DO LINEAR AO COMPLEXO

Marina Patrício de Arruda



Somos uma comunidade de destino! Para tanto, é preciso cuidar do outro para cuidar de si/cuidando de si para cuidar do outro.

“A tomada de consciência da comunidade de destino terrestre deve ser o acontecimento chave do novo milênio: somos solidários desse planeta, nossa vida está ligada à sua vida. Devemos arrumá-lo ou morrer. Assumir a cidadania terrestre é assumir nossa comunidade de destino.” 1

Edgar Morin celebra 100 anos de vida! O pensador da complexidade chama nossa atenção para o pensamento reducionista e cartesiano no qual baseamos nossas ações. Como uma atividade tributo às ideias de Edgar Morin propomos uma seção para a Revista Educação Ambiental em Ação!

Do Linear ao Complexo se apresenta como espaço e pano de fundo à transição entre o paradigma cartesiano e o paradigma da complexidade, debate fundamental para aprendermos sobre o modo adequado pelo qual podemos formar as novas gerações. Para o campo da Educação, pede a reforma do pensamento rumo a uma “cabeça bem-feita” para a resolução dos problemas relacionados à vida. Assim, os ensinamentos de Edgar Morin fundamentarão reflexões sobre a complexidade da vida no século XXI.

Complexus significa o que foi tecido junto; de fato, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico), e há um tecido interdependente, interativo e interconectado entre o objeto de conhecimento e seu contexto. Morin, sinaliza que “Um pensamento que se move nos detalhes e na análise, sem conseguir integrar o que foi previamente desmembrado, não é suficiente para identificar e trabalhar desafios globais (MORIN, 2016, p. 65 e 66)”. Para ele a capacidade de contextualizar tende a produzir a emergência de um pensamento “ecologizante”, situando todo acontecimento, informação ou conhecimento em relação à inseparabilidade com seu meio ambiente – cultural, social, econômico, político e, é claro, natural.

Para seguir os ensinamentos de Morin não se pode perder de vista a interdependência das coisas e a crítica aos conhecimentos fracionados, pois pode estar aí o entrave para a nossa a incapacidade em lidar com a complexidade do mundo atual. Para compreender que situações e fatos se dão em relação é preciso estar apto a reconhecer o “tecido junto” assumindo um pensamento que religa saberes, o que ele chama de cabeça bem-feita (2015), por permitir o uso completo da inteligência. Assim, é possível compreender que a nossa lucidez depende da complexidade e da forma de organização de nossas ideias.

Convido-os a colocar em prática o pensamento: “o real é complexo e nossa mente deve se tornar!”



Profa. Marina







MORIN, E.A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015.

_________.A ViaPara o Futuro da Humanidade; edição: Instituto Piaget, 2016 .



1MORIN, Edgar e Anne-Brigitte Kern. Terra-Pátria. Traduzido do francês por Paulo Azevedo Neves da Silva, Porto Alegre, Sulina 2003., p.178.