COMPARAÇÃO ENTRE DIFERENTES TIPOS CONSTRUTIVOS DE FOSSAS SÉPTICAS E SUA EFICIÊNCIA AMBIENTAL: análises em cinco tipos de fossas na região de LAGAMAR – MG e sua importância ambiental



Leydiane Monteiro dos Santos

Graduada em Engenharia Civil, FPM - Faculdade Patos de Minas, Patos de Minas – MG, Brasil; Núcleo de Educação Ambiental. leydiane@msn.com

Leandro Gonçalves dos Santos

Graduado em Engenharia Civil, FPM - Faculdade Patos de Minas, Patos de Minas – MG, Brasil; Núcleo de Educação Ambiental. leandrogds@hotmail.com



Fernanda de Oliveira Melo

Graduada em Engenharia Civil, FPM - Faculdade Patos de Minas, Patos de Minas – MG, Brasil; Núcleo de Educação Ambiental. fernanda.oliveira7@yahoo.com.br



Anna Carolinne Figueiredo Silva

Graduada em Engenharia Civil, FPM - Faculdade Patos de Minas, Patos de Minas – MG, Brasil; Núcleo de Educação Ambiental. annacarolinnefigueiredosilva@gmail.com



Saulo Gonçalves Pereira

Biólogo Licenciado e Bacharel, Pedagogo, Especialista em Didática e Docência do Ensino Superior e Gestão Ambiental, Mestre em Saúde Animal e Doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Uberlândia- UFU. Professor Orientador da FPM, coordenador do Núcleo de Educação Ambiental da FCJP. saulobiologo@yahoo.com.br



RESUMO



O tema aqui abordado refere-se a Fossas Sépticas, seus tipos construtivos e sua viabilidade ambiental e econômica. As fossas são tipos de tratamento de efluentes viáveis para eliminar doenças e tratar efluentes para serem lançados no meio ambiente, dentro dos padrões previstos pela legislação. Justificou-se tal pesquisa por perceber quanto é importante o tratamento de efluentes para a qualidade ambiental e ainda, por entender que as fossas sépticas são saídas simples e relativamente baratas. Estudaram-se cinco tipos de fossas: Alvenaria de tijolos, Tambor plástico, Tanque séptico, Pneus usados e Caixa d´água de polietileno. Os resultados das análises físico-químicas e análises de qualidade ambiental indicaram que as eficiências do tanque séptico atendem aos requisitos da Resolução Normativa Conjunta COPAM / CERH-MG nº 01, de 5 de maio de 2008, e da Resolução CONAMA nº 430, de maio 13, 2011, além de sua viabilidade econômica. De acordo com os paramentos analisados, a fossa séptica de caixa d'água de polietileno foi considerada a mais viável, pois aprovou a eficiência física química, um método construtivo fácil, custo benefício ótimo e boa capacidade de armazenamento. Tal experiências permitiu que se pudesse verificar que com materiais alternativos é possível promover a saúde e a Educação Ambiental.



Palavras-chave: Fossa séptica, Qualidade ambiental Tratamento de efluentes.



ABSTRACT



The theme discussed here refers to Septic Tanks, their construction types and their environmental viability. Wells are types of effluent treatment that can be used to eliminate diseases and treat effluents to be released into the environment, according to the standards established by the legislation. This research was justified by the fact that effluent treatment is important for environmental quality and also because septic tanks are simple and relatively inexpensive exits. Five types of trenches were studied: Brick masonry, Plastic drum, Septic tank, Used tires and Polyethylene water box. The results of the physico-chemical analyzes and environmental quality analyzes indicated that the septic tank efficiencies meet the requirements of the COPAM / CERH-MG Joint Normative Resolution No. 01, of May 5, 2008, and the CONAMA Resolution No. 430 of May 13, 2011, in addition to its economic viability. According to the analyzed parisons, the septic tank of polyethylene water tank was considered the most viable because it approved the physical chemical efficiency, an easy constructive method, practical and good storage capacity.



Keywords: Septic tank, Environmental quality Effluent treatment.



INTRODUÇÃO



Saneamento são medidas conjugadas com o objetivo de preservar ou modificar as características dos descartes no meio ambiente para prevenir doenças e espalhar saúde. O saneamento melhora a qualidade de vida dos cidadãos e melhora as atividades econômicas. No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e pela Lei nº. 11.445/2007, e compreender a coleta de resíduos sólidos urbanos, coleta de esgoto e abastecimento de água, infraestrutura e instalações operacionais (PHILIPPI-JUNIOR, 2004).

Os diferentes tipos construtivos de fossas sépticas são unidades de tratamento de esgoto familiar, fácil e de baixo de custo, onde é realizada a divisão e a decantação da matéria sólida contida no esgoto, especialmente, para a zona rural ou residências que não possuem coleta e tratamento de esgoto, processo do qual deve ser realizado na extensão do próprio imóvel (BRASÍLIA, 2014).

A fossa séptica é um instrumento importante para a melhoria da saúde pública e da qualidade de vida, uma vez que diminui a poluição das águas do solo e ajuda evitar doenças que são transmitidas pela água (RIBEIRO; ROOKE, 2010).

Devido à grande dificuldade de saneamento em muitas propriedades rurais, à dispersão de soluções práticas que favorecem os produtores rurais na construção de um sistema de saneamento com baixo custo é de extrema importância, substituindo o sistema de lançamento do esgoto a céu aberto e/ou fossas negras e utilizando o efluente como um adubo orgânico (VIEIRA; VIEIRA; VESTENA, 2015).

A engenharia civil colabora com o planejamento da obra, define prazos e custos, realiza testes, análises e estudo do terreno, faz a escolha dos materiais e dos métodos construtivos mais indicados de acordo com às normas técnicas e regulamentações, além de avaliar e monitorar as construções das fossas sépticas.

Nos dias atuais no Brasil, cerca de 50% da população ainda não tem saneamento, de modo específico na Zona rural este índice sobe para 70%. Sendo assim é de crucial importância a construção adequada de fossas sépticas para a melhoria da saúde pública (COSTA; GUILHOTO, 2014; LEONEL; MARTELLI; SILVA, 2013).

Muitas doenças são transmitidas através de contaminações por falta de saneamento, dessa forma, é importante tratar bem toda a água que retorna para o meio ambiente, tendo em vista que a água é um ciclo. Estima-se que seis mil crianças morrem por dia no mundo por consumirem água imprópria, sobretudo contaminadas por efluentes domésticos (LEAL, 2008).

As fossas sépticas além de evitarem a contaminação do lençol freático, são tecnicamente viáveis para a zona rural, por terem uma fácil instalação e abrangerem toda a residência. A técnica é simples tendo dupla função: elimina doenças e trata o efluente para ser lançado no meio ambiente dentro dos limites previstos nas legislações (COSTA; GUILHOTO, 2014).

A inviabilidade e falta de conhecimento das comunidades rurais sobre a forma propícia de saneamento leva eles a se sujeitarem a vários problemas relacionados ao saneamento, ou ainda em regiões urbanas não atendidas pela coleta urbana. Avaliar a eficiência do tratamento do esgoto sanitário por fossas sépticas construídas com diferentes tipos de matérias quais sejam: Alvenaria de tijolos, Tanque séptico ou Fossa séptica de bloco de concreto, Caixa d´água de polietileno, Tambor plástico ou bombonas e Pneus usados, apresentando entre as fossas comparadas qual a mais viável para uso em zonas rurais e urbanas não atendidas pela coleta urbana e seus benefícios através de análises físico-químicas, analise de qualidade ambiental de acordo a Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG Nº 01, de 5 de maio de 2008 e pela Resolução CONAMA Nº 430, de 13 de maio de 2011, além de sua viabilidade econômica.

Especificamente: objetivou-se fazer um levantamento teórico acerca do tratamento sanitário no Brasil, buscando entender sobre seus processos construtivos e processos de tratamento de fossas sépticas para zona rural e áreas não atendidas em zonas urbanas, e por fim analisar e comparar cinco tipos de fossas sépticas através de análises físico-químicas, e viabilidade econômica e ambiental.



MATERIAIS E MÉTODOS



O presente trabalho adotou como metodologia o tipo de pesquisa qualitativa exploratória com análises de resultados, o que visa proporcionar uma visão geral de um determinado fato, do tipo aproximativo, discutindo-o e apresentando soluções (GIL, 1999).

Inicialmente foi realizada uma revisão de literatura sobre o saneamento básico em geral e sobre os principais tratamentos de efluentes no Brasil, secundariamente foi realizado um levantamento sobre 05 tipos de fossas e seus tipos construtivos, quais sejam: Alvenaria de tijolos, Tanque séptico ou Fossa séptica de bloco de concreto, Caixa d´água de polietileno, Tambor plástico ou bombonas e Pneus usados, com intuito de saber qual desses tipos é mais viável no que tange o método construtivo, custo, logística, assim como seu desempenho ambiental de tratamento. Os materiais foram compilados de Normas técnicas e sites especializados além de manuais que são notadamente métodos reconhecidos para construção de fossas sépticas.

Por fim, para verificar o desempenho ambiental o efluente de cada uma das fossas foi analisado conforme os padrões de análises preconizados pela Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG Nº 01, de 5 de maio de 2008 e pela Resolução CONAMA Nº 430, de 13 de maio de 2011, onde as amostras foram coletadas de acordo os métodos de coleta sugeridos pela NBR 9898/1987 da ABNT “Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores”, posteriormente as amostras foram encaminhadas para o Laboratório Didático de Química da Faculdade Patos de Minas onde foram analisadas.

Cabe ressaltar, que tais amostras foram coletadas em empreendimentos rurais do município de Lagamar, onde foi firmado um termo de parceria com os empreendedores para que o efluente fosse analisado no Laboratório Didático de química da Faculdade Patos de Minas, sem nenhum custo e mantendo anônimos os empreendimentos.

Todas as fossas (Alvenaria de tijolos, Tanque séptico ou Fossa séptica de bloco de concreto, Caixa d´água de polietileno, Tambor plástico ou bombonas e Pneus usados), são consideradas de contribuição geral, ou seja, recebem efluentes de toda a casa e tem em média a contribuição diária para uma família de 05 a 07 pessoas.

Os parâmetros verificados foram: Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Óleos e Graxas, Sólidos totais e Potencial Hidrogeniônico (pH). As Metodologias Analíticas e os Métodos de detecção escolhidos estão preconizados em literatura pertinente de acordo com o Manual de procedimentos e técnicas laboratoriais voltado para análises de águas e esgotos sanitário e industrial (SÃO PAULO, 1999), além do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION, WATER ENVIROMENTAL FEDERATION, 1998).

Os resultados estão apresentados em tabelas e foram discutidos à luz da literatura. Os métodos construtivos estão apresentados em forma de croquis e estão observados os seus cálculos.



RESULTADOS E DISCUSSÃO



O saneamento básico evoluiu de acordo com os acontecimentos históricos e culturais de cada época, por certo de uma maneira precária, sem visão tecnológica ou cientifica, porém, possui suas premissas voltadas para a saúde, ele data dos tempos mais primórdios da civilização. Na Índia 2.000 anos a.C, verifica-se práticas culturais voltadas para a saúde, a água deveria ser purificada ou filtrada mediante fervura, ou em filtros de areia (COSTA; GUILHOTO, 2014).

Alguns povos da antiguidade criaram técnicas sofisticadas para a época. “Os egípcios, por exemplo, dominavam processos de irrigação do solo na agricultura e técnicas de armazenamento de água, de acordo com as cheias do Rio Nilo” (RIBEIRO; ROOKE, 2010. P. 12). Ainda no Egito, costumava-se conter água por um ano para que a sujeira decantasse no fundo do recipiente. Embora ainda não se concebesse que doenças podiam ser transmitidas por microrganismos os métodos de filtragem e armazenamento removiam a maior parte desses patógenos, tais processos de purificação da água foram achados por expedições arqueológicas através de inscrições e gravuras nos túmulos dos egípcios. “Com base no processo da capilaridade, utilizado por outros povos como os japoneses e também chineses, a água era filtrada por tecidos” (RIBEIRO; ROOKE, 2010, p. 12).

Voltada para as práticas sanitárias na antiguidade, também pode ser citado a cidade de Roma. No século III d.C, o abastecimento de água era realizado por aquedutos, que consistiam em canais com uma pequena inclinação capazes de levarem água de um lugar para o outro, podendo estes serem os mais distantes. Os aquedutos eram utilizados em chafarizes, banhos públicos, cidades e indústrias. (CAVINATTO, 2004).

A falta de conhecimento por parte da população referente a falta de saneamento faz com que muitas pessoas fiquem doentes, surgindo assim novas práticas voltadas para pesquisas estabelecendo a relação entre algumas doenças e a utilização da água sem tratamento. Desse modo, a partir do século XIX teve-se uma maior preocupação com a água, desde sua captação até o seu consumo (CARVALHO, 2011).



Sanear” é uma palavra que vem do latim e significa tornar saudável, higienizar e limpar. No século V d.C., o homem desenvolveu algumas técnicas importantes como irrigação, construção de diques e canalizações superficiais e subterrâneas. Com isso, também surgiram medidas sanitárias. Como exemplo, o tratado de Hipócrates “Ares, Águas e Lugares” instruiu aos médicos a ligação entre o ambiente e a saúde. Grandes nomes da época se engajaram e realmente se preocuparam com a qualidade da água e as medidas sanitárias (RIBEIRO; ROOKE, 2010, p.14).



Sendo assim, percebe-se que o saneamento básico não é algo recente e que algumas civilizações davam grande importância paras seus processos, pois acreditavam que a saúde viria do saneamento, e estavam certos. Todavia no Brasil, é um tema ainda controverso. Apresentar-se-á o contexto no Brasil a seguir.



Saneamento básico no Brasil



Para entender a atual situação do saneamento básico no Brasil é necessário reportar a sua gênese, pois alguns obstáculos que impediram (e ainda impedem) que o desenvolvimento dessa área não tenha atingido crescimento expressivo durante esse período, são eles: A falta de planejamento adequado, o volume insuficiente de investimentos; deficiência na gestão das companhias de saneamento, a baixa qualidade técnica dos projetos e a dificuldade para obter financiamentos e licenças para as obras.

A Lei Nacional do Saneamento Básico (LNSB) nº 11.445, constitui um marco importante para os brasileiros à medida que propõe a elaboração de projetos voltados para o saneamento por parte dos Municípios promovendo assim a universalização dos serviços voltados para o saneamento. Logo, os municípios devem promover metas e ações que serão vistoriadas pelo Governo Federal, a fim de promover aos brasileiros serviços voltados para a água e saneamento (BRASIL, 2007).

Atualmente, o instrumento que norteia a condução das políticas públicas, metas e estratégias para o setor de saneamento é o PLANSAB (Plano Nacional de Saneamento Básico). Existem órgãos que são responsáveis pelo monitoramento dessas leis e diretrizes, podemos citar: ANA (Agência Nacional de Águas) órgão responsável pelo gerenciamento de recursos hídricos e o SNIS (Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento) é maior e mais importante sistema de informação sobre saneamento (RIBEIRO; ROOKE, 2010).

Segundo o mesmo autor supracitado, no Brasil, 83,3 % da população são atendidos com fornecimento de água tratada e 35 milhões de brasileiros ainda não possuem acesso a este serviço. De acordo com dados fornecidos pelo SNIS 2015 e o Instituto Trata Brasil, para cada 100 litros de água tratada, 37% não são consumidas. Com relação a coletas e tratamentos de esgoto os números diminuem com relação a população atendida por esse serviço básico e aumentam quanto a população que não tem acesso nenhum ao saneamento (RIBEIRO; ROOKE, 2010).



SAÚDE E SANEAMENTO: ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS



O saneamento básico voltado para os fatores sociais é uma questão de políticas públicas elaboradas para melhorar a qualidade de vida das pessoas, tem como importância vários fatores como por exemplo: Probabilidade de vida mais saudável, diminuindo assim os gastos com a saúde pública e aumentando os níveis de melhores condições de vida do ser humano (CARVALHO; OLIVEIRA, 2005).

O país está na 11ª posição em saneamento básico entre 17 países estudados pela Comissão Econômica para a América Latina. Observa-se então que o Brasil precisa de atenção, pois possui uma ampla população nas áreas rurais que necessitam adquirir técnicas básicas de valor acessível de saneamento ambiental para residência (MAURICIO, 2016).

Percebe-se que o saneamento básico no Brasil ainda precisa de investimentos. A influência da área rural na poluição do lençol freático dos rios e lagos é expressiva e incoerente, sabendo que as águas são de suprema importância para os trabalhos residenciais e agropecuários.

O Ministério da Saúde assegura que para cada R$1,00 designado no campo de saneamento, economiza-se R$ 4,00 na área de medicina clínica (GUIMARÃES, CARVALHO; SILVA, 2015).

Afirma-se que o saneamento básico propõe melhores condições de vivência no ambiente, pois possibilita espaços sustentáveis que vislumbram o contato com água potável, resíduos seletivo, reaproveitamento de resíduos, consciência ambiental, recolhimento e tratamento adequado de esgotos, respeito ao próximo, a fauna e a flora (BRASIL, 2007).

O saneamento e as condições ambientais têm ligação direta com a saúde. Para estar saudável o ser humano deve estar bem em sua totalidade: físico, emocional, social, psíquico e mental. Nesta perspectiva o saneamento básico propõe: a diminuição do índice de mortalidade, principalmente a infantil e redução do uso de medicação de fármacos, aumentando o nível de saúde e diminuindo gastos (CARVALHO; OLIVEIRA, 2005)



ANÁLISES FÍSICO QUÍMICAS

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é à quantidade de oxigênio consumida por microrganismos presentes em uma certa amostra de efluente (como o esgoto doméstico e o industrial) diluído. Como esses microrganismos fazem a decomposição da matéria orgânica no meio aquático, saber a abundância desse gás é uma forma efetiva de analisar o nível de poluição existente nesse meio.

Os microrganismos (bactérias aeróbias, por exemplo) atuam como catalisadores de reações de oxidação, nas quais os compostos orgânicos, juntamente ao gás oxigênio, são transformados em novos compostos (LIMA, IZARIO-FILHO; CHAVES, 2006).

Os óleos e graxas são substâncias orgânicas de origem mineral, vegetal ou animal. Estas substâncias comumente são hidrocarbonetos, gorduras, ésteres, entre outros. São dificilmente encontrados em águas naturais, normalmente oriundos de despejos e resíduos industriais, esgotos domésticos, efluentes de oficinas mecânicas, postos de gasolina, estradas e vias públicas (ORSSATTO, HERMES; VILAS-BOAS, 2010).

Sólidos dissolvidos totais é o conjunto de todas as substâncias orgânicas e inorgânicas contidas num líquido sob formas moleculares, ionizadas ou microgranulares. É um parâmetro de determinação da qualidade da água, pois avalia o peso total dos constituintes minerais presentes na água, por unidade de volume (VON SPERLING, 1996).

O pH é uma característica de todas as substâncias determinado pela concentração de íons de Hidrogênio (H+). Quanto menor o pH de uma substância, maior a concentração de íons H+ e menor a concentração de íons OH-. Os valores de pH variam de 0 a 14, valores abaixo de 0 e acima de 14 são possíveis, porém muito raros e não podem ser medidos com as sondas normais (VON SPERLING, 1996).

As tabelas 01, 02 e 03 apresentam, os resultados das análises na entrada e na saída de cada sistema. Ressalta-se que não existe parâmetro para entrada somente para saída, preconiza-se na literatura valores de referência para remoção de DBO, porém calculou-se de Sólidos e de óleos e graxas.

Tabela 01: Resultados analíticos


Parâmetros

Tipo de fossa

DBO

Entrada

DBO Saída

Óleos e Graxas Entrada

Óleos e Graxas Saída

Sólidos Totais Entrada

Sólidos Totais Saída

pH

Alvenaria de tijolos

114 mg/L

34 mg/L

6,2 mg/L

2,0 mg/L

78 mg/L

33 mg/L

6,6

Tanque séptico ou Fossa séptica de bloco de concreto

96 mg/L

29mg/L

5,5 mg/L

1,3 mg/L

129 mg/L

12 mg/L

7,1

Caixa d´água de polietileno

128 mg/L

50 mg/L

8,8 mg/L

2,3 mg/L

122 mg/L

12 mg/L

6,9

Tambor plástico ou bombonas

116 mg/L

52 mg/L

1,3 mg/L

0,96 mg/L

132 mg/L

24 mg/L

7,9

Pneus usados

99 mg/L

62mg/L

2,9 mg/L

1,3 mg/L

90 mg/L

34 mg/L

6,8



Tabela 02: Valores de lançamentos para os padrões analisados de acordo com a Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG Nº 01, de 5 de maio de 2008

PARÂMETRO

PADRÃO

pH

Entre 5,0 a 9,0

DBO

Máx. 60 mg/L e Mín. 60% de remoção

Óleos e Graxas

Máx. 50 mg/L

Sólidos totais

Máx. 100 ml/L



Tabela 03: Valores de remoção

Tipo de fossa

DBO

Remoção

Óleos e Graxas Remoção

Sólidos Totais Remoção

Alvenaria de tijolos

29,82%

32,2%

42,3%

Tanque séptico ou Fossa séptica de bloco de concreto

30,21%

23,6%

9,8%

Caixa d´água de polietileno

39,06%

26,1%

9,8%

Tambor plástico ou bombonas

44,8%

73%

18%

Pneus usados

62,62%

44%

37%





Conforme apresentam-se os dados, pode-se notar que os resultados não ultrapassam os valores preconizados de acordo com a deliberação competente.

Nota-se que para DBO, como demonstra o gráfico, a seguir, existe uma medida (Pneus usados) fora do limite, todavia sua remoção é mais que 60% dando integridade ao sistema.



Figura 1: Remoção de DBO



A DBO demonstra concordância com os autores Jordão e Pessoa (2009) que destacam a média de 35,0% a 65,0% de porcentagens de remoção de DBO em fossas ou tanques sépticos de câmaras em série, independentemente do material construtivo (JORDÃO e PESSOA, 2009). Valores superiores foram obtidos por Borges (2005) que avaliou a eficiência de remoção DBO em tanques sépticos existentes na cidade de Araguari-MG, com a finalidade de avaliar a concordância da construção deste tipo de sistema com a norma ABNT/NBR 7229 (1994), onde obteve valores de 52,0% de eficiência de remoção de DBO para tanque séptico de câmara única (BORGES, 2005).

Para óleos e graxas houve remoção satisfatória como apresentado no gráfico a seguir, resultados semelhantes foram observados por Borges (2005) que avaliou a eficiência de remoção Óleos e graxas em tanques sépticos existentes na cidade de Araguari (BORGES, 2005).



Figura 2: Remoção de Óleo graxas



Resultados semelhantes de eficiência total de remoção de ST foram obtidos por Mazzola et al. (2005) que avaliaram o desempenho de um reator anaeróbio compartimentado (RAC) de duas câmaras em série havendo remoção satisfatória (MAZZOLA, ROSTON e VALENTIM, 2005).



Figura 3: Remoção de sólidos totais



A média do valor de pH do esgoto tratado foi de 7.06, este fato deve-se às bactérias formadoras de ácidos que fracionam a matéria orgânica e produzir ácidos voláteis (VON SPERLING, 1996) resultando num aumento da acidez do meio e uma redução do pH.



Figura 4: Medida de pH nas saídas dos sistemas



Desta feita, percebe-se no que tange as análises avaliadas houve atendimento as legislações da Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG Nº 01, de 5 de maio de 2008 e pela Resolução CONAMA Nº 430, de 13 de maio de 2011 atendendo assim o lançamento em corpos hídricos os depósitos no solo.



CONCLUSÃO



Através dos resultados, conclui-se que os cinco sistemas de fossa séptica se mostraram eficientes quando relacionados aos parâmetros analisados, no entanto a fossa séptica de tambores de plástico (bombonas) apresentada não atende uma família de 07 pessoas, devido sua restrição de tamanho.

Os benefícios da fossa séptica biodigestora em relação às fossas convencionais (fossa séptica, fossa negra e fossa seca) são, principalmente, a reciclagem dos dejetos e sua vedação hermética, que serve para impedir a proliferação de vetores de doenças. O objetivo desse sistema é a melhoria do saneamento nas regiões rurais com o fim de reduzir a contaminação do solo e dos recursos hídricos.

Percebe-se que diante dos diferentes tipos construtivos de fossas sépticas aos quais foram avaliados nesta análise, verifica-se que não há diferença efetiva no tratamento para remoção de sólidos para diminuição para demanda bioquímica de oxigênio e pH, sendo assim os diferentes tipos de fossa séptica podem ser indicados para o tratamento de famílias de até sete pessoas em zona rural.

Tal experiências permitiu que se pudesse verificar que com materiais alternativos é possível promover a saúde e a Educação Ambiental.



Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses referente a este artigo.



REFERÊNCIAS



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