LIVRO COM AUTORIA INDÍGENA SOBRE AVES DO ALTO RIO NEGRO CONQUISTA JABUTI ACADÊMICO 2025
Escrito em Baniwa, Nheengatu e português, obra editada pelo INPA alia o conhecimento tradicional dos Baniwa à pesquisa científica
Capa do livro "Espécies de Aves da Região do Rio Cubate: Terra Indígena do Alto Rio Negro"
Espécies de Aves do Rio Cubate: Terra Indígena do Alto Rio Negro venceu nesta terça-feira (05/08), em São Paulo, o Prêmio Jabuti Acadêmico 2025 no eixo Ciências Biológicas, Biodiversidade e Biotecnologia.
Publicado pela Editora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), o livro é resultado de uma parceria entre pesquisadores do instituto e autores da comunidade Baniwa da aldeia de Nazaré, e contou com a colaboração do Instituto Socioambiental (ISA) e da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) no município de São Gabriel da Cachoeira (AM).
O conteúdo reúne registros de 310 espécies de aves observadas na região do Rio Cubate, com informações detalhadas sobre nomes tradicionais, habitats, alimentação e comportamentos.
Autores indígenas receberam o reconhecimento pela obra no palco do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025, em São Paulo, Renata Alves/ISA
Escrito em Baniwa, Nheengatu e português, o livro alia o conhecimento tradicional dos Baniwa à pesquisa científica, e foi concebido desde o início como ferramenta para fortalecer o ensino nas escolas indígenas e a autonomia cultural das comunidades locais.
Para Dzoodzo Baniwa, educador, pesquisador, liderança indígena e um dos organizadores da obra, o livro atende a uma demanda da própria comunidade de Nazaré, que vislumbra o potencial do levantamento das aves para futuras iniciativas de ecoturismo.
Dzoodzo também destaca a importância do reconhecimento como um convite à comunidade científica a rever a forma histórica de produção de conhecimento, propondo a atualização de metodologias participativas e colaborativas que incluam as comunidades indígenas e/ou locais e seus saberes. “Receber o Prêmio Jabuti Acadêmico é reconhecer a importância da construção colaborativa do conhecimento científico intercultural baseado na valorização de saberes locais e conhecimentos científicos. Isso é o que o nosso livro traz”.
Gracilene Florentino Bittencourt, tradutora da obra para o Nhengatu e Dzoodzo Baniwa, um dos autores - Renata Alves/ISA
O projeto foi conduzido por meio de oficinas, expedições e deliberações comunitárias, com todas as decisões editoriais sendo aprovadas em assembleia na aldeia de Nazaré.
O livro não apenas registra a biodiversidade do Alto Rio Negro, mas também afirma a potência dos saberes indígenas como base legítima para a produção de conhecimento científico e a conservação ambiental.
A obra foi organizada por Dario Baniwa, Dzoodzo Baniwa, Damiel Legario Pedro, Estevão Fontes Olímpio, Gracilene Florentino Bittencourt, Camila Cherem Ribas, Fernando Mendonça d’Horta e Ramiro Dário Melinski.