Os Desafios da Educação Ambiental- um exercício através da Educação proposta
por Paulo Freire
Marcio Vieira
Oliveira, Jornalista, Mestre em Educação Ambiental pela Fundação
Universidade Federal do Rio Grande.
Endereço para
correspondência: Pedro Bertoni, 35, Centro, Rio Grande – RS.
Email:
marciovoliveira2000@yahoo.com.br
Tel.: (53) 99458125
Resumo:
O presente trabalho tem o objetivo de fazer um paralelo entre a Educação
proposta por Paulo Freire e a Educação Ambiental e seus pressupostos. Nesse
trabalho trazemos também os principais eventos da EA no mundo e um breve histórico
no Brasil.
Onde vamos
parar?
Pensar
nos dias de hoje em guerras – não falo apenas do embate imperialista
norte-americano, mas aqui sim, deste aqui bem perto, o da sobrevivência nos
grandes centros brasileiros, a fome e miséria. Mas agora não vemos apenas
aqueles infelizes miseráveis, lá no continente africano, mas atualmente
assistimos pela televisão a morte diária de milhares de pessoas que não têm
o que comer no nordeste, norte, sul e sudeste do Brasil, ou seja, o nosso
vizinho pode não ter o que comer. Falta de moradia, exclusão social, falta de
emprego, entre tantas outras coisas faz parte deste cenário caótico que o
neoliberalismo promoveu nestes últimos tempos.
Entrelaçado
a tudo isto, e não separado, como tanto discutimos, temos os problemas
ambientais que esses fatores acarretam – como o excesso de elementos poluentes
que se encontram presentes em nosso dia-a-dia, como o lixo, que cada vez mais são
produzidos e não são reciclados, a poluição dos rios e mares, a falta de
fiscalização por parte das autoridades competentes e que levam a desastres
irrecuperáveis ao ambiente. Os desmatamentos de grandes áreas verdes, o uso
irregular de pesticidas com o propósito de aumentar as fontes de lucros na
produção de alimentos. Como se percebe, são muitos os fatores que levam à
degradação em grandes escalas do ser humano no planeta.
E
o planeta terra como está? E a espécie humana? O bicho homem, se não tomar
consciência, logo entrará em extinção também. Tem-se que fazer um retorno
às raízes e perceber, e logo, que muito está se fazendo de errado.
Dizia
Stevenon e Fuller (In: Tanner, 1978): ”Não é possível voltar para
abastecer; e não é possível descer e ir para um lugar melhor. A espaçonave
Terra foi lançada, e nós somos a tripulação. A única tripulação que ela
tem”.
A
humanidade esqueceu que ela também faz parte desse imenso sistema, e que os
recursos naturais não são renováveis, pelos menos sua maioria. E que se
esquecermos de agir com responsabilidade esses recursos se esgotarão e não será
mais possível a vida nesse planeta.
Hoje,
assistimos diariamente e pelos meios de comunicação de massa, o homem
destruindo o que lhe foi dado gratuitamente. Rios deixam de correr porque as
suas nascentes foram totalmente desviadas para a irrigação de grandes
propriedades, e o que restou dos poucos riachos? As indústrias tratam de poluir
com os dejetos de suas produções. Nos grandes centros os esgotos são lançados
a céu aberto.
Em
18 de janeiro de 2000, um vazamento em um duto da Refinaria de Duque de Caxias,
da Petrobrás, despeja 1,3 milhão de litros de óleo na baía de Guanabara e
atinge uma área de 50km2. Polui as famosas praias cariocas e impõe
danos incalculáveis aos manguezais da régio e aos que vivem deles. Calcula-se
em vinte anos o período mínimo de recuperação. Em 17 de julho, novo
acidente. Dessa vez, rompe-se um duto da Refinaria Getúlio Vargas, em Araucária,
região metropolitana de Curitiba, Paraná. Durante duas horas, são despejados
4 milhões de óleo cru nos rios Birigui e Iguaçu. Ameaça à captação de água
nos municípios e impõe perdas ambientais incalculáveis. A Petrobrás é
multada em 150 milhões de reais. No Congresso, há desconfiança de sabotagem
à Petrobrás, visando a sua privatização. (Dias, 1991, p. 61)
Dias
(1991) refere-se aos grandes desastres ambientais que são provocados pelo
descaso e pela falta de fiscalização por parte das autoridades. Gerar lucro,
esse é o único meio que as empresas vêem em seu futuro. E a responsabilidade
social e ambiental fica onde? E o homem? Como fica nessa história toda? Mas na
realidade ele é responsável por todos esses problemas? Será? Como está o
panorama social do país e do mundo?
Essas
são algumas perguntas levantadas para tentar responder tantos questionamentos.
E percebe-se que o homem é o principal causador da maioria dos problemas
ambientais. Ele tem o poder de autodestruição da espécie. Mas esse poder é
gerado por um modelo de desenvolvimento que tanto conhecemos: o econômico. Esse
modelo, gerado pelos países “detentores” dos poderes de decisões das políticas
mundiais, o G7, têm acarretado influências e hábitos negativos nos sistemas
políticos, de educação e informação.
Segundo
Dias (1991), há por parte desses dominantes um incentivo ao consumo desenfreado
de seus produtos e que assim haja um aumento maior em seus lucros, e usando
dessa maneira os recursos ambientais de forma inadequada, sem um planejamento de
suas reposições.
Com
esse consumo desnecessário desencadeado pela grande mídia, como por exemplo, o
consumo de bens desnecessários, aumenta o número de produtos que são
desprezados, ou seja, lixo. Esse consumo desenfreado acarreta uma condição de
recursos naturais limitados, ou seja, consumo de matérias-primas, água,
energia elétrica, combustíveis fósseis, desflorestamento, etc.
A
sociedade em que vivemos não está preparada para enfrentar os diversos
problemas que são ocasionados pela degradação ambiental. O crescente aumento
da população mundial é um clássico exemplo dessa selva de pedra que está se
transformando nosso habitat. Com a falta de planejamento populacional aumentam
os índices de falta de moradia, e pior do que a falta, são as condições
inadequadas.
O
aumento de doenças também é fator resultante do acréscimo da população.
Doenças como a AIDS assolam milhares de vidas em hospitais públicos e de
qualidade questionável. Aliás, o sistema de saúde no Brasil merece destaque:
não pelas conquistas, mas sim pelo desrespeito ao ser humano. Falta de leitos,
médicos e profissionais mal preparados, instalações inadequadas, infecções,
falta de medicamentos, fazem desse Sistema Único de Saúde do país um
verdadeiro caos.
Todo
esse cenário faz pensar em onde irá parar o ser humano se continuar esse
modelo econômico de desenvolvimento. É fácil fazer alguns prognósticos, e
esses já estão feitos e são lamentáveis. Nunca se viu tamanha depredação
da espécie como se vê hoje, na atual sociedade em que vivemos.
Deixo
uma pergunta: Onde iremos chegar? Existe alguma solução?
A Educação
Ambiental – uma solução?
Antes
de entrar na fundamentação sobre Educação Ambiental trarei alguns conceitos
que penso serem importantes para a elucidação do trabalho: Meio Ambiente e
Educação.
Meio
Ambiente
Antes
de discorrermos sobre a Educação Ambiental é necessário definirmos um
conceito sobre Meio Ambiente, que dentro da Educação Ambiental é bastante
discutido.
A
palavra Meio Ambiente, segundo alguns autores, significa apenas o meio onde
vivemos, composto pela fauna e flora. Já para outros esse conceito é muito
mais abrangente e complexo, pois inclui o homem. E é nesse que vamos nos ater,
mas faremos um breve comentário sobre ambos, pois merecem destaque por
divergirem em sua forma.
O
ecólogo Belga Duvigneaud (In: Reigota, 1994, p. 20) diz que “é evidente que
o meio ambiente é composto por dois aspectos: 1) o meio ambiente abiótico físico
e químico e 2) o meio ambiente biótico”.
O
autor mostra claramente que a sua visão é de que o homem não faz parte desse
meio, e essa é a mesma compartilhada por vários outros autores que merecem
destaque e amplia a ajuda no aumento da discussão.
Apresento o conceito de dois autores sobre Meio Ambiente, que representam à mesma reflexão que faço sobre o assunto:
Reigota
(1994, pág. 21 O que é Ed. Ambiental) define Meio Ambiente como:
Um
lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em
constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam
processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos
de transformação da natureza e da sociedade. (Reigota, 1994, p. 21)
A definição de meio ambiente para Velasco (1997) é a seguinte:
É
o espaço-tempo ocupado pelos entes onde transcorre a vida dos seres humanos.
Esse espaço tempo, à maneira do da física relativista, deve ser entendido
como o produto da presença e das relações existentes entre os entes. Quando
digo entes quero dar a entender que não me refiro tão somente a objetos físicos
(como podem sê-lo uma pedra ou um animal), mas também estão abrangidos os
objetos culturais não-físicos (como podem sê-lo uma divindade ou uma teoria mítica
ou cientifica sobre o mundo ou algum fenômeno em especial que numa dada cultura
dele faça parte). (Velasco, 1997, p. 107)
Assim
como Reigota (1994) e Velasco (1997), afirmo que para existir meio ambiente é
necessário existir o ser humano. Essa relação existente entre a natureza e o
homem é evidenciada quando se descreve as analogias de transformação que são
acarretadas entre ambos, como por exemplo, os movimentos sociais e ambientais,
os acontecimentos históricos, os avanços tecnológicos que podem trazer tantos
danos quanto benefícios para a natureza, e que são alienados pelo homem. Esses
processos são evolutivos da espécie e estão em permanente interação com o
homem e com a natureza, um depende do outro para acontecer, e como diz Velasco,
não apenas o homem, como ser, mas também os fenômenos, as teorias míticas e
ou científicas e que vêem a fazer parte da evolução da nossa espécie.
A Educação
segundo Paulo Freire
Quanto
mais analisamos as relações educado-educandos, na escola, em qualquer de seus
níveis (ou fora dela), parece que mais nos podemos convencer de que estas relações
apresentam um caráter especial e marcante – o de serem relações
fundamentalmente narradoras, dissertadoras. Narração de conteúdos que, por
isto mesmo, tendem a petrificar-se ou a fazer-se algo quase morto, sejam valores
ou dimensões concretas da realidade. Narração ou dissertação que implica um
sujeito – o narrador – e objetos pacientes, ouvintes – os educandos. Há
uma quase enfermidade da narração. A tônica da educação é
preponderantemente esta – narrar, sempre narrar. (Freire, 1987, p. 57)
Como
diz Freire (1987) em seus escritos, a educação nos moldes como está
organizada não ajuda a formar, e sim, apenas informa aos cidadãos e dessa
forma cria-se um enorme abismo entre as classes que dominam e criam-se as
dominadas. Com a estrutura atual os educadores não têm o objetivo de mostrar a
realidade e a partir dela construir conceitos e formar cidadãos, e para tanto
usam a narrativa como forma de construção.
Os
conteúdos narrados não fazem parte do conviver dos educados, é uma fragmentação,
um retalhamento de uma prática, pois são dispostos sem uma coerência, apenas
como mais uma teoria, conteúdo a ser despejado aos alunos.
Espera-se
com essa prática informar aos educandos uma realidade que existiu, apenas os
enchendo com os conteúdos e não interessando se esses são compartilhados pela
realidade que os educandos vivem ou não.
Paulo
Freire (1987) relata que essa educação é baseada na “sonoridade” da sua
palavra e não na força transformadora que ela traz em seu interior. Essa educação
é a que o grande capital deseja, pois transforma a sociedade em apenas uma mera
repetidora de conceitos e não questiona as decisões relacionadas à vida dos
cidadãos, tomadas pelos donos do capital e do poder. Não se repensam os
acontecimentos como eles foram e aconteceram realmente, e as suas correlações
com o que acontece nos tempos atuais, tendo assim um enfrentamento da nossa
realidade.
Velasco
(1997, p. 109) tem uma visão de educação que vem ao encontro do pensamento de
Paulo Freire, e afirma que:
(...)
a educação é a ação transcorrida fundamentada numa pedagogia
ploblematizadora ou pedagogia da libertação, que se caracteriza entre outros,
pelos seguintes traços: a) coloca os instrumentos da cultura erudita a serviço
da conscientização/ mobilização dos oprimidos em luta para superar o
capitalismo e alcançar uma ordem comunitária constituída por indivíduos
livremente associados e multilateralmente desenvolvidos. b) toma como ponto
articulador da ação pedagógica as questões ligadas à vida diária e à luta
dos oprimidos; c) estabelece vínculos de muito enriquecimento entre a cultura
“erudita” e a chamada cultura “popular” (aquela que à margem da educação
formal, os oprimidos constroem no dia-a-dia das suas vidas e das suas lutas); d)
supera a contradição educador-educando, propiciando a construção dialógica
do conhecimento vivo (ligado ao dia-a-dia e cimentado na pesquisa e na reflexão),
numa dinâmica em que ambos são educandos-educadores, porque são
investigadores críticos, isto é, sujeitos desveladores da realidade social e
engajados na sua transformação libertadora; e) combate, pela crítica e a
auto-reflexão, o fatalismo e o assistencialismo, e aposta na capacidade de luta
dos e com os oprimidos para melhorar as nossas vidas e para, em última instância,
superar o capitalismo; f) defende (e busca aplicar no dia-a-dia) a tomada democrática
das decisões e visa a superação da disciplina verticalmente imposta pela
autodisciplina consensualmente estabelecida e avaliada.
O
que diz respeito à educação problematizadora ou à pedagogia da libertação
é a mudança que esta é capaz de produzir nos cidadãos, na sua forma de agir
e repensar a sociedade como um todo, pois faz dos cidadãos, oprimidos pelo
atual sistema capitalista que estamos empenhados, articuladores de suas
reivindicações. Os educandos deixam de ser apenas ouvintes e minimiza o abismo
existente entre esses e os educadores. O conhecimento passa a ser troca entre os
seres e não apenas uma forma de distribuir conteúdo. O educador e o educando
estão juntos no transformar e não mais unilateralmente como acontece, devendo
os dois participar juntos do processo.
Não
basta como conclui Velasco (1997), superar a opressão: é preciso mudar a
concepção de mundo para que a causa também seja eliminada e superada, e não
apenas as suas conseqüências. Essa leitura deve ser vista pelos educadores
como o cerne da questão, pois o dia-a-dia do agente, cidadão, que tenta
superar as diferenças e desigualdades no seu cotidiano, deve ser encarado como
uma questão a ser vencida. Essa luta diária deve ser vista com maior amplitude
no que diz respeito no embate à eliminação das diferenças que transformam
esse cidadão em oprimido. A causa dessa questão está no sistema que nos
envolve e que nos transforma em meros consumidores de seus produtos.
Esse
consumismo exagerado que é embutido para a sociedade, as grandes empresa
transnacionais que lucram milhões e milhões de dólares no Brasil, e que
auxiliam no aumento da desigualdade social que assola tanto o país quanto o
resto do mundo, também deve ser visto e repensado, pois está aí a questão
chave.
Mas
o que acontece é que a construção dialógica que deveria ser construída pela
relação dos educandos-educadores é tida como distante, não é objetivo criar
essa transformação, pois é só através da realidade de cada indivíduo que
será construída uma educação libertadora.
Paulo
Freire (1987), em sua Pedagogia do Oprimido, traz uma concepção de educação
que é feita no Brasil, que traduz o atual conflito existente na sociedade atual
e que se denomina “Educação Bancária”. Essa concepção diz respeito à
falta de comunicação existente entre os principais interlocutores da educação,
que são os educandos e os educadores.
Com
o ato de “depositar” conteúdos resume-se o conceito de Educação Bancária,
pois nele o educando é um mero receptor de conteúdos e o educador é o ditador
dessa regra, que registra todos os conhecimentos da maneira que ele pensa ser
correta. E onde ficam os conhecimentos e as reflexões dos educandos? Eles não
são, também, importantes? Para a Educação Bancária, não.
A sociedade opressora não permite essa realização, pois se ela assim
fizer, irá acabar com o poder de neutralizar as forças dos oprimidos: “O
educador é o que educa; os educandos, os que são educados” (Paulo Freire,
1987), essa frase é um instrumento de opressão com a sociedade.
Mas
Paulo Freire (1987, p. 68) contraria e diz “Ninguém educa ninguém, ninguém
educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Esse
conceito descreve o respeito que deve existir entre os entes, e que deve ser
mais um instrumento para a eliminação dos oprimidos. Os educandos não são
mais fiéis depositários, e sim construtores dessa nova realidade. São
chamados ao conhecimento e não mais a memorizar o conhecimento.
Os
educandos começam a pensar e ter consciência crítica da realidade em que
vivem. Eles se sentiram desafiados a desvelarem o conhecimento crítico,
tornando o homem inserido no mundo, e não mais alheio a essa realidade.
Então
o que se percebe é que a educação que se almeja é aquela que não exista
mais o educando oprimido, alienado à sociedade, mas sim questionador e crítico
da realidade em que está inserido, e esse conceito confunde-se com a própria
“Educação Ambiental”, que prepara o cidadão para ser questionador político,
pela justiça social, relacionamento ético com as relações sociais e com a
natureza.
Breve histórico
da Educação Ambiental
Os
documentos provam que os estudos sobre a Educação Ambiental vêem de longos
tempos. Genebaldo Freire Dias, em “Educação Ambiental - princípios e práticas”
(2001, p. 75) mostra que já em 1864 o diplomata George Perkin Marsh publicava o
livro “O homem e a natureza: ou geografia física modificada pela ação do
homem”, que trazia um estudo sobre os recursos naturais que estavam sendo
esgotados pelo homem no planeta terra e que se não houvesse um cuidado
excessivo com esses recursos, logo nossa civilização iria sumir como aconteceu
com outras civilizações mais antigas.
Dias
(2001) faz uma reflexão sobre as grandes catástrofes que abalaram o planeta e
que a partir delas algumas decisões começaram a ser tomadas pelas autoridades.
Em Londres, 1952, a cidade enfrentaria o que se tornaria o começo da retomada
das questões ambientais naquele país, uma das suas maiores crises ambientais:
o ar da cidade se tornou tão denso devido à poluição, que cerca de 1.600
pessoas morreram. Ironia dizer que foi na Inglaterra que surgiu a Revolução
Industrial, e que gerou tantos desastres em nome do progresso e da tecnologia.
Depois dessa tragédia, houve uma sensibilização com as questões ambientais e
com a qualidade de vida, sendo aprovada a lei do Ar Puro, pelo Parlamento Inglês,
gerando vários questionamentos em tantos outros países, inclusive fazendo
surgir nos Estados Unidos, na década de 1960, os movimentos ambientalistas.
As
questões ambientais foram enfatizadas e o mundo começava, durante a década de
1960, a sentir as conseqüências do desenvolvimento econômico que os países
ricos estavam se submetendo, e com isso houve um grande aumento dos índices de
poluição atmosférica, rios envenenados com pesticidas e resíduos oriundos
das grandes indústrias, erosão dos solos e perda da fertilidade da terra.
Nessa época a imprensa mundial começava a divulgar com manchetes catastróficas
os danos ambientais que estavam se consolidando.
Foi
denunciando esses desmandos e as nefastas causas das grandes indústrias ao meio
ambiente, que a jornalista americana Rachel Carson, em 1962, publicou a obra
“Primavera Silenciosa”, que originou grandes questionamentos sobre a problemática
ambiental, gerando debates com os principais organismos internacionais.
O
termo Educação Ambiental (Environmental Education) surgiu pela primeira vez
durante a Conferência em Educação na Universidade de Keele, na Grã-Bretanha.
No
Brasil, ainda sem a preocupação com a degradação ambiental, surgiam grandes
projetos condenados pelos ambientalistas, como era o projeto Carajás e a Usina
Hidrelétrica de Tucuruí, que trariam grande impacto ambiental. Enquanto o
mundo começava a se preocupar com os grandes índices de poluição, o Brasil
abria espaço para as grandes indústrias virem a se instalar no país, pois
assim teríamos o avanço tecnológico tão sonhado e o país receberia grandes
investimentos. Um exemplo claro disso foi o caso da cidade de Cubatão, em São
Paulo, pois os governos afirmavam que estariam dispostos a pagar o preço pelo
progresso.
Em
1968 foi realizada em Roma uma reunião que seria chamada de “Clube de
Roma”, que era composto por economistas, pedagogos, humanistas, industriais,
entre outros, para discutir o consumo e as reservas de recursos naturais não
renováveis e o crescimento da população.
As
conclusões do “Clube de Roma”’ deixam clara a necessidade urgente de se
buscar meios para a conservação dos recursos naturais e controlar o
crescimento da população, além de se investir numa mudança radical na
mentalidade de consumo e procriação. Seus participantes observam que: ‘O
homem deve examinar a si próprio, seus objetivos e valores. O ponto essencial
da questão não é somente a sobrevivência da espécie humana, porém, ainda
mais, a sua possibilidade de sobreviver sem cair em estado inútil de existência.
(Reigota, 1994, p. 13)
Dessa
reunião, segundo Reigota (1994), publicou-se o livro “Limites do
Crescimento”, que estabelecia, segundo as teorias dos sistemas, que o se o nível
de crescimento e busca pelo material continuasse daquela forma, não haveria
futuro para o planeta terra.
Grandes
eventos da Educação Ambiental
Conferência
de Estocolmo
A
ONU – Organização das Nações Unidas realizou em 1972, em Estocolmo, na Suécia,
a que viria ser o primeiro grande evento sobre Meio Ambiente Humano, a “Conferência
de Estocolmo”, e que teve a participação de 113 países. O grande tema foi o
de se estabelecer uma visão holística da realidade e princípios comuns que
servissem como orientação para a conservação da humanidade. (Dias, 2001)
A
Conferência iria chamar a atenção do mundo para os problemas que o homem
estava causando para o ambiente com o consumo exagerado de recursos naturais.
Mas essas deliberações causaram pensamentos contrários, principalmente por
parte dos países mais pobres, pois acusavam os mais ricos de impedirem o seu
crescimento, usando as políticas ambientais como forma de inibirem a sua
capacidade de competir no mercado internacional com os seus produtos.
Reigota
(1994) afirma que com a conferência de Estocolmo é que surge o termo Educação
Ambiental. “Uma resolução importante da Conferência de Estocolmo foi a de
que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais. Podemos
então considerar que aí surge o que se convencionou chamar de Educação
Ambiental”.
No
Brasil, uma das conseqüências gerada pela Conferência de Estocolmo foi a criação
da SEMA – Secretaria Especial do Meio Ambiente, que segundo Dias (2001, p. 80)
“Foi o primeiro organismo brasileiro de ação nacional, orientado para a gestão
integrada do ambiente”.
Mas,
como tudo no Brasil, a criação dessa secretaria foi pressionada pelo Banco
Mundial e pelas instituições ambientais, e como na época estava instaurada no
país a ditadura militar, a SEMA era composta por apenas três funcionários, e
tinha tudo para não dar certo (por isso foi criada). Mas o que se viu foi
exatamente o contrário, pois ela foi reconhecida internacionalmente e deixou
grandes contribuições no que diz respeito à legislação ambiental.
Conferência
de Belgrado
Realizou-se
em 1975, na cidade de Belgrado na antiga Iugoslávia, e tinha como objetivo
definir as diretrizes para um programa internacional para Educação Ambiental,
em que a mesma deveria ser ”(...) contínua, multidisciplinar, integrada às
diferenças regionais e voltada para os interesses nacionais.” (Dias, 2001, p.
80)
Desse
encontro foi redigida a “Carta de Belgrado”, um documento que questionava os
grandes avanços econômicos e o retrocesso das questões sociais e reivindicava
o fim da pobreza, da fome, das desigualdades entre ricos e pobres, que não
deveria haver crescimento em cima da fragilidade de outros.
Trago
um trecho da “Carta de Belgrado”:
Nossa
geração tem testemunhado um crescimento econômico e um progresso tecnológico
sem precedentes, os quais, ao tempo em que trouxeram benefícios para muitas
pessoas, produziram também sérias conseqüências ambientais e sociais. As
desigualdades entre pobres e ricos, nos países e entre países, estão
crescendo, e há evidências de crescente deterioração do ambiente físico,
numa escala mundial. Essas condições, embora primariamente causadas por um número
relativamente pequeno de países, afetam toda a humanidade.
A
recente declaração das Nações Unidas para uma Nova Ordem Econômica
Internacional atenta para um novo conceito de desenvolvimento - o que leva em
conta a satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da terra,
do pluralismo de sociedades e do balanço e harmonia entre humanidade e meio
ambiente. O que se busca é a erradicação das causas básicas da pobreza, da
fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação.
Não
é mais aceitável lidar com esses problemas cruciais de uma forma fragmentada.
(Dias, 2001, p.101)
Na
Carta de Belgrado foram definidos seis objetivos da Educação Ambiental, que são
os seguintes: Conscientização, Conhecimento, Comportamento, Competência,
Capacidade de Avaliação e Participação.
Conferência
Intergovernamental sobre Educação Ambiental de Tiblisi
A
Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental de Tiblisi foi
realizada em 1977, na Geórgia, antiga URSS, e tinha como objetivo dar uma
continuidade aos encontros realizados em vários países anteriormente,
organizados pela ONU. O encontro serviu para reafirmar os princípios da
natureza da Educação Ambiental e definir os objetivos, princípios e características,
formular recomendações e estratégias pertinentes aos planos regional,
nacional e internacional das Nações Unidas.
Segundo
Reigota (1994) o evento serviu também para apresentar ao mundo quais eram os
projetos que já estavam sendo executados pelos países, então participantes,
estimulando a troca de experiências, pesquisas, documentos e serviços para os
docentes de outros países.
A
Conferência de Tiblisi afirmou que a Educação Ambiental não fosse mais vista
de forma reducionista e fragmentada, até como queriam os países
industrializados, e sim de uma forma onde todos os entes têm que estar
envolvidos com os seus paradigmas e com o compromisso do social. Não é mais
concebível que a Educação Ambiental seja vista como parte integrante do
ensino das disciplinas de ciências, mas que permeassem todas as outras do
componente curricular. Os cidadãos, a partir de sua realidade, deveriam
perceber como gerir e administrar os recursos ambientais de forma a não
esgotar-se e que poderiam contribuir para a sua renovação, tendo assim uma visão
integrada com o ambiente e dialogando com o mesmo para que a sua conservação
seja plena e não mais se tornando à margem, e sim parte do ambiente.
Para
o desenvolvimento da Educação Ambiental, foi recomendado que se considerassem
todos os aspectos que compõem a questão ambiental, ou seja, os aspectos políticos,
sociais, econômicos, científicos, tecnológicos, culturais, ecológicos e éticos
(...) (Dias, 2001, p. 82)
Rio
92
De
3 a 14 de junho de 1992, realizou-se na cidade do Rio de Janeiro a Conferência
da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Rio-92, e teve
como um dos grandes objetivos a verificação dos modelos de desenvolvimento e a
sua ineficiência, sugerindo a mudança para um desenvolvimento “sustentável”.
Outra
proposta da Rio-92 foi a de aumentar os esforços para proporcionar informações
sobre o meio ambiente que possam promover a conscientização popular, além de
promover um treinamento cada vez maior de profissionais, a fim de ampliar essa
rede de informações. Segundo Dias (2001) a Rio-92 foi o evento mais importante
desde que o ser humano se organizou em sociedades.
Segundo
Pedrini (1997) durante a Conferência foi promovido pelo governo federal um workshop
no qual foi aprovado um documento denominado ”Carta Brasileira para a Educação
Ambiental”, onde uma das prioridades dos governos seria a de implantar em
todos os níveis da educação a Educação Ambiental.
Durante
o evento milhares de Organizações Não-Governamentais e participantes da
sociedade civil, reuniram-se para discutir as questões ambientais.
Agenda
XXI
É
um plano de ação para o século XXI, visando a sustentabilidade da vida na
terra; esse é o conceito que Dias (2001) afirma sobre a Agenda XXI e que trata
em seus 40 capítulos sobre dimensões econômicas e sociais, conservação e
manejo de recursos naturais, fortalecimento da comunidade e meios de implementação.
A
Agenda XXI foi fomentada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, realizada no Brasil, e é o principal documento do evento.
É
o documento mais consistente que existe de como alcançar o “Desenvolvimento
Sustentável”, isto é, de como podemos continuar desenvolvendo nosso país e
nossas comunidades sem destruir o meio ambiente e com maior justiça social.
Suas
ações são a longo, médio e curto prazo, ou seja, em todos os âmbitos onde
ela pode alcançar. Isto, na realidade, mostra a preocupação com as nossas
futuras gerações. Trata-se de um roteiro de ações concretas, com metas,
recursos e responsabilidade definidas. Ela deve ser um plano obtido pelo
consenso, ou seja, com todos os grupos sociais, opinando e se comprometendo com
eles.
A
Agenda XXI deve servir de guia para as ações do governo e de toda a sociedade
organizada que procuram o desenvolvimento sem com isso destruir o meio ambiente.
O que
esperamos da Educação Ambiental
Assim
Educação Ambiental teria como finalidade promover a compreensão da existência
e da importância da interdependência econômica, política, social e ecológica
da sociedade; proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir
conhecimentos, o sentido dos valores, o interesse ativo, e as atitudes necessárias
para proteger e melhorar a qualidade ambiental; induzir novas formas de conduta
nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade em seu conjunto, tornando-a
apta a agir em busca de alternativas de soluções para os seus problemas
ambientais, como forma de elevação da sua qualidade de vida.
Dessa
forma, a Educação Ambiental acabara de estabelecer um conjunto de elementos
que seriam capazes de compor um processo através do qual o ser humano pudesse
perceber, de forma nítida, reflexiva e crítica. Os mecanismos sociais, políticos
e econômicos que estavam estabelecendo uma nova dinâmica global, preparando-os
para o exercício pleno, responsável e consciente, dos direitos de cidadão,
por meio dos diversos canais de participação comunitária, em busca da
melhoria de sua qualidade de vida e, em última análise, da qualidade da experiência
humana. (Dias, 2001, p. 83)
Essa
citação é uma das premissas da Conferência de Tiblisi e mostra claramente
onde se pretende chegar através da Educação Ambiental. Por meio dessa
participação, dessa transformação da sociedade, em torná-la também responsável
pelo ambiente que fazemos parte integrante e não apenas como um espectador, é
que irá se chegar ao denominador comum que há tanto tempo vem se discutindo.
É
através dessa educação que conseguiremos ter uma sociedade mais justa, com
recursos igualitários para todos. Por meio dessa compreensão é que se irá
contrapor aos modelos vigentes, tanto sociais como econômicos e que acabam
levando à degradação do meio em que se vive. Através dessa Educação, e
somente através dela, é que o homem irá perceber o quanto ele é parte desse
projeto de mudança, mas é necessária uma mudança de visão, de atitudes,
pois só com a conscientização é que se conseguirá chegar aos objetivos
propostos.
E
onde podemos fazer Educação Ambiental? Reigota (1994) diz que a Educação
Ambiental pode ser realizada em todos os níveis da sociedade, nas escolas, nas
reservas ecológicas, nas associações de bairros, nos sindicatos, nas
universidades e nos meios de comunicação de massa, que é o objeto dessa
pesquisa, pois a Educação Ambiental é ampla e está presente em nossas ações
diárias.
O
todo, preocupado com as questões ambientais, como é preconizado pela Educação
Ambiental, está permeado de questões sociais, pois são através dessas ações
que é transformado o meio ambiente. Não é possível separar as questões
sociais, econômicas, culturais e tecnológicas das ambientais, todas estão
entrelaçadas. Se o meu bairro não tem uma política definida para as ações
sociais, não há escola, postos de saúde, empregos, como é que ficará o
desenvolvimento do ser humano? Isso é Educação Ambiental.
Como
Dias (2001) cita que não se pode deixar de lados questões como o desemprego
mundial, a fome, as condições de miséria que vivem grande parte da população,
as epidemias como AIDS, Gripe Asiática, entre outras, a falta de saneamento,
corrupção em todos os níveis, injustiça social, a violência, a grande
concentração de renda, falta de moradias, crianças abandonadas que irão
gerar possíveis bandidos, falta de escola, entre tantas outras, e como se essas
questões não estariam interligadas às ambientais, se fosse possível separá-las.
Será possível separar o homem do meio ambiente? Este não faz parte também do
mesmo sistema? Então, se ele está inserido no ambiente, os problemas que o
entrelaçam também têm ressonância ambiental.
Não
é possível separá-los, essa foi uma das grandes contribuições da Conferência
de Tiblisi, segundo Dias (2001). A busca por uma melhor qualidade de vida é o
que a Educação Ambiental preconiza e que ela deve estar disponibilizada a
todos os cidadãos, em todos os ambientes. Chegando a todas as instâncias a
sociedade poderá exigir através da elaboração de uma legislação eficaz e
que realmente funcione, exigindo assim justiça social.
Outra
questão abordada por Dias (2001), sobre as recomendações de Tiblisi, é que
nos tempos atuais não é mais permitido qualificar uma ação danosa ao meio
ambiente ou social como que se os praticantes não soubessem das suas conseqüências
e os possíveis impactos que essa ação irá promover. Os cidadãos são
responsáveis pelos atos que a sociedade pratica e que a coletividade deve ser
levada como uma maneira de se ater a atos responsáveis.
E
que respostas procuramos para todos esses questionamentos? Um novo modelo de
desenvolvimento para nossa sociedade?
A Educação
Ambiental no Brasil
Sempre
na vanguarda na discussão das questões ambientais no Brasil, o Rio Grande do
Sul foi o primeiro estado da Federação a criar um órgão com o propósito de
promover a proteção ao meio ambiente. Em 1971 foi criada a Agapan
– Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural.
Já
em nível nacional alguns discursos colocam o país na contramão do que o mundo
vinha discutindo em relação à degradação ambiental, na época, durante a
Conferência de Estocolmo, em 1972. (Dias, 2001)
São
externadas as vontades de que empresas multinacionais possam investir no Brasil,
sem que tenham a preocupação com o meio ambiente e com os índices de poluição
que esse crescimento possa acarretar. Mesmo com todo esse discurso negativo, foi
criada em 1973 a SEMA – Secretaria Especial do Meio Ambiente. O titular dessa
secretaria foi o professor Paulo Nogueira Neto, o qual deixou, praticamente, as
bases para as leis ambientais, muitas existentes até hoje.
A
SEMA foi cunhada, como se diz, “uma obra para inglês ver”, pois funcionava
em apenas duas salas e com apenas três funcionários, mas a sua coordenação
conseguiu, mesmo frente às dificuldades existentes, criar políticas para a
preservação do ambiente, e que fossem através de vários projetos
implementados reconhecidos pela comunidade ambiental internacional. (Dias, 2001)
Segundo
Reigota (1994, p. 51):
A
Educação Ambiental, oficial, desse período, é importante somente como referência
histórica. Independente do governo da época, uma consciência ambiental crítica
surge no Brasil, acompanhando o que estava acontecendo em outros países. Como
conseqüência, a EA começa a ser realizada timidamente por pequenos grupos e
pessoas isoladamente, em escolas, parques, clubes e associações de bairro.
A
maioria das iniciativas não tinha o objetivo de promover a educação da
sociedade para se obter uma melhor qualidade de vida, e sim apenas de se ter a
industrialização do país, custasse o que custasse.
Ainda
na década de 1970 começam a serem criados cursos com o objetivo de promover a
Educação Ambiental, todos com iniciativa apenas de entidades e escolas. São
criados os cursos de pós-graduação em Ecologia, nas universidades do
Amazonas, Brasília, Campinas, INPA e São Carlos. Nessa época, diz Dias (2001,
p. 39), a inclusão dos temas ambientais nos currículos escolares eram
meramente reducionistas e só implicavam a fauna e a flora, e ignoravam-se os
aspectos econômicos, sociais e culturais.
Em
31 de agosto de 1981, o então Presidente João Figueiredo, sanciona a Lei que
dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação. Em contrapartida, o governo, em 1984, começa o
processo de desenvolvimento do estado de Rondônia e do Mato Grosso, o que, para
Dias (2001, p. 41), ocasionou um desastre de dois milhões de hectares de área
devastada de florestas nativas e, além de tudo isso, os conflitos sociais e
fundiários foram muito graves.
A
Educação Ambiental e as questões ambientais só começam a ter alguma relevância
na década de 1980. Em 1987 o plenário do Conselho Federal de Educação aprova
o parecer que faz com que a Educação Ambiental seja explorada como conteúdo
curricular em todas as escolas de 1º e 2º graus: isso mostra o quanto tardia
essas questões vieram a fazer parte das iniciativas do governo federal.
Quando
a Constituição Federal foi promulgada em 1988, foi considerada uma das que
estava na vanguarda em relação a leis que tinham como objetivo a preservação
ambiental. A partir dessa década são levantadas várias bandeiras em defesa do
meio ambiente. São realizados vários seminários, todos com o objetivo de
promover a discussão em relação às questões ambientais.
Em
1989 é criado o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, e que tem a
finalidade de:
(...)
formular, coordenar e executar a política nacional do meio ambiente.
Compete-lhe a preservação, conservação, fomento e controle dos recursos
naturais renováveis em todo o território federal, proteção dos bancos genéticos
da flora e fauna brasileiras e estímulo a Educação Ambiental, nas suas
diferentes formas. (Dias, 2001, p. 47)
Na
década de 1990 consolida-se a realização de políticas públicas em relação
à Educação Ambiental. São formados protocolos com o Ministério da Educação
em que a mesma esteja nas bases curriculares do ensino formal.
Em
1994 o Presidente Fernando Henrique Cardoso aprova o Pronea
– Programa Nacional de Educação Ambiental, que tem como objetivo
instrumentalizar politicamente o processo de Educação Ambiental no Brasil.
Conclusão
Como
se percebe o caminho da Educação Ambiental no Brasil foi longo, ou melhor,
ainda esta em acontecimento, pois muitos são os percalços que a EA enfrenta.
Tem-se que enfrentar políticas cruéis e que visam apenas manter o interesse
econômico de um pequeno grupo de pessoas.
Ainda
falta um extenso caminho a ser percorrido pela Educação Ambiental no Brasil.
Alguns projetos, e bons projetos, já são executados e visam à melhoria da
qualidade de vida em nosso planeta, mas, certamente, ainda existe muito a ser
feito.
E é através de uma educação problematizadora, como a proclamada por Paulo Freire, que conseguiremos chegar a um denominador comum, tornando nossa sociedade sustentável, sem comprometermos o futuro de gerações à frente. Nosso planeta tem que ser preservado, a vida humana tem que ser preservada, a ecologia tem que ser preservada, para que assim, todos tenham uma vida harmônica, sem precisar se preocupar com aquelas afirmações mencionadas no inicio dessa conclusão.
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