CÁLCULO DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE DA COMUNIDADE MEM DE SÁ BASEANDO-SE EM INDICADORES AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS





A. A. Meneses, Pesquisadora- Programa de pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Universidade Federal de Sergipe- PRODEMA-UFS.

D. S. Souza, Mestrando pelo PROFCIAMB UFS, professor Assistente I da Universidade Tiradentes e Educador Profissional da Secretaria de Estado da Educação de Sergipe.

G. G. Faciolli, Professor, doutor em engenharia agrícola, professor do Programa de pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Universidade Federal de Sergipe, PRODEMA-UFS.

I. E. R. dos Santos , Pesquisador- Programa de pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Universidade Federal de Sergipe, PRODEMA-UFS..

C. A , Machado, Professor da Secretaria de Estado da Educação de Sergipe, Pós Doutorando em Recursos Hídricos – Universidade Federal de Sergipe-PRORH-UFS.





RESUMO

No sentido de contribuir com a garantia da dignidade, qualidade de vida e sustentabilidade dos recursos naturais, o presente estudo determinou o Índice de Sustentabilidade da Ilha Mem de Sá, utilizando indicadores das dimensões ambiental, social e econômica. O uso de indicadores sob o viés da sustentabilidade apresenta-se como uma ferramenta para avaliar o desenvolvimento sustentável numa determinada atividade e/ou comunidade, podendo contribuir para a identificação de um problema ou para a busca de soluções que levem à sua reversão. A comunidade Mem de Sá apresenta-se geograficamente isolada, com carências sociais e econômicas. Seu próprio sustento provém dos recursos naturais, abastecendo em torno de 375 pessoas. A mensuração dos indicadores neste estudo ocorreu por meio da metodologia de Calorio (1997), adaptada por Daniel (2001), a qual possibilitou identificar padrões de comportamento na Ilha Mem de Sá e subsidiar a formulação de estratégias de desenvolvimento mais adequadas e viáveis para a região. Realizou-se uma pesquisa de campo na referida comunidade utilizando um questionário com 17 perguntas referentes aos indicadores sociais, econômicos e ambientais. Ao final do estudo, observou-se que qualidade da água, destino do lixo, grau de escolaridade e consciência voltada à educação ambiental apresentaram-se como os principais entraves para ser considerada uma comunidade sustentável.

Palavras-chave: Sustentabilidade, Desenvolvimento sustentável, Indicadores

MEM DE SÁ COMMUNITY SUSTAINABILITY INDEX BASED ON ENVIRONMENTAL AND SOCIO-ECONOMIC INDICATORS

ABSTRACT

In order to contribute to ensuring dignity, quality of life and sustainability of natural resources, the present study determined the island sustainability index Mem de Sa, using indicators of environmental, social and economic dimensions. The use of indicators under the bias of sustainability presents itself as a tool for evaluating sustainable development in a specific activity and/or community, and can contribute to the identification of a problem or to the search for solutions that lead to your reversion. The community Mem de Sa presents itself geographically isolated, with social and economic deprivation. Your own sustenance comes from the natural resources, supplying around 375 people. The measurement of the indicators in this study occurred through Calorio methodology (1997), adapted by Omar (2001), which made it possible to identify patterns of behavior on the island Mem de Sa and subsidize the formulation of appropriate development strategies and viable for the region. A field research in the community by using a questionnaire with 17 questions relating to social, economic and environmental indicators. At the end of the study, it was observed that water quality, destination, degree of education and consciousness focused on environmental education have been presented as the main obstacles to be considered a sustainable community.

Keywords: Sustainability, Sustainable development, Indicators



  1. INTRODUÇÃO



No começo da revolução industrial, a vida nas cidades, antes valorizada como sinal de civilização e conforto em oposição à rusticidade do campo, passou a ser criticada, pois o ambiente fabril tornava o ar irrespirável e insustentável o ambiente. Assim, a vida no campo tornou-se idealizada, sobretudo, pelas classes sociais não diretamente envolvidas na produção agrícola.

A crise ambiental introduz limitações que ressignificam o curso do pensamento social, especialmente a partir dos anos 60, quando o mundo assistiu a uma revolução social através dos movimentos contra culturais que fizeram crítica aos padrões de consumo e propuseram limites ao crescimento (Clube de Roma). Surgiu, então, o conceito de capacidade de suporte em ecologia e, em seguida, o conceito de sustentabilidade como tentativa de compatibilizar o crescimento populacional humano com a preservação dos recursos (LEFF, 2000).

Contrapondo-se a essa crise socioambiental e em busca de melhor qualidade de vida o homem chegou ao lapso da fragilidade com a globalização mundial, sendo necessário rever os valores e princípios de bem-estar e salubridade comprometidos devido aos diversos fatores psíquico, sociais e ambientais que permeiam nos dias atuais. E assim iniciou-se uma fuga e/ou uma busca pelo contato maior com ambientes naturais, considerando estes o pulmão do mundo e a vida do planeta. E assim o equilíbrio do homem com a natureza.

O Estado de Sergipe fica localizado na porção leste da região nordeste do Brasil, dotado de grandes belezas naturais e de rios que varrem o estado e deslumbram em fios cortando ilhas e manguezais. É o menor estado da federação, porém é o que destina melhor qualidade de vida, segundo dados do Ministério da Saúde em 2013. Possui 21.918,354 km², com uma população de aproximadamente 2.068.030 habitantes, área territorial 21.918,354 km², sendo distribuídos em 75 municípios, tendo como capital Aracaju (IBGE, 2010). O rio que banha o Estado de Sergipe é o São Francisco, um dos mais importantes do Brasil. Sua bacia hidrográfica inclui também os rios Vaza Barris, Sergipe, Japaratuba, Piauí e Real.

Com um clima tropical banhado de rios que deságuam no Oceano Atlântico, Sergipe possui um grande potencial para o desenvolvimento do turismo em ambientes naturais, sobretudo o ecoturismo, que pode ser entendido como uma viagem à natureza com um olhar voltado à preservação ambiental e ao desenvolvimento das comunidades receptoras. O roteiro de pontos turísticos é contemplado de praias naturais, dunas, rios e manguezais, no entanto o homem tem se despertado para roteiros mais alternativos que muito das vezes não está inserido nos roteiros comerciais e que ainda é desconhecido por muitos. Tem-se descoberto, assim, um contato mais intrínseco entre o homem e a natureza, onde dela se extrai a sua própria sustentabilidade, a exemplo da Ilha Mem de Sá, objeto deste estudo.

Localizada no município de Itaporanga D'Ajuda-Sergipe, Mem de Sá é uma ilha fluvial do Rio Paruí, afluente do Rio Vaza-Barris e localiza-se em 37º 12’ 59’’ W e 11º 06’ 07’’ S, distanciando 23 km da sede municipal e 53 km da capital sergipana. O acesso a esta localidade pode ser realizado através da BR-101, que liga Aracaju a Itaporanga, onde é realizada uma travessia fluvial no Rio Paruí até a ilha; e partindo de Aracaju até a orla pôr do sol localizado no povoado Mosqueiro, onde é feita a travessia de balsa, jet-ski, lancha dentre outras embarcações que navegam e se desfrutam das belezas do rio Vaza-Barris e das ilhas paradisíacas.

A Ilha Mem de Sá tem despertado um olhar à visitação de navegantes que cortam o Rio Vaza-Barris em busca de uma forma alternativa de passeio, aventura, sossego e maior contato com os recursos naturais. É habitada por comunidades tradicionais de pescadores, possui aproximadamente 75 famílias (aproximadamente 375 pessoas) que dependem da pesca artesanal, principal atividade econômica da comunidade. Como forma de complementar a renda, algumas famílias constroem pontos de comércio às margens dos rios, atraindo os que se deleitam com as belezas naturais, e oferecem serviços de bar e restaurante, com uma culinária rica em mariscos.

No entanto, toda a beleza do conforto da natureza não é suficiente em nível de sobrevivência pois, em pleno século XXI, a comunidade não dispõe de recursos de água tratada, moradia digna, acesso à escola e à saúde. A dificuldade de acesso a este local, por ser uma ilha, põe em foco inclusive a dificuldade da comercialização do pescado e, portanto, a sobrevivência da comunidade local. Daí a questão do desenvolvimento sustentável, tendo em vista preocupações sociais, econômicas e ambientais que devem ser consideradas juntamente.

Segundo o relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), o conceito de Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Para CMMAD (1991), desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação da evolução tecnológica e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender as necessidades e aspirações humanas.

Segundo Daniel (2001), a avaliação do grau de sustentabilidade é necessária para determinar e quantificar o grau de compromisso de uma atividade com as gerações futuras, bem como determinar riscos potenciais. Esta avaliação depende de uma sequência de informações que são representadas em forma de índices, calculados pela combinação de diferentes indicadores. Uma alternativa desenvolvida para tal método é a elaboração de gráfico tipo radar, que visa gerar um índice de sustentabilidade (IS) baseado no cálculo da maior área de um polígono.

Fundamentado nestes princípios, e sabendo que o homem não vive sem a natureza e a sociedade não se desenvolve sem o meio ambiente, suas relações de vida devem ser mantidas indefinidamente, revistas e melhoradas. (CAVALCANTI, 2003).

O desenvolvimento sustentável somente é possível, segundo Sachs (2002), se houver equidade social, valorização de projetos que considerem a realidade local, uso responsável dos recursos naturais com respeito às capacidades do ambiente; às estratégias de desenvolvimento urbano e rural proporcionais; ao desenvolvimento econômico equilibrado e à relação política nacional e internacional baseada na promoção de direitos humanos, especialmente os relacionados à gestão ambiental e cultural da humanidade.

Considerando as especificidades apresentadas, este artigo resulta de uma pesquisa cujo objetivo foi determinar o índice de sustentabilidade da Ilha Mem de Sá, considerando as dimensões econômica, ambiental e social.

Justifica-se a realização do estudo pela necessidade de identificar práticas sustentáveis na comunidade a partir das realidades ambientais, sociais e econômicas existentes. Aliado a isso, torna-se relevante mensurar um conjunto de indicadores visando o desenvolvimento local e sustentável, o bem-estar da comunidade e sua qualidade de vida.

  1. MATERIAL E MÉTODOS



A despeito do método utilizado para a realização do presente estudo foi o hipotético-dedutivo proposto por Popper (1975), visto que tal método tem como princípio a busca da verdade e de uma possível solução de problemas. Com o intuito de determinar os indicadores de sustentabilidade e monitorar os padrões de sustentabilidade da ilha Mem de Sá, realizou-se uma pesquisa de campo e observação participante nas residências entre novembro/2016 e janeiro/2017. Na ocasião, aplicou-se um questionário semiestruturado constituído por dezessete questões referentes aos indicadores ambientais, sociais e econômicos. O processo de observação participante consistiu de interações sociais informais (YIN, 2005).

A metodologia para obtenção de um índice de sustentabilidade a partir do gráfico tipo radar, sugerida neste trabalho, é uma alternativa à proposta de Calorio (1997), porém adaptada por Daniel (2001) et al. Segundo Lightfoot et al. (1993), esse tipo de diagrama produz informações visuais que são úteis para comparar sistemas ao longo do tempo e do espaço.

A aplicação desta metodologia deveu-se à possibilidade de mensurar relações ambientais, econômicas e sociais, no perímetro da ilha Mem de Sá, ao longo de toda a sua abrangência geográfica. Um dos meios para avaliá-la foi a sintetização de indicadores representativos desses três componentes em índices, facilitando sua interpretação.

Para Baker, Ferreira e Saile (1997), um ‘bom’ indicador deve ser simples, definido, padronizado, objetivo, não ambíguo e disponível periodicamente. Sendo assim, os indicadores sugeridos na Tabela 1 consideraram tais características. A proposição destes indicadores partiu da análise in loco obtida na pesquisa de campo.



Tabela 1: Metodologia para a mensuração do índice de sustentabilidade


Proposição de indicadores

Dimensão

Indicadores

Subindicadores

Ambiental




Destino do lixo de cada domicilio;

Qualidade da água;

Redução de espécies


Queimado;

Sem qualidade;

Sim

Social


Infraestrutura pública;

Condição da habitação;

Grau de escolaridade;

Educação ambiental






Rede elétrica;

Própria

Superior;

Não

Econômica

Atividade econômica;

Renda familiar;

Ecoturismo;

Acima de um salário mínimo;





De posse desses valores selecionados como indicadores para avaliar o índice de sustentabilidade na comunidade Mem de Sá, foram realizadas quatro etapas, sendo elas: a padronização dos valores dos indicadores; a obtenção do ângulo formado por dois indicadores adjacentes; o cálculo da área de cada triangulo formado no gráfico; e, por fim, o índice de sustentabilidade.

1ª passo: Foi realizada a padronização dos valores dos indicadores para Vpɳ conforme a equação descrita abaixo, eliminando os efeitos de escala e de unidade de medida, uma vez que representam indicadores diferentes, assegurando que cada um deles tenha o mesmo peso relativo na determinação do índice (DOUGLAS, 1990).

Onde:

Vpn = Valor do indicador n padronizado;

Xn= Valor original do indicador n;

x = Valor médio de todos os indicadores;

S = Desvio-padrão para todos os indicadores;

Obs. A constante utilizada neste trabalho, foi aferida no valor de 100, para obtenção de valores positivos.

2º passo: Foi calculado o grau de obtenção do ângulo formado entre dois indicadores adjacentes, conforme a equação:

Onde:

α = Ângulo formado entre dois indicadores, em radianos;

N = Número total de indicadores;

π /180 = Fator de transformação de graus em radianos, se a rotina para cálculo do cosseno no passo seguinte o exigir.

Obs. Esta fórmula substitui a de Calorio (1997) adaptada por Daniel (2001).

3º passo: Foi realizado o cálculo da área de cada triângulo identificado no gráfico (Sn), a partir do valor padronizado de dois indicadores adjacentes e do ângulo definido no 2º passo. Para o cálculo da área de cada triangulo foram utilizadas as equações, respectivamente:

Onde:

dn = Lado desconhecido do triângulo;

Vpn e Vpn+1 = Valores padronizados dos indicadores n e n+1;

α= Ângulo formado entre dois indicadores.

Onde:

Pn = Semiperímetro do triângulo n;

Vpn, vpn+1 e dn = Lados do triângulo.

Onde:

Sn= Área do triângulo;

Pn= Semiperímetro do triângulo;

Vpn= Valor padronizado do indicador n;

Vpn+1= Lado desconhecido do triângulo.

E por fim, o 4º passo: Sendo realizado o cálculo do índice de sustentabilidade, aplicando a equação a seguinte.

Onde:

IS = Índice de sustentabilidade

 = Somatório da área de todos os triângulos formados

Realizado a somatória de todas as áreas dos triângulos formados, obtém-se o resultado do índice de sustentabilidade, representando num único valor as dimensões ambientais, econômicas e sociais. De posse deste valor, será analisado num determinado prazo a evolução ou não referente ao valor encontrado, este dado sendo comparado ao longo do tempo nos fornecerá bases iniciais se o objeto em estudo está se desenvolvendo e incorporando ações de sustentabilidade ou se é preciso realizar outras tomadas de ações e decisões.



  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO



Para o entendimento e aplicabilidade dos indicadores propostos nesta pesquisa, este capitulo revela os resultados empíricos provenientes do processo de coleta de dados.

Com a obtenção dos indicadores selecionados na coleta de dados, seguiu-se para análise e proposição dos indicadores que iriam compor o índice de determinação de sustentabilidade da Ilha Mem de Sá, com vista aos aspectos ambientais, sociais e econômicos. Para Van Bellen (2005) os índices de sustentabilidade são indicadores que condensam suas informações obtidas em uma coleta de dados. Um índice revela o estado de um sistema ou fenômeno Siche et al. (2007) afirma que a sustentabilidade é determinada por um conjunto de fatores (econômicos, sociais e ambientais), e todos devem ser contemplados no cálculo do índice de sustentabilidade através dos correspondentes indicadores. Para uma comunidade ser considerada sustentável esta deve ser capaz de melhorar suas características econômicas, sociais e ambientais, proporcionando aos seus membros uma vida saudável, produtiva e agradável no local onde vivem.

Os indicadores selecionados, expressos em valores relativos devem ser interpretados e avaliados no sentido de identificar os aspectos ambientais críticos, progressos e deficiências do desempenho ambiental da empresa (FIESP; CIESP, 2004). Como referência foram escolhidos os indicadores ambientais, como a coleta e destino do lixo, a qualidade da água, sendo estes, por si, considerados críticos, diante de uma análise de não conformidade no meio ambiente, na sociedade e na saúde do local.

Para melhor exposição dos indicadores selecionados, segue visualização da tabela contendo indicadores, seus subindicadores, valores do subindicadores padronizados (conforme dados da pesquisa) e sua simbologia, de acordo com as dimensões orientadas no estudo.



Tabela 2 Indicadores, subindicadores e seus respectivos valores

Exposição dos indicadores selecionados para compor o índice de sustentabilidade

Dimensão

Indicadores

Subindicadores



Simbologia

Valor do subindicador

Ambiental




Destino do lixo de cada domicilia;

Qualidade da água;

Redução de espécies


Queimado;



Sem qualidade;

Sim





A1



A2

A3





68,89%



93,33%

62,22%

Social


Infraestrutura pública;

Condição da habitação;

Grau de escolaridade;

Educação ambiental


Rede elétrica;

Própria

Superior;

Não





S1

S2

S3

S4





100%

100%

2,22%

100%

Econômica

Atividade econômica;

Renda familiar;

Ecoturismo;

Acima de um salário mínimo;

E1

E2

15,56%

11,00%



Quanto aos valores padronizados de cada subindicador, foram obtidos com a aplicação dos questionários em pesquisa de campo, totalizando 45 amostras com o viés ambiental, social e econômico.

O resultado do indicador A1 revela que o destino do lixo, o subindicador queimado teve um resultado de 68,89%, percentual referente a um total de 31 respostas das 45 amostras obtidas.

O indicador A2, que revela a qualidade da água, teve como resultado o subindicador (sem qualidade) um percentual obtido em 93,33% de 42 respostas da amostra total.

Para o indicador A3, redução de espécie, o resultado obtido no subindicador sim, foi de 62,22%, obtidos das 28 respostas do questionário de apontador ambiental.

No âmbito social, o indicador condição da habitação S1, tendo como subindicador casa própria, obteve-se como resultado 100% moradores com este aspecto.

O indicador S2, infraestrutura, revela como subindicador rede elétrica o resultado de 100% da amostra total em campo.

O indicador escolaridade S3, obteve como resultado o seu subindicador superior, uma única resposta para um total de 45 amostras, sendo equivalente a um total de 2,22%.

Finalizando a esfera social, o indicador educação ambiental com seu subindicador não obteve o resultado de 100% do total de amostras.

O indicador E1, atividade econômica, tendo como subindicador o ecoturismo, obteve um total de amostras sete, equivalente a um percentual de 15,56% da amostra total.

E por fim o indicador renda mensal E2, com percentual de 11% referente ao subindicador acima de um salário mínimo, sendo equivalente a 11 amostras obtidas.

A partir do estudo desses índices foram identificados alguns aspectos considerados críticos para se alcançar a sustentabilidade do local: destino do lixo (lixo queimado), qualidade da água (sem qualidade), renda mensal (acima de um salário mínimo), escolaridade (superior). A partir destes dados, seguiu-se para os cálculos conforme a metodologia de Calorio (1997), possibilitando determinar o índice de sustentabilidade.



    1. Composição do gráfico tipo radar com os indicadores ambientais, econômicos e sociais que compõem o índice de sustentabilidade

Para a composição do gráfico tipo radar, fez-se a interação entre os indicadores sociais, econômicos e ambientais, para análise e determinação do índice de sustentabilidade (CALORIO,1997; DANIEL, 2001; MENDONÇA, 2013). A associação destes indicadores expõe os resultados na forma de um polígono, onde as dimensões interagem formando triângulos e as menores áreas formadas consideram-se entraves frente ao desenvolvimento sustentável.

Uma vez mensuradas as dimensões em cada resultado, ocorrerá associação e comparação dos dados, de modo que os mesmos possam se complementar ou resultar numa soma ou subtração, pois as dimensões ambientais, sociais e econômicas, por vezes não se equilibram, resultando em situações de crescimento e decaimento sobre outras.

Foram utilizados para compor o índice de sustentabilidade, na dimensão ambiental, três indicadores simbolizados por A1, A2 e A3, conforme a Tabela 2. Na dimensão social, foram selecionados os indicadores S1, S2 e S3 e S4. Referente à dimensão econômica, utilizou-se os indicadores E1 e E2.

Os indicadores mencionados nas três esferas de dimensões estão vinculados, ou seja, um necessita do outro para que haja avanço. A renda e a educação são consideradas bons indicadores de desenvolvimento sustentável, por auxiliarem no desenvolvimento e crescimento econômico, proporcionando melhor qualidade de vida para a população e para o acompanhamento de políticas públicas de saneamento ambiental e de educação ambiental.

A distribuição dos indicadores no gráfico tipo radar foi realizada de forma aleatória. Essa opção de ordenamento de dados segue a uma probabilidade de nove vezes para cada indicador selecionado, resultando em infinitas possibilidades. No entanto, independente da ordem de interações, esta não irá interferir no resultado final para a determinação do índice de sustentabilidade, porém no processo de análise de interações entre as dimensões pode ser verificadas várias possibilidades e interpretações.



Figura 1: Gráfico tipo radar com os resultados do Índice de sustentabilidade, suas dimensões e interações.



Conforme leitura e análise do gráfico gerado pelas dimensões ambientais, econômicas e sociais e suas interações, é possível diagnosticar alguns entraves e/ou problemas relacionados ao desenvolvimento e crescimento socioambiental da comunidade Mem de Sá. Com os dados obtidos na mensuração do índice de sustentabilidade, conforme os respectivos indicadores e suas dimensões, percebe-se na figura 1 que as interações A3E2, S3A2 e S2S3, com os seus respectivos valores de IS, foram os mais baixos e, portanto, considerados um entrave para a sustentabilidade naquele local.

A resolução dos entraves constatados na interação A3E2, redução de espécies e renda mensal, pode ser solucionada com políticas de desenvolvimento do ecoturismo, possibilitando consequentemente o aumento da renda mensal familiar, o crescimento econômico da comunidade e propiciando melhores condições de infraestrutura, entrave esse peculiar à interação S2S3, além de possibilitar o desenvolvimento de forma sustentável, promovendo o bem-estar da população e formando uma consciência ambientalista, conservando o patrimônio ecológico.

O nível de escolaridade, oriundo da interação S3A2 é outro indicador a ser considerado um problema. O acesso à educação é um direito fundamental para o desenvolvimento e crescimento de qualquer rede social, pois fornece as bases inicias para um crescimento profissional, econômico, social e de satisfação pessoal, possibilitando mudanças de atitudes e incorporando decisões políticas que propiciem o avanço para a comunidade. Ao elevarmos este indicador ele resultará consequentemente no aumento de outros e neste papel de interação se remete ao indicador da água (A2), que com o conhecimento adquirido possibilitará uma busca para melhor solução sobre a escassez da água potável na comunidade.

Outro aspecto a ser destacado é o indicador do destino do lixo, sendo considerado um problema por desenvolver riscos de ordem socioambiental transcendendo a um risco de saúde pública para o local.

Percebe-se, portanto, que ao elevarmos o grau de escolaridade do local, muitos entraves considerados um problema para a sustentabilidade almejada poderão reduzir ao longo do tempo, sendo solucionados com políticas públicas de inclusão social que propiciem e motivem a comunidade a galgar melhores resultados no nível de escolaridade.

O valor do índice de sustentabilidade obtido de acordo com a metodologia sugerida por Calorio (1997) foi de IS = 15,2507. Este valor inicial merece acompanhamento no futuro, a fim de realizar comparação temporal com os primeiros dados e verificar resultados alcançados oriundos de ações implementadas e acompanhadas ao longo do tempo (MENDONÇA, 2013).



  1. CONCLUSÃO



Considerando o cenário do devido estudo e o emprego da metodologia para a obtenção do objetivo deste trabalho pode-se, a partir dos resultados desta pesquisa, levar ao conhecimento da comunidade da Ilha Mem de Sá e de órgãos e responsáveis públicos os fatores considerados entraves para o caminho do desenvolvimento sustentável.

Vale ressaltar que a comunidade estudada desenvolve uma doutrina de vida sustentada na subsistência dos próprios recursos naturais, portanto, uma vez estes sendo ameaçados, tudo ao seu redor deixa de ter vida.

Com a obtenção dos parâmetros das dimensões ambientais, sociais e econômicas, através das variáveis dos seus respectivos indicadores e após a construção do gráfico tipo radar desenvolvido e interpretado com as interações das dimensões, observou-se como resultado problema frente ao desenvolvimento sustentável que: a dimensão econômica apresenta-se como problema, tendo em vista a renda e a atividade econômica da comunidade; de ordem ambiental, defronta-se com a problemática da água e o destino do lixo, desencadeando esferas de riscos incalculáveis para a sobrevivência e o bem-estar da comunidade; e na esfera social, é importante se ater ao grande problema “o baixo nível escolar”, por ser um indicador que se complementa com as demais dimensões ambiental e econômica.

Diante disso, deve-se analisar quaisquer decisões que sejam tomadas no sentido de manter, minimizar, maximizar ou mitigar seus efeitos, servindo de motivação para a busca de melhorias continuas em prol do desenvolvimento sustentável e para uma posterior leitura e analise se de fato está ocorrendo resultados que propiciem um bom delineamento para sustentabilidade do local.

De fato, quando identificamos um problema ou uma dificuldade no processo almejado vem à tona o poder exercido pelo indicador utilizado para este fim. A partir destes desafios deve-se ainda avaliar a participação da comunidade frente a este novo resultado inicial proposto e que deve ser acompanhado e medido ao longo do tempo.



REFERÊNCIAS



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