AVALIAÇÃO DE ESTAÇÕES INTERPRETATIVAS NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE SANTA RITA DO PASSA QUATRO (SP) COMO SUBSÍDIO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL



Bárbara Carollina Machado do Nascimento1, Marlene F. Tabanez Ribeiro2, Marina Consuli Tischer3, Sônia A. Souza Evangelista2, Humberto Gallo Junior2



1 Discente do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Hermínio Ometto - FHO UNIARARAS

2 Pesquisadora Científica do Instituto Florestal – SIMA/SP

3 Docente do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Hermínio Ometto - FHO UNIARARAS

4 Pesquisadora Científica do Instituto Florestal – SIMA/SP

5 Pesquisador Científico do Instituto Florestal – SIMA/SP (humbertogallojr@gmail.com)



RESUMO: A Educação Ambiental é considerada de grande importância para o Brasil. Apesar disso, o número de programas que abrangem esse tema em áreas protegidas é muito inferior frente à sua real necessidade. Diante deste contexto, o presente trabalho objetivou avaliar a aplicação das Estações Interpretativas: Caminhos da Conservação implantadas na Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro – EESRPQ, a fim de promover e incentivar a Educação e Interpretação Ambiental, além da valoração do patrimônio natural e cultural para alunos do 5º ano do ensino fundamental. Verificou-se a compreensão de 53 professores da rede municipal do ensino fundamental do município de Santa Rita do Passa Quatro, sobre os conteúdos específicos pré-definidos para a abordagem dos temas socioecológicos e paisagísticos. Para tanto, foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa-ação, com reuniões pedagógicas com diretores e coordenadores; palestras e caminhada na EESRPQ; aplicação de questionários e reuniões nos HTPCs. Observou-se que a maioria dos professores reconhece a EESRPQ como de grande importância ambiental e educacional para o município, além de apontarem que as Estações Interpretativas “Proporcionam interação entre teoria e prática”, servindo como fonte de conhecimento para os alunos. Assim, a implantação dessas estações interpretativas será uma das estratégias educativas para propiciar o contato dos professores e estudantes com a área protegida.

Palavras-Chave: Interpretação ambiental; área protegida; tema transversal.



ABSTRACT: Environmental Education is considered of great importance to Brazil. Despite this, the number of programs that cover this theme in protected areas is much lower given their real need. Given this context, the present work aimed to evaluate the application of Interpretive Stations: Conservation Paths implanted at the Santa Rita Passa Quatro Experimental Station - EESRPQ, an end of promotion and incentive to Environmental Education and Interpretation, besides the valorization of the natural heritage and 5th grade elementary school students. It was verified an understanding of 53 teachers of the municipal elementary school of Santa Rita do Passa Quatro, about the pre-selected contents for the approach of socioecological and landscape themes. To this end, the following methodological procedures were adopted: action research, with pedagogical meetings with directors and coordinators; lectures and walking at EESRPQ; application of questionnaires and meetings in the HTPCs. Note that most teachers recognize the EESRPQ as of great environmental and educational importance for the municipality, and point out as Interpretive Stations “Proportion of interaction between theory and practice”, serving as a source of knowledge for students. Thus, the implementation of these interpretative stations will be one of the educational strategies for the contact of teachers and students with a protected area.

Keywords: Environmental interpretation; protected area; environmental education.



INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental é considerada de grande importância na formação de valores, pensamento crítico e inovador em qualquer tempo ou lugar em seu modo formal e não formal, visando a promoção, a transformação e a construção da sociedade, devendo desempenhar um papel estratégico na construção de novas atitudes e comportamentos individuais e coletivos (TEASS, 2014).

Em suas primeiras décadas, a Educação Ambiental (EA) era vista como a proteção e a conservação de espécies de animais e vegetais, mas hoje se vê a EA também como educação política e social, sendo essas, questões extremamente importantes e que devem receber devidas atenções (REIGOTA, 2017).

No âmbito formal, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), propõem a Educação Ambiental como tema transversal no currículo escolar (BRASIL, 1997a; 1997b; 1997c).

A Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental – ENCEA, propõe o alinhamento de ações de Educação Ambiental e comunicação entre unidades de conservação e as secretarias estatuais e municipais de educação e meio ambiente (MMA, 2019).

A Educação Ambiental possui um papel fundamental no processo de formação de espaço/processo educativo (LOUREIRO; CUNHA, 2008), de modo consequente, a EA em áreas protegidas busca a integração e a participação da comunidade de entorno, de forma que a área seja um espaço educador que valorize as particularidades locais e se constitua em um polo irradiador de novos valores e práticas socioecológicas, construídos de forma participativa e cooperativa.

Dentre as diversas estratégias de Educação Ambiental desenvolvidas em unidades de conservação e áreas especialmente protegidas, destaca-se a Interpretação Ambiental, entendida também como ferramenta de gestão ambiental (SÃO PAULO, 2008; BRASIL, 2018).

A Interpretação Ambiental, se refere ao um conjunto de técnicas que tem como objetivo básico revelar os significados, relações ou fenômenos naturais, utilizando-se de experiências práticas e meios interpretativos, visando a promoção da conservação dos recursos naturais, históricos e culturais (TILDEN, 1977).

De acordo com Guillaumon et al. (1977), a Interpretação Ambiental atua como um instrumento pedagógico ao professor proporcionando ao público, de modo especial às crianças e adolescentes, uma aproximação à realidade dos assuntos estudados, preenchendo as lacunas de um ensino excessivamente teórico e fatigante.

Para Ham (1992), a Interpretação Ambiental se refere à tradução da linguagem técnica de uma ciência natural que possa ser facilmente entendida pela audiência.

Segundo Vasconcellos (2006), a Interpretação Ambiental alia a educação com recreação, configurando-se em um instrumento educativo adequado e eficiente a ser utilizado em áreas naturais; visa cativar, provocar e estimular a reflexão e requer inspiração, conhecimento, técnica e dedicação, devendo ser elo entre a área protegida e a população.

Assim, a educação junto com Interpretação Ambiental, bem como a Valoração do Patrimônio Natural e Cultural são linhas de pesquisa e ação dos Programas de Uso Público em Áreas Protegidas, administradas pelo Instituto Florestal. Dentre os diversos objetivos dessas linhas, propõem-se que os valores e conhecimentos relacionados à conservação da biodiversidade e diversidade cultural devam ser construídos, além do desenvolvimento de estudos acerca do planejamento, implantação e monitoramento de trilhas e demais instrumentos interpretativos utilizados em unidades de conservação. O Programa de Uso Público do Instituto Florestal tem por objetivos proporcionar a integração da sociedade com as áreas protegidas, despertar a consciência crítica para a necessidade de conservação dos aspectos naturais, culturais e históricos e da valorização das áreas protegidas, bem como estimular sua participação na conservação dessas áreas (TABANEZ, 2000).

A Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro (EESRPQ) já desenvolve atividades de Educação Ambiental desde meados da década de 1990, através de eventos em datas comemorativas – Semana do Meio Ambiente e Semana da Árvore. Nesse sentido, de 2007 a 2011 foi desenvolvido o Projeto “Formação Continuada – Conservando a Biodiversidade” nas áreas protegidas / unidades de conservação de Santa Rita do Passa Quatro – Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro e Parque Estadual de Vassununga (TABANEZ et al. 2011).

A EESRPQ possui características naturais, culturais, e educacionais que a torna um “laboratório” potencial para o estudo dos sistemas socioecológicos e paisagísticos. Nela é possível observar experimentos com espécies vegetais nativas e introduzidas, visando à produção de madeira e outros produtos de extração vegetal; experimentos de restauração florestal e produção sustentável; conservação de recursos hídricos; preservação de patrimônio histórico; interferências antrópicas, bem como outros temas socioambientais de extrema relevância para abordagem em programas de educação e interpretação ambiental, que buscam a valorização e conservação dessas áreas protegidas.

Apesar dessas iniciativas em Educação Ambiental, do valor histórico (experimentos e prédios) e ambiental (nascentes e paisagem) para o município de Santa Rita do Passa Quatro, a Estação Experimental ainda não possui uma infraestrutura específica para essa prática.

Faria e Gallo (2016), definiram estações interpretativas e eixos temáticos para a Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro como subsídio à educação e alfabetização ecológica para o ensino fundamental.

Para subsidiar a educação e a Interpretação Ambiental na EESRPQ e torná-la um espaço educador, foram avaliadas estações interpretativas em locais estratégicos sobre as características biofísicas, histórico-cultural e patrimonial da área, bem como a definição de uma trilha com recursos interpretativos, na perspectiva dos docentes.

Buscou-se integrar os conhecimentos dos pesquisadores sobre as áreas protegidas com os diferentes tipos de conhecimentos dos professores – conteúdo específico, pedagógico geral, do currículo, das estruturas organizacionais da escola, dos alunos entre outros. Assim, a construção de conhecimentos em educação ambiental em áreas protegidas é precedida de um trabalho colaborativo (WILSON; SHULMAN; RICHERT, 1987, apud TABANEZ, 2007).



MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da Área de Estudo

A Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro (EESRPQ) é uma das áreas protegidas administradas pela Divisão de Florestas e Estações Experimentais, do Instituto Florestal, da Secretaria de Infraestrutura do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Passando a integrar o então Serviço Florestal do Estado a partir de 23 de dezembro de 1949, oriunda do Instituto Agronômico, a qual se prestava como um campo de demonstração do Departamento de Fomento da Produção, passando então ao desenvolvimento de pesquisa florestal, conservação genética e educação e recreação ambiental. A EESRPQ localiza-se no município de Santa Rita do Passa Quatro, região nordeste do Estado de São Paulo.

Possui área de 96,26 hectares, sendo 39,55 ha de áreas de arboreto (pesquisa e experimentação; coleções; culturas e conservação de material genético); 19,83 ha de áreas livres destinadas à pesquisa, experimentação e conservação de material genético, coleções e culturas; 23,18 ha de área de preservação (área de proteção de mananciais e Cerrado – destinado à composição da Reserva Legal), e 13,70 ha são áreas de serviço (RIBEIRO; TABANEZ, 2014).

A vegetação natural da região predominante é a Floresta Estacional Semidecidual caracterizada por apresentar um estrato dominante constituído, principalmente, de jequitibá-rosa (Cariniana legalis), peroba (Aspidosperma polyneuron), copaíba (Copaifera langsdorffii), jatobá (Hymenaea courbaril), pau-ferro (Libidibia ferrea) entre outras.

Outra formação vegetal observada na área é a Savana Arbórea Aberta e Densa (Cerrado e Cerradão), apresentando as seguintes espécies em sua composição florística: barbatimão (Stryphnodendron adstringens), pau-terra (Qualea parviflora), faveiro (Peltophorum dubium), pequi (Caryocar brasiliense), pimenta-de-macaco (Xylopia aromática), etc.

No tocante à fauna, na Estação são encontradas dezenas de aves com destaque para o sabiá (Turdus rufiventris), bem-te-vi (Portulaca oleracea), joão-de-barro (Furnarius rufus), tucano (Ramphastos toco), tico-tico (Zonotrichia capensis), siriema (Cariama cristata), entre outras; mamíferos – cutia (Dasyprocta punctata), paca (Cuniculus paca), veado (Mazama gouazoubira), tatu galinha (Dasypus novemcinctus), e outros pequenos mamíferos, além de répteis e anfíbios.

A Estação encontra-se no interflúvio das bacias do rio Mogi Guaçu e Pardo em altitude entre 500 e 1500 metros. O clima da região classifica-se segundo köeppen como subtropical de altitude (Cwa), sendo clima quente de inverno seco. Atualmente, a Estação se destaca pela existência de patrimônio florestal de grande valor histórico e científico, podendo ser considerada um “Museu Vivo”.



FIGURA 1. Imagem de satélite demonstrando o limite da EESRPQ (amarelo) com as principais rodovias de acesso. Fonte Google Earth Pro acesso em 11 de novembro de 2019.



Definição das Estações Interpretativas

Em continuidade ao trabalho de Faria e Gallo (2016) foram definidas e avaliadas estações interpretativas, painéis e placas de identificação de espécies.

Para a definição das estações interpretativas, desenvolvemos princípios de interpretação ambiental de Tilden (1957, p.8), que conceitua a interpretação ambiental como “a revelação de uma verdade maior que se esconde por trás de fatos estabelecidos”. Além destes princípios, utilizou o conceito de topofilia, trabalhado por Tuan (1980), em que ele nos coloca as diferentes percepções a partir de interações entre os sentidos (visão, tato, olfato, audição) e o meio ambiente, considerando as diversas visões de mundo compreendidas pelo aluno/visitante. Tais características são colocadas como exclusivas e intrínsecas de cada indivíduo que vier a se utilizar das estações interpretativas na EESRPQ.



Procedimentos metodológicos

São poucas as pesquisas aplicadas em educação ambiental no contexto das áreas protegidas. Esse trabalho por ser desenvolvido em uma área com objetivos de conservação dos recursos naturais e dos aspectos históricos culturais envolvendo a comunidade escolar em um processo participativo e colaborativo tem como referência uma mescla das macrotendências conservacionista e crítica (LAYARGUES; LIMA, 2014).

Assim, para o desenvolvimento do trabalho adotou-se a metodologia da pesquisa-ação proposta por Thiollent (1996) para acompanhar o desenvolvimento das atividades e verificar as contribuições dos professores tanto em campo, como em reuniões de grupo focal conforme propõe Gatti (2005) para compreensão das representações e percepções sobre as estações e painéis interpretativos propostos.

Adotou-se também os seis princípios básicos para que a interpretação ambiental seja contemplada de forma completa e objetiva definidos por Tilden (1977), sendo eles:

  1. Qualquer interpretação que, de alguma forma, não relaciona o que está sendo demonstrado com algo da personalidade ou experiência do visitante, será improdutivo;

  2. Informação, por ela, não é interpretação. Interpretação é a divulgação baseada em informação. Mas são totalmente diferentes, entretanto, toda interpretação inclui informação;

  3. A Interpretação é uma arte, não importando se os materiais apresentados são científicos, históricos ou arquitetônicos.

  4. O foco principal da Interpretação não é a instrução, mas a instigação;

  5. A interpretação deve ter como objetivo apresentar um todo e não uma parte, e deve dirigir-se a todo o homem, em vez de qualquer fase;

  6. Interpretação para crianças não deve ser uma diluição das interpretações para adultos, mas deve seguir uma abordagem diferente. Será necessário dividir os programas. (TILDEN, 1977, p. 9).



As primeiras etapas foram iniciadas com a revisão bibliográfica apropriada ao tema, envolvendo educação e interpretação ambiental, trilhas, sistemas ecológicos, valoração histórico cultural e áreas protegidas; eixos esses pré-estabelecidos para subsidiar a interpretação ambiental.

Foram realizados trabalhos de campo na EESRPQ para definição das áreas prioritárias de implantação das estações interpretativas, bem como para o trajeto da trilha. Houve reuniões com a equipe do projeto para a discussão das estações pré-definidas e para a elaboração e revisão e análise dos conteúdos dos painéis interpretativos em cada estação e qual a melhor forma de abordá-los (Figura 2).

FIGURA 2. Reunião realizada com equipe do projeto para definição e finalização dos textos dos painéis interpretativos.

O projeto optou pela utilização de uma abordagem participativa, onde Dalmás (1994) expressa a importância da presença ativa das pessoas na elaboração, execução e avaliação do trabalho. Para tanto, foi realizada uma reunião com a equipe pedagógica do Departamento Municipal de Educação de Santa Rita do Passa Quatro e com diretores e coordenadores das quatro escolas municipais consultando-os sobre a possibilidade da participação dos professores na avaliação das estações interpretativas.

Os professores das escolas EMEF Laura Suriani Barbuio visitaram a Estação Experimental nos dias 31 de janeiro e 01 de fevereiro de 2019, sendo duas escolas em cada dia. Durante a visita, os professores assistiram palestras sobre a história, características e objetivos da EESRPQ, conhecendo o percurso e conteúdo dos painéis das estações interpretativas, participando de um pré-teste para incorporação de sugestões e contribuições na perspectiva do currículo escolar (Figuras 3 e 4).

FIGURA 3. Visita das escolas para o pré-teste no dia 01/02/19.

FIGURA 4. Visita das escolas para o pré-teste no dia 31/01/19.

Em um segundo encontro nas escolas, em horário de HTPCs (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo), foram realizadas reuniões de grupo focal, onde os recursos interpretativos foram novamente apresentados aos dos professores, utilizando apresentação em PowerPoint e observação de material impresso para discussão e anotação de novas sugestões pelos próprios professores

Na sequência foi aplicado o Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE) e um questionário composto por nove questões abertas e fechadas sobre as estações e painéis interpretativos, para uma avaliação qualitativa e quantitativa (Figuras 5 e 6).

FIGURA 6. Aplicação do TCLE e dos questionários na escola Laura Suriani Barbuio – CAIC.



RESULTADOS E DISCUSSÃO

A trilha proposta foi denominada “Estações Interpretativas: Caminhos da Conservação” com extensão de 743 metros, de nível fácil de acesso e formato circular (ANDRADE; ROCHA, 1997) planejada na modalidade guiada, composta por sete estações e seis painéis interpretativos com conteúdos sobre as características da EESRPQ, os aspectos sensoriais (TUAN, 1980) e aspectos paisagísticos (TILDEN, 1977).

1ª. Estação

Croqui da Trilha: painel inicial da trilha com informações de extensão, tempo estimado para realização do percurso, modalidade e um croqui da trilha, destacando as estações interpretativas;

2ª. Estação

Conjunto arquitetônico: identificação da arquitetura local como patrimônio cultural da Estação, envolvendo o conceito de Educação Patrimonial;

3ª. Estação

Museu: exposição de implementos utilizados na EESRPQ e documentos referentes ao histórico da Estação

4ª. Estação

Viveiro de mudas: atividade com jardim sensorial;

5ª. Estação

Ciclo Hidrológico: conhecimento sobre o ciclo hidrológico e recursos hídricos da EESRPQ;

6ª. Estação

Mata Ciliar: conhecimento sobre a mata ciliar e sua importância para conservação das nascentes;

7ª. Estação

Regeneração da Floresta Natural e Floresta Plantada: identificação da área em regeneração para a conservação e proteção dos afloramentos do aquífero da EESRPQ, fazendo uma analogia ao experimento de pinus adjacente à área regenerada.

As Figuras de 7 a 9 ilustram os painéis interpretativos.

O processo de avaliação das estações interpretativas da EESRPQ contou com a participação de 53 professores de quatro escolas municipais de ensino fundamental de Santa Rita do Passa Quatro, ambos os sexos masculino e feminino, todos maiores de 18 anos que responderam um questionário com nove questões. A Tabela 1 descreve o perfil sociodemográfico dos participantes.

TABELA 1. Características sociodemográficas dos professores.


Variáveis

Número de participantes (N)

%

Sexo





Feminino

51

96%


Masculino

2

4%





Idade

Mínima

22

-


Máxima

61

-


Média

39,9

-


DP

10,8

-





Formação





Superior

46

87%


Pós

7

13%





Tempo de magistério





Mínima

1 ano

-


Máxima

35 anos

-


Média

13,6

-

 

DP

10,6

-

DP: Desvio padrão.



Os dados qualitativos foram analisados e separados em categorias por semelhanças de resposta; sendo elas:

Afetivo: aborda as respostas que demonstram o bem-estar de estar em contato com a Natureza e vivenciar esse tipo de experiência.

Água: compreende as respostas que abordam a temática da água, como o ciclo hidrológico.

Ambiental: Remetem à preservação e conscientização ambiental da área protegida propriamente dita.

Biodiversidade: Abrange as respostas que citam o conhecimento sobre a fauna, flora e outros seres vivos.

Conhecimento: Respostas que indicam a aquisição e troca de conhecimento, além da compreensão dos temas trabalhados.

Educacional: aborda as respostas que citaram Educação Ambiental.

Ecoturismo: respostas que indicam a EESRPQ como forma de lazer.

Histórica: Remetem à importância de se preservar o patrimônio histórico físico e a história da EESRPQ.

Participação: Respostas que elucidam a interação e participação dos professores com o projeto.

Plantas Medicinais: remetem aos temas relacionados com o jardim sensorial presente no trajeto da Estações Interpretativas.

Reflorestamento: respostas que citam o reflorestamento, regeneração natural e floresta de produção.

Socioecológica: respostas que elucidam a valorização e interação dos sistemas ecológicos com as pessoas.

Solo: respostas que citam aspectos do solo

Vegetação: compreende as respostas que abordam a temática da vegetação, como a mata ciliar e vegetação em geral.



Assim, constatou-se que mais da metade dos professores participantes da pesquisa (58%, n=31) declararam que conheciam a Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro antes da visita para este trabalho.  E o restante (42%, n=22) declarou não conhecer.

Quando indagados sobre qual a importância da Estação Experimental (Figura 10) as categorias ambiental (n=41) e educacional (n=23) foram as que mais se destacaram. O Professor 10 disse que É de suma importância para que a população em geral possa estabelecer vínculo com a Estação e concretize a formação de uma consciência ambiental”, definindo o conceito e o objetivo da Educação Ambiental em uma área protegida segundo Brasil (2016):

(...) De um modo geral, as ações de educação ambiental nesses espaços têm por objetivo a mudança de atitude dos indivíduos em relação ao espaço protegido, contribuindo para a construção de novos conhecimentos e valores necessários à conservação da biodiversidade e ao desenvolvimento socioambiental. (BRASIL, 2016, p.10).

.

FIGURA 10. Gráfico demonstrando a importância da EESRPQ na visão dos professores.



Em relação ao que os professores mais e menos gostaram na reunião, a possibilidade de Participação (n=32) e aquisição Conhecimento (n=20) durante os encontros se destacaram e os mesmos declararam que “Gosto muito da troca de ideias e da construção e reflexão pedagógica em parceria com as (os) pesquisadoras (es). Torna-se significativo fazer parte desse projeto” confirmando a teoria da abordagem participativa de Dalmás (1994), que cita que uma ação coletiva tente a refletir firmemente uma metodologia participativa, onde todos possuem condições de se envolver ativamente no trabalho a ser executado, e assim, ter reflexos nos resultados alcançados pelo grupo, sendo essa uma confirmação de ponto importantíssimo para o desenvolvimento de um trabalho. Em contra partida, os professores mencionaram como pontos negativos a possibilidade de poucas series participarem do projeto inicialmente e de algumas informações técnicas dos painéis, das quais já foram adequadas seguindo as sugestões dadas pelos mesmos.

Quanto ao tamanho e adequação do percurso (TABELA 2), a maioria dos professores disseram que era regular (n=39, 74%) e que está adequado Regular. Para crianças está ótimo” (P21), outros disseram que o trajeto é Curto. No meu ponto de vista, suficiente para aprendizagem.”. Matiola (2005), diz que uma forma interessante e importante para o desenvolvimento da EA e Interpretação nas escola pode ser através do envolvimento dos estudantes durante o percursos nas trilhas, de maneira que estabelecidas com diferentes formas, comprimentos e larguras e atrativos, as trilhas podem ter como objetivo, aproximar o visitante ao ambiente, ou orienta-lo a um atrativo específico, levando-o a caminhos interessantes, dos quais proporcionem paisagens bonitas e históricas, possibilitando seu entretenimento ou educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos, partindo desse ponto e analisando os resultados, as respostas demonstram a adequação da proposta do projeto.

TABELA 2. Percepção do percurso segundo os professores.

Tam. de percurso

N° de resposta (N)

%

Bom

9

17%

Regular

39

74%

Curto

3

6%

Não respondeu

2

3%

 

53

100%



Os professores foram questionados sobre quais temas abordados nos painéis interpretativos e durante o percurso das estações interpretativas contribuíam para a prática pedagógica; os mais citados podem ser vistos na Figura 11, onde aspectos relacionados ao ciclo hidrológico (água, n= 27), preservação do meio ambiente (ambiental, n=23), fauna e flora (biodiversidade, n=10) e matas ciliares (vegetação, n =11) se destacaram, mostrando que as Estações Interpretativas, estão de acordo e contribuindo diretamente com o currículo escolar e de encontro com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), dos quais propõem a Educação Ambiental como tema transversal (BRASIL, 1997A; 1997B; 1997C), demonstrando mais uma vez, que as Estações Interpretativas podem dar embasamento para se trabalhar de maneira pratica os assuntos teóricos que são abordados em sala de aula, favorecendo a complementando o currículo escolar.

.

FIGURA 11. Gráfico demonstrando os temas que contribuem para a prática pedagógica.



Quando questionados sobre qual a importância das Estações Interpretativas, as respostas conhecimento (n=32) e afetivo (n=7) foram as mais citadas. Alguns professores disseram: É importante estar em contato com a natureza, sensibilizar-se, conhecer melhor o espaço e ter um guia para direcionar ao que é mais importante.” e “É organizada em forma de estações, o que enriquece muito o percurso e facilita a abordagem pedagógica.” (P13), reforçando a importância dos aspectos sensoriais (TUAN, 1980) e paisagísticos (TILDEN, 1957). Neste sentido, SANTOS et al. (2011) declararam que a Interpretação ambiental pode ser entendida como uma ação de decodificação dos conhecimentos disponíveis sobre determinado local, objeto ou tema, a fim de sensibilizar, orientar e avisar os visitante, desta maneira a presença de um guia para interpretar o espaço educador criado, de modo que separado por estações interpretativas, abre-se um leque para que se trabalhe diversos temas ao mesmo tempo, aumentando as perspectivas e chances de aquisição de conhecimentos.



4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados revelaram que a implantação das estações interpretativas é uma estratégia educativa que propiciará o contato dos professores e estudantes com a Estação Experimental para a abordagem dos conhecimentos socioecológicos e histórico-culturais, bem como a valorização dessa área protegida.

A participação dos professores no processo de avaliação contribuiu com os conteúdos específicos dos painéis interpretativos, adequando-os ao entendimento por parte da comunidade escolar, favorecendo a complementação do currículo escolar.

O trabalho colaborativo entre área protegida e “escola” trouxe contribuições cognitivas e afetivas às ações de educação e interpretação ambiental da EESRPQ.

Para uma etapa seguinte recomenda-se a realização do pré-teste dos painéis com os alunos para verificar a eficácia das Estações Interpretativas: Caminho da Conservação, como um espaço e instrumento educador de conhecimento e valorização dos aspectos ambientais locais, conforme propõe as políticas públicas de educação ambiental.

5. AGRADECIMENTOS

Agradecemos a toda equipe de funcionários e gestores da Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro. À Professora Solange Terezinha de Lima Guimarães, pela ajuda e ensinamentos na parte histórico-cultural. À Leni Meire Pereira Ribeiro de Lima e toda equipe do SCTC (Serviço de Comunicação Técnico Científica) pela grande ajuda na elaboração do layout dos painéis interpretativos. Ao Departamento de Educação e todas as escolas e professores, por terem aceito o convite de participação no projeto e por terem sido peças importantes para a execução deste trabalho.



6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TABANEZ, M. F. Significado para professores de um programa de Educação Ambiental em unidade de conservação. 2000. 317 f. Dissertação (Mestrado em Metodologia de Ensino) - Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

TABANEZ, M. F. Aprendizagem profissional da docência: repercussões de um projeto de políticas públicas em educação ambiental. 2007. 299 f. Tese (Doutorado em Metodologia de Ensino) - Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

TABANEZ, M. F, et al. Formação continuada de docentes em educação ambiental nas áreas protegidas de Santa Rita do Passa Quatro, SP, brasil. In: VIII Congreso de educación ambiental para el desarrollo sostenible, 2011, Cuba, anais 2011, p. 278-297.

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APÊNDICE



QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE SANTA RITA DO PASSA QUATRO – SP



Projeto: Avaliação de Estações Interpretativas implantadas na Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro (SP) como subsídio à Educação e Alfabetização Ecológica para o Ensino Fundamental.

Escola: ___________________________________________________________________

Idade:______ Gênero: ________________

Formação: _________________________________________________________________

Tempo de Magistério: ______anos.

1) Você já conhecia a Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro (Horto Florestal):

( ) Sim ( ) Não

2) Na sua visão qual a importância da Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro:

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3) O que você mais gostou na reunião de hoje:

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4) O que você menos gostou na reunião de hoje:

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5) O que você achou do percurso da trilha

( ) Curto ( ) Longo ( ) Regular

Comentários: ______________________________________________________________

6) Os temas abordados nas estações interpretativas contribuem com o currículo da série que você leciona:

( ) Sim. Se sim, quais temas:

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( ) Não

7) A trilha foi boa porque:

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8) Poderia ser melhor:

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9) Minha contribuição é:

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Agradecemos a sua participação e colaboração!