UM IMPERATIVO CHAMADO IMPACTO SOCIAL
Por Renata Câmara
Por muito tempo, empresas de todos os portes trataram - e muitas ainda tratam - as questões sociais dissociadas do seu modelo de negócio. Empresas existem para gerar lucro: essa é a premissa básica e predominante desde que o mundo dos negócios surgiu. Mas a reconciliação entre o econômico e o social já é uma realidade inegável e isso vai muito além de campanhas de responsabilidade social.
Quando o termo sustentabilidade começou a circular de forma mais ampla na sociedade, o viés ambiental se destacou como ponto de maior atenção, devido aos impactos que o volume de lixo industrial e doméstico causam no meio ambiente, a poluição continuada de rios e mares, o uso indiscriminado de sacolas e utensílios plásticos, só para citar alguns exemplos.
Mas sustentabilidade é um conceito muito mais amplo, ancorado num tripé que integra o pilar ambiental, o social e o econômico. Governos e empresas foram se apropriando deste conceito em sua totalidade de forma muito lenta, mas agora parece que todos decidiram colocar o pé no acelerador e fazer a sua parte. Seja por força dos extremos climáticos, dos índices gritantes de pobreza e vulnerabilidade social, dos impactos desastrosos no meio ambiente ou por todos estes fatores juntos.
Os negócios de impacto social surgem para conciliar resultados financeiros com impactos positivos socioambientais e muitos modelos de negócios deste tipo estão atraindo novos empreendedores que são impulsionados por propósitos mais nobres que os motivem a investir e perseguir lucratividade em suas empresas.
Uma das molas propulsoras de novos negócios de impacto social tem sido as favelas. Num país como o Brasil, com uma população de cerca de 210 milhões de habitantes, cerca de 13 milhões moram em favelas, sendo 45% delas compostas por jovens entre 16 e 34 anos e com quase 50% destas famílias chefiadas por mulheres.
A força destas comunidades e do seu potencial de consumo é tão relevante que foi criada a organização sem fins lucrativos G10, um bloco de líderes e empreendedores de impacto social das favelas, assim os países ricos (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) fundaram o G-7.
A
ideia do G-10, é inspirar o Brasil inteiro a olhar para a
favela, tornando as comunidades grandes polos de negócios,
atrativo para investimentos, de forma a “transformar a exclusão
em startups e Empreendimentos de Impacto Social”. Um ponto
importante para os organizadores da iniciativa é deixar claro
que o objetivo não é arrecadar doações ou
patrocínio, mas investimentos que gerem tanto retorno ao
investidor quanto o desenvolvimento econômico das
comunidades.
Seja nascendo de dentro das favelas ou fora
delas, os negócios de impacto social serão a cara de
uma nova era do capitalismo, onde ganhar dinheiro e mudar o mundo de
alguma maneira para melhor serão objetivos
comuns.
*Pós-graduanda em
Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular (PUC-RS)
-Os
artigos publicados nesta seção não refletem
necessariamente a opinião do jornal. Os textos para este
espaço devem ser enviados para o
e-mail cartas@folhape.com.br e passam por uma curadoria
para possível publicação.
Fonte: https://www.folhape.com.br/noticias/opiniao/um-imperativo-chamado-impacto-social/323710/