CONSTRUINDO
UM ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CRIANDO ESPAÇOS COLABORATIVOS
COMO META
Declev Reynier Dib-Ferreira
Jacqueline Guerreiro
Taller:
“Organización y estrategias de redes”
RESUMO
A
organização de um evento em âmbito nacional, promovido por uma Rede de Educação
Ambiental, movimento proveniente da sociedade, clama por uma construção
coletiva, que dê a legitimidade necessária para o alcance de seus objetivos. O
VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental se constitui no grande encontro
dedicado a esta temática no Brasil, sob a responsabilidade da Rede Brasileira
de Educação Ambiental (REBEA), coletivo que reúne redes de educação
ambiental regionais, locais e temáticas e educadores ambientais do país. Este
Fórum, em sua sexta edição, segue a tradição dos seus antecessores na busca
da construção de ações compartilhadas, de reflexão com diferentes atores
sociais e de empoderamento dos educadores, fortalecendo-os em seus campos de
trabalho. A organização do VI Fórum Brasileiro de Educação
Ambiental primou pela construção participativa, chamando ao diálogo os
educadores ambientais organizados nas Redes de Educação Ambiental por todo o
Brasil. Esta construção coletiva se dá desde a escolha do local até a
construção da programação, quando se utilizou das novas ferramentas de
informação e comunicação, notadamente a internet, em encontros sincrônicos
(chats) e fóruns de discussão
assincrônicoss para este fim. Esperou-se, com o encontro, a partir do
chamamento dos educadores através da participação de todos em sua organização
e realização: criar um espaço para a apresentação de pesquisas, de vivências
e de experiências em EA; Incentivar e difundir a cultura de redes; fortalecer
como um coletivo as diversas redes que compõem a malha da REBEA; e proporcionar
o encontro dos coletivos que atuam em educação ambiental, para além das
redes. Além disso, o fórum tem o propósito explícito de criar consensos que
possam reconfigurar a própria REBEA, qualificando suas ações e empoderando
seus integrantes para o debate político-ambiental que se trava no país.
Palavras-chave:
Educação Ambiental, Fórum, Redes
A ReBEA e sua história com os Fóruns de Educação Ambiental
A Rede Brasileira de Educação Ambiental – ReBEA – é o movimento
que articula e dá identidade aos educadores ambientais no Brasil. A comunicação
entre seus membros, facilitada pelas novas tecnologias, é um de seus grandes
trunfos, quando ocorre as discussões, deliberações, debates, trocas de
informações que dão sentido à rede.
Os encontros presenciais, porém, dão “rosto” aos nomes; dão forma
às pessoas “virtuais” e fortalecem, com isso, os laços construídos pelas
inúmeras ligações da rede. Apesar dos diversos encontros, congressos e seminários
regionais, a ReBEA tem nos Fóruns Brasileiros de Educação Ambiental os
principais momentos de reuniões presenciais dos seus enredados.
Segundo Amaral (2004:134), “Se fôssemos datar o processo de constituição
da Rede Brasileira de Educação Ambiental – Rebea, poderíamos retroceder aos
fóruns de educação ambiental promovidos em São Paulo nos anos 90, pelo Grupo
Interinstitucional de Educação Ambiental[1]”.
Em sua formação, a estrutura de rede foi definida como o seu padrão
organizacional, por ser uma estrutura “horizontal”, democrática – tal
qual os princípios que norteiam a própria Educação Ambiental, sendo capaz de
dispersar e popularizar os conhecimentos e discussões produzidos por todo o país,
de tamanho continental.
Era época da Rio-92, II Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). A ReBEA adotou o "Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global",
documento elaborado por pessoas de todo o mundo e publicado durante a própria
Rio-92, como a sua carta de princípios, que continua até hoje.
Os Fóruns de Educação Ambiental
Os três primeiros Fóruns de Educação Ambiental ocorreram em São
Paulo, reunindo, no início da década de 1990, os ainda poucos educadores
ambientais brasileiros. Foi, inclusive, durante o II Fórum que a ideia de uma
Rede Brasileira de Educação Ambiental foi lançada, ao se perceber a abrangência
nacional desses encontros e a necessidade de uma articulação que unisse os
educadores em torno de seus objetivos comuns (Amaral, 2004:134).
Percebe-se, então, que a gênese e a história da ReBEA são entrelaçadas
com o movimento dos fóruns.
O III Fórum, realizado 1994, demonstrou que a mobilização gerada por
estes encontros de Educação Ambiental havia alcançado abrangência nacional,
fortalecido pela nova rede que os congregava. Desta forma, definiu-se que os próximos
seriam em outros ocais – fora de São Paulo – e estariam sob a coordenação
da ReBEA.
Em 1997 aconteceu, então, na cidade de Guarapari (Espírito Santo) o IV
Fórum de Educação Ambiental. Paralelamente, ocorreu o I Encontro da Rede
Brasileira de Educação Ambiental, passo importante para a consolidação da
rede.
Outras redes se formaram, em âmbito regional ou mesmo temáticas, todas
interligadas à ReBEA, tendo esta se transformado numa rede de redes de Educação
Ambiental.
O V Fórum aconteceu de 3 a 6 de novembro de 2004, em Goiânia, estado de
Goiás, na região central do Brasil, de modo a permitir a participação do
maior número possível de pessoas, oriundas das diferentes regiões do país.
Para um maior conhecimento sobre este encontro, ver Medeiros e Sato (2004)[2].
Por fim, de 22 a 25 de julho de 2009 foi realizado o VI Fórum Brasileiro
de Educação Ambiental, no Rio de Janeiro.
Com esse histórico, os Fóruns de Educação Ambiental se transformaram
no mais legítimo espaço presencial de congregação e convivência dos
educadores ambientais que constituem a ReBEA, proporcionando um espaço de
encontro e oportunidades de convivência para diálogos e trocas, convidando os
sujeitos sociais à participação em prol de uma sociedade justa e sustentável.
O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global
O tema central do evento será o Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, documento gerado a partir de
amplo processo mundial de consulta.
Inicialmente, o Tratado teve como signatários a sociedade civil
representada na Jornada Internacional de Educação Ambiental, no Fórum Global
da Rio-92. Até hoje é uma referência para a Educação Ambiental brasileira.
O Tratado é documento de referência para o Programa Nacional de Educação
Ambiental e é a Carta de Princípios da ReBEA e das mais de 40 redes de EA a
ela entrelaçadas.
Durante o V Congresso Ibero-americano de EA (em Joinville, Santa
Catarina, abril de 2006) fez-se um Encontro Especial de discussão do Tratado,
que é um documento dinâmico e em permanente construção. Com base nos
resultados desse encontro, teve início uma ação de re-mobilização em torno
do documento, que conta com a realização de encontros por todo o Brasil.
O VI Fórum também teve como um de seus objetivos primordiais dar
continuidade à mobilização em torno do Tratado, constituindo-se em um dos
momentos da II Jornada do Tratado, reiterando-o como a Carta de Princípios das
Redes e discutindo sua inserção nos diferentes campos referentes à EA.
A 2ª Jornada se propõs a divulgar e ratificar as atividades propostas
no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global, com diálogos sobre os Princípios do Tratado e
atualização do Plano de Ação.[3]
Construindo um encontro de Educação Ambiental - O aspecto participativo
da construção e realização do VI Fórum
A organização de um evento em âmbito nacional, promovido por uma Rede
de Educação Ambiental, movimento proveniente da sociedade, clama por uma
construção coletiva, que dê a legitimidade necessária para o alcance de seus
objetivos.
Os Fóruns Brasileiro de Educação Ambiental se constituem no grande
encontro dedicado a esta temática no Brasil, sob a responsabilidade da Rede
Brasileira de Educação Ambiental (ReBEA), coletivo que reúne redes de educação
ambiental regionais, locais e temáticas e educadores ambientais do país.
Este Fórum, em sua sexta edição, segue a tradição dos seus
antecessores na busca da construção de ações compartilhadas, de reflexão
com diferentes atores sociais e de empoderamento dos educadores, fortalecendo-os
em seus campos de trabalho.
Desde o final do V Fórum, em 2004, a construção do VI Fórum foi
participativa e buscou congregar os atores sociais da ReBEA: o projeto inicial
foi pensado e construído a muitas mãos; reuniões foram realizadas para
discussão de local, busca de patrocínio, entre outros aspectos; uma lista de
discussão foi aberta para melhorar o canal de comunicação.
Portanto, a organização do VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental
primou pela construção participativa, chamando ao diálogo os educadores
ambientais organizados nas Redes de Educação Ambiental por todo o Brasil. Esta
construção coletiva se deu desde a escolha do local até a construção da
programação, quando se utilizou das novas ferramentas de informação e
comunicação, notadamente a internet, em encontros sincrônicos (chats) e fóruns de discussão assincrônicoss para este fim.
Apesar disso, por diversas vezes o VI Fórum sofreu adiamentos de data e
mudanças de Secretaria Executiva, pois a falta de estrutura – especialmente
financeira – e a conjuntura política fez com que as Organizações Não-Governamentais
que estavam a frente desistissem de levá-lo adiante.
Em uma das reuniões presenciais da equipe de organização do VI Fórum,
ocorrida no Rio de Janeiro no início de 2008, decidiu-se mais uma vez adiar o
evento, pela proximidade da data – naquela época previsto para julho de 2008.
Porém, como o adiamento constante poderia enfraquecer a unidade da Rede
e desacreditar os seus membros, decidiu-se pela realização de um encontro com
integrantes de todas as redes da ReBEA para a discussão de aspectos relevantes
da Rede – entre eles o adiamento do VI Fórum e o funcionamento da Secretaria
Executiva da ReBEA, que estava absolutamente desarticulada.
Chamado de II Encontro de Redes com o Órgão Gestor da Política
Nacional de Educação Ambiental (ou simplesmente 2º Encontro), foi realizado
em Brasília no período de 03 a 07 de setembro de 2008, com a presença de dois
representantes de cerca de 30 redes, além de integrantes do Órgão Gestor da
Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA, representado pela Diretoria
de Educação Ambiental – DEA/MMA e pela Coordenação Geral de Educação
Ambiental CGEA –/MEC.
A partir da escolha da nova Secretaria Executiva do VI Fórum, realizada
neste II Encontro – o Instituto Baía de Guanabara –, a nova equipe de
coordenação iniciou os trabalhos, buscando obter o máximo de participação
possível dos integrantes da rede.
Porém, apesar dos inúmeros chamamentos através de mensagens eletrônicas
– pessoais ou endereçadas às diversas listas de discussões no âmbito de
toda a rede –, a participação não se poderia chamar de expressiva,
considerando o número de pessoas “enredadas” e o número de participantes
nesta construção.
Esse “silêncio”, entretanto, é inato à rede, onde a participação
direta nem sempre acontece: “na REBEA, tanto na lista aberta quanto na
restrita, o silêncio é a principal característica da rede” (Labrea,
2009:141).
Apesar de ser senso comum, entre os que mais se destacam na rede, que o
“silêncio” significa “aceitação”, há opiniões contrárias, conforme
Labrea: “nenhum membro seja nas mensagens postadas na rede, seja nas mensagens
trocadas para responder as questões desta pesquisa, indicou o silêncio como
adesão” (idem, p.144).
Concordando com seu pensamento de que “a REBEA não permite ou estimule
a participação plena para que o poder permaneça concentrado em um grupo
restrito” (id., p.143), e mesmo com as dificuldades e os silêncios como
resposta, a nova coordenação do VI Fórum procurou, em todas as etapas de
construção do evento, a participação dos membros da rede e mesmo de redes
parceiras.
Desta forma, e apesar das dificuldades, conseguiu-se uma participação
extensa. Como exemplos podemos citar: a programação (indicação e escolha de
nomes) e a coordenação das diversas atividades do VI fórum. Todas as jornadas
temáticas, oficinas, mini-cursos, encontros, além do bom dia com bom humor, do
espaço semente e outros espaços/atividades tiveram coordenação
auto-gestionada, ou seja, esteve sob a responsabilidade de educadores ambientais
e/ou de redes do Brasil inteiro.
Destrinchando os objetivos
São múltiplos os objetivos de um grande encontro como esse. Pode-se,
porém, desenvolver o encontro como apenas mais uma oportunidade de apresentação
de trabalhos e palestras, ou fazer com que o próprio desenvolvimento deste seja
educativo e fortalecedor. Pensar, discutir, planejar e pôr em prática o
encontro já teve, por si só, o objetivo de fazer a ReBEA se repensar e se unir
pela sua concretização.
Diversos, então, são os objetivos da realização do evento, que além
do diálogo com as redes de educação ambiental, também convida para o diálogo
as redes ambientais similares, numa perspectiva de ações e metas políticas
compartilhadas.
Esperou-se, com o encontro, a partir do chamamento dos educadores através
da participação de todos em sua organização e realização: criar um espaço
para a apresentação de pesquisas, de vivências e de experiências em EA;
Incentivar e difundir a cultura de redes; fortalecer como um coletivo as
diversas redes que compõem a malha da REBEA; proporcionar o encontro dos
coletivos que atuam em educação ambiental, para além das redes: Coletivos
Jovens pelo Meio Ambiente, Coletivos Educadores, Salas Verdes, Centros de Educação
Ambiental, Comissões Interinstitucionais de Educação Ambiental, Fóruns de
Agendas 21 Locais, Comitês de Bacias Hidrográficas, Conselhos Gestores de
Unidades de Conservação, Comissões Estaduais de organização das Conferências
de Meio Ambiente.
Podemos citar, como objetivos das atividades que foram lá desenvolvidas
por diversos membros da ReBEA: reflexão sobre os princípios que norteiam a ação
da REBEA, sua trajetória histórica e o percurso da rede relacionado aos
grandes temas políticos e sócio-ambinetais do país; reflexão sobre temas
emergenciais no panorama ambiental, como as mudanças climáticas; reflexão
sobre os pressupostos teórico-metodológicos que embasam os projetos de EA no
ensino formal; reflexão sobre os 10 anos da Política Nacional de Educação
Ambiental (PNEA): avanços, limites, responsabilidades, atores envolvidos,
marcos legais; reflexão sobre os marcos conceituais e operatórios que embasam
as diferentes ações, projetos e programas no âmbito da gestão ambiental no
país: Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), Sistema Brasileiro de
Informação em Educação Ambiental (Sibea) e Sistema Nacional de Educação
Ambiental (Sisnea).
Além disso, dentro de seu tema principal, objetivou-se dar continuidade
à mobilização em torno do Tratado de Educação Ambiental para as Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global, reiterando-o como Carta de Princípios
das Redes e discutindo sua inserção nos diferentes campos / documentos
referentes à EA.
Ampliando o espaço de participação na Educação Ambiental, o VI Fórum
buscou promover o diálogo entre a EA e a diversidade, garantindo espaço de
participação às pessoas com deficiência, comunidades tradicionais, indígenas,
quilombolas, pequenos agricultores e outros atores em condições sociais vulneráveis.
Apesar dos diversos objetivos relacionados com os assuntos afins da Educação
Ambiental, o VI Fórum teve como objetivo principal proporcionar aos educadores
ambientais do Brasil um espaço de encontro, oportunidades de convivência para
diálogos e trocas, além de convidar novos sujeitos sociais à participação
na EA, para que as discussões pudessem, através dos atores presentes ao
evento, fortalecer as ações nos estados e cidades em prol da criação e
estruturação das políticas estaduais e municipais de educação ambiental.
No que tange à própria ReBEA o Fórum teve o propósito explícito de
criar consensos que possam reconfigurar a própria ReBEA, qualificando suas ações
e empoderando seus integrantes para o debate político-ambiental que se trava no
país.
Estrutura programática do VI Fórum
Aqui apresentaremos, em linhas gerais, o conjunto de atividades que foram
desenvolvidas no VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental.
Bom Dia Com Bom Humor
Foram atividades de baixo impacto, meditativas e artísticas, para
integração dos participantes do VI Fórum, ocorridas nos primeiros minutos da
manhã.
Mesas-Redondas
Cada mesa-redonda contou com três
ou quatro falas de 15 ou 20 minutos de duração cada. Após as explanações,
teve-se 30 minutos de debate, direcionado pelo Debatedor,
que teve as funções de ser o mestre de cerimônias da mesa e promover um
debate entre os integrantes através das principais questões postas em
destaque, de suas próprias colocações e das perguntas da platéia. O Relator teve o papel de sistematizar todas as intervenções e
construir um texto sobre o que foi discutido na mesa.
Foram 12 mesas redondas.
Grupos de trabalho
Os Grupos de Trabalho (GTs) ofereceram a oportunidade presencial de dar
continuidade às discussões sobre pontos específicos da ReBEA já em
andamento. Configuram-se como um espaço para articulação e proposição de
estratégias políticas para fortalecimento das áreas. Foram 4 Grupos de
Trabalho.
Exposição em estandes – Espaço das Redes
Todas as redes que compõem a malha da ReBEA tiveram estandes no VI Fórum
para divulgar suas atividades. Da mesma forma, diversos outros movimentos
sociais e da área do meio ambiente, promovendo um espaço de intensa troca de
informação. Foram cerca de 50 estandes ao todo.
Jornadas Temáticas
As Jornadas funcionaram como encontros temáticos inseridos no VI Fórum.
Ofereceram aos participantes a possibilidade de debates sobre uma maior
variedade de temas, podendo ter configurações e dinâmicas diversas –
mesas-redondas, conferências, debates. Ocorreram cerca de 20 Jornadas Temáticas
e, em cada uma, um público estimado de 50 a 100 pessoas.
Oficinas / Mini-Cursos
Atividades que visam o adensamento conceitual e a troca de experiências,
por meio de diferentes métodos e formas de abordagem. As oficinas e mini-cursos
são oferecidos pelos próprios participantes do VI Fórum, desejosos de
repassarem e compartilharem seus conhecimentos com os demais. São cerca de 100
atividades, entre oficinas e mini-cursos.
Testemunhos
Apresentação em vídeo de relatos de experiências vividas por pessoas
com trajetórias significativas na área ambiental.
Apresentação de trabalhos – pôsteres
Foram apresentados de cerca de 600 pôsteres, organizados e dispostos em
espaço físico segundo os eixos temáticos. Os pôsteres ficaram expostos
durante todo o evento, havendo um horário específico na programação para que
os expositores pudessem estar ao lado de seus trabalhos, dialogando com os
participantes.
Encontros Paralelos
Foram encontros de pessoas e instituições que têm determinados
interesses afins, que aproveitam a ida ao VI Fórum para trocar experiências,
se reencontrarem, discutir assuntos de relevância e interesse aos seus próprios
movimentos na área ambiental e de educação.
Foram cerca de 10 Encontros Paralelos, dentre movimentos sociais e
projetos de órgãos de governo.
Conversando com Autores
Mais do que uma cerimônia de lançamento de publicações, o Conversando
com os Autores se constituiu em momentos em que os participantes do evento
tiveram a possibilidade de dialogar com autores de diferentes regiões do país
Encontro da ReBEA
Atividades como Rodas de Conversa e Grupos de Trabalho relacionadas
diretamente com o dia-a-dia da Rede Brasileira de Educação Ambiental,
culminando na plenária final, que discute e decide os rumos futuros da ReBEA.
Gaia Multimídia
Espaço para apresentações – na tenda principal do evento, batizada
de Tenda Gaia – de vídeos
ambientais feitos pelos participantes e apresentados para a platéia. Espaço de
divulgação das produções artístico-culturais relacionadas ao nosso fazer em
Educação Ambiental.
Espaço Semente
Pela primeira vez as crianças tiveram um espaço no Fórum dedicado
somente a eles, com atividades relacionadas à Educação Ambiental que utiliza
linguagem própria às faixas etárias. Em uma sala especialmente organizada
para recebê-los, foram desenvolvidas atividades diversas, coordenadas pro
especialistas e acompanhadas por estudantes.
Espaço Ecumênico
Outra inovação, o Espaço Ecumênico foi pensado para que os
participantes pudessem ter um local de meditação, descanso, oração, cada um
de acordo com suas próprias crenças e valores.
Plenária
Foi o espaço de costura e compartilhamento das deliberações construídas
ao longo do VI Fórum, sobre os rumos e prioridades de ação da ReBEA, sobre as
deliberações extraídas do II Encontro de Redes e o OG da PNMA, assim como a
definição do local de realização do VII Fórum Brasileiro de Educação
Ambiental.
VI
Fórum Virtual
Paralelo ao VI Fórum – e sobrevivendo a ele – as conversas e discussões
continuam na rede. Serão diversos espaços de discussão e trocas, capitaneados
pelo site oficial do evento: http://forumearebea.org.
e pelo espaço compartilhado: http://viforum.ning.com/
Resultados do VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental
Com a participação de cerca de 3 mil pessoas, de todas as regiões do
país, o VI Fórum Brasileiro alcançou seus objetivos, obtendo como principais
resultados:
à
A realização de cerca de:
·
100 oficinas e
mini-cursos;
·
20 jornadas temáticas;
·
15 mesas
redondas;
·
10 Encontros
Paralelos;
·
5 lançamentos de
livros;
·
Apresentação de
600 pôsteres de trabalhos;
à
A implantação de novos espaços:
·
Espaço Semente
– para o trabalho com as crianças presentes no evento;
·
Espaço Ecumênico
– espaço para meditação e prece;
·
Espaço Chico
Mendes – espaço para exposição sobre Chico Mendes;
·
Espaço
Gaia-Multimídia – Exposição de dezenas de vídeos ambientais, produzidos
pelos educadores ambientais e suas instituições;
à
A participação de diversos movimentos, instituições, redes e organizações
da sociedade civil, algumas das quais não se faziam presentes em eventos de
Educação Ambiental, com os quais a ReBEA passou a travar um novo tipo de troca
de experiências e de parceria. Como exemplos:
·
Presença de
cerca de 40 redes de Educação Ambiental;
·
Federação de
Associações de Moradores e a Associação de Favelas do RJ;
·
Associação
Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente;
·
Rede Brasileira
de Agendas 21 Locais;
·
Rede da Juventude
pelo Meio Ambiente;
·
Rede de Justiça
Ambiental;
·
Rede
Ecossocialista;
·
Rede Brasileira
de Informação Ambiental;
·
Rede de
Educomunicação Ambiental;
·
Fórum Brasileiro
de Ongs e Movimentos Sociais;
·
Assembléia Permanente de
Entidades em Defesa do Meio Ambiente
-RJ;
·
Integrantes dos
Colegiados Ambientais do SISNAMA;
·
Comissões
Organizadores Estaduais da Conferência Nacional de Meio Ambiente e Conferência
Infanto-Juvenil de Meio Ambiente
·
Associação
Brasileira de Rádios Comunitárias
à
A formação de novas redes de Educação Ambiental, movidas pelo desejo de
organização dos educadores e de luta pela causa ambiental, fomentado no VI Fórum;
à
A criação de espaços virtuais de trocas e discussões. Nestes espaços estarão
os resultados do VI Fórum, os documentos gerados, as informações construídas,
entre outras. São espaços virtuais que se pretendem permanentes, criando mais
um elo de ligação entre os educadores:
·
http://viforum.ning.com/
·
http://forumearebea.org/
à
A produção de diversos documentos de cunho político, com deliberações, exigências,
reclamações, orientações, ou seja, expressão do que os educadores
ambientais presentes no VI Fórum consideram importante para o futuro do Meio
Ambiente e da Educação Ambiental no Brasil.
Dentre estes documentos, o documento oficial do VI Fórum Brasileiro de
Educação Ambiental, que tem um pouco da participação de cada sujeito,
construído em cada atividade, cada jornada, cada discussão, denominando-se Carta da Praia Vermelha (em anexo 1).
Por fim, como grande resultado do VI Fórum, está a reestruturação da
própria ReBEA. Ganho primordial do
evento.
A Plenária Final, com a presença de mais de 100 educadores, discutiu
exaustivamente os novos rumos da ReBEA, retirando, entre outras grandes resoluções:
o retorno da Secretaria Executiva da ReBEA; a reestruturação de seu espaço
virtual; a realização de novo encontro das Redes para o aprofundamento e
estruturação das deliberações; e, por fim, a realização do VII Fórum, no
Estado da Bahia, com data prevista para 2011.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL,
Vivianne Lucas do. REBEA – apontamentos
pessoais para uma história de ação coletiva. In:
MEDEIROS, Heitor e SATO, Michèle. Revista
brasileira de educação ambiental / Rede Brasileira de Educação
Ambiental. n.0 (nov.2004). – Brasília: Rede Brasileira de Educação
Ambiental, 2004.
LABREA,
Valéria da Cruz Viana. A “vanguarda
que se auto-anula” ou a ilusão necessária: o sujeito enredado -
cartografia subjetiva da rede brasileira de educação ambiental. Dissertação
de mestrado. Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável,
2009.
MEDEIROS,
Heitor e SATO, Michèle. Revista brasileira de educação ambiental / Rede
Brasileira de Educação Ambiental. Anais
do V Fórum Brasileiro de Educação Ambiental / Encontro da Rede Brasileira
de Educação Ambiental. n. 1, nov.2004. – Brasília: Rede Brasileira de Educação
Ambiental, 2004.
ANEXO I
CARTA DA PRAIA VERMELHA
O
VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, realizado no Campus da Praia
Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, entre os dias 22,
23, 24 e 25 e Julho de 2009, promovido pela Rede Brasileira de Educação
Ambiental – REBEA – vem a público apresentar as deliberações da plenária:
Reconhecendo
que os educadores ambientais em suas bases territoriais, coletivos e redes,
mesmo em um cenário de desmonte das ações do Órgão Gestor da Política
Nacional de Educação Ambiental - PNEA, os ataques e retrocessos da legislação
ambiental no país, se mantêm atentos e atuantes para a construção de
processos e espaços educadores sustentáveis, exercício da cidadania ambiental
e a defesa da Vida;
Reconhecendo
que a REBEA se percebe plural, tendo avançado na afirmação de sua
complexidade e da necessidade de fortalecer sua identidade e aprimorar suas instâncias
de organização no sentido de seu fortalecimento;
Reconhecendo
que a ação de cada educador e coletivo deve ser favorecida pela vivência de
valores solidários no âmbito das redes, coletivos e outras formas de organização
social;
Reconhecendo,
portanto, que a REBEA se mobilizou, de forma participativa e conjuntamente com
outros coletivos e redes, para a Construção do VI Fórum Brasileiro de Educação
Ambiental;
Nós,
educadores e educadoras ambientais presentes no VI Fórum, consideramos:
1.
A necessidade de enfrentamento da crise ambiental de caráter planetário,
representada no momento pela vulnerabilidade a que estamos expostos pelos
efeitos das mudanças climáticas;
2.
Que todos os povos sofrem as consequências da crise ambiental,
principalmente os povos que historicamente são excluídos, como as minorias
nacionais, povos indígenas, entre outros;
3.
A consciência da co-responsabilidade frente aos desafios que a crise
ambiental coloca a todos nós;
4.
O momento complexo que vive a educação ambiental brasileira com
reflexos em todos os seus espaços;
5.
O individualismo e a competição como valores que regem as relações
atuais na sociedade de consumo e no mercado de trabalho;
6.
A fragilização das competências e ações do Órgão Gestor da PNEA;
7.
A importância do conhecimento a respeito dos princípios da cultura de
redes e a necessidade dos educadores em reconhecer-se enquanto pertencentes a
uma rede de redes sociais;
8.
A necessidade de promover o encontro e a conexão de todas as formas de
coletivos que atuam em EA (Redes, Coletivos Jovens pelo Meio Ambiente, Coletivos
Educadores, Salas Verdes, Centros de Educação Ambiental, Comissões
Interinstitucionais de Educação Ambiental, Comissões de Meio Ambiente e
Qualidade de Vida – COMVIDAS, etc.), integrando-os e reunindo-os em torno de
um objetivo comum: os princípios e valores da Educação Ambiental enunciados
no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global e na Carta da Terra;
Exigimos
do poder público em todas as esferas:
·
A manutenção e
fortalecimento dos espaços já instituídos na condução das Políticas Públicas
de Educação Ambiental no país, tais como o Órgão Gestor da Política
Nacional de EA – PNEA, seu Comitê Assessor e Câmara Técnica de EA do
CONAMA;
·
A imediata
reinstitucionalização da Coordenação Geral de Educação Ambiental do IBAMA
e dos Núcleos de Educação Ambiental - NEAs nas suas Gerências Executivas e
Superintendências, a criação de estrutura análoga no Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade e respectivas Coordenações Regionais, assim
como a institucionalização da educação ambiental no Serviço Florestal
Brasileiro e Agência Nacional de Águas;
·
O fortalecimento
da Política Nacional de Educação Ambiental; do Programa Nacional de Educação
Ambiental (ProNEA), Sistema Brasileiro de Informação em Educação Ambiental
(SIBEA), bem como a retomada da discussão da consulta pública do Sistema
Nacional de Educação Ambiental (SISNEA);
·
O incentivo e a
difusão da cultura de redes;
·
A continuidade da
mobilização em torno da Jornada Internacional do Tratado de Educação
Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global,
reiterando-o como Carta de Princípios das Redes e discutindo sua inserção nos
diferentes campos / documentos referentes às políticas públicas em EA;
·
O cumprimento do
princípio n. 14 do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis
e Responsabilidade Global, no que diz respeito ao papel e responsabilidade dos
meios de comunicação em divulgar e socializar a Educação Ambiental junto a
todas as instâncias de organização da sociedade;
·
A promoção do
diálogo entre a EA e a diversidade, garantindo espaços de participação e
decisão efetivas às pessoas com deficiência, comunidades tradicionais, indígenas,
quilombolas, pequenos agricultores e outros atores em condições sociais vulneráveis;
·
O desenvolvimento
de ações de interação com os movimentos sociais, de Educação Ambiental e
de meio ambiente dos diversos países, retomando os contatos com os pontos
focais da comunidade lusófona de EA;
·
O reconhecimento
do papel dos jovens como sujeitos históricos na construção de uma Educação
Ambiental crítica e transformadora, fortalecendo e fomentando o Programa
Nacional de Juventude e Meio Ambiente, por meio do apoio às ações das
juventudes brasileiras;
·
A transversalização
da PNEA de forma articulada nos programas, projetos e ações dos diferentes
ministérios do Governo Federal, com garantia de recursos financeiros (no PPA) e
humanos, sob coordenação do Órgão Gestor da PNEA e Redes e Coletivos de EA;
·
A inserção da
Educação Ambiental nos espaços decisórios e controle social levando-se em
consideração as deliberações das Conferências Nacionais de Meio Ambiente e
Infanto-Juvenil;
·
A revisão das
relações e parcerias das redes de EA com os governos na formulação,
implementação e controle social sobre as políticas públicas e ações
estruturantes do Estado referentes à Educação Ambiental no país;
·
A garantia dos
direitos políticos, sociais, econômicos, ambientais e culturais das
comunidades de baixa renda visando a promoção de ambientes saudáveis e
sustentáveis nessas comunidades.
Rio
de Janeiro, 25 de Julho de 2009.
[1] Formado pela Universidade de São Paulo, 5 Elementos, Instituto Ecoar para a Cidadania, Central Única dos Trabalhadores, Clube Alpino Paulista, Colégio Santa Helena, Cetesb, Cesp, Cepam, Fundação Santo André, Grupo de Estudos da Serra do Mar, Prefeitura Municipal de Garulhos (Secretaria de Meio Ambiente), Prefeitura Municipal de São Paulo (Secretaria de Educação), Rede Brasileira de Educação Ambiental e Rede Paulista de Educação Ambiental. (Amaral, 2004: 134).
[2] Disponível em http://www.ufmt.br/remtea/revbea/pub/revbea_n_1.pdf