OS POTENCIAIS DE EDUCABILIDADE ECOLÓGICA E SOCIOAMBIENTAL DA PRAÇA DA INDEPEDÊNCIA EM JOÃO PESSOA-PB – ESTUDO DE CASO



Roanny Viana de Barros1

Antônia Arisdélia Fonseca Matias Aguiar Feitosa2



1. Graduanda em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal da Paraíba. E-mail: roanny_viana@hotmail.com;

2. Professora, CCEN/UFPB. E-mail: arisdelfeitosa@gmail.com.



Resumo:

Em áreas urbanas, as praças ocupam locais privilegiados, se constituem como espaços mais usados pelos habitantes, favorecem a interação entre as pessoas e melhoram o clima ambiental urbano. A Praça da Independência, situada na área urbana da cidade de Joao Pessoa, capital da Paraíba, Brasil, foi planejada durante o processo de modernização da cidade e simboliza junto com a Avenida Epitácio Pessoa a expansão urbana rumo à orla. Inaugurada durante as comemorações do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Conta com monumentos históricos de valor cultural, além de árvores, arbustos e plantas herbáceas que representam os vários biomas brasileiros. É um importante espaço para a mobilização de conhecimentos para a população. O objetivo do estudo é apresentar o potencial de educabilidade ecológica, socioambiental e cultural da Praça da Independência, a fim de produzir roteiros de aulas de campo acessíveis à educação formal e não formal. Foram desenvolvidos estudos teóricos sobre os serviços ecossistêmicos, oferecidos pela Praça. Foi aplicado um roteiro pedagógico junto aos estudantes dos Cursos de Engenharia Ambiental (20), Biomedicina (18) e Licenciatura em Ciências Biológicas (21), totalizando 59 participantes. A experiência gerou conhecimentos e ressignificou o sentido atribuído às praças pelos estudantes que se manifestaram com sugestões, avaliações e críticas acerca da subutilização do espaço verde em foco. Os dados sugerem estudos articulados entre áreas do conhecimento, uma vez que a complexidade ambiental em área verde urbana requer ações e estudos interdisciplinares.

Palavras-chave: Espaço Verde Urbano; Serviços Ecossistêmicos; Educação.



Abstract:

In urban areas, such as squares occupied in privileged locations, if used as spaces most used by inhabitants, they favor interaction between people and a better urban climate environment. Independence Square, located in the urban area of ​​the city of João Pessoa, capital of Paraíba, Brazil, was planned during the modernization process of the city and symbolizes along Epitácio Pessoa Avenue, in the urban expansion towards the waterfront. Inaugurated during the celebrations of the Centennial of Independence of Brazil in 1922. It has historical monuments of cultural value, as well as trees, shrubs and herbaceous plants that represent the various Brazilian biomes. It is an important space for the mobilization of knowledge for the population. The aim of the study is to present the potential of ecological, socioenvironmental and cultural education of Independence Square, an end of production of field class rotators for formal and non-formal education. Theoretical studies on ecosystem services offered by the square were promoted. A pedagogical script was applied to the students of the Environmental Engineering (20), Biomedicine (18) and Degree in Biological Sciences (21) Courses, totaling 59 participants. The experience generated knowledge and re-signified the meaning attributed to students who manifest themselves with suggestions, analysis and criticism about the underutilization of the green space in focus. The data suggest articulated studies between knowledge areas, since the environmental complexity in the urban green area requires interdisciplinary actions and studies.

Keywords: Urban Green Space; Ecosystem services; Education.



Introdução



Espaços verdes em áreas urbanas e as possibilidades educativas



A cidade é um ecossistema antropogênico, com alto grau de artificialidade em relação ao ambiente natural. Caracterizada por pavimentos e edificações, seus efeitos negativos são evidentes e acentuados na desvinculação do ser humano com a natureza. A urbanização, relacionada ao desenvolvimento industrial e à mecanização agrícola leva a mão de obra a se concentrar nas cidades. Em decorrência, a cobertura vegetal em áreas urbanas perante o espaço construído é preocupante diante da antropização crescente (PAPINI, 2012).

Dentre os modeladores da paisagem urbana, as áreas verdes constituem espaços de grande relevância ecológica e socioambiental para a qualidade de vida e a saúde da população, pois amenizam o clima, promovem a absorção de água das chuvas e proporcionam um bem-estar térmico às populações, acolhem a biodiversidade, além de valorizar economicamente os espaços nos quais elas se situam.

Considera-se área verde de domínio público "o espaço de domínio público que desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização" (Art. 8º, § 1º, da Resolução CONAMA Nº 369/2006).

As áreas verdes urbanas são formadas por cobertura vegetal, podendo ser arbórea (nativa e introduzida), arbustiva ou rasteira (gramíneas), situadas em parques, praças, avenidas e jardins. Estas áreas contribuem significativamente para a qualidade de vida e o equilíbrio ecológico das cidades. Exercem funções diversas: ecológicas, estéticas, emocionais e de lazer. São exemplos de áreas verdes urbanas: praças; parques urbanos; parques fluviais; parque balneário e esportivo; jardim botânico; jardim zoológico; alguns tipos de cemitérios; faixas de ligação entre áreas verdes.

As cidades refletem a cultura de seu povo e, desta forma, é continuamente transformada para atender às necessidades de seus habitantes, sejam estas de caráter econômico, biológico e psicológico. Neste contexto, alterações positivas nos espaços urbanos são necessárias no sentido de melhorar as condições de vida e no resgate de serviços ecossistêmicos fundamentais para dar suporte à vida no planeta. Tais intervenções podem ser feitas sob as várias dimensões, entre elas: planejamento urbano com implementação de fatores de controle, arborização de praças e avenidas, com políticas de gestão para o tratamento adequado dos resíduos produzidos. O alcance das melhorias requeridas perpassa por processos educativos que mobilizam, junto à população, os saberes necessários para que novas atitudes humanas sejam adotadas, em relação ao trato com o meio ambiente (SALDIVA, 2010).

Os processos educativos, realizados na modalidade formal ou não formal, constituem a maneira mais eficiente de orientar a comunidade humana quanto aos riscos socioambientais de determinados cenários urbanos, e quais atitudes deverão melhor responder às mudanças que desejamos alcançar frente às situações de degradação da vida. Por outro lado, as áreas verdes nos espaços urbanos constituem o lugar de convivência humana, bem-estar e saúde, seja pelo simples contato com a natureza, seja pelo conforto ambiental por elas propiciado. Nestes espaços há um potencial de educabilidade gerado pela atratividade e pela riqueza ecológica para estudos ambientais.

A educação ambiental se apresenta como potencial educativo capaz de tornar as pessoas conscientes de seu papel na constituição de um ambiente saudável, bem como na conservação de áreas, cujos cenários e funcionalidades proporcionem o bem-estar ambiental, pessoal e coletivo para as populações urbanas. A população humana precisa vivenciar um processo educativo, essencial para a ampliação das bases de uma opinião e de uma conduta responsável quanto à proteção e à melhoria do ambiente em sua plena dimensão humana. Além disso, enfatiza-se a urgência na participação da sociedade no processo de mudança comportamental e na aquisição de consciência sobre a necessidade de um novo tipo de crescimento econômico e uma reforma nos sistemas educacionais, adotando estratégias de educação ambiental de alcance mundial (PELICIONI, 2005).



Serviços ambientais nos espaços verdes urbanos



Os serviços ambientais são aqueles em que o meio ambiente proporciona a qualidade e manutenção da vida dos seres vivos, perpetuando-a durante várias gerações. Eles podem ser divididos em serviços de provisão, que visam obter produtos diretamente dos ecossistemas; de regulação, que geram benefícios a partir dos processos ecossistêmicos; culturais, através do alcance dos benefícios obtidos dos ecossistemas e de suporte que consistem nos serviços necessários para originar os outros serviços ambientais (PARRON, et al. 2015).

As áreas verdes, encontradas em parques, absorvem as águas pluviais, removem os poluentes e microrganismos carreados juntamente e que podem ocasionar desequilíbrios devido à sua patogenicidade. Estas áreas também são importantes acumuladoras de fontes de matéria orgânica e nutrientes através da retenção periódica dos mesmos para o desenvolvimento do solo no local (WHATELY; HERCOWITZ, 2008).

A importância da arborização das cidades avalia conceitos de difícil mensuração, como o bem-estar da população, o significado histórico e cultural e os aspectos psicológicos da comunhão do ser humano com a natureza. Contudo, alguns aspectos podem ser quantificados, avaliados e monitorados, caracterizando benefícios, como: a estabilização e melhoria microclimática, a redução da poluição atmosférica e sonora, melhoria estética das cidades, ação sobre a saúde humana, além de benefícios sociais, econômicos e políticos (MILANO; DALCIN, 2000).

Agindo como protetores, a cobertura florestal dos parques ameniza os impactos ocasionados pelas chuvas nos solos. A cobertura vegetal retém as águas pluviais proporcionando a infiltração gradativa e adequada no solo ou para os meios aquáticos. As superfícies dos parques garantem o controle da erosão e sedimentos de acordo com a cobertura florestal presente, o extrato arbóreo possibilita a fixação do solo e de nutrientes através das raízes ocasionando a estabilidade da camada de solo alocada; as folhas que se depositam no solo são de vital importância para impedir que as águas pluviais carreguem nutrientes, extratos e sedimentos que possibilitem a erosão no local (WHATELY; HERCOWITZ, 2008).

A manutenção e implementação de áreas verdes urbanas promovem a saúde e qualidade de vida para a população tendo em vista que ao reduzir às área verdes haverá alteração do microclima local que pode afetar diretamente a fauna de vetores responsáveis por doenças infecciosas; Outra função importante das áreas verdes é o filtro de poluentes removendo-os da atmosfera reduzindo os riscos de problemas respiratório na população; Locais com maiores áreas de vegetação tendem a reduzir incô­modos em longo prazo gerados pelos ruídos veiculares (independentemente da intensidade) e a prevalência de sintomas relacionados ao estresse psicossocial. Muitos dos benefícios atribuídos à cobertura vegetal são difíceis de ser va­lorados (exemplo, embelezamento, privacidade e bem-estar), porém alguns desses benefícios podem ser relacionados ao valor de mercado da propriedade.

Outro aspecto importante vinculado às áreas verdes urbanas é na sua utilização para produção de alimentos. Árvores e áreas verdes plantadas, como as hortas urbanas, fornecem frutas e pólen para animais e insetos, que por sua vez são responsáveis pela polinização e pelo equilíbrio biológico local, além de constituírem locais de refúgios para a microfauna e a avifauna.



Praça da Independência como espaço de educabilidade ecológica e socioambiental



A Praça da Independência, situada no bairro Tambiá, na cidade de João Pessoa-PB, inaugurada durante as comemorações do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Foi planejada durante o processo de modernização da cidade e simboliza, junto com a Avenida Epitácio Pessoa (de cujo início parte), a expansão urbana rumo à orla. O projeto paisagístico original privilegiou e preservou essa diversidade, constituída em sua maioria, além das árvores frutíferas, por espécies ornamentais, palmeiras, epífitas, arbustos, forrações, gramíneas e invasoras.

Como área verde urbana, a Praça da Independência proporciona à população importantes serviços ambientais. É um local cheio oportunidades para se trabalhar a Educação Ambiental, e buscar a formação de sujeitos ecológicos, sensíveis aos valores socioambientais e protagonistas de sua formação ao longo da vida. A conceituação de sujeito ecológico perpassa pela compreensão de ideal de indivíduo, capaz de interpretar os ambientes de produção dos sentidos da configuração ambiental, considerando os aspectos tradicionais e das experiências vivenciadas no presente (CARVALHO, 2012).

Esta pesquisa buscou analisar os potenciais de educabilidade socioambiental na Praça da Independência, a partir de expedições ecológicas realizadas com estudantes e docentes da graduação. A perspectiva foi construir um roteiro didático-pedagógico orientador para estudos voltados à educação ambiental, capaz de abordar diferentes dimensões educativas como: aspectos históricos, socioambientais, ecossistêmicos e culturais.

A motivação maior para este estudo foi à expectativa de que o cenário de degradação urbana e de pouco conhecimento por parte da população, pode ser revertido a partir de processos formativos que desenvolvam saberes e supram as lacunas no que diz respeito ao avançar para a preservação e conservação do meio ambiente urbano. Os conhecimentos gerados neste estudo poderão ser apropriados por educadores de diferentes níveis de escolaridade no sentido de buscar a formação de sujeitos ecológicos em segmentos da sociedade, seja pela educação formal ou não formal, além de inserir graduandos e pós-graduandos, como alvo das elaborações pedagógicas propostas nesse estudo.

Objetivos

Este estudo teve como finalidade analisar os potenciais de educabilidade ecológica e socioambiental da Praça da Independência em João Pessoa – PB. A pretensão do estudo concentrou-se em três objetivos específicos: 1) analisar os aspectos históricos, socioambientais, culturais e ecológicos relativos à Praça da Independência da cidade de João Pessoa-PB na perspectiva de conhecer os serviços ecossistêmicos e salutogênicos oferecidos ao ambiente urbano; 2) produzir um roteiro didático pedagógico para trabalhar a educação ambiental em diferentes espaços urbanos, visando à associação entre teoria e prática na construção de conhecimentos históricos, ecológicos, socioambientais e culturais; 3) analisar a percepção de estudantes dos cursos de Engenharia Ambiental, Biomedicina e Licenciatura em Ciências Biológicas, acerca dos potenciais e limites da Praça da Independência como espaço de educabilidade ambiental.



Metodologia

A pesquisa foi realizada entre os meses de março-julho de 2019 na cidade de João Pessoa, especificamente na Praça da Independência. Buscou estudar os potenciais de educabilidades ecológicos e socioambientais inerentes a este espaço urbano. Pautou-se na abordagem qualitativa da pesquisa, na perspectiva exploratória e interventiva. Tomamos como pontos fundamentais no estudo aspectos históricos, socioambientais e culturais da Praça, com destaque nos serviços ecossistêmicos e salutogênicos promovidos pelo espaço verde urbano em foco.

Como estratégia metodológica, utilizou-se o estudo de caso de caráter exploratório no qual são adotadas diferentes técnicas de coleta de informações como: observação, registros fotográficos, estudo documental, entre outras. O estudo de caso é uma estratégia metodológica na qual o pesquisador investiga um fenômeno dentro do seu contexto real, com pouco controle sobre seus eventos e manifestações (GODOI, 2006; MARTINS, 2008).

Os sujeitos participantes do estudo foram estudantes dos Cursos de Engenharia Ambiental (20), Biomedicina (18) e Licenciatura em Ciências Biológicas (21), totalizando 59 participantes.

Foram realizados estudos teóricos acerca dos aspectos da estrutura verde urbana, dos aspectos socioculturais da Praça e dos serviços ecossistêmicos por ela propiciados. Em seguida foi produzido um roteiro orientador de uma expedição ecológica o qual foi aplicado ao grupo de estudantes e reelaborado durante o processo. Os participantes foram divididos em grupos e aplicações dos roteiros ocorreram em datas diferentes por turma. No final do estudo foi solicitado que os estudantes produzissem um relatório do estudo de campo manifestando suas apreensões e aprendizagens construídas.

A sistematização dos dados obtidos se deu pela análise de conteúdo e compilação teórica frente aos aspectos ecossistêmicos identificados na Praça durante a visita e dos registros fotográficos. O método de análise de conteúdo, segundo Bauer e Gaskell (2004, p.191) “é uma técnica para produzir inferências de um texto focal para seu contexto social de maneira objetivada”.



Resultados e discussão



Caracterização da Praça da Independência Em João Pessoa-PB

A arborização, a biodiversidade e a produção de alimentos orgânicos são reconhecidas como fundamentais para que as cidades se caracterizem sustentáveis e resilientes. Para o sistema biológico urbano as árvores tem papel fundamental – a floresta urbana nas ruas, praças e parques propiciam serviços ecossistemas imprescindíveis. Melhora o clima, a qualidade do ar, captura Gases de Efeito Estufa (GEE) bem como de outras partículas poluentes. Os espaços verdes urbanos propiciam vivencias saudáveis à população como de se exercitar caminhar e pedalar. Além disso, o ar fica mais limpo, as águas ganham qualidade e os níveis de ruído diminuem. Conviver com os ambientes verdes faz com que o ser humano se reconecte com a natureza e seus processos. Doenças emocionais e psíquicas (obesidade, pressão alta, diabetes, problemas cardiovasculares, entre outras) podem ser cuidadas a partir de mudanças de modo de vida por meio de uma vida mais saudável junto à natureza (HERZOG, 2013).

A vocação inicial da Praça da Independência era de manifestações políticas e sociais, tendo o coreto como palco para os discursos, e passando posteriormente, a abrigar festas e feiras municipais. O antigo palco de discursos, em 1968, passou a abrigar a Floricultura da Independência. Com o passar dos anos, para atender as necessidades que surgiram com a evolução da cidade, o caráter residencial foi cedendo lugar para estabelecimentos comerciais, institucionais e de serviços, principalmente com o desenvolvimento da cidade na década de 1970, tendo o entorno da Praça da Independência acompanhado esta evolução imobiliária (SOBREIRA et al, 2011).

Foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP) em 26 de agosto de 1980. Passou por uma grande reforma e foi reinaugurada em setembro de 2015, tornando-se um dos locais de convivência e lazer mais procurados pelos pessoenses. O espaço conta com uma área de 37.819 metros quadrados que inclui cinco grandes canteiros (que se subdividem em 24 canteiros menores) com árvores, arbustos e plantas herbáceas que representam os vários biomas brasileiros, destacando as seguintes espécies: Pau-Brasil (Mata Atlântica); Ipês amarelos e roxos (Mata Atlântica e Cerrado); Pau- Rei, Sombreiro e Abricó-de-macaco (Amazônia); Angico e Cactáceas (Caatinga). O projeto paisagístico original é Mário de Lace com contribuição de Roberto Burle Marx.

Atualmente, os lotes periféricos à Praça em questão são principalmente ocupados por comércio, serviço ou instituições, mas ainda existem algumas edificações remanescentes da época da inauguração da Praça, com características ecléticas.



Expedição Ecológica: Conhecimentos Mobilizados



A expedição ecológica foi realizada seguindo o roteiro pedagógico elaborado a partir dos estudos realizados sobre os potenciais educativos da Praça da Independência. No roteiro da visita foram tratados temas como a importância das áreas verdes e do caráter sócio histórico da Praça da Independência para a cidade de João Pessoa, assim como para o Brasil, por meio da contextualização da origem, concepção ambiental, valoração cultural, diversidade de uso, caracterização e hábitos com o ambiente urbano. Deste modo, foram tratados aspectos culturais, históricos, ecológicos e socioambientais, os quais podem ser observados no mapa mental representado na Figura 1.

Figura 1: Mapa mental sobre os aspectos abordados na expedição ecológica

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Os aspectos culturais abordados perpassaram pela importância turística, econômica e de lazer que a Praça da Independência possui. Tomando por base o Coreto, este foi exposto como um espaço de diferentes atividades ao longo do tempo, tais como, atividades sociais, políticas, econômicas e de lazer.

Já os aspectos ecológicos tratados ao longo da expedição ecológica referiram-se à diversidade de espécies de fauna e flora, os quais são encontrados na Praça. Além disso, os serviços ecossistêmicos também foram tratados de forma intensa durante a expedição, tendo em vista que a Praça da Independência apresenta diferentes tipos destes.

No que se refere aos aspectos históricos tratados, estes foram abordados durante todo o percurso da expedição, pois, a Praça da Independência tem um grande valor histórico, desde sua criação até os dias atuais, sendo considerada um símbolo da luta pela independência e progresso. Além disso, a Praça nada mais é que um patrimônio histórico por abraçar em seu escopo monumentos de intrínseca importância.

Por fim, os aspectos socioambientais discutidos estavam relacionados a interação homem-natureza que a Praça proporciona, possibilitando uma melhoria na qualidade de vida e bem-estar da população que a usufrui.

Sendo assim, a expedição ecológica foi dividida em três momentos e contou com a participação de alguns professores de outras disciplinas agregando valor aos conhecimentos compartilhados concretizando a perspectiva interdisciplinar. O primeiro momento, com duração de vinte minutos, ocorreu no coreto da Praça da Independência, local tombado pelo IPHAN desde 1980, como mostra a Figura 2. A expedição ecológica iniciou-se com a exposição de sua objetividade, a qual consistia na compreensão da educação ambiental crítica como processo de formação do sujeito ecológico em espaço não formal de educabilidade, ou seja, especificamente em um espaço verde.

Neste primeiro momento, foi exposto aspectos históricos como a aquisição do terreno da Praça, o qual foi doado por um fazendeiro da cidade. Além disso, foi exposto para os alunos como ocorreu a implementação e inauguração da Praça da Independência na capital no ano de 1922 a pedido do prefeito Guedes Pereira, sendo projetada pelo arquiteto Hermenegildo di Lascio. Sua construção se deu devido a comemoração do centenário da independência, ganhando em seu escopo, em forma de homenagem, a presença de 100 bancos, no qual cada um deles representava um ano do centenário. Atualmente, a Praça conta com apenas 54 bancos.

Figura 2: Primeiro momento da expedição ecológica – Recepção (Coreto).

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Também foi explorado como temática o contexto atual da Praça, pois em seu planejamento pioneiro a Praça compreendia 70 hectares, porém, atualmente, apenas 35 hectares fazem parte de seu escopo. Isso justifica-se devido as obras de urbanização e infraestrutura que ocorreram no local.

Outra perspectiva apresentada foi a respeito do valor histórico da Praça da Independência acerca da expansão da cidade em direção à Orla, pois a mesma marca o início da av. Epitácio Pessoa, conferindo uma arquitetura mais organizada com um traçado geométrico específico, reflexo da influência francesa. Além disso, a Praça da Independência serve como conector de dois pontos socioeconômicos, a Orla com suas praias e o centro com sua história de origem da cidade e pontos de comércio importantes economicamente.

No segundo momento, com duração de uma hora e vinte minutos, o qual consistiu em uma caminhada exploratória pela Praça, foi observada a sua divisão em quadrantes, onde originalmente cada um deles representava um bioma brasileiro. Deste modo, cada quadrante conta com vegetações típicas desses biomas, serviço como um espaço de contemplação.

Além disso, foram discutidos a respeito da diversidade de espécies e as características do solo que são encontrados local. Uma das espécies é o Pau Brasil, que deu origem ao nome do país e é característica do bioma Mata Atlântica sendo de extrema importância no período da colonização, ou seja, primeiro ciclo econômico do país, devido ao extrato interior do tronco, o qual apresenta uma coloração avermelhada. Esta espécie chamou a atenção nos países europeus na época da exploração por ser considerada uma madeira nobre, sendo muito utilizada na fabricação de móveis.

Outra característica dessa espécie, são as formas de suas raízes sendo estimuladas por bactérias fixadoras de oxigênio. Apesar de tantos aspectos positivos, o Pau Brasil, devido a uma grande exploração, chegou a ser considerado extinto. Deste modo, campanhas de conservação e preservação desta espécie ganharam força e atualmente, é considerada a árvore nacional e está protegida por lei pelo Programa Nacional de Conservação do Pau Brasil e não pode ser mais cortada das florestas. Com isso, no dia 02 de maio comemora-se o dia nacional do Pau Brasil.

Outra espécie observada foi a Abricó de Macaco (Figura 3), cujo fruto assemelha-se a uma bola de canhão, não é tóxico e as amêndoas de seu interior servem de alimento para diferentes animais, como por exemplo o macaco que deu origem ao nome da planta. Porém, os humanos não consomem seu fruto, pois possui odor desagradável. É uma espécie muito utilizada para paisagismo, sua madeira também é utilizada para a fabricação de brinquedos e embalagens por ser leve e macia.

Figura 3: Exposição sobre a importância da espécie Abricó de Macaco.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Outras espécies também foram apresentadas aos estudantes, sendo estas, a Embaúba do Bicho Preguiça, na qual podia-se observar a presença de epífitas e pássaros dispersores; o dendê, cuja presença traz aspectos culturais envolvidos pelo fato de ter sido trazida pelos povos africanos, sendo bem adepta ao clima do Brasil. Algumas outras citadas foram a macaúba, ipês amarelos e roxo, Pau-rei, sombreiro, angico e cactáceas.

Em relação ao solo, este possui um substrato pobre com gramíneas ralas, caso contrário seria possível ver todo o espaço composto por heliófilas. As folhas que caem são retiradas para dar aspecto mais limpo as praças o que impede a formação do solo mais rico, caso contrário formariam um novo substrato e fariam parte da decomposição.

Ainda no segundo momento, observou-se também aspectos históricos como o busto, confeccionado em bronze, do médico Otacílio de Albuquerque (Figura 4a), grande influenciador na época da implementação da Praça, com ideias fortes, sendo a favor da construção da Praça. Além disso, Otacílio também foi um político paraibano, o qual conquistou o posto de terceiro prefeito da cidade de João Pessoa entre 1908 a 1911. Outro monumento tratado, foi o Obelisco Central (Figura 4b), cujo apresenta grande importância histórica simbolizando a luta pela Independência.

Figura 4: Representações históricas presentes na Praça da Independência.

a. Busto de Otacílio de Albuquerque

b. Obelisco Central

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Outro ponto histórico da expedição ecológica pode ser visto na Figura 5, que foi a residência do Ex-Presidente da Paraíba (titulação da época), João Pessoa, que deu nome à capital paraibana. Esta obra tem uma grande importância histórica, arquitetônica e material. Por isso, alguns investimentos por parte do governo do Estado foram realizados para tornar este ponto um museu.

Figura 5: Residência do Ex-Presidente João Pessoa.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Finalizando a expedição ecológica, os estudantes foram divididos em grupos, como pode ser visto na Figura 5, para a realização de uma breve discussão sobre os serviços ecossistêmicos oferecidos na Praça da Independência fazendo uma ligação com as temáticas trabalhadas em sala de aula e que puderam ser vistas na prática na Praça. Os alunos retomaram a caminhada, em seus grupos e não foram acompanhados pelos professores, demandando uma reflexão em conjuntos sobre os aspectos como um todo observados na expedição ecológica.

Figura 6: Discussão sobre os serviços ambientais ofertados na Praça da Independência

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Ressignificação da percepção dos estudantes sobre a Praça da Independência

Posterior a expedição ecológica pediu-se um relatório de cada grupo, o qual possibilitou a compreensão da percepção dos estudantes envolvidos. Foram percebidos pensamentos em comum sobre a Praça, dentre eles: os pontos positivos que a Praça traz em seu contexto e existência, sendo eles a melhoria da saúde mental e física, tendo em vista o contato com a natureza; espaço propício para a prática de atividades ao ar livre; e valorização das interações humanas por servir como um ponto de encontro.

Além disso, os relatórios apontaram para um entendimento de que a Praça da Independência se constitui um espaço de infraestrutura verde, ou seja, um sistema sócio ecológico, ou até mesmo um espaço multifuncional, pois possibilita a interação homem-natureza de diferentes modos, beneficiando ambas as partes.

Por meio desse potencial de multifuncionalidade que a Praça possui, o qual pode ser descrito como a possibilidade de fornecer interação social quanto as condições de lazer, conhecimento e respeito para com o meio ambiente, mesmo em sua localização urbana, os indivíduos passam a contribuir de maneira coletiva, desenvolvendo atitudes, conhecimentos, habilidades e competências colaborando com a conservação e manutenção do meio ambiente.

Os estudantes também evidenciaram que depois da expedição ecológica houve uma mudança de perspectiva e que não imaginavam que seria possível extrair tantos conceitos e aspectos da Praça. Deste modo, os mesmos perceberam o quanto a Praça da Independência é um ambiente complexo que estimula a percepção ambiental.

São consideradas como um indicador na avaliação da qualidade ambiental urbana, pois são obrigatórios por lei e interferem na qualidade do meio ambiente. Assumem grande importância nas políticas regionais e municipais, procurando-se uma lógica de contínuo vivificador de todo o tecido urbano e de ligação ao espaço rural envolvente. Além de servirem como equilíbrio do ambiente urbano, também serve como local de lazer. A vegetação serve como um filtro para atenuar ruídos, retenção de pó, reoxigenação do ar, além de oferecer sombra e a sensação de frescor.





Potenciais Educativos na Praça da Independência Percebidos pelos Estudantes

Os potenciais educativos percebidos na Praça da Independência perpassam pela compreensão dos estudantes de que a Praça pode ser um instrumento pedagógico para educação ambiental não formal de extrema importância, primeiramente por quebrar a rotina das aulas em um ambiente escolar comum, o que permite que a atenção do estudante seja mais aguçada, aumentando gradualmente o aprendizado. A Praça também permite a abordagens que podem ser utilizadas como práticas docentes futuras.

Deste modo, os estudantes em sua maioria, apontaram os aspectos histórico, cultural, ecológico e social da Praça como potenciais educativos que permitem a ampliação dos horizontes de conhecimento além dos técnicos, envolvendo a história, a cultura local e os aspectos biogeográficos. Assim, novas estratégias de ensino surgem e novos conhecimentos são produzidos, o que pode ser bastante promissor para as turmas de licenciatura, como no caso desse estudo.

Isso ocasiona um envolvimento diferente das demais atividades, proporcionando uma nova visão do ambiente relativamente conhecido, o que possibilita o direcionamento da aplicação dos conteúdos estudados assim como novos conteúdos. Além disso, é possível construir pontes entre os conteúdos de variadas disciplinas colocando em práticas a interdisciplinaridade.

Nas turmas de biomedicina e engenharia ambiental, notou-se que a compreensão do espaço verde urbano leva a uma ampliação da capacidade de análise de paisagens urbanas, o que contribui para tomadas de decisão coerentes com as especificidades locais. Ainda, provoca a reflexão facilitando a implementação do pensamento ecológico que consequentemente garante uma base consciente, preservadora e formadora de caráter.

Outros potenciais educativos percebidos pelos estudantes foram as diversas interações ecológicas ocorridas na prática que possibilitam a sensibilização do espectador com maior impacto, ocasionando envolvimento diferente das demais atividades, proporcionando uma nova visão de um ambiente que é relativamente conhecido pela sociedade, o que direciona a aplicação de conteúdos estudados assim como novos.

Assuntos debatidos em sala também foram relembrados no relatório, onde foram feitas conexões entre o conteúdo extraído do livro Cidade para todos: (re) aprendendo a conviver com a natureza da autora Cecília Polacow Herzog e o percebido durante a expedição ecológica. Os estudantes apontaram semelhanças entre o que observaram na prática e o que foi visto em sala durante um debate, principalmente no que se refere as “cidades celestiais” dentro de “cidades infernais” (HERZOG, 2013).

A temática serviços ecossistêmicos também foi trabalhada em sala e vista na prática durante a expedição ecológica permitindo que os estudantes apresentassem discussões complexas ao longo do relatório sobre serviços de provisão, regulação, culturais e de suporte. De modo geral, os serviços ecossistêmicos apontados foram: purificação do ar; amenização do microclima; canteiros pluviais para menor riscos de enchentes e capitação de CO2; área de lazer para a população que permite a interação com a natureza; ampla cobertura vegetal que influencia na pluviosidade local, qualidade do solo e regulação do ar através da captura de poluentes; diminuição de atividades erosivas; interceptação da água da chuva, reduzindo o impacto das gotas de chuva diretamente no solo; redução de ruídos; diferentes espécies de flora que são responsáveis pela manutenção ambiental local.

É válido ressaltar que os serviços de provisão não foram identificados pelos alunos, tendo em vista que os mesmos apontaram que este tipo de serviço compreende os alimentos para consumo humano, matérias-primas destinadas a construção, combustível, água potável e recursos genéticos, entre outros. Além disso, outro serviço no qual sua existência foi questionável foi o cultural, pois a Praça da Independência dispõe de um ambiente propício para atividades culturais como caminhadas, meditação, dentre outras atividades, mas é esquecida pela população local e turistas devido a insegurança da região e a falta de atrativos recreativos.



Uma Crítica à Subutilização da Praça da Independência e as Demandas Visíveis

Apensar de todo potencial da Praça, esta vem sendo subutilizada não cumprindo seu papel necessitando de ações para sua melhoria. Os estudantes apontaram que a Praça da Independência não exerce seu papel cultural, não sendo visitada por moradores e turistas, pois é considerada por muitos, um lugar propenso a assaltos e outros tipos de crime. A Praça carece de infraestrutura adequada para segurança e por isso muitas pessoas deixam de visitar por medo de sofrerem algum tipo de violência no local. Logo, a Praça se torna pouco frequentada e assim susceptível a ação de vândalos, que picham, quebram e sujam o ambiente.

Também é perceptível a escassez nos serviços de promoção da saúde, pouco ou nenhuma subvenção e incentivo para atividades ali viabilizados em que pudessem envolver participação coletiva, como por exemplo, caminhadas, passeios de bicicletas, espaço adequado para meditação, atividades interacionistas.

Além disso, nota-se negligências ao espaço físico, limitados recursos para a valorização do meio, pouco ou nenhum aporte para o vasto conhecimento que a praça em si oferece, especialmente em sua importância histórica que é refletida no descuido com as espécies nativas ali plantadas, as quais são poucas, pois o espaço é compreendido pela presença de muitas espécies exóticas.

Nota-se também a falta de iluminação, pontos instrutivos sobre o descarte de resíduos adequado, ausência de infraestrutura que possibilite a circulação de pessoas. Assim, os estudantes apontaram que há também um desprezo por parte dos governantes e atitudes precisam ser tomadas para que a Praça da Independência não seja esquecida.



Perspectivas de aproveitamento dos potenciais da Praça da Independência



Após as críticas dos estudantes a respeito da subutilização da Praça, os mesmos sugeriram, a partir de suas perspectivas, como os potenciais da Praça da Independência poderiam ser aproveitados. Dentre as sugestões estão:

* O incentivo a divulgação de fotos do local nas redes sociais dos estudantes, com o intuito de promover mais a história do lugar e incentivar a visitação de estudantes de forma social ou também para práticas de estudos;

* O calçamento das áreas de piso arenoso, possibilitando um caminhar mais confortável permitindo a mobilidade e a prática de esportes como patinação, skate e ciclismos;

* Disponibilização de um bicicletário permitindo a conexão da população com outras áreas importantes da cidade (ligação da Praça da Independência com o Centro Histórico, por exemplo);

* Otimização das rodovias ao entorno e que dão acesso à Praça, como ciclovias, faixas de pedestres bem localizadas e aumento do número de paradas de transporte público, facilitando a mobilidade dos diversos tipos de veículos e pedestres;

* Aumento do número de espécies nativas do tipo arbórea na Praça, com a finalidade de obter um dossel mais fechado, consequentemente mais sombra, promovendo a redução de ruídos e da temperatura em horários quentes;

* Implantação de placas informativas sobre o histórico do local, sobre as espécies de plantas e curiosidades ali encontradas;

* Investimento na iluminação local e na segurança por meio de rondas constantes de policiais, para que a população possa usufruir do espaço com mais comodidade, aumentando o convívio social, cultural e turístico em áreas verdes públicas;

* Revitalização dos monumentos históricos criando um espaço com barreiras de segurança evitando o contato dos visitantes com os monumentos;

* Desenvolvimento de programas de saúde e de práticas de atividades físicas e psíquicas como rodas de yoga, caminhadas, lutas e autodefesa que colaborem para combate de problemas de saúde como ansiedade, depressão e sedentarismo;

* Criação de atrativos como parques infantis, quiosques e pista de corrida para incentivar a visitação à Praça da Independência;

* Promoção de eventos, atividades ecológicas, feiras orgânicas e de artesanato, dando ênfase ao contexto histórico e socioambiental da Praça e da sua importância no desenvolvimento da cidade de João Pessoa;

* Desenvolvimento de práticas de educação ambiental que podem inter-relacionar com estudos de botânica para compreensão das espécies visando a preservação ambiental;

* Utilização do coreto para apresentações culturais e uma agenda cultural permanente na praça;

* Incentivos do governo para implementação de programas socioambientais juntamente com as escolas e Centros universitários públicos e privados, e inclusão da Praça da Independência na rota turística da cidade;



Conclusões



Com o intuito de analisar os potenciais educativos da Praça da Independência, o estudo explorou aspectos históricos, socioambientais, culturais e ecológicos a partir de consultas bibliográfica, visitas, observações e registros fotográficos os quais subsidiaram a organização de roteiro para estudo de campo que foi aplicado aos estudantes do ensino superior. Os serviços ecossistêmicos foram analisados em relação à infraestrutura verde urbana na qual a Praça da Independência constitui-se como um espaço com amplo atributo para a produção de conhecimentos interdisciplinares.

Constatou-se que as atividades de Educação Ambiental são ações educativas voltadas à formação de sujeitos ecológicos de modo que atitudes e conhecimentos frente às questões ambientais são reconfiguradas, na perspectiva de melhorar a saúde humana e ambiental e a qualidade de vida da população. Por meio da Educação Ambiental conhecimentos são compartilhados e o desenvolvimento sustentável passa a ser uma meta para a relação sociedade natureza no planeta.

A expedição ecológica constitui a oportunidade para explorar diferentes abordagens teóricas e práticas como: históricas, socioambientais, ecológicas e culturais, além de oportunizar aos participantes do estudo a livre expressão de pensamento, percepção e pontos de conexão entre o conhecimento e cotidiano. Neste aspecto, é importante enfatizar que para além de um ambiente com caracterização natural há um potencial de proteção à saúde humana e à preservação da biodiversidade.

As percepções indicadas pelos estudantes revelam um vasto campo de outras possibilidades educativas, além de apontar indicadores para novas implementações e reflexões frente à subutilização das áreas verdes urbanas, a exemplo da Praça da Independência.

Sendo assim, como sugestão para trabalhos futuros, é evidente a necessidade de implementação de um programa de educação ambiental com participação dos representantes municipais e estadual, da sociedade e dos estudantes visando a preservação da Praça da Independência levando em consideração sua importância como espaço verde, pois a mesma influencia na construção do pensamento ecológico.

Já as considerações para o roteiro, tomando por base a percepção dos estudantes, nota-se a necessidade de melhorias no mesmo, principalmente relacionadas aos pontos de paradas durante a expedição ecológica. Sugere-se que, para a expedição ser mais proveitosa, aumentar o número de pontos de parada, pois a Praça compreende um espaço amplo e que pode ser aproveitado de forma mais ativas pelos grupos selecionados no local.



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