ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA’ REFORÇA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ALIMENTAR

Projeto Fazendinha Feliz, do Cati, existe desde 2011 e conta com diversas atividades, como plantio de hortaliças com crianças, preparação de receitas saudáveis e trabalho com plantas medicinais

Luiz Felipe Leite/luiz.leite@rac.com.br

Crianças participam de atividades de preparo de terra e plantio ao lado de educadores; em junho deste ano, o projeto foi oficializado como Centro de Educação Ambiental (CEA) de Campinas, em uma parceria com a Prefeitura (Rodrigo Zanotto)

Criado em 2011 com a proposta de transmitir a educação ambiental e alimentar por meio da “Alfabetização Ecológica”, o Projeto Fazendinha Feliz recebe em média 1,8 mil pessoas por ano, entre crianças e adultos, todas interessadas em conhecer o espaço na sede da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), no Jardim Chapadão em Campinas. Mais recentemente, em junho deste ano, o programa foi oficializado como Centro de Educação Ambiental (CEA) da cidade de Campinas, por meio de uma parceria com a Prefeitura.

Com o passar dos anos, outras atividades foram incorporadas ao projeto para diferentes faixas etárias, incluindo estudantes das redes municipal e estadual de ensino de Campinas, grupos do CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), de comunidades, universidades e outros. 

Entre as atividades desenvolvidas no local atualmente estão o preparo da terra e plantio de hortaliças com as crianças e educadores, preparo de receitas saudáveis, oficinas de identificação e preparo com plantas medicinais, recreação educativa com crianças, oficina sobre criação de abelhas nativas sem ferrão, visitas às abelhas nativas sem ferrão – com direito à retirada e degustação de mel das próprias colônias –, pinturas com tintas feitas de terra, oficina de lanches saudáveis e realização da Feira Agroecológica, Educativa e Solidária.

O espaço inicialmente ocupado pelo projeto era de aproximadamente 800 metros quadrados, constituído por construções em alvenaria e áreas abertas. Atualmente conta-se com uma área total de 1,5 mil metros quadrados, incluindo se o Parque das Abelhas, criado em 2018, uma extensão do Projeto Fazendinha Feliz, com os custos de manutenção sendo pagos pela Cati, além do apoio de profissionais voluntários. Já as alimentações, são compartilhadas entre os participantes das oficinas – cada um(a) traz um prato de algo saudável para condividir com os demais participantes. Quando ocorrem excursões de crianças e jovens da rede municipal de ensino, a Prefeitura Municipal fornece os lanches. 

O programa dispõe no total de um espaço aberto, que compõe a área de cultivo, além do Parque das Abelhas e o meliponário, uma cozinha aberta, inserida em uma ampla sala de convívio para 30 pessoas. Além de outra sala de apoio, onde fica a biblioteca, existe uma coleção de artesanato indígena, uma sala de ferramentas, banheiros e ainda um museu de Extensão Rural da Cati, que pode ser visitado também pelos interessados.

O Programa Fazendinha Feliz tem a supervisão do engenheiro agrônomo Osmar Mosca Diz, do Departamento de Extensão Rural da Cati, autor da iniciativa com a parceria da então nutricionista, Denise Baldan. O coordenador da Cati, na época de sua fundação, era o engenheiro agrônomo José Luis Fontes, que aprovou o projeto e autorizou o seu funcionamento. 

Segundo Osmar Mosca Diz, o processo pedagógico é circular, ou seja, todos podem e são convidados a contribuir com o que sabem para fortalecer e dinamizar os círculos de aprendizagem. Todas as atividades até hoje desenvolvidas no espaço educativo da Fazendinha são baseadas nos princípios da “Alfabetização Ecológica”, desenvolvidos por Fritjof Capra, físico teórico e escritor que promove a educação ecológica. “Compreender a relação direta entre os sistemas de produção de alimentos e a saúde humana, assim como a valorização da atividade agrícola, são temas abordados de maneira transversal em todas as atividades educativas promovidas pelo projeto Fazendinha Feliz, cujas orientações se baseiam estritamente no sistema orgânico de produção e na Agroecologia”, explicou. 

Ainda de acordo com o supervisor, o desenvolvimento dos ensinamentos são feitos por meio da oralidade, que se desenvolve junto ao objeto de estudo em atividades preferencialmente ao ar livre. “Aqui são desenvolvidas as orientações e ensinamentos que irão compor o cabedal de conceitos e princípios fundamentais daquilo que se deseja transmitir na relação com todos os visitantes”, explicou. 

INÍCIO 

Em 2011, os filhos dos funcionários da Cati e da Defesa Agropecuária podiam ficar no então Centro de Convivência Infantil (CCI) durante o horário de expediente de trabalho de seus pais. Porém, o espaço não dispunha de atividades educativas envolvendo a terra e o aprendizado das crianças na horta, ressentindo-se, inclusive, pela falta de ensinamentos básicos sobre educação ambiental e alimentar para elas, cuja faixa etária era de 0 a 6 anos. A partir daí surgiu a ideia de se criar o Projeto Fazendinha Feliz. 

Em 2011 houve o início do apoio às escolas parceiras e demais entidades, na forma de orientações, palestras e atividades com crianças e educadores, uma maneira de reforçar a importância das hortas nas escolas. No ano seguinte, começaram as visitas de estudantes e educadores na Fazendinha Feliz, além da implantação do Jardim das Plantas Alimentícias Não Convencionais (Jardim das PANC – Jardim das Plantas Comestíveis Dra. Zilda Arns). Em 2014, foi criado o Grupo de Estudos “Escola na Horta”, uma rede de apoio constituída por diversos profissionais ligados às áreas da agricultura, saúde e educação. Nos anos seguintes foram implantados o Meliponário Didático, o Parque das Abelhas, a Feira Agroecológica, Educativa e Solidária e, em junho de 2024, aconteceu a oficialização do Projeto Fazendinha Feliz como Centro de Educação Ambiental (CEA) da cidade de Campinas, por meio de uma parceria com a Prefeitura. 

Não há limite mínimo de interessados em visitar o projeto. A partir do interesse de uma só pessoa, já é possível realizar uma visita para explicações e troca de ideias. O número máximo de visitantes, no entanto, não deve passar de 30 pessoas por período, pois é o máximo de assentos oferecidos ao redor da mesa e na sala principal de convívio. Já para as atividades práticas com as crianças na horta, a sugestão é que o grupo não extrapole 15 pessoas. 

RELATOS

A professora Egmar Almeida levou os alunos da Escola Municipal Professor Zeferino Vaz à Fazendinha Feliz no último dia 28 de junho. Foram estudantes dos primeiros, segundos e terceiros anos do Ensino Fundamental, com o objetivo de vivenciar experiências fora das salas de aula. De acordo com ela, foi uma atividade fundamental para o desenvolvimento das crianças. “Os meninos e meninas tiveram a chance de conhecer uma horta localizada fora do ambiente escolar. Eles voltaram de lá com novas ideias de implementar novidades na horta que temos na nossa escola, como uma composteira, além do plantio de ervas medicinais para a produção de vários tipos de chá”, contou. 

O agrônomo Antônio Carlos Correa Cândido, voluntário da Pastoral da Criança da Arquidiocese de Campinas, também é capacitador de famílias para a criação de hortas caseiras em toda a região. Ele destacou a importância do Projeto Fazendinha Feliz e a troca de informações do Grupo de Estudos “Escola na Horta”. “Estamos no dia a dia das comunidades visitando as crianças, conversando com os pais e avós e falando da importância das hortas caseiras. E a troca de conhecimentos entre os participantes do grupo de estudos é fundamental para podermos transmitir o máximo de informações.”

Por fim, Osmar Mosca Diz destacou a atuação de todos os voluntários do programa, apoiadores e servidores públicos envolvidos. “Nós somos funcionários públicos e a nossa vocação é servir com alegria”, encerrou o supervisor do Projeto Fazendinha Feliz. 

Todas as atividades devem ser agendadas diretamente com Osmar Mosca Diz, com a possibilidade de realizá-las de segunda a sexta-feira, das 08h às 17h. Por ser um órgão público do Estado, o projeto não abre aos finais de semana e feriados. É possível fazer contato com ele por meio dos telefones 19 3743-3727/3743-3700, e do email osmar.diz@sp.gov.br.

Fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/alfabetizac-o-ecologica-reforca-educac-o-ambiental-e-alimentar-1.1534800