VAGAS DE EMPREGO
(Cláudio
Loes)
Outro
dia, reparei que os cartazes de vagas de emprego em algumas lojas,
supermercados e farmácias parecem fazer parte da paisagem.
“Contrata-se vendedor, com ou sem experiência.”
Outro contratava operador de caixa; um terceiro, já um tanto
desbotado pelo sol, buscava ajudantes de serviços
gerais.
Nesse mesmo dia, um carro de som passava oferecendo
vagas para um abatedouro. Uma pessoa próxima olhou para mim e
comentou: “Só vai trabalhar lá quem não
sabe fazer nada e não foi competente para conseguir uma
bolsa.”
Vivemos
tempos curiosos. As vagas de baixa qualificação são
muitas, mas ninguém se apressa para ocupá-las. Os
motivos? Muitos preferem disputar os benefícios sociais, que
não exigem o serviço pesado e pouco recompensador.
Enquanto isso, as filas se invertem: de um lado, empregadores torcem
para preencher funções básicas; do outro,
profissionais qualificados desempregados colecionam currículos
enviados, que recebem apenas respostas automáticas de
recebimento.
O
diploma, antes um orgulho pendurado na parede, para muitos, virou
apenas um papel esquecido na gaveta.
Na
medida em que esse desalinho se mantém, não evoluímos
— e tampouco nos adaptamos às novas condições
climáticas que pesarão sobre todos. Fico pensando: onde
vão parar todos os engenheiros ambientais? É apenas um
exemplo; poderíamos citar qualquer outra profissão de
nível superior e o quadro seria semelhante.
Num
cenário assim, a engrenagem trava: nenhum potencial humano
encontra espaço para florescer. O que falta mesmo é
coragem para mudar de rumo.
É preciso buscar condições
macroeconômicas que multipliquem as oportunidades e transformem
ideias em negócios. Onde nasce a demanda por um engenheiro,
cresce ao redor toda uma equipe de apoio — do técnico ao
operador, do administrativo ao pessoal da limpeza. Só assim,
com geração de valor e uso inteligente da tecnologia,
criamos um círculo virtuoso em que todos têm vez e voz.
Os
fatos estão aí: basta observar os cartazes e pesquisar
as vagas de emprego disponíveis. E lembrar que, quando as
estatísticas divulgam o nível de desemprego, não
incluem as pessoas que deixaram de procurar trabalho, mesmo sendo
aptas para executá-lo. A quem interessa que tudo continue
assim?
Se a maioria tivesse um nível intelectual maior e
fizesse uso pleno da razão, a situação seria a
mesma? Penso que não, e você?
Porque
o verdadeiro emprego do futuro talvez não seja apenas um cargo
ou um salário, mas ir além e ter a capacidade de gerar
sentido e pertencimento em um mundo que precisa reaprender a
trabalhar pelo bem comum.
Afinal,
talvez o planeta também tenha pendurado sua placa: “Precisa-se
de gente disposta a recomeçar.”