

FERREIRA, A.C. de S. Contabilidade Ambiental: Uma Informação para o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Atlas, 2003.

FRANCO, H. Contabilidade na era da globalização. São Paulo: Atlas, 1999.

GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS. Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, v. 5, n. 61, p. 16-17, 2007.

KRAEMER, M. E. P. Contabilidade Ambiental o Passaporte para a Competitividade revista Catarinense da ciência contábil. Florianópolis: dez/2001 mar/2002.

LIMA, Luiz Henrique Moraes de. Controle do Patrimônio Ambiental Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed.UERJ, 2001.

MORAES, D. S. de L; JORDÃO, B. Q; Revista Saúde Pública, 2000.

ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU. Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos: aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos hídricos. Agenda 21, Água em Rev Suplemento das Águas. p.14-33.  1996. 

PEREIRA, Jozenei Silva; KASSAI, José Roberto; RAMOS, Priscilla Motta Oliveira. Balanço Contábil dos Recursos Hídricos: um estudo de caso da região de Alagoinhas - BA. In: Encontro internacional sobre gestão empresarial e meio ambiente, Alagoinhas - BA. 2012

RIBEIRO, Maísa de Souza. Contabilidade e Meio Ambiente. Dissertação (Mestrado). FEA/USP, 1992.

SANTOS, Michelle Ludmila Guedes; ARAÚJO, Elder Silva; MONTEIRO, Adriana Soraya Alexandria. Reaproveitamento da água do chuveiro e lavatório para reutilização na descarga do vaso sanitário. Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, Palmas – Tocantins: 2012.

SELBORNE, Lord. A ética do uso da água doce: um levantamento. In: Caderno da Unesco, Série meio ambiente, v. 3, 2001.

SERVINSKAS, Luís Paulo. Manual do Direito Ambiental. São Paulo, 2018.

TUNDISI, José Galizia. Recursos hídricos no futuro: problemas e soluções. Revista Estudos Avançados, São Paulo, 2008.

WREGE M. A ética da água. Inform ANDES, v. 96, p.12. 2000.

ZILBER, Silvia Novaes; CARUZZO, Mariza; CAMPANÁRIO, Milton de Abreu. Uso de Contabilidade Ambiental e Seus Reflexos nos Resultados das Empresas. 2010.