DEFENSORA DO CLIMA, GAÚCHA RENATA PADILHA VENCE PRÊMIO CHICO VIVE REPRESENTANDO O BIOMA PAMPA
Integrante do Eco Pelo Clima, jovem da Restinga é premiada nacionalmente por sua luta pela justiça climática no RS
Porto Alegre (RS)
Em 2019, após participar de uma Assembleia da Juventude da ONU, Renata Padilha decidiu organizar jovens gaúchos em torno da pauta ambiental| Crédito: Foto: Arquivo pessoal
A jovem gaúcha Renata Padilha, integrante do movimento Eco Pelo Clima, foi reconhecida com o Prêmio Chico Vive representando o bioma Pampa, anunciado na noite desta quinta-feira (23), durante cerimônia realizada no Teatro Cultura Artística, em São Paulo.
Com o objetivo de dar visibilidade a trajetórias que conciliam engajamento comunitário, político e ambiental, a premiação, em sua primeira edição, contemplou seis jovens lideranças socioambientais — uma de cada bioma brasileiro — que têm se destacado por ações de mobilização, incidência política e inovação na defesa da natureza e dos direitos humanos.
A premiação leva o nome de Chico Mendes, seringueiro assassinado em 1988 por enfrentar interesses econômicos na Amazônia, cuja luta se tornou símbolo da defesa da floresta e dos povos tradicionais – Foto: Arquivo pessoal / Renata Padilha | Crédito: Foto: Arquivo pessoal
“Serão 50 mil para serem investidos nas ações do Eco pelo RS e a certeza de que estamos seguindo o caminho certo, porque é uma honra sermos considerados como uma herança do grande Chico Mendes”, comemora Padilha.
Da periferia à liderança socioambiental
Nascida e criada na Restinga, uma das maiores periferias de Porto Alegre, Renata Padilha, 28 anos, construiu sua trajetória inspirada pela luta comunitária de seu bairro. Formada em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ela iniciou seu engajamento ainda na escola, por meio da educação ambiental.
“A tragédia climática nos atingiu de forma profunda, mas também mostrou nossa força coletiva”, afirma Padilha, que também teve sua casa atingida pelas enchentes – Foto: Acervo Eco Pelo Clima | Crédito: Foto: Acervo Eco Pelo Clima
“Ter crescido na Restinga moldou quem eu sou. A luta coletiva sempre fez parte da minha vida, e foi com esse espírito que decidi mobilizar a juventude do meu estado pela justiça climática”, conta Padilha.
Em 2019, após participar de uma Assembleia da Juventude da ONU, ela decidiu organizar jovens gaúchos em torno da pauta ambiental, inspirada pelo movimento internacional Fridays For Future, iniciado por Greta Thunberg. Dessa mobilização nasceu o Eco Pelo Clima, hoje um dos principais coletivos de juventude climática do Rio Grande do Sul.
Eco Pelo Clima: jovens mobilizados
Fundado em 2020, o Eco Pelo Clima reúne atualmente cerca de 80 jovens de diversas cidades do estado. O movimento tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a crise climática e pressionar por ações efetivas de mitigação e adaptação.
Entre suas principais ações se destacam a campanha contra a Mina Guaíba — que seria a maior mina de carvão a céu aberto da América Latina — e a mobilização contra a flexibilização do Código Ambiental gaúcho, além da campanha contínua exigindo uma declaração de estado permanente de emergência climática no Rio Grande do Sul.
Em 2021, o coletivo teve papel decisivo na articulação do Decreto de Emergência Climática de São Sepé, a segunda cidade brasileira a adotar tal medida, e organizou a maior Greve Global pelo Clima do país.
Após as enchentes históricas de 2023 e 2024, o Eco Pelo Clima atuou diretamente nas ações emergenciais e de reconstrução em várias cidades, coordenando mutirões, arrecadações e campanhas de apoio a comunidades atingidas. Uma campanha no Apoia-se arrecadou mais de R$ 45 mil destinados a abrigos, cozinhas solidárias e ações de reestruturação comunitária.
Fundado em 2020, o Eco Pelo Clima reúne atualmente cerca de 80 jovens de diversas cidades do estado. O movimento tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a crise climática e pressionar por ações efetivas de mitigação e adaptação – Foto: Acervo Eco Pelo Clima
“A tragédia climática nos atingiu de forma profunda, mas também mostrou nossa força coletiva. A juventude gaúcha está pronta para transformar dor em ação”, destaca Padilha, que também teve sua casa atingida pelas enchentes.
Sobre o prêmio
A primeira edição teve como objetivo selecionar seis ativistas, cada um representando um dos biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. Puderam participar jovens de 15 a 35 anos. O projeto é do Estúdio Escarlate e da Plataforma Chico Vive, com apresentação do Banco do Brasil.
A premiação leva o nome de Chico Mendes, seringueiro assassinado em 1988 por enfrentar interesses econômicos na Amazônia, cuja luta se tornou símbolo da defesa da floresta e dos povos tradicionais.
A seleção dos premiados considerou seis eixos principais: continuidade com lutas históricas, senso coletivo, mobilização, resiliência, paixão e compromisso com a natureza, além de inovação em soluções socioambientais.
Os vencedores também formarão a Rede Chico Vive, um grupo de articulação e intercâmbio que pretende ampliar o alcance das ações ambientais em escala nacional.
Editado por: Marcelo Ferreira