A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA (PARFOR) EM PORTO WALTER, ACRE – BRASIL

Rafaela Estefani de Oliveira Pinho

1 Graduada em Ciências Biológicas e aluna de Mestrado em Ciências Ambientais, Universidade Federal do Acre – Campus Floresta

Email: rafabioanimal@gmail.com



Resumo: Esse trabalho teve como objetivo discutir a educação ambiental como uma ciência necessária para a formação de professores da educação básica que lecionam nas escolas rurais. Para muitos desses professores, a educação ambiental ainda é uma ciência inexistente ou pouco explorada, onde muitos relatam nunca ter ouvido falar sobre, ou já ouviram, mas que não sabem o que significa, quais seus objetivos e necessidades de serem abordado nas salas de aula. É importante que esses professores compreendam a educação ambiental como uma discussão necessária e relevante no atual momento em que temas como a destruição do meio ambiente são tão debatidos, e que assim podem contribuir para formação de uma sociedade mais sustentável e cuidadosa com o meio em que vive. O presente estudo se desenvolveu com a turma do 5° período de pedagogia pelo Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), com 39 alunos, no munícipio de Porto Walter- Acre, Brasil.

Abstract: This work aimed to discuss environmental education as a necessary science for the formation of basic education teachers who teach in rural schools. For many of these teachers, environmental education is still a non-existent or little explored science, where many report that they have never heard about or have heard, but do not know what it means, what their goals and needs to be addressed in the classroom. It is important that these teachers understand environmental education as a necessary and relevant discussion at the moment when topics such as the destruction of the environment are so debated, and that they can thus contribute to the formation of a more sustainable and careful society with the environment in which they live. lives. This study was developed with the 5th pedagogy class by the National Basic Education Teacher Training Program (Parfor), with approximately 50 students, in the municipality of Porto Walter-Acre, Brazil.



Introdução

A educação ambiental é um processo que consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posição consciente e participativa a respeito das questões relacionadas com a conservação e adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida (DIAS, 2004).

Além de estimular a conscientização dos indivíduos acerca dos problemas ambientais, a educação ambiental também estimula o indivíduo a desenvolver um caráter mais complexo e realista, considerando o ambiente em sua totalidade, conduzindo esses indivíduos à percepção de que os problemas ambientais não podem e não devem ser tratados com neutralidade, mas precisam ser resolvidos com a mudança da relação entre a sociedade com a natureza (FERREIRA et al. 2019).

A educação ambiental é portanto, uma ferramenta importante para alterar um quadro crítico, perturbador e desordenado, recheado de crescente degradação socioambiental (MORALES, 2008). Já para Machado (2012), a temática que envolve questões sobre o meio ambiente é obrigatória, pois compromete a nossa e as futuras gerações, assim como a qualidade de vida de todos que habitam um determinado local.

Visto a abundância de problemas ambientais que são vivenciados constantemente, é de suma importância propor discussões sobre essa problemática, e os professores são o público essencial para essas discussões, pois estes podem compartilhar dos saberes adquiridos com os alunos e assim tornar cada vez mais relevante as necessidades de mudanças de atitudes em relação as ações que as pessoas estão habitualmente aptas a fazer. Sobre isso, Silva et al. (2019), relatam que:

As escolas são espaços privilegiados para a implementação de atividades que propiciem reflexões e que despertem nos alunos a autoconfiança e a responsabilidade para com a proteção ambiental. Isso se dá, quando a escola é capaz de aprofundar conhecimentos sobre a relação entre o ser humano e a natureza usando ações de preservação, conservação e administração de seus recursos.

Desse modo, foi proporcionado aos alunos do 5º período da turma de pedagogia no município de Porto Walter/Acre que estudam pelo PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica), uma discussão sobre os problemas ambientais atuais e aqueles que mais se aproximam da realidade das comunidades onde lecionam. Esses alunos, lecionam ou já lecionaram na rede de ensino, sendo na maioria, professores da área rural.

Metodologia

Inicialmente foi perguntado aos professores quais os conhecimentos prévios relacionados a Educação Ambiental e a partir dos conhecimentos existentes, uma discussão sobre essa ciência e a sua importância na formação dos alunos e professores. E logo após as discussões, os alunos foram divididos em grupos e sorteados temas sobre impactos ambientais atuais e que fizessem parte da realidade de cada um. Com os temas sorteados, cada grupo elaborou uma apresentação de 20 minutos expondo conhecimentos sobre o tema e como este estaria inserido na realidade e a importância de discussões sobre com os alunos, para eventuais melhorias nas comunidades em que esses professores lecionam.

Resultados

Os grupos apresentaram temas de discussões atuais como desmatamento, poluição ambiental, reciclagem, horta escolar e reflorestamento. Todas as temáticas expostas seguiram um padrão de apresentação, sendo apresentado primeiramente o tema, seguido por suas causas e consequências e por último, o que se esperava na mudança de atitudes dos envolvidos e a apresentação de ideias para o melhoramento da condição ambiental em que residem os alunos. A seguir, segue detalhado as apresentações de cada grupo.

1º Grupo: Reciclagem

Objetivo: Diminuir o lixo da comunidade transformando- o em material reciclado.

Causas: Uso exacerbado de produtos comercializados e a falta de coleta de lixo adequada.

Consequências: Poluição visual e do ar, doenças, mau-cheiro.

Mudanças esperadas: A mudança de hábito nas pessoas que foram acostumadas a descartar o lixo em locais inadequados, o consumo consciente dos produtos industrializados e o incentivo à reciclagem entre a família e a comunidade em geral.

Figura 1. Reciclagem feita com embalagens

2º Grupo: Poluição dos rios e igarapés

Objetivo: Sensibilizar os moradores quanto as consequências causadas pelo descarte indevido de embalagens nos rios.

Causas: Descarte de embalagens duradouras nos rios e igarapés.

Consequências: Poluição das águas, doenças, morte e contaminação dos peixes.

Mudanças esperadas: Espera-se que as pessoas tenham a consciência de que com o descarte inadequado de resíduos no rio e igarapés, haverá a morte e contaminação dos peixes, fator esse prejudicial aos próprios moradores.

Figura 2. Maquete demonstrativa da poluição dos rios

3º Grupo: Desmatamento

Objetivo: Conscientização dos moradores quanto a importância das árvores no meio ambiente.

Causas: construção de roçados, criação de gado, extrativismo.

Consequências: poluição do ar, aquecimento global, dispersão dos animais cinegéticos.

Mudanças esperadas: Espera-se que as pessoas desmatem apenas o necessário e diminuam os espaços de área aberta nas florestas.

Figura 3. Maquete representativa do desmatamento e do reflorestamento.

4º Grupo: Horta escolar

Objetivo: Contribuir para uma alimentação mais saudável e incentivar a reciclagem por meio do plantio de hortaliças

Causas: Necessidade de uma alimentação rica em nutrientes, descarte do lixo orgânico e inorgânico na escola.

Consequências: Variedade alimentícia e complementação nas refeições da escola, metodologias concretas no ensino das disciplinas necessárias

Mudanças esperadas: Implantação da proposta nas famílias para que haja uma alimentação mais adequada e rica em nutrientes.

Figura 4. Horta escolar.

5º Grupo: Reflorestamento

Objetivo: Propor métodos de recuperação de áreas degradadas

Causas: Desmatamento para produção agrícola e pecuária

Consequências: Poluição do ar, assoreamento dos rios e igarapés

Mudanças esperadas: Ações de manejo sustentado da flora

Figura 5. Mudas de plantas para reflorestamento.

Discussões

Com base nas ações realizadas, foi possível perceber que a Educação Ambiental exerce um papel importante na formação dos professores da rede básica de ensino, tornando-os educadores mais conscientes em relação a necessidade de formar um aluno com consciência ecológica e de sustentabilidade para com os recursos naturais. As discussões favoreceram um ambiente de multiplicação e compartilhamento de saberes extremamente necessários para a formação desses professores. Cada grupo, ao discutir o tema sorteado, apresentou de forma didática e exposta, a importância de envolver a educação ambiental em todas as esferas do ensino educacional.

Com isso, conclui – se que os professores são os agentes multiplicadores mais próximos dos alunos e que ao conhecerem a realidade destes, e identificando os problemas ambientais existentes nas comunidades, podem elaborar projetos e propor discussões a fim de melhorar a qualidade de vida de modo que todos possam compreender a importância do uso racional dos recursos naturais. Mas para que o professor consiga elaborar uma boa estratégia de educação ambiental para resolução de uma situação – problema, é preciso que na sua formação acadêmica, este tenha uma base de saberes relacionados a educação ambiental.

Bibliografia

DIAS, G. F. Educação ambiental: Princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2004.

FERREIRA, L. C. da.; MARTINS, L. C. G. F.; PEREIRA, S. C. M.; RAGGI, D. G.; SILVA, J.G.F. Educação Ambiental e sustentabilidade na prática escolar. REVBEA, v. 14, n 2, p. 201-214, 2019.

MORALES, A, G, M. Processo de institucionalização da educação ambiental. In: Cadernos Temáticos da Diversidade. Curitiba-PR.2008.

MACHADO, A. de Q. Licenciamento Ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Constituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.

SILVA, A. S. F. Animais silvestres utilizados como recurso alimentar na zona rural do município de Ipixuna do Pará, mesorregião do nordeste paraense. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Zootecnia) - Universidade Federal Rural da Amazônia. 2019. 48p.