USO DE ENERGIA SOLAR GARANTE ECONOMIA E CONSCIÊNCIA AMBIENTAL NAS ESCOLAS
Três iniciativas foram consolidadas, atendendo sete unidades escolares e beneficiando mais de cinco mil alunos e servidores
Redação Jornal de Brasília
16/03/2024 10h38
Foto: Anderson Parreira/ Agência Brasília
Sustentabilidade e economia para os cofres públicos. Esses são os objetivos dos projetos de energia fotovoltaica implantados em escolas da rede pública do Distrito Federal por meio de convênios. Até agora, três iniciativas foram consolidadas, atendendo sete unidades escolares e beneficiando mais de cinco mil alunos e servidores. Outras duas estão em processo de execução para implantação da tecnologia renovável.
A intenção do governo é atingir o máximo de unidades escolas nos próximos anos. Se o projeto chegar a 150 unidades, será capaz de abastecer toda a rede com energia solar. “Se pegarmos o montante de 800 unidades, já passa a ser um projeto muito significativo, porque seria o suficiente para atender a todos com distribuição de energia solar”, afirma o diretor de serviços administrativos da Secretaria de Educação (SEE-DF), Firmino Queiroz. A estimativa de custo total é de R$ 80 milhões.
A mudança significaria mais recursos no Fundo de Educação. Hoje, a pasta gasta, em média, de R$ 23 milhões a R$ 27 milhões em contas de luz. “Quando esse recurso é economizado, ele fica nas contas do GDF e pode ser usado em outras destinações de educação, como produção de material gráfico, infraestrutura e até para investir no próprio Pdaf [Programa de Descentralização Administrativa e Financeira]”, afirma Queiroz.
“Esses projetos vão muito além da economia que proporcionam para as escolas e para a rede pública de ensino do Distrito Federal. Com eles, os alunos têm contato direto com um dispositivo que traz uma consciência de preservação do meio ambiente e de inovação, e mudança de pensamento”, defende a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá.
Política sustentável
Duas escolas do Gama foram as pioneiras no uso de energia solar no DF: o Centro de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional (Cemi) e o Centro de Educação Fundamental (CEF) 11. Ambas implantaram os sistemas em 2022 e já colhem os frutos do projeto. “As escolas têm um aproveitamento de quase 100% na conta de luz. Hoje elas pagam apenas uma taxa mínima, que é fixa no valor de R$ 80. Sem falar que elas produzem energia para além do que necessitam em cada unidade”, revela a coordenadora regional de ensino do Gama, Cássia Nunes.
Com recursos de emenda parlamentar no valor de R$ 200 mil, o CEF 11 do Gama recebeu a instalação de 80 placas fotovoltaicas no telhado da quadra poliesportiva, que estão em funcionamento desde janeiro de 2022. “Essa energia é a base da escola. Alimenta as salas de aula, o laboratório, a parte administrativa e a cozinha”, afirma a diretora Leila Rodrigues. Segundo ela, a unidade já chegou a pagar até R$ 5 mil de conta de luz.
Foto: Tony Oliveira/ Agência Brasília
Além de beneficiar os 780 alunos e os 200 servidores, a energia solar na unidade também abastece outra instituição, a Escola Classe 9 do Gama, onde estudam 563 alunos no ensino infantil. A previsão é de que mais duas escolas possam ser abastecidas. Segundo a Secretaria de Educação já está definido que a Escola Classe 17 será a próxima. “Algumas instituições de ensino nos procuraram para saber sobre o projeto. Acreditamos que esse é o caminho – numa sociedade tudo começa na escola, porque o aluno vira um dinamizador das ideias”, completa a diretora.
O projeto nasceu dentro da sala de aula, a partir da união do corpo docente e dos estudantes. “O antigo diretor tinha o sonho de fazer essa escola sustentável. Então começamos dentro da sala de aula a questionar os alunos sobre energia solar. Eles abraçaram a ideia e participaram do projeto, tanto que já temos muitos outros projetos em vista para esse ano”, comenta a professora de ciências Michelle Rocha. E o tema da energia renovável segue sendo pauta das aulas.
Em seu segundo ano na escola, o estudante Isaque Maciel, 13, se diz empolgado com a estrutura física e pedagógica sustentável da instituição. “Acho algo incrível, porque podemos usar uma energia renovável e reutilizável que outras escolas não têm. Se as crianças são o futuro da nação, ao sabermos de informações como essa, vamos ter educação suficiente para futuramente resolvermos situações que aconteçam”, define.
Onze meses após o CEF 11 do Gama entrar no cenário da energia renovável, o Cemi do Gama também passou a utilizar as 80 placas fotovoltaicas em um dos blocos da escola, instaladas com investimentos de R$ 150 mil de emenda parlamentar, destinados à Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF).
“Temos vários projetos de iniciação científica na escola. O trabalho para a conscientização é constante e fomos um dos pioneiros na energia solar”, afirma o diretor do Cemi, Lafaiete Formiga. Ele lembra que a energia da escola custava em média R$ 7 mil. “Tivemos uma economia gigantesca. As placas abastecem toda a estrutura, que tem 12 salas de aula, quatro laboratórios de informática, laboratório de ciências e laboratório multimídia”, explica. O projeto beneficia os 550 alunos atendidos pela escola técnica.
Ampliação do sistema
Há duas semanas, a Escola Classe 510 do Recanto das Emas passou a contar com energia solar. Na instituição, foram instaladas 90 placas fotovoltaicas com recursos de emenda parlamentar na ordem de R$ 200 mil. A capacidade de gerar energia é tão grande que o resultado é distribuído para mais outras três unidades: Escola Classe 115, Centro de Educação Infantil 310 e CEF 306. Ao todo, são quase três mil alunos e servidores beneficiados com a tecnologia.
“Nós já ansiávamos por desenvolver um projeto nessa área de sustentabilidade porque temos o circuito de ciências, que trata dessa questão. Várias escolas nos trouxeram o tema da energia limpa, então buscamos apoio para que pudéssemos colocar em prática”, recorda a coordenadora regional de ensino do Recanto das Emas, Mariana Ayres.
As tratativas começaram no ano passado. Nesse período, a escola passou a debater o tema com os alunos. “Não fazia sentido ter tudo isso e os alunos não entenderem. Os professores trataram do assunto para que os estudantes pudessem se apropriar disso”, comenta a diretora Patrícia Henriques. A expectativa da escola é economizar R$ 70 mil por ano.
Outras duas escolas da rede pública estão com os projetos de energia solar em tramitação. São elas: o Centro de Ensino Médio 404 de Santa Maria e o Centro de Ensino Médio 1 de Brasília, esse último em uma parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) chamada Escolas Inovadoras.
Com informações de Adriana Izel, da Agência Brasília