EDUCAÇÃO AMBIENTAL: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO PROFESSOR DO ENSINO FUNDAMENTAL

Lidiane Melos dos Santos1, Diego Freitas de Barros2

1Mestrado Profissional em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté-UNITAU. E-mail: profmalidianemelo@gmail.com

2Bacharel em Ciências Contábeis, Faculdade Rainha da Paz-FCARP. E-mail: diegofreitas989@gmail.com

RESUMO

Esta pesquisa, tem como escopo expor o real sentido da Educação Ambiental e como ela pode ser trabalhada nas escolas, além de explanar o papel do professor neste processo de conscientização. A partir das dificuldades existentes quanto a pôr em prática as ações e concepções inseridas nos Parâmetros Curriculares Nacionais, traz a importância da parceria da equipe gestora, professores e comunidade no planejamento das atividades. O professor tem papel fundamental neste processo de ensino aprendizagem do aluno, quanto a essencialidade de sua atuação na disseminação do que apreende na escola, além de absorver que se cada um faz sua parte é possível causar impacto no que diz respeito a preservação, que ao compreender os aspectos empregados, seu senso crítico torna-se evidente. A Educação Ambiental é de suma importância no âmbito escolar, portanto o professor deve ser capacitado para que atue de forma coerente aos temas transversais e de forma interdisciplinar.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Interdisciplinaridade.

ABSTRACT

This research aims to expose the real meaning of Environmental Education and how it can be worked in schools, as well as to explain the role of the teacher in this process of awareness. Based on the difficulties in implementing the actions and conceptions inserted in the National Curricular Parameters, the importance of the partnership of the management team, teachers and community in the planning of activities is highlighted. The teacher plays a fundamental role in this process of teaching student learning, as the essentiality of its action in the dissemination of what it apprehends in the school, besides absorbing that if each one does his part it is possible to have an impact in what concerns the preservation, that to the understand the aspects employed, their critical sense becomes evident. The Environmental Education is of paramount importance in the school environment, therefore the teacher must be able to act coherently to cross-cutting themes and in an interdisciplinary way.

Keywords: Environmental Education. National Curricular Parameters. Interdisciplinarity.

INTRODUÇÃO

Quando se trata de estudos sobre a questão ambiental, nos últimos anos, grandes partes dessas pesquisas estão voltadas para os problemas decorrentes do tipo de intervenção ou apropriação que o ser humano realiza na natureza. Essa intervenção é determinada pelo tipo de situação que os homens mantém entre si no processo produtivo, isto é, nas relações de denominação e exploração de uns sobre outros e, consequentemente serão reproduzidas no meio ambiente.

A partir da Conferência de Estocolmo, na Suécia em 1972, ficou estabelecido de que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), mais tarde com o desdobramento em Belgrado, o Seminário Internacional sobre a Educação Ambiental, culminando a Carta de Belgrado que trouxe de forma clara as metas e os objetivos da Educação Ambiental, onde o principio básico ficou estabelecido a respeito da atenção com o meio natural e artificial, que devem ser levados em consideração os fatores ecológicos, políticos, sociais, culturais e estéticos. Ficou determinado também nessa carta, que a educação deve ser continua e multidisciplinar, integradas dentro das diferenças regionais, voltadas para os interesses nacionais e centradas no questionamento sobre o tipo de desenvolvimento. Estabeleceu como meta prioritária a formação nos indivíduos de uma consciência coletiva, que sejam capazes de discernir sobre a importância ambiental na preservação da espécie humana e, sobretudo, de transformar os valores e atitudes na construção de novos hábitos e conhecimentos. Criou-se uma nova ética uma nova ética, sensibilizadora e conscientizadora, que integrem o ser humano/sociedade/natureza objetivado o equilíbrio local e global, como forma de obtenção da melhoria da qualidade de todos os níveis de vida.

De tal modo, este artigo traz inicialmente um breve histórico da Educação Ambiental, a importância da abordagem deste tema nas escolas, além do que os PCN’S (Parâmetros Curriculares Nacionais) trazem sobre os temas transversais e interdisciplinaridade com os quais se devem trabalhar envolvendo a Educação Ambiental. Destaca a importância do papel do professor nessa abertura de horizontes dos educandos no processo de aprendizagem de que a Educação Ambiental vai além do meio ambiente em si, traz ainda mais, quanto à conscientização, solidariedade, senso crítico.

  1. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Desde o surgimento das perspectivas de Educação Ambiental, o qual se trata de um processo duradouro e que ainda perdura. De acordo com Dias (2004, p. 523). O homem inserido e convivente na sociedade, passa a ter noções e consciência do ambiente ao qual pertence, obtém valores, conhecimentos, experiências, habilidades que o torne apto à resolução de problemas ambientais. Conforme determina a história, o termo Educação Ambiental, derivado de Environmental Education, passa a ser utilizado no ano de 1965, quando ocorre a Conferência em Educação na Universidade de Keele na Grã-Bretanha. Neste mesmo período, iniciaram-se diversos debates acerca das questões ambientais de variados países, pois foram inúmeras decorrências a partir do desenvolvimento econômico optado pelos países mais abundantes no patamar financeiro, como: grandes rios poluídos por dejetos despejados por indústrias, o aumento desenfreado de poluição da atmosfera em que os principais responsáveis são os centros urbanos, diminuição da cobertura vegetal da terra por conta da erosão, solo infértil, etc.

Apenas em 1973 no Brasil a Educação Ambiental passa a constar na legislação, surge assim à primeira Secretaria do Meio Ambiente (Sema). Mas, somente entre as décadas de 80 e 90 é que a Educação Ambiental começa a se destacar e conquistar espaço. Então em 1988 a Constituição Brasileira, pela primeira vez, dedicou um capítulo ao meio ambiente, no qual o classifica como um bem substancial ao povo e à sua qualidade de vida, que impunha ao poder público e à sociedade o dever de mantê-lo preservado pensando nas gerações futuras.

Diante deste contexto, algumas políticas públicas podem e necessitam ser destacadas:

1988

Inclusão da EA como direito de todos e dever do Estado;

1992

Criação dos Núcleos de Educação Ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e dos Centros de Educação Ambiental pelo Ministério da Educação (MEC);


1994

Criação do Programa Nacional de Educação Ambiental (Pronea) pelo MEC e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA);


1997

Elaboração dos Parâmetros Curriculares definidos pela Secretaria de Ensino Fundamental do MEC, em que “meio ambiente” é incluído como um dos temas transversais;

1999

Aprovação da Política Nacional de EA pela Lei 9.795.

(Tabela 1) Fonte: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ - A educação ambiental no ensino fundamental para a construção de uma sociedade sustentável. (p.3)

Importante ressaltar que em 1992 no Rio de Janeiro se realizou um evento não governamental, porém expressivo, o Fórum Global que também ficou conhecido como RIO-92, que contribuiu consideravelmente para a consolidação da Educação Ambiental no Brasil. Durante esta ocasião, o “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global” foi formulado por ONGs e movimentos sociais de todo mundo, documento construído para estabelecer o marco político para projetos pedagógicos voltados para a Educação Ambiental.

O ponto inicial deste Tratado é o reconhecimento da educação como essencial na formação de valores e na ação social, pontos primordiais para um procedimento de transfiguração objetivando o surgimento de sociedades conscientes quanto à sustentabilidade.

Consideramos que a educação ambiental para uma sustentabilidade equitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam entre si relação de interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva em nível local, nacional e planetário. (Tratado de EA para Sociedades Sustentáveis – Rio 92)

Ainda em 1992, os Ministérios do Ambiente, da Educação, da Cultura e da Ciência e Tecnologia, uniram-se em prol da criação do PRONEA - Programa Nacional de Educação Ambiental. O IBAMA foi o órgão responsável pela formulação das diretrizes destinadas à implementação deste programa e também responsável pela fiscalização do cumprimento das determinações pré-estabelecidas.

Já em 1997, os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) entram em cena após a elaboração de uma nova proposta curricular pelo Ministério da Educação, nestes, o meio ambiente torna-se um dos temas transversais pertencentes aos currículos básicos do ensino fundamental, de 1º ao 9º ano. Dois anos depois, em 1999, a partir da Lei nº 9795/99 ocorre a recognição da relevância da educação ambiental, oficialmente reconhecida como indispensável no âmbito educacional.

Esta Lei foi criada a partir da análise do artigo 225, inciso VI constante na Constituição Federal de 1988, esta afirma que a Educação Ambiental deve ser instituída e colocada em prática dentro e fora das escolas, não em forma de disciplina, pois descarta a face interdisciplinar. Cabe ao professor em sala de aula trabalhar este eixo ligando-o às situações cotidianas do aluno. As atividades devem ser desenvolvidas a partir da realidade vivenciada por cada aluno, orientando-os com auxílio desta base. Este processo possibilita o despertar do entendimento da importância quanto à preservação do nosso meio ambiente e de como o futuro pende de um ponto de equilíbrio entre a natureza e o homem e da utilização de modo racional dos recursos naturais.

    1. A Importância da Educação Ambiental nas Escolas

Podemos afirmar que a escola é um espaço de suma importância para a continuidade da socialização dos alunos, este processo tem início em casa, a partir do contexto familiar. Partindo desse pressuposto, a escola torna-se um espaço de apoio fundamental no desenvolvimento social e consequentemente ambiental de seus alunos. É de fácil entendimento que, o conhecimento perante a importância sobre a preservação ambiental é fator crucial na formação do indivíduo e a escola contribui com o papel de auxiliar na assimilação ainda no período inicial da vida de estudos quanto aos comportamentos ambientalmente corretos. Para tanto, os exemplos dos educadores se fazem necessários, pois exercem grande influência sobre seus alunos. Portanto, deve haver esta preocupação por parte dos professores em educar pelo exemplo, quando ministram uma aula referente ao não desperdício da água, mas na mesma semana um de seus alunos o encontram lavando seu carro em frente à sua casa. Trata-se de comportamentos contrários aos ensinamentos e concepções de valores repassados em sala de aula, pois é fundamental demonstrar a utilidade dos conteúdos empregados à vida real. A partir de tais temáticas abordadas, o aluno passa a se tornar cada vez mais crítico e construir senso de responsabilidade, compreensão que atitudes de preservação do meio ambiente refletem no futuro.

Nossa cultura implica quase que por completa à ideia de impotência, de que se um apenas fizer sua parte e os demais não colaborar, todo esforço será em vão, por este fato, a preocupação mediante as questões ambientais torna-se algo secundário ou até mesmo banalizado. É preciso que o trabalho perante a conscientização seja realizado verdadeiramente explanando que juntos será mais propício ao alcance de resultados positivos. A Educação Ambiental como tema discutido nas escolas, deve ser utilizada para mudar esta cultura, demonstrando a importância da conservação do meio ambiente e quanto à aquisição ou mudança de hábitos são essenciais para nossa existência.

O currículo escolar passou por modificações para que a Educação Ambiental, tida como tema transversal fosse integrada e se tornasse constantemente presente nas salas de aula.

Em conformidade com os PCN’s-Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), a preocupação em relacionar a educação com a vida do aluno em seu meio, sua comunidade não é novidade. Ela vem crescendo especialmente desde a década de 60 no Brasil.

Mesmo sendo exigência explicitada na Constituição de 1988 (artigo 225, § 1º, VI), a Educação Ambiental devem ser ministradas de maneira prazerosa, mesmo difícil, tais tarefas precisam ser realizadas não apenas na teoria, para um melhor entendimento e interesse a prática é relevante, com o intuito de atingir um número maior de alunos. Evidentemente as dificuldades são reais, mas como são sabidas estas estão diretamente ligadas a fatores sociais, econômicos e culturais que fazem parte da sociedade como um todo, partindo desta afirmação conseguimos compreender a importância da Educação Ambiental nos âmbitos escolares, visando tornar os alunos cidadãos corretos ecologicamente.

    1. A Importância da Interdisciplinaridade - PCN’s

Os Parâmetros Curriculares Nacionais desde seu lançamento pelo MEC em 1997 prosseguindo até o ano de 1999 objetivaram se tornar a grande marca na evolução e integração dos temas transversais e da interdisciplinaridade de forma a auxiliar os professores, textos claros que possibilitam a adaptação a qualquer região, contendo temas como: ética, pluralidade cultural, orientação sexual e Meio Ambiente, entre outros.

Os PCN’S empregam que a Educação Ambiental deve ser ministrada conforme as orientações de seu conteúdo, nunca se esquecendo de trabalhar de maneira interdisciplinar. Buscando analisar os planos de ação elaborados pelos professores, estes na maioria das vezes, seguem as orientações propostas, porém é também possível diagnosticar que na prática nem sempre é o que acontece.

É preciso que além do professor, a equipe gestora seja motivadora e facilitadora na aplicação do que se é planejado, recursos devem sempre a postos para que não deixe parar o que já vem sendo aplicado. A concordância entre a equipe deve ser permanente e habitual. A maior dificuldade que podemos destacar é a acomodação e até mesmo o medo em trabalhar conforme as determinações dos PCN’S, por conta das críticas que possam surgir. A falta de preparação e a não integração da escola que os permitam planejar de forma participativa, também se tornam desafios para o professor no decorrer do desenvolvimento das atividades.

  1. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INSERIDAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O ensino da educação ambiental nos anos iniciais do Ensino Fundamental, parte fundamentalmente para a ampliação de atitudes, postura ética e crítica, valores, além da dominância perante os principais pontos quanto à conservação e para que não fique apenas na teorização. Partindo da ideia que as crianças possuem maior facilidade de aprendizagem, elas acabam se tornando o foco principal para a disseminação dos conceitos de preservação, esse sistema nada mais é que uma estratégia para a mudança almejada mediante a Educação Ambiental.

É preciso modificar a realidade nas escolas, em que os alunos são meros ouvintes, é preciso que estes tenham a oportunidade de participar e expor suas ideias e concepções referentes ao que vem sendo trabalhado, assim possibilita até mesmo ao professor identificar até onde está indo o entendimento de cada um. Situações consideradas simples e comuns do dia a dia podem ser utilizadas como, por exemplo, podemos citar o momento do intervalo na merenda, orientá-los quanto ao desperdício da comida, não jogar lixo no chão, dentre tantas formas de conscientizar o aluno quanto as questões ambientais em espaço escolar. O pensamento crítico deve ser a base para a Educação Ambiental nas escolas, para tanto o professor deve dar espaço para que a criança participe. Tudo isso implica na formação de cidadãos conscientes, e as práticas pedagógicas contribuem neste segmento em que o aluno passa, a saber, identificar o exagero perante o consumismo e amplificar seu olhar sobre a responsabilidade diante do uso dos recursos naturais, de maneira a não agredir o meio ambiente.

É possível trabalhar atividades que envolvam reciclagem, coleta seletiva de lixo, higienização dos ambientes, cuidados com as plantas, desperdício e consumismo. No decorrer das ações oportunizar não apenas o desenvolvimento cognitivo, mas também moral dos alunos, ações que estimulem o espírito de cooperação, para isso os trabalhos coletivos são essenciais. Ainda possível observar nas escolas, a Educação Ambiental sendo discutida de forma fragmentada, repassando ideias incorretas do que realmente seja o conceito de preservação, transmitindo apenas a concepção de que o meio ambiente se restringe a pontos específicos, como floresta Amazônica, Pantanal e rios, não o demonstrando como um todo e tudo o que abrange. Essa metodologia descontextualizada dificulta a compreensão sobre o real desafio imposto que a humanidade enfrenta e os impactos sofridos pela natureza pela falta de antevisão. A interdisciplinaridade deve ser presença constante nestas atividades, aproximar os alunos a sua realidade, abordar situações universais e que influenciam na sociedade. Como continuação das estratégias, aproximar a comunidade da escola é uma das alternativas de ampliar o alcance das informações, por meio de intervenções efetivadas com a ajuda de parceiros e voluntários, a fim de impactá-los e desmistificar as noções sobre a conservação do meio ambiente e o que realmente este necessita. Com o avanço das tecnologias torna-se ainda menos complexo o desenrolar de atividades dinâmicas com o apoio destas dentro das escolas, utilizando-se de vídeos, jogos pedagógicos, gincanas e brincadeiras lúdicas. O que ainda ocorre é a exploração destes recursos por parte do professor de forma não interativa, em que os alunos são apenas “espectadores” e os educadores acabam não atuando com mediadores como deveriam. Propiciar esta interação entre aluno e conteúdo, fazendo-o ligar o conteúdo à sua realidade é papel do professor/mediador.

Muitas escolas elaboram atividades “padrão” e às aplicam de maneira geral, sem levar em conta o contexto social em que cada uma delas está inserida. Antes de qualquer coisa, é necessária a realização de mapeamento sobre os alunos e planejar ações consideradas mais adequadas e que proporcionem a assimilação do que está sendo abordado ao seu cotidiano. Aulas que despertem o interesse das crianças são mais significativas e permitem ao educador o melhor desenvolvimento destas, uma vez que o envolvimento e participação será mais envolvimento dos alunos, assim possibilitando o confronto de ideias e visões por meio de rodas de conversa. O momento de roda de conversa viabiliza o entendimento quanto ao respeito diante do ponto de vista do colega que pode ser diferente e novos discernimentos e valores são apreendidos com tempestade de ideias realizada em sala.

A Educação Ambiental no contexto das práticas pedagógicas deve contribuir na concretização de mudanças ante as questões ambientais, conscientização ética, solidariedade e crescimento moral. O conceito errôneo que muitas escolas ainda vivenciam é o de que apenas a exposição de assuntos pertinentes à Educação Ambiental seja o suficiente, não levando em conta que exercícios que envolvam apenas a memorização não possuem tanta eficiência quanto às práticas, que oportunizam a ampliação da autonomia da criança.

  1. O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O uso da interdisciplinaridade na Educação Ambiental é importante e totalmente possível, a interação entre os educadores das diversas disciplinas, possibilita um planejamento rico de ideias e atividades que envolvam temas pertinentes de todas as matérias. Podemos destacar alguns pontos importantes da Educação Básica, mas especificamente no Ensino Fundamental diante do ensino da Educação Ambiental:

O professor tem papel principal nessa disseminação, é o responsável por elaborar e propor estratégias que viabilizem mudanças no ensino da Educação Ambiental, de acordo com as propostas dos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) que destacam os temas transversais. Dentro de uma gestão democrática o professor deve participar do planejamento escolar, da construção do PPP (Projeto Político Pedagógico) e o gestor também deve estender à comunidade de forma participativa, pois o sucesso das diversas ações depende da compreensão das reais necessidades, que por muitas vezes só podem ser identificadas se a escola mantiver contato com quem a integra.

Projetos pedagógicos que tenham como eixo predominante o meio ambiente com destaque à Educação Ambiental, que visa à reeducação, conscientização de um grupo que busquem um objetivo em comum e em longo prazo. É sabida a relevância de se preservar e colocar em ação, teorias já conhecidas de como cada um pode fazer sua parte. Na escola, o professor parte da ideia de que as crianças possuem maior facilidade de aprendizagem e ao se interessarem por determinado assunto, tornam-se verdadeiros propagadores do que lhes foi ensinado. Esta é o desígnio do professor ao trabalhar interdisciplinarmente e de forma dinâmica a Educação Ambiental. Proporcionar essa dissipação que o poder de alastre se torne ainda maior e forte, afinal a Educação Ambiental é fundamental para o futuro da humanidade.

Diante do cenário atual da sociedade é perceptível a necessidade de que ações voltadas para este tipo de educação seja feita de maneira continuada, pois os avanços tecnológicos trazem modificações constantemente, fazendo com que tenhamos sempre algo novo a aprender. Para tanto, a Educação Ambiental pode e deve fortificar-se além dos espaços escolares, essa concepção torna-se visível ao nos depararmos com cidadãos críticos e que são capazes de fazer com que outros reflitam a respeito.

Para que as crianças possam compreender e apreender conceitualmente os conteúdos voltados à Educação Ambiental, o professor necessita ter domínio e criatividade, além de vasto conhecimento em técnicas didáticas que torne o que está sendo ensinado, interessante e chame a atenção do aluno, favorecendo seu progresso integral quanto à prática da cidadania.

O professor precisa também selecionar o método avaliativo, sendo ele qualitativo adequado à metodologia de integração, participação, interdisciplinar e transversal que envolve todas as disciplinas. Observando a interação dos alunos e desenvolvimento no decorrer das atividades realizadas, o professor deve ter sempre seu planejamento atualizado, pois as reflexões e exercícios perante a Educação Ambiental devem ser constantes, associados aos estudos de todas as disciplinas, de forma a levar as concepções ao cotidiano do aluno, tornar o que se aprende algo natural e não mecânico, a conscientização. Levando e colocando em prática em seu dia a dia, pois terá absorvido atitudes éticas com finalidade de exercício da cidadania.

Tornar a Educação Ambiental algo habitual à convivência, compreender que é possível causar impactos sim no modo de preservação se cada um fizer sua parte, a diferença será percebida e valorizada. Após este passo de compreensão, novos projetos podem ser elaborados e postos em prática, pois o senso crítico e de percepção estará cada vez mais aguçado.

Diante deste conceito, podemos destacar dentro da Lei 9795/99 da Lei da Educação Ambiental:

Art. 5o são objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;

II - a garantia de democratização das informações ambientais;

III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;

IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;

V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;

VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;

VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

Se bem observarmos são objetivos totalmente possíveis de se alcançar, é necessário engajamento neste propósito. Ao se atingir um maior número de pessoas que tenham contato com a Educação Ambiental, mais próximo e viável torna-se o cumprimento das ações propostas.

Ainda na Lei 9795/99 da Lei da Educação Ambiental:

Art. 11º. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.

Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

No artigo acima é destacada a importância e a obrigatoriedade quanto a qualificação e capacitação dos professores a atuar com a Educação Ambiental, ressaltando que a participação efetiva dos docentes no planejamento é essencial para nível de alcance dos escopos estabelecidos.

O envolvimento de projetos interdisciplinares, no ambiente escolar é muito produtivo, pois, além de estar trabalhando todas as disciplinas, estão conscientizando os alunos à questão ambiental, um problema em nossa atualidade, onde tanto se fala e pouco se trabalha nas escolas. Sendo que este pode começar dentro das escolas, com pequenos projetos que podem se entender para outros de acordo com a necessidade de cada escola.

De tal modo, podemos concluir que a Educação Ambiental deve ser trabalhada a com participação e envolvimento de todos no ambiente escolar. Pois, a cada dia que se passa precisamos mais e mais conscientizar nossos alunos quanto ao meio em que estão inseridos, para preservá-lo, e suas consequências da não preservação. O professor tem papel fundamental na Educação Ambiental de seus alunos, sendo ele o disseminador de conhecimento.



REFERÊNCIAS



BRASIL. LEI Nº 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm> Acesso em: 17.Fev.2017.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética (vol.8). Brasília: Ministério da Educação e de Desporto/Secretaria de Educação Fundamental, 1997.

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global <http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf> Acesso em: 10. Fev.2017.