Mata Atlântica perdeu uma área de 30 mil campos de futebol
de floresta em dois anos
A Mata Atlântica perdeu 311 quilômetros quadrados de
floresta em dois anos, uma área maior que 30 mil campos de futebol. Os números
são do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado hoje (26)
pelo organização não governamental (ONG) Fundação SOS Mata Atlântica e o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O atlas avaliou a situação de remanescentes da vegetação original em 16 estados
que fazem parte do bioma: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. Só o
Piauí ficou de fora, por causa da indefinição das formações florestais naturais
no estado.
Entre 2008 e 2010, a maior parte do desmatamento na Mata Atlântica ocorreu em
Minas Gerais. No estado, foram derrubados 124 quilômetros quadrados de vegetação
nativa. Bahia e Santa Catarina aparecem em seguida, com 77 quilômetros quadrados
e 37 quilômetros quadrados a menos de florestas no período.
Os dados do Inpe e da SOS Mata Atlântica mostram que em todos os estados houve
queda no ritmo do desmate nos últimos anos. Na comparação com o período avaliado
pelo levantamento anterior, de 2005 a 2008, houve queda de 55% no ritmo da
derrubada. No entanto, de acordo com a diretora de gestão do conhecimento da
ONG, Márcia Hirota, é preciso manter os esforços para conservação do bioma, que
atualmente só tem 7,9% da área que ocupava originalmente.
“Quase acabamos com a Mata Atlântica, o que ainda existe precisa ser preservado
a qualquer custo. É preciso ficar alerta, porque, apesar da queda, as ameaças
ainda são grandes. Ainda observamos desmates para reflorestamento [com espécies
não nativas], para pastagens e para transformação em carvão”, disse.
O atlas também aponta os municípios que mais desmataram a Mata Atlântica no
biênio 2008-2010. Quatro dos cinco primeiros municípios do ranking são mineiros:
Ponto dos Volantes e Jequitinhonha, na região do Vale do Jequitinhonha, e Pedra
Azul e Águas Vermelhas, no norte do estado. Andaraí, na Bahia, completa o rol
dos campeões de desmate.
“Nessa região, a mata foi derrubada para exploração de carvão, e agora as
árvores estão sendo substituídas por eucaliptos”, denuncia Márcia Hirota.
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FONTE :Luana Lourenço, da Agência Brasil
Edição: Aécio Amado
Publicado originalmente no site Agência Brasil.