UESB VAI ALÉM DOS SEUS MUROS E REALIZA AÇÕES NA COMUNIDADE
Por Joabson Silva
Mais de 160 mil pessoas ao ano são contempladas com as ações de extensão da Uesb
Reconhecida por causar um impacto na sociedade, a extensão da Uesb vai além dos limites geográficos das cidades onde a Instituição possui campus. Com a participação de estudantes, professores, pesquisadores e membros da comunidade, essas ações são voltadas para a aplicação dos conhecimentos produzidos na Universidade, estimulando o desenvolvimento social.
Exemplo disso é o projeto “Saúde em Bom Jesus da Serra”, vinculado ao Programa de Educação Tutorial Institucional (Peti) em Fisioterapia do Trabalho da Uesb. Desde 2018, a iniciativa desenvolve quatro projetos de extensão e dois projetos de pesquisa junto a esta comunidade, que envolvem diversas ações direcionadas a ex-trabalhadores da mina de amianto e suas famílias.
Sabe-se que parte dessa população atuou na mina São Félix do Amianto, que foi explorada entre as décadas de 1930 e 1960, o que resultou um grande número de pessoas com doenças relacionadas ao mineral. O município tem cerca de 10 mil habitantes e, de acordo com estimativas, 80% da população teve ou tem contato direto ou indireto com o amianto. Mesmo após o fim da exploração da mina, muitas pessoas ainda apresentam problemas de saúde, em sua maioria, graves. Doenças lentas, incuráveis e que trazem impacto negativo na qualidade de vida desses moradores.
Não somente ex-trabalhadores foram contaminados, mas também seus familiares e a população do entorno. Essas pessoas estão sujeitas à exposição ambiental, já que a mina encontra-se, até o momento, exposta a todo tipo de intempérie, e à exposição domiciliar.
Idalicio Batista tem 77 anos e é um dos moradores do município de Bom Jesus da Serra que descobriu a contaminação pelo mineral. “Passei por uma avaliação da equipe. Logo após, fui levado até o hospital para fazer um eletrocardiograma e outros testes necessários. Foi descoberto a contaminação por amianto e a existência de uma placa pleural”, relata.
Professores e alunos da Uesb realizam ação de extensão em Bom Jesus da Serra
De acordo com a coordenadora do projeto, a professora Leila Graziele de Almeida, a iniciativa dialoga com um acontecimento histórico que deixou marcas profundas não apenas na comunidade local, mas em todo o seu entorno. “Esse projeto se articula às lideranças nacionais e internacionais da luta para o banimento do amianto no mundo, o que é de grande relevância para os docentes e pesquisadores, para os alunos, para a nossa Instituição e para a comunidade que carece de visibilidade e de ações de monitoramento de seu processo saúde-doença”, evidencia.
Por meio da participação dos moradores, é possível estabelecer uma relação de “troca”, já que é devolvido à comunidade todo o conhecimento ali gerados pelos profissionais e alunos da Uesb. “A visita desses profissionais é fundamental porque possibilita um bom atendimento para os moradores, além da possibilidade de melhoria da nossa sáude”, destaca Idalício.
Desde o início, o projeto já alcançou cerca de 40 estudantes, mais de 200 pessoas na comunidade e conta com a orientação dos professores Cleber de Jesus, Karla Pithon e Thaís Brito. “Nossa meta é dar continuidade aos projetos iniciados para alcançar toda a população exposta e contribuir, com o que nos é possível, com a experiência de vida dessas pessoas”, completa Leila.
Uesb e Parque da Matinha desenvolvem uma série de ações para a comunidade
Educação Ambiental – Trazendo uma expansão do universo “uesbiano”, os projetos da Instituição têm contribuído com diversos segmentos sociais, proporcionando mais interação entre o conhecimento acadêmico e o saber popular. É o caso da parceria entre a Uesb e o Parque da Matinha, com uma série de atividades de extensão e pesquisa em torno da Educação Ambiental.
Buscando aproximar a população de Itapetinga e região dos ecossistemas mais complexos que existem, que são as florestas tropicais, surge o projeto “Trilhando a flora do Parque da da Matinha”. No local, é possível ter contato com inúmeros tipos de seres vivos, como bactérias, fungos, peixes às margens da mata ciliar e árvores com dezenas de metros de altura.
Ao
chegar no Parque, os visitantes recebem um folder explicativo com
alguns enigmas relacionados à vegetação que
estão ao longo das trilhas. Com um guia, é possível
conhecer mais sobre a biodiversidade local, contando, ainda, com
apoio da tecnologia. “Toda semana temos
uma grande
quantidade de pessoas circulando nesta área e interagindo com
as placas de identificação das árvores, que
agora têm QR codes com muito mais informações da
nossa diversidade de plantas”, conta Fábio Viana,
secretário de Meio Ambiente de Itapetinga.
“Ao passar pelas trilhas, os visitantes que nunca se interessaram por florestas têm uma melhor noção desta comunidade vegetal, vejam ela sob um outro olhar e, na melhor das circunstâncias, comecem a se sentir parte dela”, explica o professor Leonard Krause, coordenador do projeto.
Educação, tecnologia e natureza integram uma das iniciativas de extensão da Uesb
A Uesb e o Parque da Matinha estabelecem uma parceria multifacetada, que abrange diversas áreas de atuação. Além dessa iniciativa, a Universidade tem realizado, nos últimos anos, diversas ações educativas no Parque, como, por exemplo, os projetos de extensão “Trilhas Ecológicas no Parque Municipal da Matinha: leitura, arte e preservação ambiental” e “Blitz noturna na Mata: quem está acordado enquanto estamos dormindo?”.
Essa colaboração pode ser observada, também, na capacitação de futuros profissionais, através da realização de trabalhos de conclusão de curso, no estímulo à pesquisa científica, na oferta de estágios e de atividades de ensino com os alunos da Instituição.
Para que essas ações aconteçam, foi necessário um processo de revitalização para melhor atender a comunidade. “O espaço vem sendo, constantemente, revitalizado, com a remoção de espécies de plantas invasoras e o plantio de árvores de grande porte. O alcance de uma maior cobertura vegetal propicia mais sombra e umidade, retroalimentando a própria dinâmica da floresta. Existem muitas sementes a germinar e plantas juvenis a se desenvolver, só aguardando as condições ideias”, afirma o secretário.
Dos cuidados de saúde à atenção com o meio ambiente. É assim que a extensão permite expandir os limites da Universidade e, consequentemente, o conhecimento. A preocupação em compartilhar saberes acadêmicos com a sociedade é fundamental para a formação do pensamento crítico e de relações mais saudáveis e produtivas.
Fonte: https://www.uesb.br/noticias/uesb-vai-alem-dos-seus-muros-e-realiza-acoes-na-comunidade/