Decisoes de produção

poluição difusa

 

João Mateus de Amorim

                                                Licenciado em Geografia e Doutorando em Geografia na UNESP de Rio Claro

Joao.matheus@netsite.com.br

 

Laerte Bernardes de Arruda

Doutor em Engenharia civil, Professor do Departamento de Engenharia Civil da UFU

lbarruda@gmail.com

 

Humberto Januário Pereira

Licenciado em Geografia e Especialista em Ecoturismo, Interpretação e Educação Ambiental

humberto@eafudi.gov.br

 

Resumo

 

A poluição difusa é formada em área urbana ou rural a partir de diversos geradores de resíduos sólidos e de sedimentos. Nas cidades, a origem da poluição difusa pode ser de veículos, de animais, de casas, do escoamento das águas pluviais entre outras. Porto (1995) e Tomaz (2006; 2007) argumentam que a poluição difusa é complexa e provém de diversas fontes, tais como freios de automóveis, resíduos de pneus, resíduos de pinturas em geral, fezes de animais, resíduos de ferro, zinco, cobre e alumínio de materiais de construção, deposição seca e úmida de particulados de hidrocarbonetos, restos de vegetação, derramamentos, erosão fuligem, poeira, enxofre, metais, pesticidas, nitritos e nitratos, cloretos, fluoretos silicatos, cinzas, compostos químicos e resíduos sólidos, entre outros.

 

Introdução

 

A poluição difusa concentra-se quase que totalmente próximos à guia e sarjetas, ou seja, 80% a 15 cm e 95% a 1 m (NOVOTNY e CHESTERS, 1981 apud PORTO, 1995). A maior parte dos resíduos é originada pelo sistema de transporte, ou seja, uma rua de um bairro tem menos resíduos que uma grande avenida. Então, quanto maior a porcentagem de ocupação do solo, maior será a quantidade de viagens e maior será a produção de resíduos (TOMAZ, 2006). A Figura 1 apresenta os principais meios de poluição das ruas e do espaço urbano.

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) em consonância com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em 2007, analisaram o escoamento urbano e detectaram a presença dos seguintes metais potencialmente tóxicos em águas de chuva: zinco, cobre, chumbo e cádmio. Os pesquisadores apresentam algumas medidas que podem ser adotadas para reduzir a contaminação das águas pluviais urbanas. “As medidas práticas que poderiam diminuir o nível de concentração dos metais observados são: redução do chumbo na produção de tintas, redução dos teores de cobre nas pastilhas de freios e o aumento de áreas verdes” (JORNAL DA UNICAMP, 2007).

Segundo Prodanoff (2005), as pesquisas relacionadas com a poluição difusa urbana foram mais efetivas com a institucionalização da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), na década 1970; porém este tema já tinha sido estudado a partir do século XIX e início do século XX, na Europa. No Brasil, já existem alguns estudos acerca desta temática, em algumas cidades brasileiras a partir da década de 1990.

Tomaz (2007), comenta que com a poluição difusa na cidade de São Paulo (capital), mesmo que houvesse 100% de tratamento de esgoto da cidade, o rio Tietê ainda seria poluído em 25% pelo escoamento pluvial urbano.

Porto (1995) comenta que a poluição difusa é intensificada com a velocidade do escoamento, gerando uma capacidade de arraste maior e conseqüentemente uma maior carga de poluentes arrastada para os corpos hídricos.

 

Figura 1 - Fontes de poluição do espaço urbano

Fonte: Tucci, 2005

A qualidade das águas do escoamento superficial gerada pela poluição difusa fica evidente a partir do estudo de Porto (1995); Tomaz (2007) e Usepa (1977 apud PORTO, 1995). Estes estudos mostraram o alto nível de poluição e contaminação em córregos e rios urbanos. Este impacto é devido ao lançamento de todos os resíduos da cidade nos corpos hídricos.

A Figura 2 apresenta uma série de amostras de água coletada a partir do início da chuva conforme indicado pela seta, com uma coloração mais escura na seta indicada e uma coloração mais clara nas demais amostras retiradas ao longo do tempo e dispostas no sentido anti-horário. Essa Figura demonstra como a intensidade da carga orgânica e de sedimentos no início do escoamento diminui ao longo do tempo; porém, não significa uma melhora nos poluentes tóxicos, biológicos e químicos. Aponta, portanto, para uma redução na carga de partículas sólidas e não na carga de contaminantes (TUCCI, 2005).

 

     Figura 2 - Amostragem da qualidade da água pluvial

Fonte: Tucci, 2005

Prodanoff (2005) aponta a necessidade da construção de bacias de retenção para o controle da carga poluidora, que deverá ser tratada, evitando-se a contaminação dos corpos hídricos. Este processo ameniza a poluição difusa e a poluição pontual via drenagem pluvial.

 

Conclusão

 

A quantidade de poluentes carreados pelo escoamento urbano está relacionada à quantidade de chuva, às condições de limpeza dos pavimentos, ao processo de urbanização e à intensidade da circulação de veículos, dentre outros. Os estudos acerca da temática ambiental afirmam que áreas verdes, em fundos de vales nas cidades, são importantes para a melhoria da qualidade do escoamento superficial urbano. Os espaços de cobertura vegetal são locais importantes para a retenção dos poluentes do escoamento superficial urbano, pois provocam a sedimentação dos mesmos antes que eles cheguem aos cursos de água.

Para a gestão sustentável da drenagem urbana é preciso pensar a questão da água como parte de todo o processo de Gestão Municipal. A degradação do escoamento superficial urbano altera a qualidade dos córregos e rios urbanos a jusante dos lançamentos das mesmas. As cidades localizadas a jusante de rios que passam por cidades grandes (metrópoles) terá suas águas totalmente poluídas e contaminadas, tornando-as impróprias para o consumo humano e de animais (TUCCI, 2005; TUCCI, 2007).

 

Referência

 

JORNAL DA UNICAMP. Pesquisa detecta a presença de metais tóxicos em águas de chuva. Universidade Estadual de Campinas. 3 a 9 de setembro de 2007. Disponível em: <www.unicamp.br/unicamp/unicamphoje/jornalPDF/ju370pag08.pdf> . Acesso em: 18 dez. 2007.
PORTO, Mônica F. Aspectos qualitativos do escoamento superficial em áreas urbanas. TUCCI, C. E. M; PORTO, Rubem La Laina; BARROS, Mário T. de Barros (Org.). Drenagem Urbana. In:. Porto Alegre: ABRH e Editora da UFRGS, 1995, p. 387-414. (coleção ABRH de recursos hídricos; V.5).
PRODANOFF, Jorge Henrique Alves. Avaliação da poluição difusa gerada por enxurradas em meio urbano. Tese de doutorado em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2007.
TOMAZ, Plínio. Poluição Difusa. São Paulo: Navegar Editora, 2006.
______. Material de palestra sobre poluição difusa. 2007
TUCCI, C. E. M. Curso de Gestão das inundações urbanas. Porto Alegre: UNESCO – Global Water Partnership South America - Associación mundial del agua, 2005. Disponível em: . Acesso em: 2 de Janeiro de 2008.
______. Gestão das águas pluviais. Material de Palestra. Disponível em: http://www2.camara.gov.br/comissoes/temporarias/especial/pl114403/apresentacoes/ctucci.pdf >. Acesso em: 7 dez. 2007.