USO DE BIOMAPAS COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL



Michael César Alves 1

michael-alves@live.com

1 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Paulista – UNIP – Bauru/SP, Pós-graduado em Educação Ambiental para a Sustentabilidade pelo Centro Universitário SENAC – Bauru/SP, e Gestão, Licenciamento e Auditoria Ambiental pela Universidade Norte do Paraná UNOPAR – Bauru/SP, Mestrando pelo programa de Pós Graduação em Zoologia A/C Ecologia e Ecossistemas pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – Botucatu/SP.

RESUMO

A questão ambiental vem sendo foco de conflitos e disputas entre diferentes concepções e práticas, portanto há a necessidade de uma mudança nos paradigmas, buscando a mobilização da sociedade através de processos educativos e participativos que proporcionem condições paras as pessoas adquirirem conhecimentos, habilidades e desenvolverem atitudes em que o sujeito se constitua como cidadão, consciente, crítico e atuante, posicionando-se frente a questões de valores ou participação coletiva e direcionada para soluções de problemas da comunidade, sendo assim a presença e atuação dos movimentos sociais, lutando pelas questões socioambientais é um fator de extrema relevância na sociedade. O presente projeto tem o intuito de mobilizar a população para uma revisão dos hábitos, tendências e necessidades, desenvolvendo a educação ambiental com moradores em um bairro onde está sendo depositados lixo e materiais inertes, proporcionando um diálogo reflexivo sobre a situação atual do bairro e contribuindo para a diminuição da degradação ambiental e para a defesa e promoção da qualidade de vida.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Biomapa; Gestão Socioambiental

ABSTRACT

The environmental issue has been the focus of conflicts and disputes between different conceptions and practices, so there is a need for a paradigm shift, seeking the mobilization of society through educational and participatory processes that provide conditions for people to acquire knowledge, skills and develop attitudes in which the subject is constituted as a citizen, conscious, critical and active, positioning himself in front of questions of values ​​or collective participation and directed to solutions of problems of the community, being thus the presence and performance of the social movements, fighting for the socio-environmental questions is a factor of extreme relevance in society. The present project aims to mobilize the population for a review of habits, trends and needs, developing environmental education with residents in a neighborhood where garbage and inert materials are being deposited, providing a reflexive dialogue about the current situation of the neighborhood and contributing to reduce environmental degradation and to protect and promote quality of life.

Keywords: Environmental Education; Biomapa; Social and Environmental Management



1. INTRODUÇÃO

A questão ambiental vem sendo foco de conflitos e disputas entre diferentes concepções e práticas e é nessa perspectiva que conforme Pernambuco e Silva (2009 apud NEVES; ROCHA, 2012) a pedagogia crítica de Paulo Freire pode sugerir princípios e orientar diretrizes para a implementação de práticas de ensino aprendizagem na área ambiental.

Em razão da complexidade das questões ambientais, há a necessidade de uma mudança nos paradigmas, buscando a mobilização da sociedade através de processos educativos e participativos que proporcionem condições para as pessoas adquirirem conhecimentos, habilidades e desenvolverem atitudes com finalidade de alcançar objetivos em diferentes esferas do poder, apontando as causas e consequências, protegendo o meio ambiente e restabelecendo o ambiente degradado.

Portanto, existe a necessidade de incrementar o papel do poder público nos conteúdos educacionais, capacitando profissionais para criarem caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação socioambiental e promover o crescimento da consciência ambiental, expandindo a sensibilização da população para transformar as diversas formas de participação, na defesa da qualidade de vida e do respeito ao meio ambiente.

Sendo assim, a presença e atuação dos movimentos sociais organizados a partir da luta pela questão socioambiental é um fator de extrema relevância na sociedade.

Segundo Gonh (1997, apud COIMBRA; FERNANDES, 2005), a composição de um movimento social pode ser vista sob dois ângulos: o primeiro é o da origem social de seus participantes ou do princípio articulatório que os aglutina. O segundo se destaca em relação à composição dos movimentos que diz respeito a sua localização geográfico-espacial. Eles podem estar localizados no campo como na cidade, podem ser rurais ou urbanos, estarem restritos a certo país ou a um continente geopolítico mais amplo.

Para que isso ocorra é necessário um equilíbrio entre desenvolvimento cultural e econômico, justiça social e conservação ambiental. Tais fatores são peças fundamentais para a qualidade de vida da população e de futuras gerações, portanto a problemática socioambiental exige mudanças de ordem política e também social.

Logo, o envolvimento da população em movimentos sociais, tem como objetivo que o sujeito se constitua como cidadão, consciente, crítico e atuante, posicionando-se frente a questões de valores ou participação coletiva e direcionada para soluções de problemas da comunidade, na busca de uma sociedade justa, democrática e ambientalmente saudável.

De acordo com Melazo (2005):

A principal função da Educação Ambiental é a formação de cidadãos conscientes, preparados para a tomada de decisões e atuando na realidade socioambiental, com um comprometimento com a vida, o bem estar de cada um e da sociedade, tanto a nível global como local.

A Constituição Federal já preconizava no seu artigo 225, § 1o a obrigação do Poder Público de promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL, 1988). Entretanto, foi com a promulgação da Lei 9.795, de 27 de abril de 1999 que o Brasil destacou-se como o primeiro país da América Latina a ter uma política nacional especificamente voltada para a Educação Ambiental, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), onde o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente (BRASIL, 1999).

Sendo assim, este projeto tem o intuito de mobilizar a população e desenvolver Biomapas com moradores do Bairro Jardim Bom Pastor, para alterar o cenário atual do bairro, que se encontra em estado crítico devido ao depósito de lixo e materiais inertes (Figura 1), bem como realizar ações junto aos órgãos competentes e responsáveis pelas políticas ambientais, buscando viabilizar ações de proteção. A mobilização social proporcionará um diálogo reflexivo sobre a situação atual do mesmo, melhorando a qualidade socioambiental do bairro a fim de que estes percebam e reconheçam que existem vários elementos que compõem o meio ambiente, e ele, ser humano é um desses elementos.

Figura 1: Local de depósito de lixo.

Fonte: Google Maps (2016)

As mudanças devem começar dentro de cada um de nós, através da adoção de novos comportamentos, dar a nossa contribuição para a diminuição da degradação ambiental e para a defesa e promoção da qualidade de vida.

Trata-se de aplicar um processo educativo simples, começando por despertar a consciência ambiental, que, certamente trará preocupações pelo futuro do mundo, levando ao desejo de proteger o meio ambiente, transformando-o em potencial de luta e, finalmente, em ação coletiva.

Muitas vezes, moradores de outros bairros, incineravam o lixo que era depositado irregularmente (Figura 2), fazendo com que o bairro ficasse coberto por uma névoa tóxica (Figura 3 e 4), causando problemas de saúde não somente para a população, como também para os animais domésticos, além de trazer uma grande quantidade de animais peçonhentos e também ratos que podem trazer doenças para os habitantes.

Figura 2: Incineração do lixo.

Fonte: Alves (2017)

Figura 3: Fumaça gerada pela queima de materiais

Fonte: Alves (2017)

Figura 4: Fumaça gerada pela queima de materiais

Fonte: Alves (2017)

Assim, como afirma Ribeiro e Assunção (2002), nas queimadas são emitidos vários poluentes clássicos, entre eles, óxido de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e material particulado, além de substâncias altamente tóxicas. Em geral o efeito agudo fica restrito àquelas pessoas mais próximas à área da queimada, podendo ir de intoxicação até a morte por asfixia, pela redução da concentração de oxigênio e elevação no nível de monóxido de carbono, que compete com o oxigênio na sua ligação com a hemoglobina.

Portanto, tratar a questão socioambiental com moradores do bairro, usando como instrumento a confecção de Biomapas embasados na Educação Ambiental, torna-se um importante mecanismo para prevenção e banimento dessa pratica secular que empobrece o solo, contribui para a morte de microrganismos e a consequente desestruturação do solo, ocasionando a desertificação e a perda da biodiversidade, além de contribuir para o efeito estufa e agravamento de doenças respiratórias.

Segundo Libânio:

Educar é muito mais do que a mera transmissão de conhecimentos, mas a socialização em diferentes espaços, nos mais diversos contextos, considerando-se a cultura e as especificidades de cada grupo social. A educação pode ser entendida como o conjunto de ações, processos, influências, estruturas, que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais (2005 apud Piccoli et al. 2016).

Nesse sentido cabe destacar que a EA assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a corresponsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento – o desenvolvimento sustentável (JACOBI, 2003).

Dessa forma, o uso de um biomapa, como instrumento de planejamento e de diagnóstico participativo, possibilita com que uma determinada comunidade possa compreender toda a complexidade do local onde vive, construindo valores e atitudes relacionados às experiências cotidianas, promovendo a construção de sociedades mais sustentáveis, democráticas e participativas, estabelecendo uma rede de relações com a atual e futuras gerações.

O biomapa é uma metodologia que consiste na elaboração de mapas com a participação e os conhecimentos da comunidade, através da sensibilização da população local, promovendo o conhecimento popular por meio da compreensão das diversas dimensões que compõem a realidade das comunidades estudadas, abrindo discussões sobre o futuro da região.

Diversas ferramentas, como os biomapas, são usadas para realizar diagnósticos, que permitem as pessoas conhecerem a situação de seu entorno. O intuito ao produzir um biomapa é promover a percepção do espaço e das diversas atividades inseridas no mesmo, de forma que os participantes possam discutir e refletir seus pontos de vista, elencando ao final do processo as potencialidades e vulnerabilidades de uma determinada realidade (INSTITUTO ECOAR PARA A CIDADANIA, 2008).

Sendo assim, a adoção de uma ética global, o resgate e a criação de novos valores humanos com base na educação ambiental, conhecimento e respeito ao meio ambiente, que atualmente encontra-se tão fragilizado, podemos criar condições para que o que ainda nos resta, perdure por muitos anos e possa garantir a manutenção da vida no futuro, o equilíbrio ambiental e a justiça social.

Todavia, é a partir de uma educação fundamentada no coletivo, nas relações interpessoais, da consciência global e ambiental que podemos conquistar uma qualidade de vida melhor, não apenas no aspecto ecológico, mas também nas questões econômicas, políticas e sociais, fomentando a cidadania e a esperança do povo brasileiro por mudanças.

Queremos assim, com esse projeto, incitar os moradores a identificar formas individuais e coletivas de contribuição, capazes de reduzir a pressão sobre os recursos ambientais, capacitando a comunidade para agir e buscar a melhoria que necessitam, através da mobilização e da participação ativa e coletiva dos envolvidos, criando espaços de debate, decisão e conscientização, que estimulará a transformação do local degradado em uma área de recreação para crianças, jovens, adultos e idosos, e junto aos órgãos municipais competentes realizar a manutenção do local e a preservação do meio ambiente, assim incentivando novos hábitos em relação ao uso de recursos, demonstrando que pequenas atitudes, podem, ao final, representar muito.



  1. DESENVOLVIMENTO

2.1 ÁREA DE ESTUDO

Á área de estudo será o Bairro Jardim Bom Pastor (Figura 5), localizado em um município que se encontra na região centro-sul do Estado de São Paulo, distante 284 km da cidade de São Paulo e ocupando uma área aproximada de 666 km².

Figura 5: Área de estudo.

Fonte: Google Maps (2017)

2.2 MÉTODOS

O presente trabalho será desenvolvido em conjunto com moradores do bairro, representados por crianças, jovens, adultos e idosos, possibilitando assim uma ampla visão da área de estudo e do interesse de cada faixa etária.

A metodologia do Biomapa será utilizada com o objetivo de realizar um diagnóstico da situação socioambiental atual do bairro Jardim Bom Pastor, sob a visão dos moradores do bairro.

Esse mapeamento participativo pode ser feito mediante o uso de cartolinas, flip chart, quadros negros ou brancos e folhas, onde os participantes devem desenhar o mapa elaborando-o de acordo com suas percepções do espaço trabalhado. Ademais, podem-se utilizar bases cartográficas, fotografias aéreas e croquis com o intuito de que sejam interpretados pelos participantes (DRUMOND, GIOVANETTI E GUIMARÃES, 2009; WEINSTEIN et. al. 2005).

O contato com os moradores será através de um debate informal em uma praça pública, onde realizarei algumas perguntas e apresentarei algumas imagens do local em que está sendo depositados materiais que agridem o meio ambiente. Com isso desenvolverei dinâmicas para incentivar o trabalho coletivo.

Serão realizadas exposições de fotos e passeio pelo local, para debate e a criação de um olhar crítico sobre o local onde vivem e o que estão fazendo com ele, melhorando a percepção em relação à Educação Ambiental, incentivando o trabalho coletivo e possibilitando a reconstrução de conceitos e compartilhamento de conhecimentos entre os envolvidos, além de propiciar espaços de ações e tomada de decisões frente a determinados acontecimentos de degradação ambiental.

As informações obtidas permitirão uma visão do cenário atual e futuro desejado a partir de um olhar crítico sobre o depósito de materiais inertes e lixo em um local muito próximo as casas, local este que poderia ser destinado a algumas melhorias do bairro para a população.

Após apresentar as imagens e ouvir cuidadosamente cada um dos participantes, iniciaremos a confecção de dois biomapas, onde será representado em papel cartão a situação atual e como os moradores gostariam de transformar, respectivamente.

Assim o Biomapa pode ser usado como ferramenta para diagnósticos socioambientais, permitindo que os participantes coloquem suas impressões na folha, gerando um mapa-base sobre determinada localidade.

Com base em Jacob, Tristão e Franco (2009), devemos apostar em propostas pedagógicas centradas na criticidade e na emancipação dos sujeitos, com vistas à mudança de comportamento e atitudes, ao desenvolvimento da organização social e da participação coletiva.

Através da participação coletiva e exercício de cidadania, alertar, conscientizar e mobilizar os moradores para alterar o cenário atual do bairro, que se encontra em estado crítico devido ao depósito de lixo e materiais inertes, transformando-o em um local de uso comunitário, bem como, realizar ações junto aos órgãos competentes e responsáveis pelas políticas ambientais, buscando viabilizar ações de proteção junto a Prefeitura Municipal e Diretoria de Meio Ambiente para que haja uma sensibilização dos gestores na busca de melhorias para o bairro, possibilitando a integração de áreas de recreação e também a manutenção do local.

Desta forma, a educação ambiental, sem dúvida nenhuma se constituirá numa nova forma de educação em saúde e no fortalecimento da democracia e do exercício da cidadania (VARGAS, 2005).

Sendo assim, ações voltadas para população, desenvolvendo materiais ou criando espaços para a manifestação da expressão, para a construção coletiva de projetos de intervenção social utilizando diversos meios e tecnologias da comunicação, democratizando o acesso à informação sobre o meio ambiente, possibilitando a participação e produção de informações e conhecimentos sobre o tema, envolvendo jovens e crianças no importante debate sobre a questão ambiental e políticas públicas de meio ambiente, torna-se um importante meio para conscientizar por meio da educomunicação.

A educomunicação ambiental favorece a conquista de uma sociedade crítica, participativa, que estabeleça a aprendizagem no cotidiano pelo diálogo entre os saberes, fortalecendo o debate sobre as questões ambientais e sobre as possibilidades de ação para enfrentar o desafio de construirmos uma sociedade socialmente mais justa, economicamente mais viável e ecologicamente mais equilibrada.

Portanto, com o desenvolvimento do projeto, pretendemos obter os seguintes resultados:

O uso da mobilização social e da metodologia do biomapa possibilita melhor entendimento das características do ambiente da qual os moradores fazem parte, de suas funções e de que fazem parte deste ambiente, tendo assim que preservá-lo, para a atual e futuras gerações.

Sendo assim, este projeto será analisado quantitativamente e qualitativamente. Os mapas produzidos e suas observações serão utilizados para avaliar a participação dos moradores e sua percepção em relação à EA, sendo a mudança de valores, hábitos e atitudes a mais importante. Também será analisada interação entre os envolvidos, as manifestações da capacidade de analisar os problemas, tomar decisões e intervir no meio ambiente.

A avaliação permitirá a compreensão e a reflexão, por meio das informações selecionadas, ampliando assim a produção de conhecimentos sobre o projeto e as ações que devem ser tomadas diante de determinados acontecimentos.

Guimarães acredita ser importante realizar uma avaliação no decorrer de todo o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental. Propõe uma avaliação qualitativa da produção de conhecimentos para que se possa acompanhar o processo (1995 apud TOMAZELLO; FERREIRA, 2001).

3. RESULTADOS

3.1 RESULTADOS PRELIMINARES

Após apresentar as imagens e ouvir cuidadosamente cada um dos participantes, pudemos realizar a confecção de dois biomapas:

Figura 6: Biomapa 1 com o lixo representado na parte inferior.

Fonte: Alves (2017)

Figura 7: Biomapa 2, extinção do depósito de lixo e melhorias para o bairro.

Fonte: Alves (2017)

Através da participação dos moradores, durante a exposição das fotos, pude avaliar que eles demonstram melhorar sua percepção em relação à Educação Ambiental, reconstruindo conceitos e compartilhando conhecimentos entre eles.

O uso da mobilização social e da metodologia do biomapa possibilita melhor entendimento das características do ambiente da qual os moradores fazem parte, tendo assim que preservá-lo, para a atual e futuras gerações.

Ao conversar com os moradores, foi possível notar que não houve discordância entre os participantes quanto aos problemas ambientais expostos.

3.2 RESULTADOS OBTIDOS

Após contato com a Prefeitura Municipal e a Diretoria de Meio Ambiente obtivemos os seguintes resultados:

Figura 8: Extinção do depósito de lixo.

Fonte: Google Maps (2017)

Figura 9: Plantio de árvores frutíferas e não frutíferas.

Fonte: Alves (2017)

Figura 11: Plantio de árvores frutíferas e não frutíferas.

Fonte: Alves (2017)

Figura 12: Local limpo, com árvores plantadas por moradores.

Fonte: Alves (2017)



4. DESAFIOS ENCONTRADOS

Após a limpeza e cercamento do terreno, não houve a manutenção correta do local até o momento, acarretando no crescimento de gramíneas, encobrindo as áreas plantadas e trazendo novamente preocupações aos moradores do local.

Entre os desafios, é fundamental sensibilizar os gestores públicos para a necessidade dos processos de educação ambiental e gestão socioambiental e também no envolvimento da população e de técnicos da administração pública no desenvolvimento das ações propostas, proporcionando processos de formação em educação ambiental e saneamento, que sejam direcionados aos servidores e instituições que atuam diretamente com a temática, visando qualificar a prestação dos serviços.

Baseada em três pilares, o ambiental, social e econômico, a responsabilidade ambiental, pode ser conceituada como um conjunto de ações responsáveis, visando à eficiência do gasto público, por meio do consumo consciente e consequente redução dos impactos ambientais.

Essa nova visão administrativa está alicerçada no desenvolvimento de programas ambientais e ações educativas seguido de novas práticas ambientais no processo administrativo e operacional, tornando-se ferramentas importantes na minimização de custos e ampliação de resultados sem perder o foco com a temática da preservação ambiental.

O principal desafio às políticas ambientais e programas educacionais relacionados à conscientização da crise ambiental é de formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora nos níveis formais e informais e, acima de tudo, um ato político voltado para a transformação social, buscando uma perspectiva holística da ação que relaciona o homem, a natureza e o universo.



5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não se pode então, separar a sociedade da natureza, pois a natureza não é um espaço passivo à disposição do homem, como tem sido entendido nestes últimos séculos, mas um movimento dinâmico, cíclico, em que a inter-relação e a interdependência garantem sua reprodução e manutenção (ZANETI, 2002).

Neste sentido, destaco que a resolução de conflitos socioambientais deve levar em conta a complexidade das dimensões envolvidas nos processos ambientais, destacando os aspectos sociais, ecológicos, espaciais, culturais e políticos do planejamento sustentável, tanto urbano, quanto rural.

Entendemos então, que a educação ambiental é verdadeiramente transformadora, levando-nos a construir valores e atitudes relacionados às experiências cotidianas, promovendo a construção de sociedades mais sustentáveis, democráticas e participativas, estabelecendo uma rede de relações com a atual e futuras gerações.

Sendo assim, a adoção de uma ética global, o resgate e a criação de novos valores humanos com bases na educação ambiental, conhecimento e respeito ao meio ambiente, que atualmente encontra-se tão fragilizado, podemos criar condições para que o que ainda nos resta, perdure por muitos anos e possa garantir a manutenção da vida no futuro, o equilíbrio ambiental e a justiça social.

Portanto, para que ocorra a prevenção e preservação, é necessário que nosso impotente ordenamento jurídico, responsabilize os culpados pelo dano, afastando a impunidade aos danos ambientais, decorrentes das manobras jurídicas e protelação dos processos judiciais que se arrastam por anos na justiça, exigindo do Estado ações imediatas de efetiva reparação do dano ecológico causado, não só em forma de indenizações, mas também, fazendo cessar a causa do dano e restaurando o ambiente à situação anterior, de modo que esse cobre posteriormente dos poluidores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, de direito privado ou público.





Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 225, de 1988. Capítulo VI: do Meio Ambiente. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 08 mar. 2018.

BRASIL. Congresso. Senado. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Capítulo I: Da Educação Ambiental. Brasil, Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm>. Acesso em: 08 mar. 2018.

COIMBRA, Audrey de Souza; FERNANDES, Adriano de Amorim. MOVIMENTOS

SOCIAIS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Revista Eletrônica do Mestrado em

Educação Ambiental, Rio Grande, v. 15, n., p.20-28, jul. 2005. Disponível em: <http://www.seer.furg.br/remea/article/view/2920>. Acesso em: 08 mar. 2018.



DRUMOND, M. A.; GIOVANETTI, L.; GUIMARÃES, A. Técnicas e Ferramentas Participativas para a Gestão de Unidades. Brasília: MMA, 2009. Disponível em: http://www.programaarpa.gov.br/wpcontent/uploads/2012/10/caderno4ArpaTecni casParticipativas.pdf. Acesso em: 10 Jan. 2018.

Educonse, 2012. p. 1-16. Disponível em: <http://educonse.com.br/2012/eixo_16/PDF/1.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2018.

INSTITUTO ECOAR PARA A CIDADANIA. Manual de metodologias participativas para o desenvolvimento comunitário. São Paulo: ECOAR, 2008.

JACOBI, Pedro. EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CIDADANIA E

SUSTENTABILIDADE. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 118, p.189-205, mar. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2018.

JACOB, Pedro Roberto; TRISTÃO, Martha; FRANCO, Maria Isabel Gonçalves Correa. A FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS PRÁTICAS

COLABORATIVAS: PARTICIPAÇÃO E ENGAJAMENTO. Cad. Cedes, Campinas, v. 29, n. 77, p.63-79, jan./abr. 2009. Disponível em:

<http://producao.usp.br/handle/BDPI/6416>. Acesso em: Acesso em: 19 abr. 2018.

MELAZO, Guilherme Coelho. Percepção Ambiental e Educação Ambiental: Uma Reflexão Sobre As Relações Interpessoais e Ambientais no Espaço Urbano. Revista Eletrônica de Ensino da Escola de Educação Básica da

Universidade Federal de Uberlândia: Olhares & Trilhas, Uberlândia, v.VI, n. 6, p.45-51.2005. Disponível em:

<http://www.seer.ufu.br/index.php/olharesetrilhas/article/view/3477/2560>. Acesso em: 28 mar. 2018.

NEVES, Rubem Castro; ROCHA, José Claudio. ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS E COGNITIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM SANEAMENTO NA BAHIA. In: VI COLÓQUIO INTERNACIONAL "EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE", 3., 2012, São Cristóvão - Se. Artigo. São Cristóvão:

PICCOLI, Andrezza de Souza et al. A Educação Ambiental como estratégia de mobilização social para o enfrentamento da escassez de água. Ciência & Saúde

Coletiva, [s.l.], v. 21, n. 3, p.797-808, mar. 2016. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232016000300797#B13>. Acesso em: 15 dez. 2017.

RIBEIRO, Helena; ASSUNÇÃO, João Vicente de. Efeitos das queimadas na saúde humana. Estudos Avançados, [s.l.], v. 16, n. 44, p.125-148, abr. 2002. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/s0103-40142002000100008>.

Acesso em: 6 jan. 2018.

TOMAZELLO, Maria Guiomar Carneiro; FERREIRA, Tereza Raquel das Chagas. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: QUE CRITÉRIOS ADOTAR PARA AVALIAR A

ADEQUAÇÃO PEDAGÓGICA DE SEUS PROJETOS?. Ciência & Educação, Piracicaba, v. 2, n. 7, p.199-207, 03 ago. 2001. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v7n2/05.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2018.

VARGAS, Liliana Angel. EDUCAÇÃO AMBIENTAL : A BASE PARA UMA AÇÃO POLÍTICO/TRANSFORMADORA NA SOCIEDADE. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v. 15, n. , p.72-79, jul. 2005. Disponível em: <http://www.seer.furg.br/remea/article/view/2926>. Acesso em: 15 dez. 2017

ZANETI, Izabel Cristina Bruno Bacellar.A Educação Ambiental Como Instrumento de Mudança na Concepção de Gestão dos Resíduos Sólidos Domiciliares e na Preservação do Meio Ambiente. 2002. 10 f. Tese (Doutorado) - Curso de Desenvolvimento Sustentável, Centro de Desenvolvimento Sustentável - Cds - Unb, Brasília, 2002.