Entre Olhares: um ensaio visual sobre subjetividades[i]
Cláudia Mariza Mattos Brandão[ii]
Que olhos serão estes?
Imerso no ritmo alucinante do cotidiano o transeunte quase não percebe essas mudas presenças que, diferentes dos vigilantes olhos eletrônicos, manifestam as singularidades construtoras da cidade contemporânea. O palimpsesto gerado pelo graffiti no espaço urbano nos remete às imagens gravadas nas cavernas.
Estaremos construindo uma nova Lascaux?
Acima de tudo essas vozes latentes e anônimas compõem a histórica busca do homem pela claridade, como bem o descreve o Mito da Caverna.
Assim como as paredes da caverna de Platão serviram de suporte para as primeiras imagens, a fotografia é um meio de preservar e difundir os olhares que nos rodeiam, dando visibilidade ao eterno movimento da espécie humana em busca da luz, do reconhecer-se e ser reconhecido.
Será o graffiti “sujeira”, transgressão ou expressão? Ou de tudo um pouco?
No site de um dos mais reconhecidos artista grafiteiros, o inglês Bansky (http://www.banksy.co.uk/menu.html), ele declara na forma de “manifesto”[iii]:
When I was a kid I used to pray every
night for a new bicycle.
Then I realised God doesn’t work that way, so I stole
one and prayed for forgiveness.
Emo Philips
[i] Todas as imagens são de minha autoria, realizadas com câmera digital no Balneário Cassino, Rio Grande, RS, entre 2007 e 2008.
[ii] Mestre em Educação Ambiental, professora orientadora do curso de especialização lato sensu Mídias na Educação, CTI/FURG, coordenadora do PhotoGraphein – Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação, FURG/CNPq.
[iii] “Quando eu era uma criança costumava rezar todas as noites por uma bicicleta nova. Logo me dei conta que Deus não funcionava dessa forma, então, roubei uma e rezei por perdão”.