ENTRE DIMENSÕES
(Cláudio Loes)


A cidade era, aparentemente, normal, e eu morava em uma casa comum. Havia um casal conhecido, com uma filha, que eram meus vizinhos.
Havia avisos espalhados por todos os lados para evacuar a região, pois algo iria acabar com toda a humanidade, caso não fosse destruído. A destruição ocorreria com o uso de uma bomba atômica.
Olhei para os vizinhos, sentamo-nos perto de uma pedra e entrelaçamos nossas mãos. O olhar era do tipo: "Para onde ir?". Não sabíamos. Talvez estivéssemos infectados, ou se simplesmente estávamos apáticos porque não queríamos partir.
No momento seguinte, passou um padre, todo paramentado. Ele nos cumprimentou e disse:
— Também não vou embora.
Vimos as últimas viaturas saírem em disparada, e tudo ficou em silêncio. Permaneceram apenas algumas poucas pessoas idosas, e algumas famílias com filhos pequenos.
No alto, era possível ver um enorme avião, cujo formato se destacava, mas que não fazia nenhum barulho. Todos foram para a rua e para a praça. O prédio onde estava o mal a ser destruído, uma espécie de caixa preta, ficava na quadra seguinte.
Enquanto todos olhavam para o alto, uma pessoa veio correndo e anunciou:
— A caixa sumiu! Não está mais lá!
Todos se entreolharam, sem entender nada. Então, repentinamente, tudo se transformou. As ruas ficaram arborizadas, os canteiros floridos, os pássaros voltaram a voar e o sol brilhou novamente.
Era algo muito estranho, parecia um louco. O mal havia sido removido e tudo havia mudado? Ou será que todos fomos levados para outro lugar, outra dimensão paralela, onde nossas vidas fluíam normalmente?
E aquele "avião", o que era?
Quando acordei, não sabia nem se estava no mesmo lugar. Tudo... talvez tivesse sido um estranho sonho futurista...