ENTREVISTA COM ANNA FROTA, AUTORA DO LIVRO: TREUSS – A ENERGIA PRECEDE A MATÉRIA

Anna Frota mora em Santana de Parnaíba em São Paulo. Ela á jornalista, ambientalista, mãe e cidadã do mundo

ANNA FROTA – A AUTORA DE: TREUSS – A ENERGIA PRECEDE A MATÉRIA

Foto de arquivo pessoal da entrevistada

Bere Anna, é um imenso prazer tê-la como entrevistada para que você fale sobre a sua obra de ficção “TREUSS – A ENERGIA PRECEDE A MATÉRIA”, que promete muitas emoções e reflexões, então vamos lá. Gostaria que você fizesse uma breve apresentação, como você se define atualmente.

Anna – Obrigada pela oportunidade de divulgar este livro que levou 25 anos de gestação. Quando o escrevi o que antes era apenas uma história sobre meio ambiente, foi se modelando para a filosofia de vida e espiritualidade que vivi todos estes anos. A questão ambiental permeia a ética e as escolhas que fazemos. Daí vem a ideia de que a energia precede a matéria. Hoje sou mais madura com o papel que temos no mundo. Já não quero salvar nada, nem ninguém, por que tudo é processo.

Bere – Desde quando você está envolvida com as questões ambientais?

Anna – Desde que me formei em jornalismo e entrei pelas portas da SOS Mata Atlântica. Foi uma “mosquinha verde” que me pegou. Não sai mais da desta ideologia. Passei muito anos na SOS aprendendo as coisas mais técnicas, mas logo fui para a educação ambiental montando o Bioma Educação Ambiental. Levava crianças e professores a percorrer o Rio Tiete, desde sua nascente, passando pelos efluentes e esgoto da capital. Dividia sempre as turmas que faziam o passeio em cidadãos comuns, empresários e governo. Isso ajudava no final da excursão para refletir o papel de cada um na poluição do Tietê. Fazia questão de que junto a nascente houvesse uma experiência sensitiva das matas e de como tudo mudava conforme a nossa interação com o rio. Lembro que muitas pessoas que faziam o curso nunca tinham entrado numa cachoeira. A ideia de aliar prazer com o meio natural era muito importante para impactar. Ali já estava uma semente de que a energia precede a matéria.

Bere – Conta-nos uma, ou algumas das tuas experiências mais significativas ocorridas, por gentileza?

Anna – Olha, minhas experiências no ativismo ambiental, vão desde coletar pilhas para que elas não fossem parar no lixão, afetando o lençol freático, até atividades de conscientização do uso racional da água no Planeta. São campanhas que idealizei quando fundei a OSCIP Antena Verde, que tinha como missão principal conscientizar jovens, pois acreditava que somente a próxima geração mais consciente poderia realmente mudar o rumo desta nossa “única casa”. Eu inovei muito e falava de coisas que a maioria não atinava. Lancei uma campanha para a conscientização das mudanças climáticas, a campanha de assinaturas que rodou o mundo. A Campanha Ninguém é uma Ilha, que tinha a figura do Tio Sam, isolado numa ilha, por que os EUA não assinaram o protocolo de Kioto, a primeira tentativa de “colocar” ordem na casa. Agora chegamos a uma COP 30 esvaziada, só para “inglês ver” e sair bem na foto. Participei de todos estes movimentos que não deram em nada. Hoje sei que o buraco é mais embaixo e que no fundo tudo se resume em ética, e não a moral.

Bere – Tens uma bela caminhada, Anna, e tenho certeza de que cada ação sua rendeu uma semente em alguém. Embora os problemas ambientais se agigantam, tudo poderia estar bem pior se não fossem essas mobilizações tão importantes que delas nasceram muitos ativistas. Eu sou uma destas pessoas. A mudança mais significativa da minha vida aconteceu acompanhando a Eco 92, e de lá para cá não parei mais. Eu penso que o mais importante, sempre, é seguir, enquanto tivermos fôlego... Agora, qual a tua visão de mundo e qual é a leitura que fazes dos tempos atuais?

Anna – Tenho certeza de que vivemos o colapso de nossa civilização. Quando falo em colapso, quero dizer que o mundo que conhecemos não existe mais. Vivemos um momento único, crescemos numa era onde acreditávamos piamente no script que nos deram. Nascemos num mundo analógico e agora somos digitais. Hoje sei que tudo é processo e aprendi a ver o mundo numa ótica espiritual. Estamos claramente [e é cada vez mais claro], que vivemos um “reset” do sistema. Sem perceber, estamos sendo cada vez mais controlados, a beira de um sistema tecnocrata.

Bere – Qual é a relação que o teu livro tem com a tua trajetória e quando surgiu a ideia desse livro?

Anna – Este livro se iniciou em 2000, com sonhos que eu tinha que acordar às vezes no meio da noite para dar conta e escrever o que me vinha. Vieram o nascimento destas três possibilidades humanas, Tintus e Treuss, são espelhos para a Terra. A Cúpula Heghuanica esta ai sussurrando em nossos ouvidos e mentes sua ideologia destrutiva. São figuras vivas, saindo do virtual para o real.

Bere — A Cúpula Hehuânica aparece como uma força simbólica. Ela representa algo que vemos hoje?

Anna — A Cúpula Hehuânica já está entre nós, aliada aos nossos “grandes” líderes. Os Nadaverianos são parte da nossa própria psique. É no campo de batalha das decisões

íntimas que mora a chance de mudar: fazer diferente. Essa é a única força para frear a descida ladeira abaixo em que nos metemos. O mundo não acaba — mas civilizações acabam, como tantas já colapsaram. E o colapso não é o fim: pode ser trampolim para a mudança, criada de dentro para fora.

Bere — Que emoção você espera despertar em quem mergulha nesse universo?

Anna — A primeira parte, em que descrevo o colapso em Tintus, é indigesta. Talvez doa porque negamos muito da realidade. Mas esse desconforto é necessário para acessar a essência. Desejo, de coração, que as pessoas despertem para o potencial de transformação que têm. A nossa civilização está assentada na escassez e no medo — narrativas que o que chamo de “Sistema” alimenta o tempo todo. A manipulação em massa é antiga e constante. É preciso antenar-se.

Bere — Você costuma dizer que tudo se resume à ética, não à moral. Qual é a diferença, na sua visão?

Anna — A moral regula costumes; a ética revela princípios. Para mim, a ética está na raiz das soluções que precisamos, porque permeia cada decisão. Se tivermos ética nas escolhas, nossa civilização estará mais a salvo. Mas tudo é processo: não dá para abrir o casulo de uma borboleta antes da hora. Do mesmo modo, ninguém “salva” ninguém. Se cada indivíduo deste planeta agir com ética, então um mais um será sempre mais do que dois.

Bere — A literatura pode ser ferramenta de transformação ambiental e espiritual?

Anna — O livro é base e plataforma para muitas outras expressões. Tenho aprendido a trabalhar com IA para dar vida a personagens e ideias. Isso reforça outra dimensão da ética: as ferramentas estão aí; a forma como as usamos é que importa. Gosto da analogia do Quiroga: a IA como espelho da nossa psique — reflexo de um inconsciente coletivo. Se formos melhores individualmente, teremos um mundo mais saudável.

Bere — Que mensagem você gostaria de deixar para as próximas gerações?

Anna — Não penso em “deixar algo” para gerações futuras, e sim para esta — a única capaz de transformar agora. O mundo como o conhecíamos já não existe.

Bere — Como foi receber os primeiros feedbacks do livro? Alguma leitura te surpreendeu?

Anna — Tenho ouvido relatos de “espelho”: pessoas que se viram em personagens e estruturas do livro. O que mais me comove são mensagens de quem decidiu mudar hábitos — um consumo, uma relação, um trabalho — após a leitura. Quando a ficção move um gesto concreto, a obra cumpre seu papel.

Bere — Você teve apoio editorial ou publicou de forma independente?

Anna — É uma publicação sob demanda. Minha filha foi fundamental para materializar essas ideias. E, como disse, o livro é apenas uma entre várias formas de dar corpo a esse universo. No modelo sob demanda tudo fica mais sustentável.

Bere — Para fechar: algo importante que não perguntamos?

Anna — Tudo é processo. Todo rio encontra o mar — mais cedo ou mais tarde. Precisamos enxergar mais as semelhanças do que as particularidades. Somos oceano, não a “gota especial”. É ocupar o nosso lugar sem ocupar o lugar do outro. Há abundância de recursos — para todos, incluindo todas as espécies. Viva a simplicidade voluntária.

Bere — Como adquirir a obra?

Anna — O livro é sob demanda e também está disponível para download gratuito, para que o despertar seja acessível a todos. Acesse: treuss.com.

Bere – Anna, em nome de toda equipe da revista, te agradeço pela disponibilidade de compartilhar detalhes da tua vida, sobre o conteúdo da obra e sobre como foi o processo de elaboração do livro Treuss, que sem dúvida promoverá muitas transformações, muito obrigada e votos de sucesso!